Cidades

R$ 7,2 BILHÕES

MS avalia negociar dívida com a União por meio de terrenos e até de "árvores"

Presidente Lula sancionou projeto de lei complementar que institui o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados

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Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o Projeto de Lei Complementar nº 212, de 2024, que institui o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). A partir de agora, as unidades federativas poderão oferecer bens à União para quitar seus dividendos.

Em Mato Grosso do Sul, algumas opções são avaliadas, como a entrega de terrenos e até a possibilidade de crédito de carbono.

Segundo a nova lei, os estados poderão quitar parte das dívidas transferindo bens móveis ou imóveis, participações societárias, créditos com o setor privado e outros ativos para a União. As parcelas mensais serão calculadas e corrigidas mensalmente, com possibilidade de amortizações extraordinárias e redução dos valores das parcelas nos primeiros cinco anos.

No caso de Mato Grosso do Sul, a dívida é de R$ 7,2 bilhões, valor considerado pelo governo do Estado como “totalmente pagável”. Entretanto, o Executivo estadual avaliou como positiva a medida sancionada no dia 14 de janeiro pelo presidente.

“Acho que o governo federal abriu uma janela extremamente importante de modalidades de negociação, empresas públicas, patrimônio, enfim, uma série de coisas que a nossa equipe está estudando. Diante da realidade de Mato Grosso do Sul, qual seria a nossa postura a partir dessa janela? Agora, é louvável a atitude do governo federal de buscar essa renegociação”, declarou o governador Eduardo Riedel, na semana passada.

De acordo com fontes do Correio do Estado, dentro dessas possibilidades que podem ser colocadas na negociação com o governo federal está a oferta de terrenos no Estado. Também é avaliada a inclusão de crédito de carbono na possível negociação, assim como a participação em estatais.

“Esse endividamento, que vem lá da origem do Estado, é a principal dívida. Hoje, ela é considerada bem tranquila, ela representa 48% da nossa receita corrente líquida. Mas que a gente ainda vai entender bem as propostas do governo federal. Ver onde o Estado se encaixa em relação a essas propostas”, continuou o governador. 

“Essa discussão vai correr ao longo do ano de 2025. Então, daqui um mês a gente terá uma visão clara das nossas possibilidades”, completou.

O governo do Estado agora deve preparar estudo para analisar as possibilidades de quitar essa dívida a partir desse texto, que prevê descontos nos juros e parcelamento do saldo das dívidas em até 30 anos, além de criar um fundo de equalização federativa para compensar os estados em boa situação fiscal.

“O objetivo é criar condições estruturais para o aumento da produtividade, enfrentamento das mudanças climáticas, melhoria da infraestrutura, segurança pública e educação, especialmente na formação profissional”, diz trecho de nota divulgada pelo governo federal.

Ainda de acordo com o governo federal, durante a vigência do contrato, será proibida a contratação de novas operações de crédito para o pagamento das parcelas refinanciadas, sob pena de desligamento do programa. O prazo limite para adesão dos estados ao Propag é 31 de dezembro.

CRÉDITO DE CARBONO

Desde dezembro do ano passado está em vigor a lei que regulamenta o mercado de carbono no Brasil, sistema que permite a compra e a venda de créditos de carbono.

Conforme sanção do presidente da República, a Lei 15.042/2024 regulamenta o setor e cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE).

O mercado de carbono permite que empresas e países compensem as emissões de gases poluentes que causam o efeito estufa por meio da compra de créditos vinculados a iniciativas de preservação ambiental. 

A intenção do marco regulatório é incentivar a redução das emissões poluentes e amenizar as mudanças climáticas.

A venda de crédito de carbono pode ser feita por governos estaduais e federais e por entidades privadas. No caso dos governos, basta a anuência dos proprietários, no caso de áreas privadas.

Desde 2021, por meio do Decreto nº 15.787, o governo de Mato Grosso do Sul consolidou o Plano Estadual MS Carbono Neutro (Proclima), que estabeleceu a meta de alcançar a neutralidade de carbono até 2030.

ENDIVIDAMENTO

Segundo dados do Tesouro Nacional divulgados pela Folha de São Paulo, a dívida de Mato Grosso do Sul é a nona maior entre os estados. 

O líder do endividamento federal é São Paulo, com R$ 288,5 bilhões, seguido por Rio de Janeiro, com R$ 174,1 bilhões, Minas Gerais, com R$ 159,6 bilhões, e Rio Grande do Sul, com R$ 100,2 bilhões. Esses estados correspondem a 89,6% de toda a dívida que os 26 estados e o Distrito Federal têm com a União, que é de R$ 806,3 bilhões, conforme a Folha de São Paulo.

Na outra ponta, a menor dívida é do Tocantins, estado que praticamente não tem dívida com a União, seguido por Roraima e Amazonas.

TRECHOS VETADOS

Apesar da sanção, o governo federal também vetou alguns pontos do projeto apresentado no ano passado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Entre os pontos retirados estão os que abririam a possibilidade dos entes federativos que aderissem ao Propag ficarem livres de cumprir metas, compromissos e obrigações do Regime de Recuperação Fiscal no ano de adesão. 

Lula também retirou do texto o item que desobrigava o estado que violasse os limites de gastos com pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) de cumprir as restrições previstas. 

Outro ponto vetado foi o artigo que dispensava os estados beneficiados pela Lei Complementar nº 206, de 16 de maio de 2024 – que autoriza a União a postergar o pagamento da dívida de entes federativos afetados por calamidade pública –, de aportar recursos no Fundo de Equalização Financeira. 

Também foi retirado o artigo que permitiria aos estados que apresentassem determinada relação entre receitas e despesas correntes para deixar de limitar o crescimento dos gastos primários.

Um último ponto retirado foi o artigo que permitiria à União deduzir do valor das parcelas a vencer dos contratos de dívida os recursos transferidos pelo respectivo estado em 2021, 2022 e 2023 para obras de responsabilidade da União.

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CUIDADO

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Agência emitiu alerta sobre compra e consumo desses medicamentos

21/12/2025 22h00

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas Divulgação

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Popularizadas por influenciadores e celebridades, as chamadas canetas emagrecedoras, como Mounjaro e Ozempic, vêm sendo cada vez mais buscadas por pessoas que desejam emagrecer de forma rápida, muitas vezes sem orientação médica e sem nenhum critério.

Diante da procura desenfreada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre a compra e consumo desses medicamentos. Segundo a Anvisa, a venda e o uso de canetas emagrecedoras falsas representam um sério risco à saúde e é considerado um crime hediondo no país.

A farmacêutica Natally Rosa esclarece que o uso de versões manipuladas ou de origem desconhecida é uma prática perigosa.

"Uma pessoa que ela se submete, que ela é exposta ao uso de um medicamento fora dessas regulamentações, os riscos dela, com certeza, estão exacerbados. Desde a ausência de uma resposta ideal, como as contaminantes."

A farmacêutica destaca o que observar na embalagem e no produto para conferir sua autenticidade:

"Temos alguns sinais. A própria embalagem já chama a atenção, já que as bulas são de fácil acesso na internet. Então, qual é a apresentação física dessa embalagem? De que forma que ela se apresenta? Como está o rótulo? O rótulo está no idioma do Brasil? Do nosso idioma aqui? Não deve estar em outras línguas, por exemplo. Existe lote e validade de fácil acesso? Você consegue identificar? A leitura, a descrição do medicamento, o princípio ativo, ela precisa estar bem legível. Todas as informações precisam estar bem claras."

Ela também chama a atenção para valores: preços muito abaixo do praticado no mercado são sinal de alerta grave. O medicamento só é vendido com apresentação e retenção da receita médica.

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BRASIL

Dilma será indenizada por tortura física e psicológica na ditadura

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

21/12/2025 21h00

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências Comissão da Verdade/Divulgação

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A ex-presidente Dilma Rousseff receberá, da União, uma indenização de R$ 400 mil por danos morais, em razão de perseguição política e tortura durante a ditadura militar no Brasil. A decisão foi proferida na última quinta-feira (18) pela 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que também determinou o pagamento de uma reparação econômica mensal, em razão da demissão que ela sofreu na época.

O relator do caso, desembargador federal João Carlos Mayer Soares, afirmou que os atos praticados pelo Estado caracterizam grave violação de direitos fundamentais e ensejam reparação por danos morais.

“Foi evidenciada a submissão [de Dilma] a reiterados e prolongados atos de perseguição política durante o regime militar, incluindo prisões ilegais e práticas sistemáticas de tortura física e psicológica, perpetradas por agentes estatais, com repercussões permanentes sobre sua integridade física e psíquica”, diz Soares.

Ao longo dos anos, a ex-presidente deu diversos depoimentos sobre os interrogatórios violentos que sofreu. A tortura contra Dilma incluiu choques elétricos, pau de arara, palmatória, afogamento, nudez e privação de alimentos, que levaram a hemorragias, perda de dentes, entre outras consequências de saúde.

Dilma Rousseff foi presa em 1970, aos 22 anos, e passou quase três anos detida, respondendo a diversos inquéritos em órgãos militares em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Após deixar a prisão, Dilma mudou-se para o Rio Grande do Sul e, em 1975, começou a trabalhar na Fundação de Economia e Estatística (FEE) do estado.

Ela continuou sendo monitorada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) até o final de 1988 e perseguida por seu posicionamento político de críticas e oposição ao governo militar. Em 1977, o ministro do Exército à época, Silvio Frota, divulgou uma lista do que chamou de “comunistas infiltrados no governo”, que incluía o nome de Dilma, o que acarretou na sua demissão.

De acordo com o desembargador federal, o valor da prestação mensal, permanente e continuada, a ser paga pela União, deve ser calculada de modo a refletir a remuneração que receberia caso não tivesse sido alvo de perseguição política.

Anistia política

Em maio desse ano, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reconheceu a anistia política à Dilma Rousseff e também fez um pedido de desculpas pelos atos perpetrados pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar.

Para o colegiado, ficou comprovado que o afastamento de Dilma de suas atividades remuneradas, à época, ocorreu por motivação exclusivamente política.

Então, foi determinado o pagamento de R$ 100 mil de reparação econômica, em parcela única, que é o teto de pagamento previsto na Constituição para esses casos.

Entretanto, para a 6ª Turma do TRF1, é assegurada a prestação mensal, permanente e continuada aos anistiados que comprovem o vínculo com atividade laboral à época da perseguição política, “ficando prejudicada a prestação única anteriormente concedida na esfera administrativa”.

Após a redemocratização de 1988, a ex-presidente também teve a condição de anistiada política reconhecida e declarada por quatro comissões estaduais de anistia, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo, recebendo outras reparações econômicas simbólicas.

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