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Entrevista

"Mutirão será realizado para acelerar julgamentos das multas por incêndios"

Jaime Verruck - Secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação

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O entrevistado desta semana é o responsável pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, que falou sobre a situação dos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul, principalmente no Pantanal.

Segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ), já foram consumidos pelo fogo 528.650 hectares do bioma neste ano. Além do combate ao fogo, o Estado também quer punir os responsáveis.

De acordo com o secretário, o governo de MS tem destinado recursos financeiros e pessoal para ajudar no combate às chamas. No início do ano, o Executivo havia destinado R$ 25 milhões para ações de prevenção 
e combate aos incêndios florestais e mais R$ 25 milhões foram adicionados em abril.

Conforme Verruck, o governo do Estado também está preocupado com os causadores dos incêndios florestais. Para isso, pretende fazer um mutirão para acelerar os julgamentos das multas. “A maioria das multas ainda está em tramitação administrativa, e um mutirão será realizado para acelerar os processos e os julgamentos”, afirmou. Confira.

Neste ano, os incêndios no Pantanal começaram antes da época prevista. Atualmente, a área queimada já está muito acima da série histórica do período, isso segundo o Lasa/UFRJ. O que poderia explicar a situação?

Nós fazemos o monitoramento do tempo e do clima por meio do Cemtec-MS [Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul]. Além disso, também temos o monitoramento diário das condições hídricas dos rios do Estado pela Sala de Situação do Imasul [Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul].

É importante ressaltar que a situação climática neste ano – não somente no Pantanal, mas em todo o Estado – é extremamente grave, com a previsão de uma seca severa em diversas regiões de MS, a mais intensa desde 1951.

Hoje, por conta de uma combinação de fatores, temos uma temporada de incêndios florestais mais ativa que nos anos anteriores. Estamos tratando agora dos incêndios florestais, mas essa condição de seca extrema já nos levou a procurar a ANA [Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico], para que fosse decretado estado de emergência por escassez hídrica em Mato Grosso do Sul.

No Rio Paraguai, por exemplo, a questão do baixo calado dificulta o acesso das embarcações aos locais de incêndio. Além disso, já interfere na navegação comercial, com prejuízo para as exportações.

Segundo o Lasa/UFRJ, as causas dessa seca severa incluem eventos climáticos adversos, como fortes chuvas no Rio Grande do Sul que desviaram os rios voadores normalmente responsáveis por irrigar o Pantanal. 
Esse fenômeno, aliado ao forte El Niño que atuou em 2023 e 2024, resultou em temperaturas acima da média e precipitações bem abaixo do esperado.

O governo também havia antecipado o decreto de estado de emergência sobre os incêndios no Pantanal. Quais campanhas foram empregadas e qual a importância de antecipar essas ações?

Diante da crise hídrica na Bacia do Alto Paraguai, da seca extrema no Pantanal e do alto risco de incêndios florestais, o governo do Estado antecipou diversas ações. No dia 10 de abril, com o alerta para a situação climática em Mato Grosso do Sul por conta das chuvas abaixo da média desde dezembro de 2023, o governo estadual decretou situação de estado de emergência ambiental por 180 dias, em função do risco de incêndios florestais.

Foi estabelecida uma coordenação estadual de comando e controle, além de um plano de comunicação integrado para informar a população sobre os riscos. Também foi mantida uma interlocução contínua com o comando das operações de Mato Grosso, do governo federal e do Corpo de Bombeiros Militar de outros estados, para mobilizar todo tipo de recurso, logístico e operacional.

No âmbito estadual, foram posicionadas 13 bases avançadas do Corpo de Bombeiros no Pantanal desde abril, iniciando atividades preventivas e – agora – de resposta. Cada vez mais bombeiros estão sendo mobilizados juntamente a outras agências federais.

As diversas frentes de trabalho incluem o Exército Brasileiro, a Marinha do Brasil, o Prevfogo, fazendeiros e brigadas comunitárias. Essa estratégia tem mostrado resultados positivos, com a ausência de incêndios nas áreas onde as bases foram estabelecidas, evidenciando a eficácia da presença estatal.

Atualmente, quais recursos são empregados no combate ao fogo no Pantanal?

Para este ano, o governo do Estado já tinha alocado cerca de R$ 25 milhões para despesas de custeio, como diárias e combustível, para as ações de prevenção e combate aos incêndios florestais. Em abril, logo após anteciparmos o decreto de estado de emergência ambiental, o governador Eduardo Riedel anunciou o investimento de mais R$ 25 milhões, incluindo aí a aquisição de novos equipamentos e manutenção de equipes. Foi um adicional decorrente da gravidade da situação.

Nos últimos quatro anos, o governo estadual tem intensificado o investimento em equipamentos, com aquisição de diversos itens para o controle de incêndios florestais. Recebemos doação de equipamentos para a Defesa Civil e para as ONGs. Adquirimos duas aeronaves Air Tractor que podem lançar 3 mil litros de água em áreas de difícil acesso. Temos um helibalde [bambi bucket] utilizado no helicóptero Esquilo, da Sejusp [Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública], com capacidade de transportar 820 litros de água e despejar nos focos de incêndio.

Além do aporte financeiro, temos o Cicoe [Centro Integrado de Coordenação Estadual de Mato Grosso do Sul], que é uma instância de governança do poder público estadual em que são demandadas e deliberadas todas as questões que envolvem logística e pessoal nas ações de resposta aos incêndios florestais.

O Cicoe é presidido pela Semadesc e conta com a participação da Segov [Secretaria de Estado de Governo e Gestão Estratégica], da Defesa Civil, da Sejusp, do Corpo de Bombeiros, da PMA [Polícia Militar Ambiental] e do Imasul. E agora, também teremos um integrante do governo federal para o compartilhamento de informações entre a Sala de Situação estadual/federal, para ampliar a resposta aos incêndios florestais.

Em 2020, Mato Grosso do Sul teve apoio de outras unidades da Federação com aeronaves e homens. Há previsão disso acontecer também neste ano? Já houve uma conversa com outros estados? Quais? Há também a previsão de algum tipo de ajuda do tipo proveniente do governo federal?

Em nível federal, os meios logísticos estão em fase de levantamento, para uma articulação integrada entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Mas já ficou definido que os mesmos [estados] vão alocar duas bases no Pantanal, sendo uma na região de Poconé [MT] e outra próxima a Corumbá.

Essas bases têm capacidade de serem móveis e podem se desdobrar no terreno. Essas ações serão integradas ao esforço que já está em andamento pelo Estado desde abril: otimizar o pronto emprego das várias agências federais e estaduais no combate aos incêndios florestais.

O secretário extraordinário de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente, André Lima, afirmou na terça-feira que a maioria dos incêndios no Pantanal começaram de forma criminosa. Já há identificação dos responsáveis? Houve alguém punido? Se sim, qual a punição? Como a tecnologia está sendo usada na identificação desses culpados?

Desde 2020, o governo do Estado aplicou R$ 53,8 milhões em multas por incêndios criminosos no Pantanal, em 94 autos de infração. Cada auto pode representar uma grande área queimada. Em 2020, foram aplicadas as maiores multas, em um total de R$ 24,2 milhões, por conta da queima de 30% do território pantaneiro.

Nos anos seguintes, o valor das multas diminuiu à medida que as áreas queimadas foram menores, com R$ 10,3 milhões em 2021, R$ 5,5 milhões em 2022 e R$ 3,8 milhões em 2023. Neste ano, de janeiro a junho, foram emitidos 21 autos de infração e aplicadas mais de R$ 10 milhões em multas.

A responsabilização de quem tiver provocado o fogo ocorre dentro do rito legal necessário. O foco agora é combater, evitar a ampliação dos incêndios florestais, mas a responsabilização ocorrerá, sim.

Com relação à tecnologia, o trabalho dos bombeiros no combate a incêndios florestais envolve drones e georreferenciamento. Essas ferramentas são utilizadas para tornar o controle e a extinção do fogo mais eficientes. As autoridades de fiscalização utilizam imagens de satélite para monitorar e investigar incêndios em tempo real e determinar a propriedade do terreno afetado.

Além das multas, o Estado utiliza a detecção de massa vegetal seca para evitar incêndios, ordenando que proprietários realizem queimadas controladas. No entanto, esse método não pode ser usado durante períodos secos como o atual. A maioria das multas ainda está em tramitação administrativa, e um mutirão será realizado para acelerar os processos e os julgamentos.

Além de atuar na contenção dos incêndios, alguma ação está sendo tomada agora para evitar que outras áreas também sejam afetadas pelo fogo? Quais?

O governo do Estado está focado na supressão dos incêndios florestais no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Além das ações de combate ao fogo e responsabilização, temos o Gretap [Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal], criado em resposta aos incêndios de 2020 e vinculado e coordenado pela Semadesc. Em 19 de junho, o Gretap iniciou as operações de prevenção e resgate de animais afetados pelos incêndios.
Até o momento, não há registro de grandes mamíferos atingidos, embora haja notificações de deslocamento de animais com o avanço do fogo. 

As vítimas dos incêndios de 2020 no Pantanal foram quantificadas apenas no ano passado, por meio de estudos científicos. É importante considerar que os incêndios atuais têm um comportamento diferente em termos de quantidade e concentração de focos, bem como na resposta das equipes de combate.

Um dos pontos da Lei do Pantanal é justamente sobre os incêndios. Há previsão para que toda 
a legislação seja regulamentada? A partir desse momento, as pessoas flagradas em incêndios criminosos poderão ter punições superiores às atuais?

A regulamentação sobre a questão do uso do fogo da Lei do Pantanal já existe nesse aspecto. É o Decreto Estadual nº 15.654/2021, que instituiu o Pemif [Plano Estadual de Manejo Integrado do Fogo] em Mato Grosso do Sul. É um legado normativo que possibilita aos órgãos públicos, bem como às entidades da sociedade civil, melhores condições para a prevenção e o combate a incêndios florestais no Estado. 

No que diz respeito às multas ambientais por incêndios florestais, Mato Grosso do Sul se baseia atualmente no Decreto Federal nº 6.514/2008, que dispõe sobre as infrações e as sanções administrativas ao meio ambiente, estabelecendo o processo administrativo federal para apuração destas infrações. 

A Lei do Pantanal foi sancionada no ano passado pelo governador Eduardo Riedel e agora está em fase de regulamentação. É a partir daí que poderemos dosar, caso a caso, punições superiores às atuais.

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CNU representa maior contratação de servidor público da última década

Retomada de concursos contribui para recompor quadro do Executivo

05/04/2025 22h00

CNU representa maior contratação de servidor público da última década

CNU representa maior contratação de servidor público da última década PAULO PINTO/AGÊNCIA BRASIL

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A primeira edição do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) representará sozinha a maior contratação de servidores federais efetivos dos últimos dez anos, com 6.640 vagas, quando os aprovados tomarem posse em 21 órgãos públicos federais.CNU representa maior contratação de servidor público da última décadaCNU representa maior contratação de servidor público da última década

Os dados são do Painel Estatístico de Pessoal (PEP) do Portal do Servidor, que concentra informações de pessoal do poder Executivo federal. Os números excluem as contratações realizadas por universidades federais públicas e institutos federais, que têm lei própria devido aos critérios de autonomia das instituições de ensino.

Além das vagas do concurso unificado, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) autorizou, em 2023, a realização de concurso público para outros 2.426 cargos efetivos. Ao todo, 2023 teve no total, somando o CPNU e outros certames. 

Em 2024, foram autorizadas mais 2.282 vagas de concursos. Para o segundo semestre deste ano, o MGI planeja realizar a segunda edição do chamado Enem dos Concursos ainda sem edital publicado.

Contratações

As novas contratações visam reverter duas tendências: a de queda na contratação de efetivos e a de aumento de servidores temporários na administração pública federal.

O MGI disponibilizou os números anuais de contratações estatutárias e temporárias de servidores da administração direta, autarquias e fundações, com exceção dos institutos federais de ensino superior (Ifes) e dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia (Ifets):

  • 2014: 13.659 contratações estatutárias e 2.691 contratações temporárias, com total de 16.350 contratações;
  • 2015: 6.214 contratações estatutárias e 2.594 contratações temporárias, com total de 8.808 contratações;
  • 2016: 4.647 contratações estatutárias e 2.196 contratações temporárias, com total de 6.843 contratações;
  • 2017: 3.744 contratações estatutárias e 4.425 contratações temporárias, com total de 8.169 contratações;
  • 2018: 2.283 contratações estatutárias e 1.616 contratações temporárias, com total de 3.899 contratações;
  • 2019: 4.311 contratações estatutárias e 3.000 contratações temporárias, com total de 7.311 contratações;
  • 2020: 3.197 contratações estatutárias e 1.810 contratações temporárias, com total de 5.007 contratações;
  • 2021: 1.434 contratações estatutárias e 908 contratações temporárias, com total de 2.342 contratações;
  • 2022: 7.371 contratações estatutárias e 5.683 contratações temporárias, com total de 13.054 contratações;
  • 2023: 4.996 contratações estatutárias e 4.908 contratações temporárias, com total de 9.904 contratações;
  • 2024: 3.575 contratações estatutárias e 4.155 contratações temporárias, com total de 7.730 contratações.

Em nota, o secretário de Gestão de Pessoas do MGI, José Celso Cardoso, rebateu críticas de que o setor público possui um número excessivo de funcionários e reforçou a necessidade de recomposição da força de trabalho da administração pública para continuidade dos serviços públicos. 

“O que está em jogo é a própria continuidade da máquina [pública] e do rol de políticas públicas que dela dependem para serem implementadas, a serviço da população, territórios e mercados”.

Aposentadorias

Entre 2010 e 2023, quase 246 mil servidores do Executivo federal se aposentaram. Além disso, o Ministério da Gestão projeta que aproximadamente 57 mil servidores do Executivo Federal se aposentarão entre 2024 e 2026.

De acordo com o Painel Estatístico de Pessoal (PEP), atualmente, cerca de 66,3 mil servidores federais continuam trabalhando, mesmo tendo condições para se aposentar.

A situação é chamada de abono de permanência, que equivale à contribuição previdenciária ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) da União. O valor é pago até que o servidor complete 75 anos, idade da aposentadoria compulsória no serviço público, ou quando solicitar o benefício previdenciário.

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Defesa de ré que esquartejou jogador de futebol alega que crime não foi premeditado

STF afirma que ainda que não se tenha comprovado a premeditação, há nos autos, indícios suficientes de que a ré tenha praticado conduta delitiva; já a polícia local confirmou premeditação

05/04/2025 18h00

Defesa de ré que esquartejou jogador de futebol alega que crime não foi premeditado

Defesa de ré que esquartejou jogador de futebol alega que crime não foi premeditado Reprodução

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A defesa de Rúbia Joice de Oliver Luvisetto, jovem de 22 anos, ré pelo esquartejamento do jogador de futebol Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, de 19 anos, alegou em pedido negado de habeas corpus, que o crime não foi premeditado, fato que foi deferido pelo juiz de origem. 

Vale lembrar que em abril de 2024, Rúbia ganhou liberdade provisória após ficar 8 meses presa preventivamente. No entanto, em junho do mesmo ano, a ré se entregou após ser avisada de que a Justiça do Mato Grosso do Sul acatou o pedido do Ministério Público Estadual para mandá-la de volta ao cárcere.

Na decisão publicada neste sábado (5), o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin afirma que ainda que não se tenha comprovado a premeditação, há nos autos indícios suficientes de que a recorrente praticou a conduta delitiva.

Ainda neste ponto, o impetrante também ressalta que “o Parquet apoiou-se apenas em interpretações ocorridas durante o inquérito policial, as quais não foram mantidas em sede de instrução processual, em completa dissintonia com as provas colhidas na fase processual”, o que teria resultado na dissonância entre as decisões do Magistrado de 1° grau e da Corte local. 

A polícia local também afirmou que o crime foi premeditado durante uma coletiva de imprensa, transmitida pelo Instagram da delegacia. Na ocasião, não houve abertura para perguntas e não foram passados mais detalhes da investigação, que segue em sigilo. 

Além disso, a perícia concluiu que houve alteração na cena do crime, confirmando ter sido um ato premeditado. Anteriormente, a versão de Rúbia relatava que a morte de Vinícius teria sido causada em razão de uma reação ao comportamento dele. 

De acordo com os autos do processo, a ré atraiu o ex-namorado para sua casa, e que lá, juntamente de Danilo, com quem mantinha uma relação amorosa, teria matado Hugo e o lançado ao rio Iguatemi após o crime. 

Além disso, o ministro também frisou que a prisão se faz necessária para assegurar a aplicação da lei penal.

"Há grande risco que empreenda fuga para o Paraguai, onde ela também possui endereço”.

Relembre o crime

O crime aconteceu no município de Sete Quedas, na madrugada de 25 de junho de 2023, quando Hugo desapareceu após ser visto pela última vez por seus amigos, que o deixaram na casa de Rúbia após saírem de uma festa em um posto do lado paraguaio da fronteira, no município de Pindoty Porã. Na segunda-feira seguinte (26 de junho), o registro do sumiço foi feito por sua mãe, Eliana Skulny.

De repercussão nacional, a morte de Hugo tomou os noticiários nacionais logo após o sumiço do jovem, quando a conterrânea e conhecida da família, Ana Castela, usou suas redes sociais para engrossar as buscas, assim como pela brutalidade.

Foram cerca de sete dias de busca até que o paradeiro e estado real do rapaz fossem descobertos. Morto com três tiros, Hugo ainda foi esquartejado em pequenas partes antes de ser desovado em um trecho do Rio Iguatemi. As partes de seu corpo começaram a ser encontradas no dia 2 de julho de 2023.

Pelo menos 22 oficiais policiais e outros 30 servidores da segurança Pública, de Sete Quedas, junto da Polícia Civil e Militar; Corpo de Bombeiros e Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira (Defron) foram mobilizados para a busca pelos restos mortais de Hugo, que só foi identificado em razão de uma tatuagem presente no braço da vítima, em homenagem ao pai.

Atleta, Hugo tinha carreira pelo futebol no município, com passagens por clubes locais como o Projetinho/ Gelo7, e Conjunto Itaporã II, e disputando inclusive as semifinais do Municipal de Suíço, em Sete Quedas e participando até mesmo da chamada "Liga Terrão".

Júri

O casal Rúbia Joice de Oliver Luvisetto, 22, ex-namorada da vítima; e Danilo Alves Vieira da Silva, 30, ex-ficante de Rúbia; irá a júri popular.

De acordo com a sentença de pronúncia proferida pelo juiz Tulio Nader Chrysostomo, ambos são acusados pelos crimes de homicídio qualificado por emprego de meio cruel e ocultação de cadáver.

Outras três pessoas são réus no processo e também irão a julgamento junto com o casal: Cleiton Torres Vobeto, de 22 anos, mais conhecido “Maninho”; Noemi Matos de Oliver e Patrick Eduardo do Nascimento.

Cleiton Vobeto é amigo de Rubia e também responderá pelo crime de homicídio qualificado. Já Noemi e Patrick, mãe e padrasto de Rubia, respectivamente. Eles responderão criminalmente por fraude processual.

Conforme a denúncia, Patrick e Noemi teriam limpado a área do crime, com o objetivo de encobrir a participação de Rúbia no homicídio.

Tribunal

De acordo com o juiz Chrysostomo, os crimes de homicídio qualificado, de ocultação de cadáver e de fraude processual estão interligados. Nesses casos, o Tribunal do Júri é o procedimento jurídico mais competente, conforme a legislação.

"Os crimes são consequencialmente conexos, nos termos do 76, II, do Código de Processo Penal. Isso porque os crimes de ocultação de cadáver e de fraude processual foram cometidos para ocultar o crime de homicídio qualificado. Assim, consoante disposição do art. 78, I, do Código de Processo Penal, o Tribunal do Júri é competente para o processo e julgamento  de todos os crimes", publicou.

Contudo, o magistrado retirou as qualificadoras de motivação torpe e recurso que dificulta a defesa da vítima. A decisão de retirada foi justificada porque segundo Chrysostomo, "não há provas suficientes que sustentem a narrativa", em referência à tese de acusação.

Rúbia chegou a ficar presa em Goioerê, no Paraná, após pedido de prisão preventiva ainda em julho de 2023. Em dezembro de 2024, foi transferida à presídio de Mato Grosso do Sul. À época, a defesa alegou que a transferência era pertinente, pois facilitaria a apresentação de Rúbia quando fosse solicitada, assim como o processo de julgamento.

Já Danilo, foi preso pela polícia na tarde de 16 de agosto de 2023, escondido em uma casa alugada pela própria família no município de Iguatemi. 

Participação dos envolvidos no crime

Cleiton Torres Vobeto, o "Maninho", foi quem teria apontado o local usado para desovar o corpo esquartejado do ex-jogador, enquanto a própria Polícia Civil destacou que a casa onde Danilo foi encontrado foi alugada por familiares.

"Há ocultação de cadáver, que eles também esquartejaram o corpo para que não fosse achado. Ele é o autor e a menina e o outro rapaz são partícipes e vão responder à medida da participação deles, claro que com menor influência no resultado, mas ainda assim vão ser responsabilizados por homicídio", explica o delegado Marcos Werneck, da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira (Defron).

Rúbia Joice de Oliver Luvisetto, ex-namorada de Hugo, foi presa em 3 de julho, sendo a responsável por apontar a participação de "Maninho".

Segundo o advogado de Rúbia, Felipe Azuma, relatou que está esperando o habeas corpus que pediu contra a prisão preventiva e que acredita que, com a prisão de Danilo, "a verdade possa vir à tona, de que Rúbia não planejou nada do que ocorreu".

Vale destacar que a Polícia já descartou a versão de Rúbia, que chegou a apontar que a morte do jogador foi em reação ao comportamento do rapaz, alegando que Hugo invadiu sua casa, encontrando ela na cama com outro homem (Danilo). 

Entretanto, durante coletiva realizada em 7 de julho de 2023, a polícia classificou Rúbia como coautora do crime, não revelando mais detalhes sobre o assunto.

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