Cidades

ENTREVISTA

"Quando a empresa contrata o trabalhador, contrata a sua mão de obra, não a sua consciência"

O coordenador do Núcleo Eleitoral do MPMS também destacou que não é proibido o uso da IA nas campanhas eleitorais, desde que informada ao eleitor, a chamada rotulagem

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O promotor de Justiça Moisés Casarotto, coordenador do Núcleo Eleitoral do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, concedeu uma entrevista exclusiva ao Correio do Estado para falar sobre as medidas que o órgão está tomando para garantir a lisura das eleições municipais deste ano no Estado.

Uma delas é a campanha de divulgação nas redes sociais e em outros meios, alertando os eleitores da impossibilidade de ter coação no ambiente de trabalho. “Porque, na verdade, quando a empresa contrata o trabalhador, contrata a sua mão de obra, não a sua consciência. Portanto, o empregador não tem e nem deve ter interferência na sua liberdade de voto”, disse.

Ele ainda abordou a questão do uso da Inteligência Artificial (IA), que um assunto preocupante para a Justiça Eleitoral. “Não é um temor, mas sim um dos principais desafios da Justiça Eleitoral e também do Ministério Público combater eventuais ilícitos no uso indevido e ilegal da inteligência artificial. Mas é bom que diga-se, não é proibido o uso da Inteligência Artificial nas campanhas eleitorais, pois o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao regulamentar o tema este ano, deixou muito claro que é permitido o uso da Inteligência Artificial, desde que informada de forma clara ao eleitor, a chamada rotulagem”, explicou.

Outro assunto abordado pelo promotor de Justiça sobre as cotas para mulheres e raça. “Em relação à questão do financiamento da cota feminina e também racial devem ser respeitadas, conforme entendimento do TSE e do STF. O grande problema sobre a fiscalização do fundo eleitoral, aquele fundo de quase R$ 5 bilhões, consiste no fato de que os diretórios nacionais dos partidos”, pontuou.

Confira abaixo a entrevista completa:

Qual o maior desafio do Núcleo Eleitoral do MPMS para as eleições municipais deste ano?

O maior desafio do Núcleo Eleitoral nestas eleições é dar apoio integral a todos os promotores eleitorais do Estado de Mato Grosso do Sul para combater os diversos tipos de ilícitos eleitorais. Desde a pré-campanha, o registro de candidatura, com uma fiscalização firme justamente para que nenhum candidato ficha suja possa ser candidato, passando também pelo combate das propagandas irregulares, compra de votos, abuso de poder, coação eleitoral entre outros ilícitos. Também nos ilícitos na propaganda na Internet, porque tem aumentado esses problemas nos últimos anos. Enfim, é um desafio grande, mas iremos atuar para fiscalizar com o máximo de força e eficiência para que ocorra uma eleição limpa e tranquila em todos os município do nosso Estado. 

Núcleo Eleitoral do MPMS pretende lançar alguma campanha de orientação para os eleitores de Mato Grosso do Sul?

Sim, temos duas campanhas em andamento, que nós já estamos trabalhando. A primeira delas, em parceria com o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), contra a coação eleitoral no ambiente de trabalho. Porque, na verdade, quando a empresa contrata o trabalhador, contrata a sua mão de obra, não a sua consciência. Portanto, o empregador não pode interferir na sua liberdade de voto do seu empregado, podendo, inclusive, configurar o crime do Artigo 301, do Código Eleitoral, e também, dependendo da gravidade da situação, pode configurar até abuso de poder econômico e atingir o candidato beneficiado.

Uma segunda campanha, também de conscientização dos atos ilícitos é de que o Ministério Público está ao lado da sociedade, ele é o fiscal do cidadão nas Eleições. 

Neste ano, um dos principais temores da Justiça Eleitoral é o uso desenfreado da IA pelos candidatos. Como o Núcleo Eleitoral do MPMS pretende atuar para evitar abusos?

Em relação à Inteligência Artificial (IA), não é um temor, mas sim um dos principais desafios da Justiça Eleitoral e também do Ministério Público combater eventuais ilícitos no uso indevido e ilegal da inteligência artificial. Mas é bom que diga-se, não é proibido o uso da Inteligência Artificial nas campanhas eleitorais, pois o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao regulamentar o tema este ano, deixou muito claro que é permitido o uso da Inteligência Artificial, desde que informada de forma clara ao eleitor, a chamada rotulagem. Então, se um vídeo ou texto foi feito por Inteligência Artificial, isto tem que ser informado claramente ao eleitor. Se não rotular, já é ilícito.

Além disso, é completamente proibido, é a chamada “deep fake”, aquela situação que uma pessoa pega a imagem, o som da voz e coloca palavras que ela não disse. Ela escreve o texto a ser falado e a Inteligência Artificial coloca na boca daquela pessoa, inclusive simulando os movimentos dos lábios, até com sincronia, de modo que quem está vendo acredite que seja realmente aquela pessoa falando.

Nesses casos, o mais importante é que o eleitor sempre busque informações em veículos oficiais e nos veículos de mídia já consolidados, ou seja, jornais, rádios, televisão, que estão há anos divulgando notícias e que têm jornalistas responsáveis , que filtram o conteúdo e divulgam. 

O Núcleo Eleitoral do MPMS terá um monitoramento mais ativo sobre as redes sociais ou fará uma ação mais passiva à espera de eventuais denúncias?

Sim, o Ministério Público Eleitoral, através de todos os promotores nas suas cidades, ficam atentos, acompanham o que acontece no município, até porque são notícias que, ao tomarem corpo, circulam muito. Além disso, nós também temos um núcleo de crimes cibernéticos, nós temos mecanismos de acompanhamento e também, se for matéria criminal, não podemos esquecer que a própria Polícia Federal tem atribuição para apuração de crimes eleitorais. 

Em Campo Grande, maior colégio eleitoral do Estado, o Núcleo Eleitoral do MPMS terá uma atuação diferenciada?

Em Campo Grande, por ser o maior colégio eleitoral, há uma atuação, não digo diferenciada, mas uma atuação que, pela magnitude da população, precisa de maior força de trabalho e atenção. Todo município vai ter uma atenção, de acordo com o seu tamanho, porque isso é do Ministério Público, da Justiça Eleitoral, das Polícias, pois todos trabalham conforme o tamanho e a situação de cada município.

Em Campo Grande, pelo seu tamanho, naturalmente é diferenciado no sentido de que, por exemplo, são seis promotores eleitorais que atuam na cidade, já outros Municípios, por exemplo, Três Lagoas, temos dois promotores eleitorais. Campo Grande tem seis promotores eleitorais trabalhando, o que, com certeza, consegue fazer o trabalho necessário no município para cuidar das candidaturas, das propagandas eleitorais e de outras demandas. Essa divisão de trabalho facilita e também aumenta a eficiência e a fiscalização.

Realmente, nós temos um trabalho em todos os municípios, mas, em Campo Grande, devido ao seu tamanho, acaba tendo uma diferenciação no número de pessoas trabalhando. Isso dá um efeito muito bom e positivo também. 

Como será a atuação do Núcleo Eleitoral do MPMS na fiscalização do financiamento público de campanha, sobretudo no cumprimento de determinações legais, como a cota feminina ou racial?

O financiamento de campanha é um tema realmente e vamos ter bastante atenção. Não é o Núcleo que faz isso, mas sim cada promotor eleitoral no seu município. E esse tema hoje em dia está tudo muito mais transparente, porque todas as doações e os gastos são registrados e públicos, inclusive o próprio eleitor pode acompanhar. No site da Justiça Eleitoral, “DivulgaCandContas”, há informação desde o registro do candidato, tudo que ele recebeu, de quem recebeu, com o que gastou.

E o mais importante para o Ministério Público, até 30 dias após a eleição, todos os partidos e candidatos precisam prestar contas detalhadas de tudo que receberam e gastaram. Além disso, também há cruzamentos a partir das informações dadas pelos candidatos e partidos, com as empresas, com as notas emitidas, com os bancos.

Em relação à questão do financiamento da cota feminina e também racial devem ser respeitadas, conforme entendimento do TSE e do STF. O grande problema sobre a fiscalização do fundo eleitoral, aquele fundo de quase R$ 5 bilhões, consiste no fato de que os diretórios nacionais dos partidos recebem e depois dividem conforme o interesse partidário e só precisam comprovar a cota de gênero ou racial em nível nacional. Assim, eles possam investir mais em um estado e menos em outro, mais num município e menos em outro, e até mais em determinadas candidatas mulheres e menos em outras, pois não há obrigação legal de divisão igualitária entre todas as mulheres.

Para finalizar, qual a sua projeção para as eleições municipais deste ano?

As eleições municipais sempre são bastante disputadas, com diversos fatos e temas controvertidos, o que hoje é maximizado pelas redes sociais e fake news, mas o Ministério Público está preparado para atuar com firmeza e eficiência para que o pleito corra dentro da normalidade, como sempre ocorreu, e que o eleitor tenha completa liberdade de escolher seus candidatos.

Perfil

Moisés Casarotto

Promotor de Justiça de Mato Grosso do Sul, ele é o coordenador do Núcleo Eleitoral do MPMS e mestre em Direito Processual e Cidadania pela Universidade Paranaense (Unipar). Ainda é especialista em Direito Público Municipal pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS (Unijuí) e professor universitário e de cursos de pós-graduação, bem como em cursos preparatórios para concursos.

TEMPO

Saiba em que regiões do Brasil deve chover acima da média no verão

Inmet divulgou previsão para a estação, que começa hoje (21)

21/12/2025 20h00

Saiba em que regiões do Brasil deve chover acima da média no verão

Saiba em que regiões do Brasil deve chover acima da média no verão Paulo Pinto/Agência Brasil

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O verão do Hemisfério Sul começa neste domingo (21), e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê condições que podem causar chuvas acima da média em grande parte da regiões Norte e Sul do Brasil, além de poucas áreas do Nordeste e do Centro-Oeste.

No Norte, a maior parte dos estados deve ter mais precipitações e temperaturas mais elevadas. As exceções são o sudeste do Pará e o estado do Tocantins, que podem ter volumes de chuva abaixo da média histórica.

“A temperatura média do ar prevista indica valores acima da média climatológica no Amazonas, no centro-sul do Pará, no Acre e em Rondônia, com valores podendo chegar a 0,5 grau Celsius (°C) ou mais acima da média histórica do período (Tocantins). Nos estados mais ao norte da região, Amapá, Roraima e norte do Pará, são previstas temperaturas próximas à média histórica”, estima o Inmet.

Sul

Na Região Sul, a previsão indica condições favoráveis a chuvas acima da média histórica em todos os estados, com os maiores volumes previstos para as mesorregiões do sudeste e sudoeste do Rio Grande do Sul, com acumulados até 50 mm acima da média histórica do trimestre.

“Para a temperatura, as previsões indicam valores predominantemente acima da média durante os meses do verão, principalmente no oeste do Rio Grande do Sul, chegando até 1°C acima da climatologia”. 

Nordeste

Para a Região Nordeste, há indicação de chuva abaixo da média climatológica em praticamente toda a região, principalmente na Bahia, centro-sul do Piauí, e maior parte dos estados de Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Os volumes previstos são de até 100 mm abaixo da média histórica do trimestre.

Por outro lado, são previstos volumes de chuva próximos ou acima da média no centro-norte do Maranhão, norte do Piauí e noroeste do Ceará.

Centro-Oeste

Na Região Centro-Oeste, os volumes de chuva devem ficar acima da média histórica somente no setor oeste do Mato Grosso. Já no estado de Goiás, predominam volumes abaixo da média climatológica do período.

Para o restante da região, são previstos volumes próximos à média histórica. “As temperaturas previstas devem ter predomínio de valores acima da média climatológica nos próximos meses, com desvios de até 1°C acima da climatologia na faixa central da região”, diz o InMet.

Sudeste

Com predomínio de chuvas abaixo da média climatológica, a Região Sudeste deve registar volumes até 100 mm abaixo da média histórica do trimestre.

Deve chover menos nas mesorregiões de Minas Gerais (centro do estado, Zona da Mata, Vale do Rio Doce e Região Metropolitana de Belo Horizonte). A temperatura deve ter valores acima da média em até 1°C, segundo os especialistas do InMet.

Verão

A estação prossegue até o dia 20 de março de 2026. Além do aumento da temperatura, o período favorece mudanças rápidas nas condições do tempo, com a ocorrência de chuvas intensas, queda de granizo, vento com intensidade variando de moderada à forte e descargas elétricas.

Caracterizado pela elevação da temperatura em todo país com a maior exposição do Hemisfério Sul ao Sol, o verão tem dias mais longos que as noites.

Segundo o InMet, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, as chuvas neste período são ocasionadas principalmente pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), enquanto no norte das regiões Nordeste e Norte, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é o principal sistema responsável pela ocorrência de chuvas.

Em média, os maiores volumes de precipitação devem ser observados sobre as regiões Norte e Centro-Oeste, com totais na faixa entre 700 e 1100 milimetros. As duas são as regiões mais extensas do país e abrigam os biomas Amazônia e Pantanal, que vivenciam épocas de chuva no período.

TEMPO

Solstício faz deste domingo o dia mais longo do ano

O solstício de verão acontece quando um dos hemisférios está inclinado de forma a receber a maior incidência possível de luz solar direta

21/12/2025 19h00

Solstício faz deste domingo o dia mais longo do ano

Solstício faz deste domingo o dia mais longo do ano Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O verão começou oficialmente às 12h03 (horário de Brasília) deste domingo, 21. A data marca o solstício de verão no Hemisfério Sul, fenômeno astronômico que faz deste o dia com o maior número de horas de luz ao longo de todo o ano.

As diferentes estações ocorrem devido à inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao seu plano de órbita e ao movimento de translação do planeta em torno do Sol. O solstício de verão acontece quando um dos hemisférios está inclinado de forma a receber a maior incidência possível de luz solar direta

No mesmo momento, ocorre o solstício de inverno no Hemisfério Norte, quando se registra a noite mais longa do ano. Em junho, a situação se inverte: o Hemisfério Sul entra no inverno, enquanto o norte passa a viver o verão.

Além dos solstícios, há os equinócios, que acontecem na primavera e no outono. Eles marcam o instante em que os dois hemisférios recebem a mesma quantidade de luz solar, fazendo com que dia e noite tenham duração semelhante.

O que acontece no verão?

Segundo Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional (ON), instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o verão é a estação mais quente do ano justamente por causa da inclinação de cerca de 23 graus do eixo da Terra em relação ao seu plano de órbita. Esse ângulo faz com que os raios solares atinjam mais diretamente um hemisfério de cada vez.

Quando é verão no Hemisfério Sul, os raios solares incidem de forma mais intensa sobre essa região do planeta, o que resulta em dias mais longos e temperaturas mais elevadas.

Os efeitos das estações do ano são maiores nos locais distantes do equador terrestre. "Nas regiões próximas ao equador, a duração dos dias varia pouco ao longo do ano. Essa diferença aumenta progressivamente em direção aos polos, onde os contrastes são máximos", explica Nascimento.

Previsão do tempo para os próximos dias

Com a chegada do verão neste domingo, São Paulo deve ter dias quentes nas próximas semanas e pode bater o recorde de temperatura do ano na véspera do Natal. De acordo com o Climatempo, os próximos dias também devem ser com menos chuvas e tempo seco na capital paulista.

O que esperar do verão de 2025/2026 no Brasil

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia indicam que a maior temperatura registrada em São Paulo em 2025 foi de 35,1°C, em 6 de outubro. A expectativa para o dia 24 de dezembro é de que a temperatura se aproxime de 35°C, o que pode igualar ou até superar o recorde do ano.

O calor deve ser uma constante em grande parte do Brasil. Nesta semana, o Rio de Janeiro pode registrar até 38°C e Belo Horizonte e Vitória devem alcançar máximas entre 32°C e 34°C, com pouca chuva. O tempo quente também deve chegar à região Sul e ao interior do Nordeste, com máximas próximas dos 35°C. No Norte, as máximas se aproximam de 32°C.

O verão se estende até às 11h45 do dia 21 de março de 2026 e será marcado pela Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), sistema de alta pressão atmosférica que atua sobre o oceano Atlântico Sul e inibe a formação de nuvens. O fenômeno climático deve atuar como um bloqueio atmosférico, afastando algumas frentes frias que passam pelo Brasil.

A Climatempo prevê que a chuva do verão 2025 e 2026 fique um pouco abaixo da média para estação em quase todo o País. A maior deficiência deve ser na costa norte do Brasil, entre o litoral do Pará e do Ceará, e em áreas do interior do Maranhão e do Piauí.

Já o fenômeno La Niña não deve ser o principal fator climático neste verão, devido à sua fraca intensidade e curta duração. A atuação do fenômeno está prevista para se estender até meados de janeiro de 2026 e sua influência sobre as condições climáticas desta estação tende a ser limitada.

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