Cidades

PESQUISA

Morte por álcool no trânsito é mais comum entre homens até 34 anos

Em Mato Grosso do Sul, dos óbitos em acidentes em que foi constatado o uso de bebidas alcoólicas, apenas 14,5% eram de mulheres, conforme levantamento

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Homens são a maioria envolvida em acidentes com morte por embriaguez em Mato Grosso do Sul.

De acordo com os dados do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), que tem como base informações do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), do Ministério da Saúde, 85,5% dos mortos registrados no Estado em sinistros ocasionados em função do uso de álcool eram homens.

Neste contexto, em Mato Grosso do Sul, pessoas com idade entre 18 anos e 34 anos (35,9%) são as que mais morreram em acidentes relacionados ao uso de álcool na direção, seguidas pela população entre 35 anos e 54 anos (32,5%). Os dados são de 2023.

A faixa etária acima de 55 anos corresponde a 26,1% das vítimas, e a de zero a 17 anos, a 5,5% dos que foram a óbito em acidentes que envolviam o uso do álcool. 

Ao Correio do Estado, o comandante do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPMTran), Carlos Augusto Regalo, informou que, conforme os parâmetros apresentados, a faixa etária das vítimas corresponde ao que é observado pela Polícia Militar com relação aos registros de acidentes em Campo Grande.

“No caso dos acidentes que envolvem motociclistas em Campo Grande, o perfil dos envolvidos é este [da pesquisa], a maioria são homens entre 18 anos e 34 anos”, declarou.

Regalo também disse à reportagem que os dados do BPMTtran mostram que a maioria das fatalidades no trânsito campo-grandense é de motociclistas, mas geralmente as colisões não envolvem motoristas embriagados.

“Nossos números mostram que hoje, no trânsito de Campo Grande, as principais vítimas são motociclistas. E as [principais] causas dos acidentes não têm relação com o consumo de álcool, decorrendo a maioria por excesso de velocidade e desrespeito á sinalização”, informou o comandante.

ÓBITOS E INTERNAÇÕES

Conforme já noticiado em reportagens do Correio do Estado, a pesquisa do Cisa apontou o estado de Mato Grosso do Sul como uma das unidades da Federação com o maior número de óbitos causados pela mistura de álcool e direção.

A taxa levantada pelo Cisa, que mostra o número de mortes em acidentes relacionados ao uso de álcool por 100 mil habitantes, coloca MS em quinto lugar entre os estados que mais registraram acidentes fatais no trânsito atribuíveis à embriaguez. O Estado só fica atrás na pesquisa do Tocantins (12,8), Mato Grosso (11,5), Piauí (10,8) e Rondônia (10,5).

No Estado houve, em 2023, uma taxa de 8,5 mortes em acidentes de trânsito relacionados ao uso de álcool para cada 100 mil habitantes.

A taxa de mortes no trânsito em Mato Grosso do Sul com envolvimento com a ingestão de álcool foi a maior em 10 anos, o que significa que algumas pessoas “se esqueceram” da Lei Seca e continuaram conduzindo sob o efeito de bebidas alcoólicas.

O aumento, como mostram os números do Cisa, ocorreram gradualmente a partir de 2019. Após um pico de 10,6 mortes por 100 mil habitantes em 2014, a taxa foi caindo e chegou a 7 em 2018, porém, no ano seguinte, houve aumento das mortes relacionados ao álcool no trânsito do Estado.

Em números absolutos, em 2023, foram registrados 234 mortes em acidentes de trânsito por uso de álcool em Mato Grosso do Sul. Em 2022, foram 221.

A pesquisa traz dados desde 2010, quando a taxa deste tipo de morte eram de 10,5 por 100 mil habitantes.

No ano seguinte, em 2011, ocorreu o recorde do período de 13 anos levantados, com taxa de 11,4. Isso mostra que, apesar da nova alta, o Estado ainda não chegou ao patamar da década passada.

Em comparação a 2010, os dados registrados em Mato Grosso do Sul em 2023 mostram uma queda de 19%.
Levando em consideração os 26 estados e o Distrito Federal (DF), apenas 9 estão abaixo da taxa nacional de 5,7. São eles: Minas Gerais (5,5), Rio Grande do Sul (5,4), Rio Grande do Norte (4,5), Amapá (4,2), Rio de Janeiro (4,2), São Paulo (3,9), Amazonas (3,9), DF (3,9) e Acre (3,8).

Pelo menos desde 2010, Mato Grosso do Sul sempre esteve acima da taxa nacional de mortes no trânsito com relação ao uso de bebida alcoólicas. 

INTERNAÇÕES

Dados de 2021 da pesquisa realizada pelo Cisa também trazem que MS é um dos estados com maior porcentual de internações por acidentes de trânsito relacionadas ao uso de álcool de motoristas ou passageiros envolvidos em sinistros.

O Estado é o terceiro nesse índice, com 62,5 internações para cada 100 mil habitantes, atrás apenas do Piauí (85,2) e do Espírito Santo (72,7).

No mesmo período levantado, os dados de MS referentes a óbitos por embriaguez no volante mostram que, em um período de três anos, os registros de acidentes envolvendo álcool aumentaram.

NO BRASIL

Nacionalmente, o que chamou atenção na pesquisa foi o aumento do número de mortes no trânsito atribuíveis ao uso de álcool – de 11.961, em 2022, para 12.310, em 2023, uma alta em torno de 3%.

Homens são a grande maioria das vítimas (87%). Com relação à faixa etária, pessoas de 35 anos a 54 anos e de 18 anos a 34 anos representam, respectivamente, 35% e 34,3% desses óbitos.

A análise do Cisa apontou que a taxa de mortes por acidentes de trânsito relacionados ao uso de álcool por 100 mil habitantes caiu 23,6% no Brasil, entre 2010 e 2023.

O levantamento também indicou que a taxa se mantém estável no Brasil desde 2018, alternando entre aumento e queda na ordem decimal.

Em 2023, o País registrou uma taxa de 5,79, mas 20 estados estão acima do índice nacional.

Conforme o Cisa, o álcool interfere na capacidade de direção e alterações cognitivas e motoras ocorrem mesmo que não sejam percebidas pelo condutor.

Diante disso, quando se trata de beber e dirigir, qualquer dose de álcool é perigosa, pois afeta o reflexo, a percepção de risco e a capacidade de reação, aumentando as chances de envolvimento em acidentes de trânsito e a sua gravidade.

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CAMPO GRANDE

Cavalos invadem avenida e são recolhidos no Terminal Guaicurus

Manada estava vagueando pela avenida Guaicurus, em pleno trânsito, no meio dos carros, apresentando risco tanto para os motoristas quanto para os animais

22/12/2025 08h45

Manada permaneceu abrigada no Terminal por algumas horas, até a chegada dos donos dos bichos.

Manada permaneceu abrigada no Terminal por algumas horas, até a chegada dos donos dos bichos. Reprodução

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Uma cena inusitada chamou atenção, na madrugada desta segunda-feira (22), em Campo Grande: seis cavalos foram recolhidos para dentro do Terminal Guaicurus após serem flagrados perambulando pela região.

Conforme apurado pela reportagem, a manada estava vagueando pela avenida Guaicurus, em pleno trânsito, no meio dos carros, apresentando risco tanto para os motoristas quanto para os animais.

Em seguida, o Corpo de Bombeiros (CBMMS) flagrou a tropa andando pela pista e resolveu recolhê-los para dentro do Terminal Guaicurus, com o objetivo de mantê-los em segurança e resguardar a vida da população.

A manada permaneceu abrigada no Terminal por algumas horas, até a chegada dos donos dos bichos.

Os bombeiros acionaram o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), mas, o órgão não possui plantão noturno. Também acionaram a Polícia Militar Ambiental (PMA), mas, de acordo com a PMA, só é possível atender animais silvestres.

Logo em seguida, o dono dos animais foi localizado. Ele afirmou aos bombeiros que a porteira ficou aberta e por isso os animais fugira. Com isso, os militares conduziram o animal até o local de origem.

 

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GRUPO CARIOCA

Facção de Peixão está infiltrada no crime organizado em MS

Chefão do Terceiro Comando Puro que levava família para a Bolívia e foi interceptado pela PRF no Estado já se "instalou" em áreas de Mato Grosso do Sul

22/12/2025 08h40

Facção criminosa do Rio de Janeiro que faz frente ao Comando Vermelho estaria na fronteira de MS

Facção criminosa do Rio de Janeiro que faz frente ao Comando Vermelho estaria na fronteira de MS Rodolfo César

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De forma nacional, três facções criminosas estão com atuação direta no Brasil e o poder emergente identificado como Terceiro Comando Puro (TCP) passou a agir em Mato Grosso do Sul, onde estão rotas para o tráfico de drogas e de armas envolvendo conexões na Bolívia e no Paraguai.

Identificado como líder desse grupo criminoso, Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, foi investigado sob suspeita de estar a caminho do Estado para alcançar a Bolívia e fugir da Justiça.

Ele estaria com toda a família, em dois carros, que chegaram a ser parados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) neste mês, mas o criminoso não foi localizado.

A abordagem aos familiares do criminoso ocorreu perto de Campo Grande, já na BR-262, no dia 8. Dentro do carro estavam joias e dinheiro. O valor do material apreendido não foi divulgado, mas foi classificado como uma pequena fortuna que era transportada pela esposa, três filhos e um sobrinho de Peixão.

As joias, por exemplo, eram personalizadas e remetiam a sinais usados por Peixão e sinais do “Complexo de Israel”, território hoje invadido pelo TCP.

Os motoristas que estavam nos veículos tinham sido contratados na Bolívia para levar os familiares do criminoso até o país vizinho passando por Campo Grande e Corumbá.

Esse caso, que envolveu um trabalho da Polícia Civil do Rio de Janeiro e a PRF em Mato Grosso do Sul, apresenta indícios de como Peixão já estaria com canais construídos em Mato Grosso do Sul, bem como na Bolívia. 

Há outros elementos, mais concretos, que identificaram que o TCP é uma facção criminosa que passou a agir no Estado. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) elabora relatório estratégico neste ano que identifica a presença do Terceiro Comando Puro não só em MS, como também no Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre e Rio Grande do Sul.

A “nacionalização” dessa facção vem ocorrendo, principalmente, para ocupar espaços que antes eram ocupados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Contudo, a facção paulista está direcionando suas ações para operações internacionais e deixando territórios “livres” para serem invadidos por outros grupos.

Sobre esse relatório, que só será finalizado no começo de 2026, pontos de alerta foram informados pelo coordenador-geral de Análise de Conjuntura Nacional da Abin, Pedro de Souza Mesquita.

“Existe um terceiro ponto, que não tem sido tão retratado, que é a ascensão de um terceiro polo de poder, (...) Terceiro Comando Puro, do Rio de Janeiro. Eles replicaram o método do Comando Vermelho ocupando espaços em que o PCC era predominante e hoje não é mais, porque [PCC] estão olhando mais para fora [do Brasil]. O avanço do Terceiro Comando Puro está no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul”, explicou Mesquita, durante a 6ª reunião de Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, do Congresso Nacional. O evento ocorreu em 5 de novembro.

Diante desse contexto do crime organizado em Mato Grosso do Sul, um precedente que se cria é uma possibilidade de escalada da violência por conta de disputa para se ter o domínio do território, possível briga do TCP com o Comando Vermelho – também presente no Estado – e características de atividades criminosas mais presentes na realidade do Rio de Janeiro, como milícias e transversalidade de delitos.

Conforme Mesquita, o TCP está dando sinais de um processo de nacionalização para fazer frente ao Comando Vermelho.

“Eles estão oferecendo uma resistência ao Comando Vermelho, oferecendo uma rede de fornecimento de fuzis, uma rede de fornecimento de drogas e uma rede de homiziado [abrigo para fugitivos] em comunidades do Rio de Janeiro. O que mais nos preocupa é que estamos vendo um processo de nacionalização de uma lógica fluminense”, disse.

No relatório em construção da Abin, em todo o País existem 31 grupos criminosos identificados. Destes, o PCC, o CV e o TCP estão com conexões para atuar de forma nacional.

“Por exemplo, no caso que envolve gasolina, um cidadão que resolvia comprar um posto ou mais de um, hoje tem que competir com alguém que bate à porta dele e quer comprar o posto dele apontando uma arma e usando a lavagem de dinheiro para financiar a compra do combustível”, exemplificou o coordenador-geral de Análise de Conjuntura Nacional da Abin para contextualizar uma das lógicas do crime organizado praticado no território fluminense.

PARADEIRO

Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, segue sem nunca ter sido preso. Ele tem 38 anos e é apontado como o chefe da facção TCP que domina as comunidades Cidade Alta, Parada de Lucas, Vigário Geral, Cinco Bocas e Pica-Pau, na zona norte do Rio de Janeiro.

O investigado denominou o território como “Complexo de Israel” e chegou a instalar uma cruz de Davi no topo da região. Sua atuação ficou mais conhecida a partir de 2016 e se consolidou em 2020.

No monitoramento que a Polícia Civil do Rio faz para tentar prendê-lo, no dia 8, houve a identificação que a família do criminoso fazia a viagem até Corumbá, o que foi identificado como possibilidade de fuga do Brasil. 

“Quando percebemos que o carro onde eles estavam passou a se movimentar, acionamos a PRF para realizar a abordagem porque havia grande possibilidade de o Peixão estar no veículo. A investigação continua para capturar este narcotraficante”, disse o secretário de Estado de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, via assessoria.

Apesar da interceptação, Peixão não estava em nenhum dos dois veículos. Todos os familiares e os motoristas foram ouvidos na Polícia Federal de Campo Grande e liberados ainda no dia 8, porém sem as joias e o dinheiro.

Conforme apurado, autoridades bolivianas da fronteira com o Brasil não tinham recebido comunicado oficial sobre a possibilidade de fuga até a tarde do dia 11. A PF não detalhou se montou alguma operação de monitoramento.

*SAIBA

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) identificou a presença do Terceiro Comando Puro não só em MS, como também no Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre e Rio Grande do Sul.

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