Cidades

CAMPO GRANDE

Extintor vencido e temperatura descontrolada põe acervo de museu em risco

Museu da Imagem e do Som é alvo de inquérito do Ministério Público de MS; local abriga material inflamável e não possui climatização adequada para a proteção do patrimônio histórico

Continue lendo...

Investigado por não apresentar um Projeto de Segurança contra Incêndio e Pânico e certificação do Corpo de Bombeiros, a reportagem no Correio do Estado esteve no Museu da Imagem e do Som (MIS) e constatou alguns pontos que podem apresentar riscos à preservação e conservação do acervo, a proteção contra incêndio e a segurança do patrimônio cultural. O caso está sendo apurado pelo Ministério Público (MPMS).

Conforme o inquérito civil, o órgão recebeu uma denúncia em fevereiro deste ano de que o prédio acolhe há anos películas de filmes, um material altamente inflamável, podendo colocar em risco ao patrimônio histórico e cultural do Estado. Além disso, o edifício não contaria com uma climatização adequada para a proteção do acervo.

A reportagem do Correio do Estado verificou que, nos andares que abrigam os arquivos e acervos, bem como as exposições, não possui climatização adequada, os ares-condicionados instalados nas salas estavam todos desligados. O local estava abafado e não contava com nenhuma saída de ar.

Foi possível também localizar um extintor com prazo de manutenção atrasado. Na etiqueta de descrição, o extintor pertence à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, ou seja, seria emprestado. Há também alguns fios elétricos expostos na parte externa do prédio, bem como rachaduras, marcas de infiltrações e buracos nas paredes.

Equipe do Correio do Estado flagrou ar condicionado desligado no local

Conforme a denúncia feita ao MPMS, o prédio da Fundação de Cultura se encontra sem alvará desde 2010. Considerando que o imóvel foi estruturado em cima de um córrego e que o espaço apresenta diversas rachaduras. No entanto, logo na entrada é possível avistar um alvará de localização e funcionamento com validade até fevereiro de 2024.

No dia 22 de março, o órgão solicitou que fosse realizada vistoria e fiscalização no prédio, no prazo de 30 dias, informando se o local possuía o Projeto de Segurança contra Incêndio e Pânico aprovado, e se havia certificado de vistoria do Corpo de Bombeiros válido e alguma deficiência ou irregularidade detectada na fiscalização.

Extintor de incêncio com prazo de manutenção atrasado.

 

De acordo com o inquérito o prazo não foi cumprido e, após fiscalização, o Corpo de Bombeiros verificou que o MIS não possuía Projeto de Segurança contra Incêndio e Pânico, bem como o local não era certificado pelo Corpo de Bombeiros.

Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros, o local já teria sido notificado outras duas vezes (2018 e 2019), com nova notificação em 2023, com dois itens a cumprir no prazo de trinta dias. A FCMS não respondeu e o novo prazo estabelecido pela promotoria expirou. 

Fios elétricos na parte externo do prédio.

Além disso, a requerente pontua a necessidade de que as autoridades do estado se sensibilizem e promovam fiscalização e manutenção para evitar tragédias como o incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

"O Museu acolhe bens materiais e imateriais da população sul-mato-grossense e a preservação dos mesmos deve ser uma prioridade de suas autoridades políticas e jurídicas", finaliza a denúncia.

O inquérito civil está sob responsabilidade da 34ª Promotoria de Justiça de Campo Grande e do promotor de justiça, Luiz Antônio Freitas de Almeida. 

O que diz a FCMS

Em nota, a Fundação da Cultura do Estado negou o risco por incêndio através das películas, já que todo o material altamente inflamável não estaria mais armazenado no local, tendo sido encaminhado para restauração na Fundação Padre Anchieta. 

"Sobre esses fatos esclarecemos que as películas que continham risco de incêndio não se encontram nas dependências do MIS ou da Fundação de Cultura de MS, desde março de 2020, tendo sido enviadas ao CEDOC/TV Cultura/Fundação Padre Anchieta, para restauração e preservação em decorrência de convênio".

Além disso, a FCMS afirma que as películas que ainda são armazenadas no MIS foram confeccionadas em material poliéster e não possuem risco de incêndio, e estão sendo recuperadas conforme parceria entre a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Curso de Audiovisual.

No dia 16 de maio, a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) teria sido solicitada para realizar um projeto atualizado de medidas preventivas contra incêndio e pânico. No entanto, a FCMS ainda aguarda o retorno para responder às Notificação de Vistoria do Corpo de Bombeiros.

A FCMS também afirmou que todos os extintores de incêndio foram trocados em fevereiro deste ano. "Reiteramos que estão sendo realizadas ações constantes de manutenção e asseio de seu acervo, visando sua conservação e preservação para serem disponibilizados de forma segura ao público", finalizou.

Incêndio em museus

Em 2015, um incêndio atingiu o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. De acordo com a corporação, 37 viaturas e 97 bombeiros foram enviadas ao local. Um bombeiro morreu no local após sofrer uma parada cardiorrespiratória.

O museu foi inaugurado em 2006 e nos três primeiros anos de funcionamento mais de 1,6 milhão de pessoas já haviam visitado o espaço, consolidando-o como um dos museus mais visitados do Brasil e da América do Sul.

Em julho de 2019, a Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito sobre as causas do incêndio. De acordo com o laudo, um defeito em um dos holofotes deu início às chamas. Ninguém foi indiciado.

No ano de 2018, outro incêndio de grandes proporções tomou o Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Cerca de 20 milhões de itens abrigados pelo museu foram destruídos. Entre eles, o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, a Luzia, a coleção egípcia adquirida ainda por Dom Pedro I e a coleção de arte e artefatos greco-romanos da Imperatriz Teresa Cristina.

Em 2020, a Polícia Federal encerrou as investigações sobre a tragédia e afirmou que o incêndio não foi criminoso. As chamas foram iniciadas a partir de um curto-circuito causado pelo superaquecimento em um aparelho de ar-condicionado. Acredita-se que o fato ocorreu por falta de manutenção adequada e de investimentos. 

Assine o Correio do Estado

INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

Continue Lendo...

Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

Continue Lendo...

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).