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GAFANHOTOS

Nuvem de gafanhotos: origem, riscos e como se proteger deste fenômeno

Formação com milhões de insetos tem colocado em alerta governos dos países latinos

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E se no meio de uma pandemia mundial alguns países também tivessem que enfrentar uma nuvem de gafanhotos que está causando destruição e prejuízos em plantações? 

Alguns países da América Latina estão de fato enfrentando uma nuvem de gafanhotos, que podem viajar até 150 quilômetros por dia. 

Países como Argentina, Paraguai, Uruguai e até o Brasil tiveram que prontamente combater o fenômeno, que chega a ser formado por milhões de insetos, para minimizar os danos ou prevenir possíveis prejuízos aos produtores. 

Esse fenômeno já é conhecido, mas nem sempre atinge proporções como as que repercutiram no noticiário este ano. Informações do Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) trazem relatos de nuvens com cerca de 400 milhões de insetos.

“Algumas espécies de gafanhotos possuem naturalmente a capacidade de formar nuvens, seja em ambiente alterado ou não pelo homem. No caso da espécie Schistocerca cancellata esse aumento exponencial no número de indivíduos é conhecido e cíclico, mas nem toda às vezes atinge as proporções que noticiamos recentemente e que causaram tanto alerta por parte das autoridades governamentais competentes”, disse o biólogo e mestre em Biologia Animal, Renan Olivier. 

Apesar de ainda não ter chegado ao Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) declarou estado de emergência fitossanitária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina devido ao risco de surto da praga.

A portaria foi publicada no Diário Oficial da União no dia 25 de junho deste ano e tem validade de um ano, para caso os gafanhotos atravessem a fronteira com o país, as autoridades tenham respaldo para o combate. 

Entenda porque este fenômeno ocorre, onde os insetos surgiram, seus potenciais estragos, formas de se proteger e tudo que é conhecido sobre essa nuvem de gafanhotos. 

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Como se forma a nuvem de gafanhotos?

Segundo Olivier, essa espécie de gafanhoto possui a capacidade de mudança de comportamento, podendo passar da fase solitária para fase gregária, quando se agrupam (e vice-versa) entre as gerações. Essa transição acontece devido a mudanças fisiológicas estimuladas por fatores como baixa umidade e elevada temperatura. 

“Após um aumento exponencial no número de indivíduos em uma mesma localidade, esses têm a tendência de se agruparem e como é esperado, essa grande população de gafanhotos necessita de uma quantidade considerável de alimento”, explicou ele ao Correio do Estado

Depois destas duas etapas eles começaram a migração e neste momento formam as conhecidas “nuvens”. 

Na fase em que os gafanhotos estão agrupados, esta espécie desenvolve uma série de adaptações favoráveis ao seu deslocamento pelo ar, ou seja, voando. 

Em seu ciclo de vida, esses gafanhotos passam pela fase de ovo, ninfas (ou imaturos) e, por fim, gafanhotos adultos.

De onde veio a nuvem de gafanhotos que assustou o Brasil?

Conforme divulgou o Senasa, há registros de nuvens os gafanhotos se formando em janeiro de 2017 na Bolívia. Depois, o mesmo problema foi registrado no Paraguai. 

A partir desta época os governos criaram o Programa de Gerenciamento Regional de Gafanhotos da América do Sul, que hoje inclui acordos de cooperação técnica, após a Argentina ajudar o Paraguai e a Bolívia. 

A origem mais provável para as duas nuvem que migraram para a Argentina é o Paraguai. Porém, este é um fenômeno que não há como prever, só é possível monitorá-lo depois da formação, ou seja, não há como saber exatamente onde ele surgiu. 

Trajetória da nuvem de gafanhotos 

Quatro nuvens estão sendo monitoradas pelas autoridades - três na Argentina e uma no Paraguai, onde todas elas provavelmente surgiram. 

A primeira nuvem registrada surgiu na região sul do Paraguai e os insetos teriam entrado na Argentina na região da província de Formosa, na divisa paraguaia no dia 19 de junho. 

Esta formação é a que preocupa o Brasil e Uruguai devido à proximidade das fronteiras. Segundo previsão do Senasa, os insetos estão seguindo em direção ao Uruguai, já que uma frente fria no sul do Brasil ajudou a afastar os insetos, que preferem temperaturas mais elevadas. 

Ainda conforme o órgão, ela está na região de Entre Ríos (AR), próximo do fronteira uruguaia. Entretanto, trabalhos de combate feitos nessa região eliminaram cerca de 80% dessa nuvem.  

Uma outra nuvem foi detectada na região de Parque Nacional Defensores del Chaco, dentro do departamento de Boquerón (PY), no mês passado. 

Este grupo de insetos se deslocou para o sul do Chaco – uma grande região que compreende Argentina, Bolívia e Paraguai. De acordo com informação do Senasa, esta segunda nuvem se estabeleceu na cidade de Ingeniero Juárez (AR).

A terceira nuvem foi identificada no Paraguai. Ela teria surgido no dia 16 de julho no radar do Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes do Paraguai (Senave). 

Conforme a última atualização, no dia 21, os insetos estavam localizados na área de Picada 500, a cerca de 200 quilômetros da fronteira argentina.

Além disso, uma quarta nuvem foi informada ao Senasa por um produtor rural, em Salta, também na Argentina. Porém, ainda não foi possível prever o tamanho desta formação. 

Segundo explicou o biólogo consultado pelo Correio do Estado, esse deslocamento acontece porque os insetos vão saem a procura de alimento. “[As migrações são] sempre orientadas por fatores climáticos como direção do vento e temperatura”, disse Olivier. 

Além disso, eles se deslocam à procura de locais para reprodução e postura de seus ovos.

O que uma nuvem de gafanhotos pode fazer?

O mestre em Biologia Animal explica que esta espécie (Schistocerca cancellata) é polifágica, ou seja, tem capacidade de se alimentar de uma ampla variedade de plantas disponíveis no ambiente. 

Como já citado, os insetos migram à procura de alimentos em grande quantidade e com as monoculturas, como trigo e cevada, além de pastagens, esses locais se tornam “uma opção de fácil acesso e grande fartura para esses gafanhotos”. 

Esses insetos também consomem grande quantidade de alimentos, sendo que cada indivíduo dessa formação pode se alimentar de até 100% do seu próprio peso diariamente. 

“Desse modo, considerando que uma nuvem possui milhões deles, rapidamente uma plantação pode ser devastada”, explicou o biólogo. 

“Também devemos notar que existem vários tipos de culturas que podem ser atacadas, cada qual com sua particularidade no que se refere ao tipo de prejuízo causado”, continuou, exemplificando se o alvo da nuvem for uma pastagem - utilizada para alimentação do gado leiteiro ou de corte - “com certeza essa devastação pode trazer prejuízos também aos criadores de animais”.

Porém, o principal dano é este relativo às diversas culturas que podem ser atacadas, já que não há riscos de transmissão de doenças aos humanos, pois os gafanhotos não são vetores. 

Algum tipo de desequilíbrio ambiental temporário pode acontecer, mas sem maior gravidade. 

“Por exemplo, podemos pensar no fato de que gafanhotos servem de alimento para diversas espécies de aves, as quais podem aproveitar a grande disponibilidade momentânea desse alimento, consequentemente possibilitando um aumento na população dessas espécies de aves nos meses seguintes, entretanto essas retornariam ao seu número normal com o passar do tempo sem causar problemas”, exemplificou o biólogo. 

Como se proteger?

“A melhor forma de combate a essas nuvens é a prevenção”, diz Olivier, explicando que ao se localizar uma área com uma grande população de gafanhotos em crescimento (ninfas, sem capacidade de voo) deve-se constatar o potencial de uma futura formação de nuvem. 

Se caso aquele sítio vir a dar origem a uma nuvem deve ser iniciado imediatamente um plano de combate por parte dos órgãos governamentais. 

“Nunca é recomendado que uma pessoa tome providências precipitadas e por conta própria, principalmente com relação ao uso de produtos químicos, como inseticidas”, alerta o biólogo. 

Segundo ele, para as ninfas a melhor opção é o controle biológico e para isso existem algumas opções disponíveis, como utilização dos fungos que afetam exclusivamente os insetos (Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae), provocando sua morte e auxiliando no controle da população sem causar danos mais severos ao meio ambiente. 

Caso os gafanhotos já terem se agrupado e formado a nuvem - espécimes adultos e com capacidade de voo -, o indicado é o uso de inseticidas específicos.

Porém, Olivier faz outro alerta:“[...] essa possibilidade não é tão efetiva - é dispendiosa economicamente e tem que ser muito bem avaliada, pois traz diversos riscos ao meio ambiente e também aos seres humanos”.

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O Ministério da Agricultura criou um manual de orientação - com base no modelo da Argentina - com ações específicas para monitoramento e controle, seguindo das fases de desenvolvimento do gafanhotos (ovos, ninfas e adultos).

Conforme o documento, o monitoramento precisa ocorrer onde tiveram registrados dos ovos do inseto. "Um gafanhoto adulto pode fazer a postura mais de uma vez, entre 80 e 120 ovos por postura aproximadamente", diz o manual.

Já nas fases de ninfas os insetos ainda não conseguem voar, então, o indicado é monitorar os gafanhotos ao nível do solo. A publicação diz que os locais onde estão os ovos devem ser monitorados periodicamentes para verificar os nascimentos e que algumas plantas ou culturas com danos podem orientar o monitoramento. 

Por fim, a indicação da pasta para controlar gafanhotos adultos é por via aérea ou no solo com o uso de atomizadores do tipo canhão. 

"O controle aéreo exige o monitoramento das ‘nuvens’ de gafanhotos durante o dia, até o local em que aterrissam à tarde/noite. Nesse momento, a superfície onde a praga está localizada deve ser estimada e marcado polígono para que a aplicação possa ser realizada no dia seguinte, na primeira hora do dia. Assim sendo, há uma diminuição da superfície a ser tratada, menor impacto ambiental, menor custo de aplicação e menor risco para o aplicador", cita a publicação.

Combate

A nuvem de gafanhotos que está em Entre Ríos (AR) chegou a ter 15 quilômetros quadrados em voo, conforme o Senasa. 

Porém, aproximadamente 80% dessa formação foi eliminada em ações de combate a praga - as pulverizações aéreas aconteceram em 26 de junho e 2 de julho.

Uma nova pulverização foi feita no dia 30 de julho, mas ainda foram vistos alguns gafanhotos isolados em voos curtos. 

Conforme o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) não há insetos suficientes para a formação de uma nova nuvem.

 As equipes técnicas estão na região rastreando pequenos grupos remanescentes. 

Prevenção brasileira 

Portaria publicada pelo Ministério engloba os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sendo que este último já tem se mobilizados para eventuais combates aos insetos. 

A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) publicou o Plano de Emergência para Supressão e Controle de Gafanhotos para o RS. 

O plano prevê ações emergenciais contra o gafanhoto, como a criação do Comitê de emergência Fitossanitária do estado e estabelece regras para as operações aéreas e terrestres contra a praga, entre outras.

O governo de RS também confirmou a liberação de R$ 600 milhões do governo federal para custear ações contra a praga. 

Além disso, a secretaria realizou cursos para treinar fiscais agropecuários e técnicos para o monitoramento das nuvens e atuação nas operações e mapeou com fornecedores estoque dos produtos utilizados para as operações.

O estado também tem 70 aeronaves de prontidão - entre uma frota de mais de 400 colocadas à disposição - nas regiões de fronteira.

Mato grosso do Sul criou um comitê para monitorar e definir ações caso venha a ocorrer eventuais ataques de gafanhotos nas lavouras, formado por representantes do governo do Estado, da Federação de Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) e da Associação de Produtores de Soja de MS(Aprosoja).

Segundo o secretário Jaime Verruck, o Estado não está inserido no decreto de emergência por que as nuvens de gafanhoto que estão no Paraguai estão direcionadas para a Argentina, mas o monitoramento continua. 

“Caso haja modificações e deslocamento de ventos nós estabeleceremos a emergência e com isso colocaremos em prática um plano efetivo de combate, junto com Ministério que inclusive já estabeleceu o tipo de agrotóxico a ser utilizado, forma e dosagem”, disse ele.

Conforme explicou Verruck, caso haja necessidade de um trabalho de combate, este será realizado pelos produtores, com atenção as unidades ambientais pois os produtos são específicos de uso na agricultura e pecuária.

Na avaliação do pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Dori Edson Navas, será necessário acompanhar o movimento do gafanhoto sul-americano nos próximos meses. 

“Uma das nuvens que está no norte da Argentina seria maior do que essa que nós temos perto do Brasil, sendo o mesmo local de entrada da que está em Entre Ríos”, disse.

Conforme Navas, a Argentina já teve várias nuvens desde o ano passado e a equipe tem observado que isso faz parte do processo de migração dos gafanhotos. 

“Não sabemos se os gafanhotos farão o mesmo trajeto [da nuvem em Entre Ríos] ou se vão se deslocar para os Andes, o que normalmente acontece", indagou. 

Conclusão

Como explicado, apesar do fenômeno ser normal, em outros anos não havia atingido grandes proporções como em 2020. Para que o mesmo não aconteça outra vez, é preciso avisar as autoridades competentes quando se avistar uma grande concentração de ninfas, para que haja um controle efetivo antes que elas adquiram capacidade de voo.  

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INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

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Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

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Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

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