Com o avanço da Covid-19 em Campo Grande e o aumento do número de internações, a prefeitura e a Secretaria de Estado de Saúde (SES) trabalham para ampliar a quantidade de leitos na Capital e tentar reduzir o número de pacientes com outras enfermidades internados. A expectativa é de que até semana que vem mais 70 vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) sejam abertas na cidade.
Até ontem, o único hospital a receber pacientes com Covid-19 já tinha 98% de ocupação e, por conta disso, o toque de recolher voltou para as 20h.
De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, ainda nesta semana devem ser acrescidos mais 20 leitos de UTI no Hospital de Câncer Alfredo Abrão, que poderá atuar como uma unidade de retaguarda.
“Estamos fechando os detalhes, mas estamos vendo a possibilidade de o Hospital de Câncer receber alguns pacientes do Regional com outras doenças e que estão ocupando vagas de UTI”.
Segundo boletim do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, na tarde de ontem, a ocupação do setor de leitos críticos, que inclui UTI e unidade semi-intensiva, era de 98%.
“São alarmantes esses números, eles saltaram de forma inimaginável em dois dias. Sabemos que a patogenicidade do vírus e sua infectibilidade são grandes, mas saltar de 80% para 98% de ocupação dos leitos críticos em menos de 24 horas é algo que nos assusta muito. Vamos tomar medidas emergenciais aqui no hospital para conter esse avanço, mas, sem que a população se conscientize de que somente ela pode parar o avanço exponencial do vírus, fica impossível fazer algo. Vai faltar leitos, respiradores, medicamento e infelizmente vidas vão se perder”, declarou a presidente da unidade, Rosana Leite de Melo, por meio de sua assessoria.
Por conta disso, até quinta-feira (9) a perspectiva é de que mais 10 leitos de UTI sejam acrescidos na unidade com ventiladores pulmonares doados pelo Ministério da Saúde, e outros 10 devem chegar na próxima semana, por meio de doação da JBS.
Além disso, a Santa Casa de Campo Grande também aumentará terá novos 20 leitos de UTI e o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian contribuirá com mais 10 vagas.
Caso faltem leitos no Regional antes mesmo de sua ampliação, os pacientes com o novo coronavírus, que até agora estavam em atendimento unicamente naquela unidade, serão encaminhados para a Santa Casa.
“Nós esperamos que isso não aconteça já agora, até porque temos essa ampliação e podemos mudar os pacientes ‘não Covid’ para o Hospital de Câncer, mas temos essa opção. Podemos também decretar a necessidade administrativa de uso em hospitais particulares, caso cheguemos ao nosso limite”, declarou Resende.
O Regional também anunciou que poderá fazer o acionamento da segunda tenda do Hospital de Campanha para colocar os pacientes com sintomas leves de Covid-19. Isso abriria espaço na estrutura hospitalar para leitos adaptados, “usando respiradores mecânicos de anestesia, por exemplo, para auxiliar no tratamento da pandemia”, diz em nota.
RECOLHER
Com o aumento das internações por Covid-19 e a estrutura hospitalar de leitos de UTI chegando a 72% de ocupação na Capital, o prefeito Marcos Trad (PSD) anunciou ontem que a partir desta quarta-feira (8) o toque de recolher volta a ser a partir das 20h.
“Acredito que o toque de recolher mais cedo vai ajudar a reduzir o número de pessoas internadas, porque só em 5 dias nós tivemos 7 acidentes de trânsito com motociclistas que precisaram ocupar leitos de UTI. Antes, quando era mais cedo, o Samu nem precisava trabalhar”, contou Trad.
Segundo o prefeito, a cidade tinha, ontem, 223 leitos de UTI, dos quais 161 estavam ocupados.
“Não precisa entrar em desespero, a situação sempre foi controlada pela Prefeitura de Campo Grande. Estamos com uma margem de 28%, quase 30% ainda dos leitos vazios, mas isso não lhe pode servir de incentivo para descumprir regras, pelo contrário. Se reduzirmos em 12 dias para um patamar de 50%, até as escolas poderão no mês de agosto voltar à sua normalidade”.
Outra decisão tomada pela prefeitura foi a redução de 60 para 40% da capacidade de atendimento em comércios, academias, igrejas e restaurantes. A medida é válida por 12 dias e entra em vigor nesta quarta-feira (8). As apresentações de música ao vivo também estão proibidas na cidade durante este período.
Capital pode ter lockdown, alerta prefeito
Campo Grande passou da fase amarela para a vermelha no aplicativo Prosseguir, feito pelo Governo do Estado em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde nas Américas. Por conta disso, mais restrições devem ser impostas para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.
Alguns decretos mais restritivos passam a valer a partir de hoje na Capital, como a limitação de 40% de atendimentos em comércios, academias, igrejas, restaurantes e todos os empreendimentos de atendimento ao público, e o toque de recolher a partir das 20h.
Segundo o prefeito Marcos Trad, caso não haja colaboração da população, essa medida poderá ser ainda mais firme depois dos 12 dias em que ficar em vigor.
“Nós fizemos um meio-termo entre o lockdown e o equilíbrio da economia, mas se a população não se comportar adequadamente não vamos ter outra alternativa. [Se a cor do aplicativo ficar preta] Não tem jeito, é obrigação”, declarou, referindo-se ao programa Prosseguir.