Cidades

Enfermagem

Prefeitos do Estado pedem aumento de R$ 25 milhões em fundo para pagar piso

Gestores farão pressão para Congresso Nacional aprovar projeto que eleva em 1,5% o Fundo de Participação dos Municípios

Continue lendo...
Para viabilizar os recursos necessários para cobrir as despesas com o novo piso salarial dos profissionais da enfermagem, prefeitos de Mato Grosso do Sul e de todo o País hoje vão cobrar dos deputados federais e senadores que priorizem projeto que amplia em 1,5% o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
 
Este incremento vai representar pelo menos R$ 25,5 milhões a mais para as 79 prefeituras do Estado em 2023, caso o texto seja aprovado.
 
Essa cobrança aos parlamentares faz parte da mobilização organizada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), que deve reunir em Brasília cerca de 500 gestores municipais de todo o Brasil, motivada pela preocupação com a falta de recursos para cumprir com o novo piso dos enfermeiros. 
 
Ela ocorre um mês após a entidade criticar as propostas no Congresso Nacional que tratam do assunto. No fim de setembro, antes da proposta do aumento de 1,5% no repasse do FPM, a CNM alertou que “as proposições apontadas por parlamentares até o momento como medidas que vão viabilizar o custeio do piso salarial de enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras não resolvem de fato o problema de financiamento pelos municípios”.
 
A entidade explicou que as propostas garantiam apenas “recursos provisórios para uma despesa permanente. Além disso, algumas são matérias paradas no Congresso Nacional há anos por falta de acordo entre lideranças políticas e resistência de determinados setores”.
 
No documento foi enfatizado que “o cenário exige urgência e responsabilidade para evitar as consequências decorrentes dos impactos diretos e indiretos que os municípios vão sofrer, podendo desassistir uma parcela significativa da população brasileira”.
 
Por esses motivos, a pauta considerada prioritária na mobilização é viabilizar a tramitação da matéria que prevê a ampliação em 1,5% do FPM aos cofres municipais de forma permanente, que foi apresentada pelo deputado Hildo Rocha (MDB-MA), para cobrir as despesas com o novo piso dos profissionais da enfermagem. 
 
O texto, que está na fase de coleta de assinaturas, recebeu cerca de 70 apoios, mas precisa de 171, por ser uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), para começar a tramitar.
 
Esse texto vai garantir que os gestores municipais de Mato Grosso do Sul recebam R$ 25,5 milhões a mais no próximo ano, considerando que em 2021 o repasse do FPM aos municípios sul-mato-grossenses foi de R$ 1,7 bilhão, de acordo com dados do Tesouro Nacional. 
 
O valor cobre os R$ 9,5 milhões que terão de ser retirados de outros programas municipais que têm equipes de enfermagem, segundo estudo da CNM divulgado no mês passado. 
 
Sem o novo recurso do FPM, os prefeitos no Estado teriam de desativar 59 das 697 equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e da Atenção Primária (APS), isso pode comprometer o atendimento a 193,7 mil pessoas em MS. 
 
O presidente da Confederação, Paulo Ziulkoski, enfatizou que a matéria foi uma iniciativa da entidade.
“Com objetivo de fazer frente a mais essa despesa, a confederação apresentou uma proposta que permite aumentar, de forma permanente, em 1,5% o Fundo de Participação dos Municípios [FPM], fazendo com que os repasses cheguem a 27% do que é arrecadado em Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) e Imposto de Renda (IR) pelo governo federal. A medida defendida pela CNM visa a amenizar mais esse custo que recai sobre os municípios sem que haja indicação de como financiá-lo”, disse.
 
Ziulkoski enfatizou ainda a necessidade de encontrar alternativas que possam viabilizar o pagamento do reajuste de outros pisos, como o do magistério. 
 
“É o momento de o prefeito cobrar a aprovação de pautas que vão amenizar a situação lá na ponta e encerrar o ano da gestão local de uma forma menos incômoda. Precisamos intensificar a boa relação que muitos gestores têm com o seu parlamentar”, completou.
 

OUTRAS PAUTAS

Entre as reivindicações dos prefeitos também está o pedido de urgência na promulgação da PEC 122/2015, que proíbe a criação de novos encargos para as prefeituras sem a previsão de recursos para custeá-los, bem como a PEC 253/2016, que permite à entidade de representação de municípios de âmbito nacional propor ação direta de inconstitucionalidade (ADI) e ação declaratória de constitucionalidade (ADC). 
 
Outro tópico da mobilização é o Projeto de Lei (PL) 4.175/2021, que estabelece critérios de atualização do piso do magistério pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e a derrubada de vetos relativos à compensação do impacto nos recursos vinculados à Saúde e à Educação e à atualização do repasse do governo federal aos municípios para cobrir as despesas com a merenda escolar no próximo ano. 
 
Ainda sobre a ampliação do FPM, no Senado, a confederação também atua pela aprovação da PEC 23/2022, do senador Wellington Fagundes (PL-MT), que também aumenta em 1% o FPM. 
 
A aprovação de uma das matérias é considerada fundamental pelo movimento municipalista para o custeio do piso da enfermagem.
 

PISO DOS ENFERMEIROS

O piso dos profissionais da enfermagem foi estabelecido pela Lei 14.434/2022, sendo suspenso por meio de liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) até que sejam esclarecidos os impactos nas finanças de estados e municípios. 
 
Estudo da CNM protocolado na Corte mostra que, sem a fonte de custeio, o piso da enfermagem pode levar ao desligamento de quase 35 mil dos 143,3 mil profissionais da enfermagem ligados à ESF e à desassistência de 35 milhões de brasileiros. 
 
Estimativas da entidade mostram, ainda, que o piso deve gerar despesas de R$ 10,5 bilhões ao ano apenas aos cofres municipais.
 

LEVANTAMENTO

MS registra quase 60 mulheres vítimas de violência doméstica por dia

Números são do Monitor da Violência contra a Mulher, portal disponibilizado pelo Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul

06/12/2025 09h30

Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande

Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

Continue Lendo...

Próximo da virada do ano, Mato Grosso do Sul tem um dado alarmante do qual não se pode orgulhar: mais de 20 mil casos relatados de violência doméstica em 2025, uma média diária de quase 60 mulheres vítimas do crime. Os dados são do Poder Judiciário do Estado, disponibilizados no Monitor da Violência contra a Mulher.

Segundo o portal, este ano já é o terceiro pior no quesito desde quando os números começaram a ser contabilizados, em 2015, com 20.087 vítimas, ficando atrás apenas dos dois anos passados, em 2023 e 2024, quando foram relatadas 21.061 e 21.117, respectivamente. Somente Campo Grande é responsável por 35% dos relatos, com 7.135 catalogados até então.

Dentre os mais de 20 mil casos de 2025, 14.657 aconteceram em residências, enquanto os outros 5.430 está divididos em vias urbanas (2.862), propriedade rural (960), estabelecimento comercial (591), internet (508), estabelecimento de saúde (178), órgão público (83), local público (62), estabelecimento de ensino (50) e escolas (47).

Ademais, entrando na relação do autor com a vítima, na maioria das vezes a violência doméstica é praticada pelo cônjuge, ou seja, quando já há um vínculo matrimonial entre as duas pessoas. Vale destacar que os números citados acima são aqueles relatados em alguma via policial ou de acolhimento, o que é uma das maiores dificuldades dos órgãos de fiscalização.

Em nota enviada ao Correio do Estado, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) afirmou que, mesmo que os números também são um reflexo de que a campanha de denunciar este tipo de crime está no ‘caminho certo’, muitas mulheres ainda apresentam receio ou medo em relatar que estão sofrendo violência doméstica, tal qual pessoas que observam a prática acontecendo e se omitem.

“O desafio, no entanto, é mais complexo, pois muitas mulheres sofrem sozinhas, não possuem rede de apoio, não sabem como sair do ciclo da violência, sentem medo ou vergonha do julgamento social. Ainda persiste a ideia de que a violência doméstica é ‘problema do casal’, o que leva a inúmeras situações em que familiares, vizinhos e amigos têm conhecimento da violência, mas não buscam ajudá-la. A ausência de busca por proteção do Estado acaba deixando essas mulheres ainda mais vulneráveis”, destaca o órgão.

No final do comunicado, o MPMS reforça que “quanto mais campanhas são divulgadas e quanto mais a informação chega às mulheres, maior é a percepção de que existe uma lei capaz de protegê-las”.

Feminicídios

Um dos principais reflexos dos casos de violência doméstica é o alto número de feminicídios registrados este ano no Estado. Até o momento, foram 38 casos em 2025, mais do que os registrados nos dois anos anteriores, em 2023 e 2024, quando catalogaram 30 e 35 vítimas, respectivamente.

Medidas protetivas

"Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social", diz o art.2 da Lei nº 11.340 (Lei Maria da Penha).

Usadas para proteger mulheres em situação de violência familiar ou doméstica, as medidas protetivas são um dos principais instrumentos para, pelos menos, tentar proteger mulheres de qualquer tipo de violência seja qual for o âmbito.

Conforme o Monitor da Violência contra a Mulher, foram solicitadas 14.532 medidas protetivas até o fim de novembro, das quais 12.885 foram concedidas, o que corresponde a 88,67% dos pedidos. Sobre o recorte mensal, a média de solicitações está na casa dos 1,3 mil.

Em comparação com outros anos, 2023 teve o maior número em solicitações totais, com 15.401, enquanto no ano passado houve recorde de medidas protetivas concedidas, com 14.809, porém, a média mensal desses anos foi de 1,2 mil.

Recentemente, a Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul (DPGE-MS) divulgou que as medidas protetivas solicitadas a partir do órgão saltaram de 1.536 em 2024 para 3.806 este ano, considerando aquelas que foram outorgadas pelo Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem).

“Identificamos que 58% das mulheres atendidas pelo núcleo são pretas, 53,7% são solteiras, e metade está entre 30 e 45 anos, faixa etária associada ao maior risco de violência doméstica e feminicídio, seguindo o cenário nacional. Esse perfil retrata a realidade de um atendimento voltado a mulheres que acumulam desigualdades raciais, sociais, econômicas e de acesso à rede de proteção”, analisa a coordenadora e defensora pública Kricilaine Oksman.

Ligue 180

A Central de Atendimento à Mulher Ligue 180 é um serviço de utilidade pública para o enfrentamento à violência contra as mulheres.

A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. O Ligue 180 presta os seguintes atendimentos:

  • orientação sobre leis, direitos das mulheres e serviços da rede de atendimento (Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros.;
  • informações sobre a localidade dos serviços especializados da rede de atendimento;
  • registro e encaminhamento de denúncias aos órgãos competentes;
  • registro de reclamações e elogios sobre os atendimentos prestados pelos serviços da rede de atendimento.
  • É possível fazer a ligação de qualquer lugar do Brasil ou acionar o canal via chat no Whatsapp (61) 9610-0180. Em casos de emergência, deve ser acionada a Polícia Militar, por meio do 190.

Assine o Correio do Estado

ENTREVISTA

"Educação é sinônimo de desenvolvimento. É tudo. Não tem outro caminho"

Secretário-adjunto Sérgio Gonçalves fala sobre expansão da Rede Estadual de Ensino, reformas de escolas, qualificação de novos polos econômicos e programas que aproximam gestão e comunidade

06/12/2025 09h00

Sérgio Luiz Gonçalves - Secretário-Adjunto de Educação de Mato Grosso do Sul

Sérgio Luiz Gonçalves - Secretário-Adjunto de Educação de Mato Grosso do Sul Gerson Oliveira

Continue Lendo...

A frase, dita com convicção pelo secretário-adjunto de Educação de Mato Grosso do Sul, Sérgio Luiz Gonçalves, resume a visão que tem guiado sua atuação no governo estadual.

Com longa trajetória na gestão pública, passando por Caravana da Saúde, articulação política e administrativa e Secretaria de Fazenda, ele chegou à Secretaria de Estado de Educação com a missão de fortalecer a estrutura da Rede Estadual de Ensino (REE) e aprimorar a gestão de recursos num momento em que o Estado vive expansão econômica e aumento da demanda por qualificação.

Sérgio Gonçalves tem percorrido escolas em todas as regiões do Estado para compreender o cotidiano de professores, servidores e estudantes. Nessas visitas, cobra eficiência, dialoga com equipes e acelera soluções, buscando reduzir a distância entre o gabinete e a realidade escolar.

Para ele, o papel da gestão pública na educação vai além de construir prédios ou comprar equipamentos: envolve criar condições para que cada aluno tenha acesso a um ambiente adequado de aprendizagem.

Em um cenário de grandes investimentos privados e de crescimento populacional em polos industriais, como Ribas do Rio Pardo, o desafio da educação se multiplica.

Novas escolas, reformas estruturais, programas sociais voltados a mulheres e adultos e estratégias de qualificação são parte de um pacote de ações que se tornam fundamentais para preparar Mato Grosso do Sul para o futuro.

E, como reforça o secretário-adjunto, esse futuro só será possível com uma base clara e inegociável: a educação.

Sérgio, em primeiro lugar, gostaria que você falasse sobre sua trajetória na administração pública.

Eu entrei para o governo de Mato Grosso do Sul em 2015, no primeiro mandato de Reinaldo Azambuja. Na época, o Estado tinha uma deficiência muito grande no setor da saúde e estávamos buscando uma maneira de resolver esse problema.

Foi então que encontramos a Caravana da Saúde como uma das soluções, e eu fui um dos coordenadores da caravana, com o doutor Marcelo Henrique Mello. Ele cuidava da parte hospitalar, e eu, de toda a estruturação do projeto, para administrar tudo.

A Caravana da Saúde foi um acontecimento muito interessante, porque envolveu a sociedade civil na época. Era algo novo. Até casamento nós fizemos.

Depois da Caravana da Saúde, o governador Reinaldo Azambuja sentiu a necessidade de colocar um assessor a mais para auxiliar o então secretário de Governo e Gestão Estratégica Eduardo Riedel. Então, eu fiquei mais dois anos ajudando dentro do gabinete nas demandas dele.

Ao fim do primeiro mandato do Reinaldo Azambuja, fui para a Comunicação, onde fiquei quatro anos e acredito que fiz um bom trabalho.

E então veio o governo de Eduardo Riedel...

Nessa transição dos mandatos de Reinaldo Azambuja para Eduardo Riedel, eu fui para a Secretaria de Fazenda, para ajudar o secretário Flávio César.

Já era uma preparação para o mandato atual. Foi um grande desafio entender como funciona a secretaria e também como fazer com que o dinheiro público fosse melhor usado. É um desafio, porque as demandas sempre são muito grandes.

Por fim, mais recentemente, vim para a secretaria executiva da Secretaria de Estado de Educação.

Você sempre foi conhecido por fazer pontes e cultivar bons relacionamentos, sobretudo na gestão pública, onde há burocracia, metas... Como é esse trabalho?

Agora você me surpreendeu. Eu nunca tinha visto por esse prisma, mas construir pontes é saber lidar com pessoas. É algo que o governo tem de fazer. Acredito que temos de dar o nosso melhor, atender às necessidades, ainda que nem sempre seja possível atender todos.

Temos de saber falar de uma maneira em que a pessoa não se sinta excluída do processo. É dessa forma que acredito que um relacionamento se cria.

É por isso que, dentro da administração pública, eu consigo transitar bem, e também por isso saí da Secretaria de Fazenda e fui ser secretário-adjunto de Educação.

E como você tem recebido essa missão? Tem aprendido muito na Educação?

Acredito que está ocorrendo uma boa transformação. A Educação já vinha com bons índices no governo Reinaldo Azambuja, mas precisávamos de ainda mais no setor.

Como eu sou formado em Administração e o nosso secretário, professor Hélio [Daher], domina toda a área pedagógica e é uma pessoa excelente de se trabalhar , entendo que estamos em um momento muito bom.

A minha missão é essa: cuidar da administração e do financeiro da Educação.

Assim que você chegou à secretaria, visitou algumas escolas em todo o Estado. Como foi a experiência?

Temos, hoje, 352 escolas em Mato Grosso do Sul, e eu já visitei mais de 100, principalmente no interior. Eu quis ver de perto a realidade do professor, do pessoal da secretaria, do aluno.

Verifiquei se o ar-condicionado funciona, se os banheiros estão limpos, se o aluno está bem atendido, se a mãe ou o pai são bem recebidos quando chegam à secretaria, provei a merenda que é oferecida.

Foi uma experiência fantástica, porque eu me misturei com a galera, com os alunos. E, historicamente, essa interação do gabinete com quem está na ponta do serviço é algo que faltava.

E qual foi o feedback?

Nessas visitas, conseguimos resolver problemas de forma muito mais fácil. Em primeiro lugar, porque chegamos à escola com toda a estrutura de governo e, em segundo, porque quando estamos in loco é mais fácil ver o que está acontecendo com os técnicos de maneira muito mais rápida e com menos burocracia.

Vemos o problema, resolvemos, e o assunto é encerrado.

O Estado vive aumento na demanda por qualificação em cidades que recebem grandes investimentos, como no Vale da Celulose e em polos da agroindústria. Qual tem sido a resposta da Educação?

Quando a gente tem grandes investimentos, gente qualificada, vem muito mais gente boa. Os investimentos estão chegando, e realmente é um grande desafio. Como diz o nosso governador, Eduardo Riedel, é a "dor do crescimento".

A notícia boa é que, na Educação, temos acompanhado esse aumento de demanda. Vamos inaugurar, agora em 2026, escolas em cidades que receberam investimentos, como Ribas do Rio Pardo, e há projetos para outras localidades.

Neste ano, entregamos outras três novas escolas, uma delas em Campo Grande. E mais: temos um trabalho que considero fantástico, que é o EJA [Educação de Jovens e Adultos] Mulher.

Teria como detalhar esse programa?

É um programa criado pelo governo de Mato Grosso do Sul que atende a mulher e permite que ela leve seu filho para as aulas. Lá, ela tem acesso a recreação e alimentação para seu filho, o que permite que estude no período noturno.

É uma forma de garantir educação a uma mãe que precisa trabalhar e sustentar a família. Isso transforma a vida dessas mulheres, que se tornam muito mais independentes.

Qual é a estrutura do sistema estadual de educação atualmente?

Temos, sem dúvida, a maior rede escolar já reformada do Brasil, proporcionalmente. Atingimos mais de 70% das escolas reformadas. Desde o início do governo de Reinaldo Azambuja, o investimento em reformas já passa de R$ 1,2 bilhão.

As obras são completas, com adequação estrutural da escola por dentro e por fora e novos equipamentos nas salas de aula e nas cozinhas.

No Paraná, há uma parceria público-privada (PPP) para a gestão de escolas. Há plano parecido para MS?

Acreditamos que, nessa parte de gestão e construção, estamos muito bem encaminhados. Para isso acontecer, teríamos de ter um estudo do governo e vontade política e da sociedade. Vejo com bons olhos todo investimento que possa ajudar, mas não há nenhum estudo em andamento.

Há previsão de novos investimentos para 2026?

Temos, sim. Em 2026, temos de construir, no mínimo, cinco novas escolas nesses polos de desenvolvimento.

E quanto custa uma escola hoje?

Uma escola nova custa em torno de R$ 20 milhões. Já uma reforma pode custar de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões, dependendo da estrutura.

E o programa Revitalizando a Educação com Liberdade, em parceria com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul?

Aqui, em Campo Grande, o programa está indo muito bem e, recentemente, assinamos para implantá-lo em Dourados. É um programa fantástico, não apenas pela reforma que os detentos entregam, mas porque é uma via de mão dupla: eles são muito bem recebidos pelos alunos, com respeito, o que ajuda na ressocialização. Eles também se sentem bem ajudando uma escola.

É um dos programas de que eles mais gostam, porque é emblemático. Além disso, fica muito mais barato, economiza mão de obra e permite comprar materiais com preços menores. As reformas também ocorrem com mais celeridade. Esperamos ampliar ainda mais esse programa.

Seu nome foi lembrado para a Casa Civil do governo de Eduardo Riedel. Como recebeu essa notícia?

Com naturalidade. Criamos bons relacionamentos. Talvez a ideia tenha surgido pelo trabalho técnico, mais voltado aos projetos do governador Eduardo Riedel. Mas, hoje, nosso secretário da Casa Civil é o Walter Carneiro Júnior, que preenche todos os requisitos técnicos e está muito à frente politicamente.

Quantos alunos a REE atende atualmente?

Hoje estamos com 192 mil estudantes matriculados. Para 2026, já abrimos vagas para chegar a 200 mil.

Como funciona o calendário de matrícula e transferência?

Para alunos que já estão na rede, as matrículas e transferências seguem abertas até o dia 22 de dezembro. Para novos alunos, o prazo vai até 30 de dezembro.

O processo é presencial ou on-line?

Totalmente on-line. O sistema permite que o responsável escolha três opções de escolas. Nossa equipe avalia o endereço e direciona para a mais próxima, sempre respeitando as escolhas.

O senhor costuma dizer que educação é a base de tudo. O que isso significa?

Educação é desenvolvimento. É tudo. Não tem outro caminho. Pode parecer um jargão repetido, mas é verdade. Sem educação de qualidade, não há progresso possível. Qualquer avanço econômico ou social começa pela educação e termina nela.

*PERFIL

Sérgio Luiz Gonçalves

Secretário-adjunto de Educação, Sérgio Luiz Gonçalves é formado em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e tem histórico de serviços prestados na administração pública e na sociedade civil, tendo atuado na Associação dos Prefeitos do Estado de Mato Grosso do Sul (Assomasul) e no governo de MS, como coordenador da Caravana da Saúde e secretário-executivo de várias pastas, como as Secretarias de Governo, de Fazenda e, agora, de Educação.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).