Cidades

tragédia

Novo depoimento lança suspeita sobre avô de Isabella Nardoni

Novo depoimento lança suspeita sobre avô de Isabella Nardoni

fantástico

07/12/2014 - 04h00
Continue lendo...

Um caso policial que o Brasil jamais vai esquecer: a morte da menina Isabella Nardoni, jogada do sexto andar de um prédio em São Paulo. O pai e madrasta da menina foram condenados e estão presos por esse crime.

Mas agora, seis anos depois da tragédia, um depoimento dado à Justiça levanta a suspeita de que uma terceira pessoa pode estar envolvida no crime.

Uma mulher guarda um segredo há mais de seis anos. Um segredo que pode provocar uma reviravolta em um dos crimes mais conhecidos da crônica policial brasileira.

“Me atrapalhava até o sono saber de um crime bárbaro, me comportar como se não soubesse e me manter em silêncio”, conta uma mulher que trabalha no sistema prisional de São Paulo e não quis ser identificada.

Ela tem medo de sofrer ameaças. “Essa história me incomoda. Eu me sinto no dever de contar”, diz.

A história a ser revelada começou em 2008 na cadeia de Tremembé. Lá dentro, ela conheceu Anna Carolina Jatobá, presa condenada por matar a enteada Isabella Nardoni.

“Foram os primeiros dias dela naquela unidade. Ela tinha muito medo do convívio com as outras presas”, conta a funcionária.

A funcionária afirma: a madrasta de Isabella, que do lado de fora da cadeia sempre negou participação no crime, dentro da penitenciária, contou outra versão.

“Somos totalmente inocentes. Eu nunca levantei um dedo, nunca falei um nada, nunca nem gritei com ela”, disse Jatobá em entrevista ao Fantástico, no dia 20 de abril de 2008.

Segundo a funcionária, Anna Jatobá assumiu ter batido na menina e que o marido Alexandre jogou a própria filha pela janela. A madrasta fez mais: acusou uma terceira pessoa, diz a testemunha.

É uma nova revelação: Antônio Nardoni, o sogro de Anna Jatobá, estaria envolvido na morte da neta, de 5 anos.

“Ela falou que o sogro mandou, orientou os dois a simular um acidente. Eu ouvi da boca dela, falou para mim, olho no olho”, conta a funcionária.

Esta é a versão que a madrasta de Isabella teria revelado depois de presa sobre aquela noite trágica de 29 de março de 2008.

Fantástico: Como as agressões começaram?
Funcionária: Eles foram no supermercado, fizeram uma compra com as crianças. Não levaram a compra para casa. O cartão não passou, deu algum problema. Aí, eles estavam nervosos.

De acordo com a funcionária do sistema carcerário, Anna Jatobá disse que bateu com violência na enteada dentro do carro da família.

Funcionária: Falou que ela bateu na menina, porque a menina não parava de encher o saco.
Fantástico: Usou esse termo?
Funcionária: É, usou esse termo, que a menina estava enchendo muito o saco, que não era para ser tão grave. Pensou que matou, pensou que a menina estivesse morta.

Na época do crime, o Instituto de Criminalística fez um vídeo mostrando passo a passo as conclusões da polícia e do Ministério Público. Para a acusação, Isabella foi agredida dentro do carro na testa, com um anel ou uma chave.

Segundo as investigações, depois, no apartamento do casal, Alexandre jogou a filha no chão com força e Anna Jatobá apertou o pescoço da menina, provocando asfixia.

“Ela fala que não estrangulou a menina, que a menina foi colocada, que ele colocou a menina no chão, acreditando que a menina tivesse morta, enquanto ela ligava para o sogro”, conta a funcionária.

Ainda segundo a funcionária, na conversa com o sogro Antônio Nardoni, a madrasta da menina teria ido direto ao ponto.

“Falou para o sogro que matou a menina e ele falou: ‘Simula um acidente, senão vocês vão ser presos’. Aí, tiveram a ideia de jogar a menina pela janela. Que o Alexandre só jogou a filha, porque acreditava que ela estivesse morta e que ele entrou em choque depois que ele jogou, acreditando que estava morta. Desceu e a menina estava viva”, conta a funcionária.

Na época do crime, com a quebra do sigilo telefônico do casal, ficou comprovado que, a partir das 23h51m09s da morte de Isabella, Antônio Nardoni e Anna Jatobá conversaram durante 32 segundos.

“A ligação teria sido feita logo depois do corpo ter sido jogado. É isso que a investigação indicou, mas nós temos que apurar se havia outro telefone, usaram outro celular. Não sei. Nós teríamos que ver agora de que maneira isso foi feito”, afirma Francisco Cembranelli, promotor de Justiça do caso Isabella.

Fantástico: Por que que ela nunca denunciou o sogro?
Funcionária: Porque ele sustenta ela, a família toda, os filhos dela. Com certeza, é pelo silêncio dela. Ela recebe muita coisa de fora, vários tipos de queijos, brincos. O colchão que ela dorme é especial. Foi presente do Seu Nardoni para ela, porque estava dando problema na coluna dela o colchão da penitenciária.
Fantástico: Ela demonstrou remorso, arrependimento, na hora que ela contou essa história?
Funcionária: Não. Ela só estava com medo da situação dela perante as outras presas, pela barbaridade do crime, pela repercussão que deu. O medo dela era de como conviver com as presas.

Na terça-feira passada (2), a funcionária do sistema carcerário paulista procurou o Ministério Público. Ela prestou um depoimento oficial, e o Fantástico acompanhou.

Fantástico: Por que a senhora resolveu denunciar só agora, seis anos depois, a conversa que a senhora teve com a Anna Carolina Jatobá?
Funcionária: Na verdade, eu queria denunciar a partir do momento que eu ouvi. Essa história me pesava a consciência, saber de um crime e não denunciar. Eu só não sabia um meio legal de denunciar sem me comprometer.

O Ministério Público garantiu o sigilo. “Ninguém saberá o nome ou qualquer identidade dessa testemunha. Se as investigações evoluírem, é claro que é possível que surja um novo júri”, afirma o promotor de Justiça Paulo José de Palma.

Francisco Cembranelli: Seria uma nova investigação agora objetivando apurar responsabilidade de uma outra pessoa citada por ela no cometimento do crime.
Fantástico: O Antônio Nardoni foi considerado suspeito durante a investigação do assassinato da Isabella Nardoni?
Francisco Cembranelli: Durante a investigação havia suspeitas, sim, porque houve um contato do casal com o pai em um momento muito próximo ao crime. Mas nós não conseguimos na investigação também trazer responsabilidade para outras pessoas. Por isso, somente o casal foi denunciado.

As revelações feitas pela testemunha podem repercutir imediatamente. O depoimento dela será analisado nesta semana por uma promotora do Fórum de Santana, que hoje cuida do Caso Isabella. Depois, policiais devem ouvir Anna Jatobá, Antônio Nardoni e a testemunha que fez a denúncia.

Fantástico: A senhora está com a consciência tranquila?
Funcionária: Estou. O que eu ouvi foi o que eu falei em depoimento e o que eu te falo agora. Eu tenho convicção que a Anna Carolina não mentiu para mim. Eu não sei se ela vai repetir isso agora, se ela vai assumir.

A testemunha conta que o sofrimento de Ana Carolina Oliveira, a mãe de Isabella Nardoni, também pesou na hora de decidir que deveria denunciar.

“Já cheguei a sonhar com com a mãe da Isabella. Eu me comovia com a situação dessa mãe. Eu soube de uma coisa bárbara, abominável, e denunciei”, disse a funcionária.

O casal Nardoni sempre negou o crime, mantém a versão de que um criminoso invadiu o apartamento deles na Zona Norte de São Paulo e matou Isabella. Já a acusação nunca acreditou nisso.

No julgamento, em 2010, Anna Jatobá foi condenada a 26 anos de cadeia, e Alexandre, a 31 anos. Os dois continuam presos.

Pedimos à Anna Jatobá que gravasse uma entrevista. Ela não aceitou.

E o que Antônio Nardoni, o avô paterno de Isabella, que é advogado, tem a dizer sobre as novas denúncias?

Ele atendeu o Fantástico por telefone. Disse que jamais falou para Anna Jatobá simular um acidente.

“As pessoas, às vezes, agem como se eu fosse o monstro da história. Eu tenho a minha consciência tranquila. Eu nunca faria isso. Quando ela ligou, ela ligou dizendo que a Isabella tinha caído, mas eu achei que a Isabella tinha caído no apartamento. A gente nunca imagina uma coisa dessa. Não teve nada além disso. Vem uma pessoa falar uma mentira dessa. A gente só tem a lamentar que uma pessoa dessa faça uma coisa dessa para prejudicar quem não está mexendo com ela”, diz Antônio Nardoni.

Sobre a denúncia de que ele compra o silêncio da nora, com regalias na cadeia, Antônio Nardoni disse:

“O que eu faço por ela é uma coisa que, primeiro, é permitido. Segundo, é um pedido do Alexandre para não deixar faltar nada para ela nem para os filhos. E a gente realmente não deixa faltar. Ela tem um problema de coluna. A diretoria, mediante o relatório médico, autorizou a entrada do colchão e a gente levou o colchão. Vou defendê-los enquanto eu viver, está certo? É porque eu tenho absoluta convicção de que eles não fizeram nada. Eu também não fiz nada”.

A Secretaria de Administração Penitenciária confirmou ao Fantástico que Anna Carolina Jatobá ganhou um colchão com altura maior do que os das outras presas.

O Fantástico também procurou o advogado da família Nardoni. “Eu vou ter acesso ao depoimento dessa moça. Nós tomaremos todas as medidas judiciais cabíveis contra ela. É uma exposição dos avós em uma história sem pé nem cabeça”, afirma Roberto Podval.

Francisco Cembranelli foi o promotor do caso Isabella. Foi promovido e hoje é procurador de Justiça. Em uma possível nova investigação, não atuaria mais no caso.

Cembranelli afirma que, se a denúncia for comprovada, Antônio Nardoni também pode responder pelo assassinato de Isabella e considerou a testemunha convincente. “Creio que ela tem realmente essa intenção de contar a verdade, de propiciar condições para que a Justiça possa prevalecer e responsabilizar todos os envolvidos na morte de Isabella”, diz.

“O meu dever já fiz. Se ele for culpado, tem que ser condenado mesmo. Se for inocente, que apareça a verdade. O que importa é que agora eu estou bem com a minha consciência. Eu fiz o que eu achava que deveria ser feito”, diz a funcionária.

 
 
 

Cidades

Frente fria derruba temperaturas e traz tempestades durante a semana

Temperaturas serão menores ao amanhecer, mas sobem ao longo da tarde; há possibilidade de ventos acima de 60 km/h

15/12/2025 18h27

Temperaturas devem ter ligeira queda a partir de quarta-feira e chuva está prevista para toda a semana

Temperaturas devem ter ligeira queda a partir de quarta-feira e chuva está prevista para toda a semana Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

Continue Lendo...

A semana começou com tempo instável em Mato Grosso do Sul, com variação entre abertura de sol e nebulosidade e chuvas, mas deve ser marcada por chuvas e queda nas temperaturas, devido à passagem de uma frente fria.

De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), para esta terça-feira (16), em decorrência do avanço da frente fria, a tendência é de tempo mais fechado, com maior cobertura de nuvens e condições para chuvas.

De forma pontual, podem ocorrer tempestades, acompanhadas de descargas elétricas e rajadas de vento.

"Essa configuração atmosférica está associada ao intenso transporte de calor e umidade, aliado à atuação de áreas de baixa pressão atmosférica", diz o Cemtec.

Ainda segundo o órgão, o avanço da frente fria, em conjunto com o deslocamento de cavados em médios níveis da atmosfera, favorece a formação de instabilidades sobre o Estado.

São esperados acumulados significativos de chuva, com valores acima de 40 mm em 24 horas, principalmente nas regiões centro-leste do estado.

Em relação à previsão de temperaturas, devem ser registradas por regiões:

  • Regiões Sul, Cone-Sul e Grande Dourados: Mínimas entre 18-22°C e máximas entre 22-32°C.
  • Regiões Pantaneira e Sudoeste: Mínimas entre 21-26°C e máximas entre 25-37°C.
  • Regiões Bolsão, Norte e Leste: Mínimas entre 21-24°C e máximas entre 28-33°C.
  • Campo Grande (Capital): Mínimas entre 22-24°C e máximas entre 25-32°C.

Ao longo da terça-feira, podem ocorrer rajadas de vento acima de 60 km/h.

Frente fria

A partir de quarta-feira (17), a previsão indica tempo mais firme, com predomínio de sol e variação de nebulosidade, em função da atuação de um sistema de alta pressão atmosférica.

No entanto, devido à passagem da frente fria, as temperaturas devem ter queda, ficando mais amenas ao amanhecer, com mínima de 16ºC.

Em Campo Grande, a mínima prevista é de 21°C, enquanto a máxima deve ser de 29°C.

Apesar da tendência de estabilidade, não se descartam pancadas de chuva e tempestades isoladas.

Entre quarta e quinta-feira (18), a previsão de temperaturas é:

  • Regiões Sul, Cone-Sul e Grande Dourados: Mínimas entre 16-19°C e máximas entre 26-28°C.
  • Regiões Pantaneira e Sudoeste: Mínimas entre 20-24°C e máximas entre 30-32°C.
  • Regiões Bolsão, Norte e Leste: Mínimas entre 18-24°C e máximas entre 27-30°C.
  • Campo Grande (Capital): Mínimas entre 21-23°C e máximas entre 27-29°C.

Alerta

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tem dois alertas de perigo para tempestades, com vigência já a partir desta segunda-feira.

Conforme os alertas, podem ocorrer chuvas entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos, entre 60 e 100 km/h.

Por este motivo, há risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas.

O Inmet orienta que, em caso de rajadas de vento, a população não se abrigue debaixo de árvores e não estacione veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda. Se possível, desligue aparelhos elétricos e quadro geral de energia.

Em caso de ocorrências relacionadas a tempestades, a orientação é entrar em contato com a Defesa Civil (199) e ao Corpo de Bombeiros (193).

Temperaturas devem ter ligeira queda a partir de quarta-feira e chuva está prevista para toda a semanaMato Grosso do Sul está em alerta para tempestades (Reprodução / Inmet)

Transporte Público

Com greve dos ônibus, viagens por aplicativos ficam 140% mais caras

100% dos ônibus da Capital estão parados e a greve deve permanecer ainda amanhã e sem prazo para terminar

15/12/2025 18h00

Todos os ônibus estão parados desde a meia noite desta segunda-feira (15)

Todos os ônibus estão parados desde a meia noite desta segunda-feira (15) FOTO: Marcelo Victor/Correio do Estado

Continue Lendo...

Menos de 18 horas após o início da greve dos motoristas do transporte público de Campo Grande, a cidade já sentiu as consequências, especialmente os trabalhadores que dependiam dos ônibus para deslocamento. 

Entre as alternativas para chegar aos locais de trabalho, o deslocamento através de aplicativos, como Uber e 99, chegou a ficar 140% mais caro. 

É o que contou a diarista Elizaneia Costa de Assis Gonçalves, de 57 anos. Ela se desloca todos os dias do bairro Bosque do Trabalho, onde mora, até o bairro Coophatrabalho, onde atende seus clientes. 

“Eu trabalho aqui há mais de 18 anos e desde a pandemia eu venho pra cá de Uber. O valor normal da viagem é de R$25 reais. Hoje, a mesma viagem estava custando R$60”, disse.

O designer gráfico Antonio Rissato também passou pelo mesmo sufoco. Ele disse que não foi pego de surpresa pela greve e se programou para se deslocar através de aplicativos, mas os preços pesaram no bolso.

“Eu me adiantei pra pedir um motorista de aplicativo, mas os preços já estavam muito inflados, geralmente eu pago de 8 a 10 reais pra vir de moto, mas hoje chegou a bater 30 reais, de carro chegou até 70, fora do normal”, contou. 

A empresa onde ele trabalha não deu opção para os usuários do transporte público, nem flexibilidade para atrasos. Mesmo assim, para ele, a greve é compreensível e reflete problemas gerados e acumulados que impactam tanto os usuários dos ônibus quanto os trabalhadores. 

“O valor do passe está lá em cima, a condição do transporte é vergonhosa e ainda por cima não pagam direito aos servidores, não existe lógica nisso. Claro, gera um atraso nos nossos horários, mas acho que o atraso maior ainda é diariamente a gente ter que ir trabalhar em péssimas condições, sem contar o estresse causado aos motoristas pela falta de pagamento”, desabafou. 

Mas o valor alto não foi o único problema. Com a alta demanda, os usuários também enfrentaram demora na espera para localizar um motorista para a corrida e um trânsito “caótico” nas primeiras horas do dia. 

Vinícius esperou mais de 20 minutos até que um motorista aceitasse sua corrida pelo aplicativo. Às 7h40 ele precisou se deslocar para outra loja filial onde trabalha, mas às 8 horas da manhã, ainda estava esperando. 

“Tudo ficou atrasado, além dos preços que subiram, o que é normal por causa da demanda. Mas complica muito a vida”, relatou. 

Sofia Bento costuma utilizar o transporte coletivo para chegar ao trabalho todos os dias, mas como soube da greve antes, se organizou para ir com o carro da família. Porém, o problema enfrentado por ela e por tantos outros foi o fluxo de carros. 

“Eu saí de casa às 7h20 e cheguei no trabalho às 7h52. Nunca gastei tudo isso para chegar. Até a rua Antônio Maria Coelho, o trânsito fluía. Dali em diante, tudo parado, um ‘fervo’”, contou à reportagem. 

Mesmo que a greve já estivesse avisada aos usuários, a surpresa foi o serviço ter sido paralisado de forma completa, já que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) havia determinado em decisão judicial que apenas 30% dos motoristas poderiam aderir à paralisação, sob multa diária de R$ 20 mil. 

A decisão foi desrespeitada, já que 100% dos motoristas declararam greve na manhã desta segunda-feira (15). 

A audiência de conciliação entre o TRT e o Sindicato será realizada nesta terça-feira (16). 

O lado do Consórcio

O Consórcio Guaicurus, em nota enviada ao Correio do Estado na quinta-feira (18), informou que está sem dinheiro para honrar com:

  • Folha salarial
  • 13º salário
  • Custos Operacionais Básicos (combustível, manutenção da frota e encargos)

Segundo a concessionária, a ameaça de greve é causada pela crise financeira, decorrente da inadimplência nos repasses devidos pelo Poder Público (Prefeitura de Campo Grande). Os repasses abrangem o vale-transporte, subsídios e demais componentes tarifários definidos para a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do sistema.

"É crucial destacar que, apesar do acordo estabelecido com a participação e anuência do Poder Concedente (Município), a tarifa não está sendo praticada, pois os repasses necessários não estão sendo efetuados de maneira adequada e nos valores devidos. A falta de regularização imediata desses pagamentos críticos ameaça diretamente a continuidade e a qualidade da prestação dos serviços. Sem o fluxo de caixa necessário, o Consórcio está impossibilitado de honrar obrigações financeiras essenciais com vencimento iminente. O sistema opera atualmente no limite de suas capacidades, e a ausência destes repasses torna a operação inviável a curto prazo. O Consórcio Guaicurus reitera o apelo para que as autoridades competentes ajam com a máxima urgência para regularizar os débitos em atraso. A manutenção da inadimplência nos repasses inviabiliza o cumprimento dos pagamentos salariais. Desta forma, o Consórcio alerta que os trabalhadores poderão interromper legalmente suas atividades em razão do não cumprimento destas obrigações, conforme previsto no Artigo 624 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O não cumprimento destas obrigações contratuais e salariais, que derivam de um compromisso que envolvia o Poder Concedente, pode resultar na interrupção total dos serviços, o que afetará drasticamente a mobilidade urbana e a vida dos cidadãos de Campo Grande".

O lado da Prefeitura

Durante a coletiva de imprensa marcada para a manhã desta segunda-feira, a Prefeitura Municipal de Campo Grande negou que haja qualquer débito entre eles e o Consórcio Guaicurus, responsável pela manutenção do transporte público na Capital. 

Em nota, o Executivo afirmou que na semana passada foram antecipados repasses financeiros ao Consórcio Guaicurus, referentes às subvenções das gratuidades, no valor médio de R$ 3 milhões, valor que só venceria no final do mês, em uma tentativa de evitar que a greve fosse deflagrada.

"Somente este ano, a Prefeitura já repassou mais de R$ 35 milhões ao Consórcio Guaicurus, sendo R$ 19 milhões referentes às gratuidades e mais R$ 15 milhões de vale-transporte dos servidores. Ainda assim, a concessionária, que é uma empresa privada, deixa de honrar os compromissos que têm com seus funcionários e causa prejuízos a toda a população", afirma a nota. 

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

Manifestações

Membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo se manifestaram nas redes sobre a paralisação do transporte público de hoje. 

A vereadora Luiza Ribeiro destacou que é "inadmissível que uma empresa de grande porte, que atua há anos na cidade e recebe antecipadamente recursos do vale-transporte, alegue falta de condições financeiras para honrar compromissos básicos com seus funcionários" e que se tratam de "direitos humanos". 

Ela ressaltou que, como apurado na CPI, o Consórcio Guaicurus faturou cerca de R$1,8 bilhão desde que assumiu o serviço na Capital. Mesmoa assim, acumula reclamações diárias dos usuários, como atrasos, superlotação e condições precárias dos ônibus, com 197 ônibus acima da idade média permitida. 

A vereadora Ana Portella afirmou nas redes socias que o Consórcio Guaicurus "está fazendo isso por simples maldade". 

"Não faz sentido algum a população pagar essa fatura. Uma empresa que teve R$ 165 milhões falar que não tem recurso suficiente é má gestão. Essa empresa não pode mais continuar, esse contrato precisa ser rompido”, afirmou em vídeo.

Maicon Nogueira pediu pela intervenção do contrato de forma imediata.

"Tenho feito denúncias a meses e o Ministério Público não age. A prefeitura segue na inércia. Não tem como negociar com mafiosos. Somos reféns e ninguém faz nada”, relatou o vereador.

 

*Colaborou Naiara Camargo

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).