As chuvas da noite de sexta-feira (27) e a madrugada de sábado (28) em Campo Grande foram analisadas por pesquisadores que apontaram um pH 5, indicando caráter ácido.
Os 26 milímetros (mm) das águas das chuvas analisadas foram coletadas pela Estação de Monitoramento da Qualidade do ar da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS - EMQar).
Professora Adjunta da UFMS, Keila Roberta Ferreira de Oliveira é coordenadora do laboratório e foi a responsável pelo estudo da água.
Em seu relatório, explicou que a água de chuva já é normalmente mais ácida que a água normal, com pH de até 5,6, já que o CO2 atmosférico forma o ácido carbônico com a presença do vapor d’água.
O aumento das concentrações de CO2 na atmosfera, causadas pelas emissões decorrentes da queima de combustíveis fósseis, também contribui para a redução do pH da água de chuva.
Desta forma, elas são consideradas como “chuva ácida” quando o pH registrado apresenta valores menores que 5, como aconteceu no último fim de semana.
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Os poluentes presentes na atmosfera, responsáveis pelo aumento da acidez, se dão devido à queima dos combustíveis fósseis por veículos e indústrias, principais fontes dos óxidos de nitrogênio, enxofre, CO e material particulado em áreas urbanas.
"Em Campo Grande, uma fonte significativa são as queimadas que ocorrem dentro do perímetro urbano e nas regiões adjacentes", relatou a professora.
As chuvas ácidas podem causar prejuízos ao meio ambiente, entre eles, efeitos como corrosão de superfícies, enfraquecimento da vegetação pela limitação de nutrientes e liberação de compostos no solo, como o alumínio.
"Nas águas superficiais, o escoamento superficial com maior acidez e contendo elevadas concentrações de poluentes, irá impactar na qualidade das águas, dependendo da intensidade da chuva e da capacidade de assimilação dos corpos d’água", disse.
Um córrego com baixa capacidade de assimilação de ácidos, por exemplo, pode afetar a comunidade aquática presente.
O relatório ainda destaca que a agricultura sul-mato-grossense pode contribuir para a presença de nitrogênio e fósforo na água de chuva, uma vez que os compostos podem ser transportados na atmosfera por mais de 2.000 km.
A turbidez elevada, como a encontrada na chuva de Campo Grande, indica presença dos materiais particulados poluentes.
Já a condutividade representa os sais dissolvidos na água, como cálcio, potássio, magnésio, dentre outros.
Períodos de estiagem tendem a aumentar a concentração de compostos particulados e dissolvidos na chuva, que elevam a turbidez e a condutividade da água.
Na amostra analisada foram encontrados valores de turbidez de 16UNT, e 28,34µS/cm² de condutividade.
Agora, serão avaliadas as condições atmosféricas do período de coleta, considerando a direção e velocidade dos ventos, umidade relativa, temperatura, concentração de material e focos de calor na região.
"Através dessa avaliação, será possível entender melhor o papel que cada parâmetro tem na água da chuva", informou Keila.


Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado


