Em Mato Grosso do Sul, ainda há mais de 150 mil pessoas que não tomaram nenhuma dose de vacina contra a Covid-19, conforme estimativa populacional de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para essas pessoas, a Secretaria de Estado de Saúde (SES), em parceria com todos os municípios, fará um mutirão para aplicar, em sete dias, as doses que estão guardadas. Este sábado (25) será o dia D da campanha.
Esse número de pessoas que ainda estão “fugindo” da vacina deve ser ainda maior, uma vez que a estimativa populacional do IBGE deste ano registrou um acréscimo de quase 30 mil novos habitantes. Como o instituto ainda não divulgou a estimativa por faixa etária no Estado, a Pasta utiliza os dados do ano passado.
“São números que muitas vezes se revelam menor ou maior em determinados municípios, por exemplo, Ribas do Rio Pardo é um município que sofreu um grande processo migratório por conta da instalação da maior planta de indústria de celulose do mundo e que aportou recentemente mais de 5 mil novos moradores, isso não estava na conta do Ministério da Saúde para aquela cidade, então nós precisamos nos atentar a esses aspectos”, explicou o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende.
Mesmo sem saber o número exato de pessoas na fila, Mato Grosso do Sul pretende chegar a essas pessoas que ainda não vacinaram, para isso, a estratégia é um mutirão de vacinação, com aplicações das 8h às 20h em todo o Estado, para todas as faixas etárias que já estão com a vacinação permitida, ou seja, acima dos 12 anos.
“Nós queremos que ninguém em Mato Grosso do Sul fique sem a imunização e nós vamos trabalhar, inclusive, para aqueles que são reticentes em não fazer uso da vacina, nós vamos buscá-los e acredito que eles serão o grande desafio dos próximos três meses”, disse Resende.
Para isso, o Estado pretende utilizar cerca de 400 mil doses de vacinas que estão guardadas, quantidade que já tem contabilizadas as remessas que foram entregues nesta sexta-feira (24) pelo Ministério da Saúde, que destinou quase 72 mil doses, das quais 9.750 eram da AstraZeneca e 62.010 da Pfizer.
“É importante a gente entender que é preciso buscar aqueles que estão faltando. Em Mato Grosso do Sul, a gente tem feito cobranças diárias para, junto dos municípios, verificar onde está a nossa população”, afirmou o secretário.
Resende afirma que espera que ainda neste ano o Estado atinja a marca de 100% da população imunizada. “Até o fim do ano, eu gostaria de ter 100% da população vacinada com a primeira e com a segunda dose em Mato Grosso do Sul”.
ESTRATÉGIAS
Além de chegar ao público que ainda não recebeu nenhuma dose, a campanha também pretende incluir as pessoas que não completaram o ciclo vacinal com as duas doses e também os idosos que não foram em busca da dose de reforço.
Para chegar às pessoas que ainda não vacinaram, uma das estratégias adotadas pelo Estado deve ser a instituição do passaporte da vacina, assim como a colaboração de entidades privadas.
“A questão do apoio das federações é importante, por isso estamos buscando essas parcerias, porque em uma empresa grande a gente pode identificar quem está teimando em não tomar [vacina]. Se a direção daquela empresa entender que aquele indivíduo está colocando em risco o conjunto de seus colaboradores, essa pessoa deve ser afastada”, disse.
Na segunda-feira (27), o governo do Estado e a Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems) vão lançar o programa Retomada Segura MS, que consiste em um pacote de medidas sanitárias para garantir maior segurança ao funcionamento dos setores da economia do Estado e da população em geral.
94.2% de vacinados
Mato Grosso do Sul tem 94,2% da população adulta, acima dos 18 anos, com pelo menos uma dose de vacina. Os que estão com a imunização completa representam 73,9%.
VACINADOS
Até as 15h desta sexta-feira (24), Mato Grosso do Sul tinha 2,1 milhões de pessoas com a primeira dose ou dose única, além de 1,3 milhão com a segunda dose. Já em relação à terceira dose, apenas 128.369 haviam conseguido o reforço.
Entre os poucos que já receberam a terceira dose está o autônomo José Jorge dos Santos, 76 anos, que nesta sexta-feira procurou um ponto de vacinação de Campo Grande.
“Vim correndo para a terceira dose, assim posso resguardar mais a minha saúde. O governo tem feito tanto esforço para incentivar a vacinação, não existe justificativa para negar isso. Me sinto mais seguro agora, a minha mulher não queria tomar, o que eu não entendo, se fosse algo caro ou distante teria motivo, moramos aqui do lado, trouxe ela também”.
Já Maria de Fátima Correia, 63 anos, que também foi procurar a dose de reforço, disse que apesar do medo pela intercambialidade das vacinas, já que ela tomou duas doses de Coronavac e agora recebeu a Pfizer, quis completar o ciclo.
“Isso me preocupa, eu não sei que tipo de reação vou ter. Não tive nada de reação nas outras duas vezes, tenho algumas amigas que falaram que estão tendo reação. Tenho segurança em tomar a terceira dose, mas me preocupo com as reações”.
Segundo especialistas, a intercambialidade de vacinas não causa reações adversas graves, as pessoas podem apenas sentir sintomas comuns, como dor no braço, dor de cabeça ou diarreia. (Colaborou Rafaela Moreira)