A redução gradual na gravidade dos incêndios florestais no Pantanal de Mato Grosso do Sul na comparação dos últimos 8 anos também gerou impacto para que uma menor área fosse queimada no território. Depois de uma sequência que afetou mais de 6 milhões de hectares com o fogo, este ano representou a segunda menor área atingida por incêndios e queimadas.
Neste ano, a área queimada praticamente foi a mesma de quando houve o registro da última grande cheia pantaneira, em 2018.

O balanço do sistema Alarmes, do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais de Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ), apontou que 131.600 hectares queimaram neste ano. Número semelhante ao que ocorreu em 2018, quando 125.552 hectares foram atingidos. Áreas muito menores as registradas do que nos anos de 2019, 2020, 2021 e 2024.
Na somatória desses quatro anos, foram 6.928.572 hectares atingidos pelo fogo, o equivalente a quase as áreas territoriais de Porto Murtinho, Ribas do Rio Pardo, Aquidauana, Três Lagoas e Rio Verde de Mato Grosso (19% de toda a área de MS).
Os casos mais graves de incêndios registrados neste ano no Pantanal foram causados por raios que caíram na vegetação, e o combate não conseguiu evitar a proliferação do fogo antes que houvesse os incêndios.
O Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional (Ciman), que mobiliza diferentes instituições do País, apontou que a estiagem prossegue no Brasil. As temperaturas acima da média geram mobilização e o governo federal reforçou que só com ações articuladas é possível manter baixos os níveis de incêndios.
“Consideramos fundamental que todas as instituições envolvidas atuem com representantes e que a assiduidade seja uma prática constante neste centro integrado”, detalhou o presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, via assessoria de imprensa.
De acordo com nota do Ibama divulgada anteriormente, os alertas foram mantidos durante todo este ano. “O principal desafio de 2025 [é] lidar com a persistência da seca prolongada, especialmente nos biomas Cerrado, Pantanal e Amazônia. As previsões para o próximo trimestre [outubro, novembro e dezembro] indicam chuvas abaixo da média e temperaturas acima do normal na faixa Norte do País, aumentando o risco de incêndios”.
O governo de Mato Grosso do Sul teve uma postura menos ortodoxa e a reunião do Centro Integrado de Coordenação Estadual (Cicoe), realizada neste mês, celebrou as reduções dos registros de incêndios florestais.
“(...) os investimentos adequados, a governança estratégia adotada pelo governo do Estado e condições climáticas favoráveis foram determinantes para esse resultado. Nós priorizamos a atuação antecipada, o planejamento técnico e a integração entre os órgãos, mudando o foco exclusivo do combate para uma política permanente de prevenção. A redução das queimadas em áreas sensíveis, como unidades de conservação, terras indígenas e a região da Rede Amolar demonstra a efetividade do modelo adotado”, analisou o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.
VOLUME DE CHUVAS
Os dados meteorológicos compartilhados pelo Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS) na reunião técnica estadual deste mês indicaram que 40 pontos monitorados registraram volumes de chuva abaixo da média histórica, enquanto outros 21 ficaram acima e um ponto dentro da média.
Na primeira quinzena deste mês, houve intensificação das precipitações, especialmente no Pantanal. Ainda assim, as temperaturas têm se mantido alta, variando entre 31º C e 35º C.
“A previsão probabilística aponta chuvas irregulares entre janeiro, fevereiro e março [de 2026], com volumes que podem ficar ligeiramente abaixo ou acima da média histórica, a depender da região do Estado. As temperaturas devem permanecer próximas ou ligeiramente acima da média, caracterizando um trimestre mais quente que o normal”, previu o Cemtec-MS.
Outro critério que gera alerta é que o fenômeno El Niño–Oscilação Sul (Enos) tem cerca de 68% de probabilidade de neutralidade no trimestre.
“O que reforça a necessidade de manter o monitoramento constante e as ações preventivas integradas para minimizar riscos de novos incêndios florestais”, alertou o Cemtec-MS.
“A intenção é dar maior precisão às análises e fortalecer a tomada de decisão, permitindo que o uso do fogo, quando previsto tecnicamente, seja tratado de forma responsável e alinhada às diretrizes ambientais”, ponderou Jaime Verruck.


Dados: PRF


