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Mototáxi precisa ser regulamentado, apontam especialistas: 'Proibir não é o caminho'

O serviço de mototáxi não é legalizado na cidade de São Paulo.

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O serviço de mototáxi não é legalizado na cidade de São Paulo. Sob o argumento de que o modal pode gerar mais acidentes e provocar mais vítimas em um trânsito altamente movimentado, a Prefeitura veta que aplicativos, como Uber e 99, ofereçam esse tipo de serviço na cidade.

As plataformas contestam. Entendem que o serviço pode gerar renda às pessoas, além de cobrir locais onde o transporte público não chega, como bairros mais periféricos e gerar mais segurança ao público feminino, sobretudo. Além disso, juridicamente, argumentam que as administrações municipais não têm poder de proibir a atividade, apenas regulamentar.

A discussão divide opiniões de especialistas e gestores públicos Se, por um lado, há quem reconheça a possibilidade do crescimento de sinistros com o mototáxi, há quem considere também a existência de uma demanda reprimida da população e a proibição acentua a clandestinidade do serviço.

O assunto foi tema do Summit Mobilidade, organizado pelo Estadão nesta quarta-feira, 28.

Para Paulo Guimarães, CEO do Observatório Nacional de Segurança Viária, o caminho não deve ser proibir toda a atividade nem "liberar geral". O ideal, de acordo com o especialista, é o da regulamentação do serviço, uma vez que ele já existe na cidade de forma clandestina.

"A gente precisa buscar um caminho do meio. E o caminho do meio é a regulamentação. Regulamentar não significa liberar geral, significa colocar regras, se debruçar sobre o tema, desenvolver dados e evidências para que a política pública seja construída de uma forma que ela propicie o atendimento a essa demanda social que existe", disse Guimarães.

"Você tem correntes que defendem a proibição total, e esse talvez não seja o caminho. O problema existe, transformá-lo em não problema, não vai resolvê-lo", afirma. "O transporte de passageiros com motocicletas, mesmo que remunerado de forma clandestina, vai continuar existindo, como já existe diante das proibições."

A vereadora Renata Falzoni (PSB) acredita que a discussão sobre o mototáxi está sendo importante para pensar o sistema de transporte como um todo na capital.

Conforme a parlamentar, que também é presidente da Subcomissão de Regulamentação do Mototáxi na Câmara Municipal de São Paulo, é necessário que o setor seja regulamentado, mas que a gestão municipal também aumente a fiscalização e invista em prevenção para que os sinistros diminuam.

"A gente tem que investir na prevenção. Cuidar de traumatizados é, de novo, enxugar gelo. E investir na prevenção significa trabalhar o trânsito como um sistema", disse a vereadora.

O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Luis Carlos Zamarco, é reticente quanto a uma eventual permissão para o serviço do mototáxi e se diz preocupado com a possibilidade de aumento de acidentes. Ele destaca que, atualmente, há 40 pacientes nos 13 hospitais municipais da capital em decorrência de acidentes com motocicletas.

"Então, se eu tivesse uma pessoa no bagageiro, eu teria 80 pacientes aguardando um procedimento dentro do nosso serviço de urgência e emergência. Esse dado é muito importante e a gente não pode desprezar quando estiver discutindo esse assunto", afirmou o chefe da pasta.

O secretário informou também que a Prefeitura tem adotado medidas para diminuir os acidentes, como a instalação da faixa azul, exclusiva para motocicletas. E citou ações realizadas na área da saúde. Uma delas, a abertura de um centro de ortopedia no hospital de M’Boi Mirim, local onde, segundo ele, há um alto índice de acidentes.

"É uma região que tem muitos jovens (...) e a sensação de impunidade que existe, às vezes, no trânsito, faz com que o jovem arrisca mais."

Bruno Rossini, diretor de Comunicação da 99, uma das plataformas interessadas na permissão da atividade, defende o modal ao afirmar que a taxa de acidentes envolvendo o transporte de passageiros por motos é baixa. Ele foi convidado para participar do evento, mas não pode comparecer por motivos de saúde. Sua fala foi enviada por meio de um vídeo gravado.

"Em dois anos de operação, aqui nas cidades do Brasil, muito menos do que 1% das corridas da 99 de moto registraram acidentes de trânsito. Esse dado se replica e é o mesmo que encontramos nas mais de 1 milhão de corridas realizadas aqui na cidade de São Paulo. Esse dado representa que a cada 100 mil corridas realizadas, 0,3 registraram um acidente", disse o representante da 99.

Vaivém na Justiça

A legalidade das operações do serviço de mototáxi por aplicativo em São Paulo provoca uma briga no Judiciário desde janeiro de 2023. Na época, após Uber e 99 oferecerem o serviço de carona por moto em suas plataformas, a Prefeitura da capital baixou um decreto para vetar a modalidade.

As empresas voltaram a oferecer o serviço no começo deste ano sob a justificativa de que a atividade é respaldada por lei federal e que há decisões judiciais que apontam que os municípios não têm poder de proibir as operações, mas apenas regulamentá-las.

Em reação, a Prefeitura passou a fiscalizar e multar as motos. Ainda em janeiro, a gestão Nunes conseguiu uma vitória na Justiça, que reconheceu a validade do decreto e voltou a proibir o modal.

Em maio, no entanto, a história ganhou novos capítulos. Depois de o juiz Josué Vilela Pimentel, da 8.ª Vara de Fazenda Pública da capital, considerar o decreto do prefeito Ricardo Nunes inconstitucional, Uber e 99 voltaram a oferecer o serviço de transporte de passageiros por motocicleta em São Paulo.

Dois dias depois, o desembargador Eduardo Gouvêa vetou a modalidade mais uma vez. O magistrado deu ainda o prazo de 90 dias para a Prefeitura regulamentar o serviço. Mesmo com a decisão judicial, as plataformas permaneceram com as operações sob alegação de respaldo legal.

Na última segunda-feira, Gouvêa, em novo despacho, declarou que a Uber e a 99 estariam sujeitas a multa de R$ 30 mil por dia caso descumprissem a ordem. As empresas acataram a decisão e suspenderam o serviço.
 

DECISÃO

Justiça volta atrás em decisão e libera joias apreendidas de famoso designer

O juiz entende que se o Fisco promoveu a apuração do valor tributável e a constituição do crédito, não há justificativa de reter as mercadorias como providência investigativa

23/12/2025 19h34

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian Site oficial/reprodução

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O juiz Claudio Müller Pareja, da 2ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, reconsiderou sua decisão e deferiu liminar para determinar que o fisco estadual libere as joias apreendidas do renomado joalheiro e economista Ara Vartanian, independentemente de recolhimento de tributo, multa ou prestação de garantia.

De acordo com os autos, o juiz entendeu, na decisão anterior, que a retenção das mercadorias teria natureza acautelatória (garantia) e investigativa, pois havia a suspeita de irregularidade documental e a possibilidade de providências administrativas e penais. Naquele momento, os fatos não se apresentaram como meio coercitivo de cobrança tributária.

Porém, o Fisco quantificou a base de cálculo, apurou o suposto tributo devido e aplicou a multa a empresa Avartanian Comércio Ltda., com indicação de valores expressivos, inclusive com menção à precificação das mercadorias. Houve,portanto, a constituição do crédito tributário, em linha com o lançamento de ofício.

Diante deste cenário, a situação se altera, pois se a administração promoveu a apuração do valor tributável e a constituição do crédito, não há justificativa de reter as joias como providência “investigativa” por tempo indeterminado. 

"A partir disso, a manutenção da apreensão passa a produzir efeito prático típico de sanção política, pois condiciona, na realidade, a liberação do bem à satisfação de exigência fiscal", diz o juiz Claudio Müller Pareja no documento.

O magistrado dá continuidade e afirma ser inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos, de acordo com as diretrizes do Supremo Tribunal Federal (STF). "A Administração dispõe de meios próprios para a cobrança do crédito constituído, sem necessidade de constrição material destinada a compelir o contribuinte".

Ainda de acordo com a decisão, a manutenção da apreensão só se justificaria caso houvesse ato da autoridade policial indicando a necessidade da medida para a apuração do suposto crime. Contudo, não há informação nos autos acerca desse ato.

A decisão limita-se a reconhecer, em juízo de probabilidade, que a manutenção da retenção, após a quantificação do tributo e da multa, revela-se incompatível com a vedação sumulada pelo STF, devendo a discussão sobre o crédito seguir pelas vias ordinárias de impugnação e cobrança.

Apreensão de joias

O fisco sul-mato-grossense flagrou, em 1º de outubro deste ano, a empresa de Ara Vartanian enviando joias com valor subfaturado para Cuiabá (MT). Na nota fiscal do carregamento, constavam 126 peças de joias avaliadas em R$ 1,9 milhão, mas, após contagem física realizada por auditores tributários da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul, verificou-se que o carregamento, na verdade, continha 248 peças de joias de alto padrão, avaliadas em R$ 22,6 milhões.

Para piorar, a empresa em Cuiabá que seria o destino das joias, a Fernando S. Perez Lerez Ltda., não possuía em seus registros qualquer vínculo com o comércio de joias ou de metais preciosos. A atividade principal da empresa é o comércio de móveis e, a secundária, a representação comercial.

Diante da constatação dos auditores tributários de Mato Grosso do Sul, a nota fiscal foi considerada inidônea. A Avartanian tentou, 12 horas após a apreensão, utilizar uma nova nota fiscal, desta vez com a discriminação correta dos produtos, mas já era tarde demais.

Habeas Corpus negado

Em novembro, o superintendente de Administração Tributária da Sefaz-MS, Bruno Gouveia Bastos, enviou notícia-crime à Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações Falimentares e Fazendários (DEDFAZ), da Polícia Civil, para a abertura de inquérito criminal pela prática de crime tributário.

No caso do designer de joias Ara Vartanian, seu advogado Augusto de Arruda Botelho pede que a investigação sequer seja aberta pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Ele ancora seu pedido na Súmula Vinculante nº 24, que estabelece que crimes contra a ordem tributária somente se consumam com a constituição definitiva do crédito tributário, o que, segundo ele, não seria o caso da notícia-crime.

Por isso, no pedido de habeas corpus, Botelho alega que seu cliente foi submetido a constrangimento ilegal. O juiz Robson Celeste Candeloro, do Núcleo de Garantias da comarca de Campo Grande, indeferiu o pedido, na última quinta-feira (18), pois "revela-se precipitado impetrar habeas corpus contra mero ofício da Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso do Sul, o qual apresentou notitia criminis que sequer foi acolhida pela autoridade policial, além de exagerado elevar tal documento, sem nenhum poder coercitivo estatal".

Cidades

Universidades federais sofrem corte de R$ 488 milhões no Orçamento 2026

Em nota, a Andifes manifestou "profunda preocupação" e afirmou que o corte promovido pelo Congresso no Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo Executivo agrava o quadro "já crítico" das instituições

23/12/2025 19h00

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Cidade Universitária, em Campo Grande

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Cidade Universitária, em Campo Grande

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A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou um comunicado nesta terça-feira, 23, informando que o orçamento das universidades e institutos federais para 2026 sofreu um corte de R$ 488 milhões, o que representa uma redução de 7,05% nos recursos discricionários (não obrigatórios) das instituições.

Em nota, a Andifes manifestou "profunda preocupação" e afirmou que o corte promovido pelo Congresso no Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo Executivo agrava o quadro "já crítico" das instituições. O orçamento discricionário é utilizado para pagamento de contas de água, luz, limpeza, entre outras, como o pagamento de bolsas de assistência estudantil.

O Estadão questionou o Ministério da Educação (MEC) sobre quais serão as medidas para recompor o corte feito pelo Congresso, mas ainda não obteve resposta.

Conforme a Andifes, os cortes "incidiram de forma desigual entre as universidades e atingiram todas as ações orçamentárias essenciais ao funcionamento da rede federal de ensino superior"

A instituição afirma que uma das áreas mais afetadas será a assistência estudantil, fundamental para garantir que estudantes de baixa renda consigam permanecer na universidade. Apenas nesta ação, diz a Andifes, R$ 100 milhões foram cortados, o que representa uma redução de 7,3% no orçamento da área.

"Os cortes aprovados agravam um quadro já crítico. Caso não haja recomposição, o orçamento das Universidades Federais em 2026 ficará nominalmente inferior ao orçamento executado em 2025, desconsiderando os impactos inflacionários e os reajustes obrigatórios de contratos, especialmente aqueles relacionados à mão de obra", diz o comunicado.

A instituição diz ainda que cortes na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e no Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CNPq) fragilizam o desenvolvimento científico do País.

"Estamos, portanto, em um cenário de comprometimento do pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão nas Universidades Federais, de ameaça à sustentabilidade administrativa dessas instituições e à permanência dos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica", afirma a Andifes.

A instituição diz ainda que está articulando com o Congresso e o Governo Federal para recompor o orçamento.

A luta das universidades federais por mais orçamento é antiga. Após enfrentarem um relação turbulenta com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, as instituições retomaram o diálogo com o governo federal após o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Apesar disso, também tiveram de enfrentar restrições orçamentárias. Em maio, as universidades anunciaram uma série de medidas de economia, como cortes nos gastos de combustível até a interrupção da compra de equipamentos de informática e passagens aéreas. A medida ocorreu devido a diminuições orçamentárias aprovadas pelo Congresso e sancionadas por Lula. Na época, uma mudança na forma como eram feitos os repasses também estrangulou a verba para universidades. Após reclamações, o governo federal anunciou a recomposição do orçamento.

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