Projetado para ser de classe média alta, o Bairro Nova Campo Grande ficou esquecido por muitos anos pelo poder público, com asfalto em poucas ruas e até mesmo sem rede de esgoto. Por ser um bairro distante da região central – são aproximadamente 10 quilômetros até a Avenida Afonso Pena –, o comércio da região contava com apenas um mercado e não tinha nenhuma farmácia.
Mas, após o boom imobiliário em 2010, o bairro começou a ter uma atenção maior dos moradores que viram uma oportunidade de lucrar e também desenvolver esse lado que faltava na região.
Morador do bairro há 35 anos, Valdenir Santos, 71, relembra como era o local antigamente. “Eram vários terrenos vazios. Do lado de casa, tinha um campinho de futebol, a gente reunia os amigos, jogava bola e era tudo bem tranquilo e calmo”, afirmou.
As ruas largas são um destaque no lado mais antigo do bairro e são identificadas por números, cita a professora Maria Cândida, 59. “Eu gosto muito daqui. O bairro é arborizado, as ruas são largas, particularidade difícil de encontrar na cidade”, comentou.
Maria já teve vontade de se mudar – ela está no bairro há 30 anos –, mas decidiu ficar. “O terreno da minha casa é enorme, criei meus filhos aqui, foi tudo muito tranquilo. O ruim é porque é longe do centro, tem de se programar para sair antes e não chegar atrasado, mas a tranquilidade é impagável”, relatou.
Em relação ao comércio, ambos os moradores concordaram que o crescimento no “fundo” do Nova Campo Grande atribui-se à chegada de novas lojas, farmácias e até academia. “Academia não tinha aqui, só no bairro Serradinho [ao lado] ou na Avenida Duque de Caxias. Com o crescimento da movimentação na Avenida Nove – principal do bairro –, vários comércios foram se instalando. Isso é bom para gente”, citou Maria.
Para ir à farmácia, Santos tinha de se deslocar até a Avenida Júlio de Castilho. “Hoje, é só virar a esquina”, citou.
A Avenida Nove é a da linha de ônibus e, após ser revitalizada, em 2006, e ganhado duas vias, os comércios foram se intensificando. As mansões famosas também estão situadas na avenida. Atualmente, a população de 10.161 habitantes conta com sorveterias, academia, pet shop, lanchonetes, bares e farmácia.
Conhecido como “seu Simões”, Antônio Jesualdo Simões, há dez anos abriu uma portinha vendendo produtos de utilidades e de casa. Ele é um dos pioneiros no bairro com esse tipo de comércio. “Quando cheguei aqui no bairro, só tinham duas lojas e eu resolvi abrir a minha também”, lembrou.
Ele diz que morava em São Paulo e se mudou para Campo Grande há onze anos. O filho dele escolheu o bairro, por ser mais tranquilo. “Nos mudamos para cá e eu gosto muito, a tranquilidade daqui é muito agradável”, disse.
Simões também lembrou como o bairro era antes. “Tinha muito terreno vazio, eram poucas casas. O comércio foi crescendo e todos os comerciantes daqui contribuem para esse movimento todo”, alegou.


