A Polícia Militar Ambiental (PMA) apreendeu 229 filhotes de aves silvestres ilegais, transportados dentro de caixas em um carro de passeio, nessa segunda-feira (20), em Naviraí.
Foram apreendidos 224 filhotes de papagaios, três filhotes de arara e dois filhotes de maritaca e o veículo.
O carro, um Fiat Uno, era ocupado por um casal, que foi autuado administrativamente em R$ 2,5 milhões, pelo tráfico de animais.
De acordo com a PMA, o veículo foi abordado pela Polícia Civil no posto fiscal de Foz do Amambai, em ação da Operação Fronteira e Divisas Integradas.
Durante revista ao veículo, foram encontrados os filhotes e a Polícia Ambiental, que realiza a Operação Bocaiúva, contra tráfico de aves, foi acionada.
O casal, uma mulher de 24 anos e o homem, de 41, são moradores de Ponta Grossa (PR) e afirmaram que compraram as aves em Naviraí e levariam para vender no Paraná.
Por cada papagaio eles pagaram R$ 120, pelas araras R$ 600 cada e as maritacas R$ 40 cada, totalizando R$ 28.760,00.
O casal recebeu voz de prisão e foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil, onde foram autuados em flagrante por crime ambiental, com pena prevista de seis meses a um ano de detenção.
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Multas e apreensão
Além de responder criminalmente, os traficantes foram autuados administrativamente e multados em R$ 1.145.000,00 pelo tráfico e mais R$ 114.500,00 por maus tratos, devido às condições de transporte das aves.
Este valor é o de multa para cada um dos criminosos, ou seja, somadas, as multas totalizam R$ 2.519,000,00.
Conforme a PMA, a multa por tráfico de animais é de R$ 5 mil para cada ave.
Os psitacídeos constam da lista da Convenção Internacional do Comércio da Fauna e da Flora em perigo de extinção (CITES), da qual o Brasil é signatário.
Já para o caso de maus tratos, a multa mínima é de R$ 500, também para cada animal.
Os filhotes apreendidos foram encaminhados para a fazenda Green Farm CO2 Free, em Itaquiraí.
O local, conforme a polícia, tem estrutura adequada para recebimento de animais silvestres.
As aves já receberam atendimento veterinário e ficam à disposição dos técnicos do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), de Campo Grande, que decidirá sobre a remoção à Capital ou reabilitação na própria fazenda até a soltura.
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Operação Bocaiúva
O período reprodutivo dos psitacídeos (papagaio, arara, periquitos, maritacas) é entre os meses de agosto e dezembro, o que aumenta a ocorrência de tráfico destas espécies.
Anualmente, a PMA realiza a Operação Bocaiúva, com objetivo de evitar a retirada dos filhos dos ninhos, especialmente o papagaio.
Segundo a polícia, mesmo quando o animal é apreendido, os problemas à natureza e os custos econômicos, para cuidar dos animais até a reintrodução envolvem muito dinheiro público.
Desde o dia 10 de agosto, equipes foram reforçadas e se distribuem em fazendas e bloqueios, principalmente em regiões com maior índice do tráfico.
A região principal do problema de tráfico de papagaio e que é monitorada é a que constitui os municípios próximos às divisas com os estados de São Paulo e Paraná, que são os principais destinos dos filhotes traficados no Estado.
Entre os municípios estão Jateí, Batayporã, Bataguassu, Ivinhema, Novo Horizonte do Sul, Anaurilândia, Santa Rita do Pardo, Nova Andradina, Três Lagoas e Brasilândia, além de Naviraí, Itaquiraí, Eldorado e Mundo Novo.
Apesar do foco nestas cidades, a operação é realizada em todo o Estado.
Como o foco principal é a evitar a retirada dos filhotes, ninhos são monitorados e há bloqueios nas saídas do Estado.
Tráfico de animais silvestres
O tráfico de animais silvestres é considerado a terceira atividade criminosa mais rentável, perdendo apenas para o tráfico de drogas e o tráfico de armas.
Em Mato Grosso do Sul, o problema se resume quase que especificamente ao papagaio.
De acordo com a PMA, o que mais interessa ao comprador desta espécia é a capacidade que a ave tem de aprender a imitar a voz humana.
A retirada dos ninhos é feita apenas quando o papagaio é filhote, por isto, os meses de agosto a dezembro são os mais preocupantes e de maior ocorrência de tráfico de aves no Estado, por ser o período reprodutivo.