Cidades

19 DE ABRIL

Ministério dá primeiro passo para criar terra do povo Kinikinau em MS

No Dia dos Povos Indígenas, foi criado um Grupo de Trabalho para iniciar estudos que podem resultar na demarcação de uma área para esta etnia em MS

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Desconhecido pela maior parcela da população de Mato Grosso do Sul, o povo indígena Kinikinau obteve uma importante vitória neste dia 19 de abril, data em que se comemora o Dia dos Povos Indígenas. É que o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) publicou uma portaria criando um Grupo de Trabalho (GT) para propor "medidas resolutivas sobre a situação fundiária do povo, em Mato Grosso do Sul".

É o primeiro passo formal para se identificar e criar uma área que no futuro seria destinada aos remanescentes desta etnia em Mato Grosso do Sul. O grupo, conforme a portaria, terá 90 dias para conclusão dos estudos e apresentá-los à ministra Sonia Guajajara.

Conforme o assessor jurídico do Conselho Indigenista Missionário (CIMI ) Anderson Santos, o povo Kinikinau é pouco conhecido em Mato Grosso do Sul por ser extremamente pacífico e não tem histórico de reivindicações por seus territórios originários. "São super pacíficos, não têm um perfil de fazer reivindicação aos modos do povo terena ou guarani-kaiowá. Então eles ficaram vivendo de empréstimo na terra dos outros sofrendo sérias violações, so que com o passar do tempo foi se estabelecendo conflito também com o povo kadiwéu e aí foram se espalhando". 

De acordo com ele, faz cerca de 120 anos que foram expulsos de suas áreas e desde então vivem em terras cedidas pelos terenas e kadiwéus nos municípios de Nioaque, Miranda e Bodoquena. Durante mais de um século viveram espalhados e em 2006 começaram a se articular para recuperar parte de seu território.

Mas apesar de viverem segregados, inclusive pelas outras etnías indígenas, de acordo com Anderson, conservam língua e cultura próprias. Ele acredita que sejam entre 800 e mil remanescentes que vivem espalhados em pelo menos três locais em condições de extrema pobreza.

Anderson explica que a medida publicada nesta quarta-feira (19) é resultado de uma ação do Ministério Público Federal que há cerca de dois anos conseguiu uma liminar na Justiça Federal obrigando o Governo Federal a criar este Grupo de Trabalho. "Porém, nada foi feito pelo governo Bolsonaro", explica o advogado.

Contudo, não existe, por enquanto, nenhuma estimativa sobre o tamanho da área que pode vir a ser destinada aos Kinikinau. Só se sabe que “eles reivindicam uma área que pega uma parte de Aquidauana e outra de Miranda, numa região conhecida como Agaxi”, explica Anderson. Esta área fica próximo da terra indígena Taunay, que é ocupara por terenas. 

Em meados de 2019 um grupo de Kinikinau chegou a ocupar parte da fazenda Água Branca, de propriedade do banco Bradesco, mas após alguns dias todos foram despejados pela Polícia Militar, conforme mostra vídeo divulgado à época.

 

Povo kinikinau vive espalhado há mais de um século e faz menos de uma década que está tentando se reagrupar em MSPovo kinikinau vive espalhado há mais de um século em Mato Grosso do Sul e agora, há pouco mais de uma década, tenta se reagrupar

ZECA FAZ COBRANÇA

Na manhã desta quarta-feira, o deputado Zeca do PT falou sobre a criação do Grupo de Trabalho na tribuna da Assembleia Legislativa. Ele reconheceu a importância da medida, mas também fez críticas. 

“Quero apresentar uma indicação dirigida à ministra Sônia Guajajara, que criou um grupo de trabalho aqui em Mato Grosso do Sul para organizar a situação do povo kinikinau, um povo que não tem ainda seu território próprio, vaga, dependendo das outras etnias. Importante esse ato, só que designou um representante do Estado para participar dessa ação e ninguém da assembleia, designou um pessoal da associação dos povos não sei o que, e eu estou encaminhando uma indicação, um requerimento à Sônia pedindo para que um representante desta casa, com a autoridade politica que tem possa estar participando desse grupo de trabalho”, reivindicou. 

O deputado criticou o fato de a portaria do Diário Oficial da União ter indicado um integrante da  "Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) para fazer parte do Grupo de Trabalho. 

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DECISÃO

Justiça volta atrás em decisão e libera joias apreendidas de famoso designer

O juiz entende que se o Fisco promoveu a apuração do valor tributável e a constituição do crédito, não há justificativa de reter as mercadorias como providência investigativa

23/12/2025 19h34

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian Site oficial/reprodução

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O juiz Claudio Müller Pareja, da 2ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, reconsiderou sua decisão e deferiu liminar para determinar que o fisco estadual libere as joias apreendidas do renomado joalheiro e economista Ara Vartanian, independentemente de recolhimento de tributo, multa ou prestação de garantia.

De acordo com os autos, o juiz entendeu, na decisão anterior, que a retenção das mercadorias teria natureza acautelatória (garantia) e investigativa, pois havia a suspeita de irregularidade documental e a possibilidade de providências administrativas e penais. Naquele momento, os fatos não se apresentaram como meio coercitivo de cobrança tributária.

Porém, o Fisco quantificou a base de cálculo, apurou o suposto tributo devido e aplicou a multa a empresa Avartanian Comércio Ltda., com indicação de valores expressivos, inclusive com menção à precificação das mercadorias. Houve,portanto, a constituição do crédito tributário, em linha com o lançamento de ofício.

Diante deste cenário, a situação se altera, pois se a administração promoveu a apuração do valor tributável e a constituição do crédito, não há justificativa de reter as joias como providência “investigativa” por tempo indeterminado. 

"A partir disso, a manutenção da apreensão passa a produzir efeito prático típico de sanção política, pois condiciona, na realidade, a liberação do bem à satisfação de exigência fiscal", diz o juiz Claudio Müller Pareja no documento.

O magistrado dá continuidade e afirma ser inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos, de acordo com as diretrizes do Supremo Tribunal Federal (STF). "A Administração dispõe de meios próprios para a cobrança do crédito constituído, sem necessidade de constrição material destinada a compelir o contribuinte".

Ainda de acordo com a decisão, a manutenção da apreensão só se justificaria caso houvesse ato da autoridade policial indicando a necessidade da medida para a apuração do suposto crime. Contudo, não há informação nos autos acerca desse ato.

A decisão limita-se a reconhecer, em juízo de probabilidade, que a manutenção da retenção, após a quantificação do tributo e da multa, revela-se incompatível com a vedação sumulada pelo STF, devendo a discussão sobre o crédito seguir pelas vias ordinárias de impugnação e cobrança.

Apreensão de joias

O fisco sul-mato-grossense flagrou, em 1º de outubro deste ano, a empresa de Ara Vartanian enviando joias com valor subfaturado para Cuiabá (MT). Na nota fiscal do carregamento, constavam 126 peças de joias avaliadas em R$ 1,9 milhão, mas, após contagem física realizada por auditores tributários da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul, verificou-se que o carregamento, na verdade, continha 248 peças de joias de alto padrão, avaliadas em R$ 22,6 milhões.

Para piorar, a empresa em Cuiabá que seria o destino das joias, a Fernando S. Perez Lerez Ltda., não possuía em seus registros qualquer vínculo com o comércio de joias ou de metais preciosos. A atividade principal da empresa é o comércio de móveis e, a secundária, a representação comercial.

Diante da constatação dos auditores tributários de Mato Grosso do Sul, a nota fiscal foi considerada inidônea. A Avartanian tentou, 12 horas após a apreensão, utilizar uma nova nota fiscal, desta vez com a discriminação correta dos produtos, mas já era tarde demais.

Habeas Corpus negado

Em novembro, o superintendente de Administração Tributária da Sefaz-MS, Bruno Gouveia Bastos, enviou notícia-crime à Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações Falimentares e Fazendários (DEDFAZ), da Polícia Civil, para a abertura de inquérito criminal pela prática de crime tributário.

No caso do designer de joias Ara Vartanian, seu advogado Augusto de Arruda Botelho pede que a investigação sequer seja aberta pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Ele ancora seu pedido na Súmula Vinculante nº 24, que estabelece que crimes contra a ordem tributária somente se consumam com a constituição definitiva do crédito tributário, o que, segundo ele, não seria o caso da notícia-crime.

Por isso, no pedido de habeas corpus, Botelho alega que seu cliente foi submetido a constrangimento ilegal. O juiz Robson Celeste Candeloro, do Núcleo de Garantias da comarca de Campo Grande, indeferiu o pedido, na última quinta-feira (18), pois "revela-se precipitado impetrar habeas corpus contra mero ofício da Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso do Sul, o qual apresentou notitia criminis que sequer foi acolhida pela autoridade policial, além de exagerado elevar tal documento, sem nenhum poder coercitivo estatal".

Cidades

Universidades federais sofrem corte de R$ 488 milhões no Orçamento 2026

Em nota, a Andifes manifestou "profunda preocupação" e afirmou que o corte promovido pelo Congresso no Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo Executivo agrava o quadro "já crítico" das instituições

23/12/2025 19h00

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Cidade Universitária, em Campo Grande

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Cidade Universitária, em Campo Grande

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A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou um comunicado nesta terça-feira, 23, informando que o orçamento das universidades e institutos federais para 2026 sofreu um corte de R$ 488 milhões, o que representa uma redução de 7,05% nos recursos discricionários (não obrigatórios) das instituições.

Em nota, a Andifes manifestou "profunda preocupação" e afirmou que o corte promovido pelo Congresso no Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo Executivo agrava o quadro "já crítico" das instituições. O orçamento discricionário é utilizado para pagamento de contas de água, luz, limpeza, entre outras, como o pagamento de bolsas de assistência estudantil.

O Estadão questionou o Ministério da Educação (MEC) sobre quais serão as medidas para recompor o corte feito pelo Congresso, mas ainda não obteve resposta.

Conforme a Andifes, os cortes "incidiram de forma desigual entre as universidades e atingiram todas as ações orçamentárias essenciais ao funcionamento da rede federal de ensino superior"

A instituição afirma que uma das áreas mais afetadas será a assistência estudantil, fundamental para garantir que estudantes de baixa renda consigam permanecer na universidade. Apenas nesta ação, diz a Andifes, R$ 100 milhões foram cortados, o que representa uma redução de 7,3% no orçamento da área.

"Os cortes aprovados agravam um quadro já crítico. Caso não haja recomposição, o orçamento das Universidades Federais em 2026 ficará nominalmente inferior ao orçamento executado em 2025, desconsiderando os impactos inflacionários e os reajustes obrigatórios de contratos, especialmente aqueles relacionados à mão de obra", diz o comunicado.

A instituição diz ainda que cortes na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e no Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CNPq) fragilizam o desenvolvimento científico do País.

"Estamos, portanto, em um cenário de comprometimento do pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão nas Universidades Federais, de ameaça à sustentabilidade administrativa dessas instituições e à permanência dos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica", afirma a Andifes.

A instituição diz ainda que está articulando com o Congresso e o Governo Federal para recompor o orçamento.

A luta das universidades federais por mais orçamento é antiga. Após enfrentarem um relação turbulenta com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, as instituições retomaram o diálogo com o governo federal após o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Apesar disso, também tiveram de enfrentar restrições orçamentárias. Em maio, as universidades anunciaram uma série de medidas de economia, como cortes nos gastos de combustível até a interrupção da compra de equipamentos de informática e passagens aéreas. A medida ocorreu devido a diminuições orçamentárias aprovadas pelo Congresso e sancionadas por Lula. Na época, uma mudança na forma como eram feitos os repasses também estrangulou a verba para universidades. Após reclamações, o governo federal anunciou a recomposição do orçamento.

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