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Prestes a virar juiz, delegado é alvo de operação contra corrupção policial

Investigações apontam que em Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã funcionava grupo envolvido com tráfico de drogas

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O delegado da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã, P.L.C., foi um dos alvos da Operação “Codicia”, deflagrada ontem (25) pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) com o objetivo de desmantelar um esquema criminoso que funcionava dentro da delegacia. Titular no local, ele é um dos aprovados no último concurso público do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) para o cargo de juiz substituto.

A operação tinha como objetivo desmantelar quadrilha que funcionava dentro da delegacia e que envolvia os policiais e o delegado em crimes de concussão, peculato, até tráfico de drogas, além de outros crimes.

Segundo informações obtidas pela reportagem, o delegado foi um dos alvos da ação de ontem, em que nove pessoas foram presas  (sendo oito em prisão preventiva e um em temporária). A reportagem não conseguiu confirmar se o delegado estava entre os presos.

O delegado consta na lista de aprovados na quinta e última fase do concurso público para juiz substituto, feito no ano passado, pelo TJMS e a posse seria nesta semana.

A reportagem também recebeu a informação de que três investigadores da ativa e uma escrivã da 1ª DP de Ponta Porã também foram alvos da operação, assim como outros dois policiais aposentados, um dele que estaria em outra cidade da fronteira.

De acordo com o Gaeco, que faz parte do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), as investigações começaram em maio de 2021 com a notícia de concussão (ato de usar o cargo público de alguma forma para exigir, para si ou para outro, algum tipo de vantagem indevida) praticada por parte de alguns policiais civis da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã na restituição de um caminhão para as vítimas.  

Segundo a investigação, que restou comprovada, as pessoas tiveram que fazer pagamento por meio de um “pix” ao grupo criminoso que atuava dentro da delegacia, onde deveria se cumprir a lei.

O trabalho investigativo, ainda conforme o Gaeco, que durou cerca de 10 meses, e identificou também uma associação criminosa formada por policiais civis (tanto alguns aposentados, como os da ativa) que se utilizava das delegacias de Polícia Civil de Ponta Porã para a obtenção de vantagens patrimoniais, especialmente relacionadas à gestão de veículos apreendidos naquelas unidades policiais.

Além disso, o grupo também teria uma associação para o tráfico, cuja droga comercializada era, algumas vezes, retirada do depósito da delegacia por um escrivão de polícia e repassada aos seus companheiros para a revenda.

ASSOCIAÇÃO COM O PCC

O Correio do Estado também teve a informação de que o Gaeco apura a ligação da quadrilha que funcionava dentro da delegacia com uma das maiores organizações criminais do Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC), conhecido por sua relação intensa com o tráfico de drogas e a violência.

No mês passado o Gaeco já havia mirado associados da facção, naquela época o foco eram advogados que tinham envolvimento com a facção criminosa. Ou seja, se comprovada a tese, a organização teria o apoio tanto dos policiais que atuavam na delegacia localizada em Ponta Porã, como de advogados para o cometimento dos crimes.

A região é uma das principais portas de entrada para o tráfico de entorpecentes no Brasil, pela facilidade de entrada e saída entre Ponta Porã e a cidade paraguaia de Pedro Juan Cabalejo.

Além dos nove presos ontem, também foi cumprido um mandado de medidas cautelares alternativas à prisão e dezesseis mandados de busca e apreensão. Uma quantia em dinheiro (real e dólar) foi apreendida na ação, além de armas e munição.  

O Gaeco também afirmou que a Corregedoria da Polícia Civil deu apoio ao cumprimento dos mandados de prisão e de busca e apreensão dos policiais civis. Assim como equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar.

COBRANÇA E OSTENTAÇÃO

Fontes do Correio do Estado relataram que a escrivã envolvida na operação é conhecida na região por praticar a cobrança em seu trabalho. Conforme um dos relatos, a mulher faria seu “preço” de acordo com a aparência da pessoa em questão e já teria cobrado até cesta básica de famílias menos abastadas para que um boletim de ocorrência fosse registrado.

A escrivã, inclusive, era lotada em Aral Moreira, mas foi transferida para Ponta Porã justamente pelo suposto envolvimento com as cobranças indevidas, pratica chamada de concussão.  

Apesar da fama, a investigada não costumava ostentar os ganhos obtidos por fora, ainda segundo informações da reportagem. Por outro lado, colegas dela não tinham a mesma discrição. Um dos investigadores que teria sido preso, por exemplo, chegava na delegacia com uma Blazer XL, veículo que novo pode custar cerca de R$ 260 mil.

O mesmo investigador também teria posse de três mansões localizadas na cidade de Ponta Porã. Todos os investigados moravam em regiões consideradas nobres na cidade, como o Centro, o Jardim Vitória e o Jardim Ibirapuera.

RESPOSTA

Os policiais envolvidos em organização criminosa não haviam sido afastados de suas funções até o final da tarde de ontem. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, a entidade aguardava conclusão da operação do Gaeco para tomar as atitudes necessárias.

A assessoria também confirmou que se for comprovado algum tipo de culpa nos crimes investigados, os policiais deverão sofrer as punições administrativas cabíveis, podendo até serem expulsos da corporação.

Na manhã de ontem, durante a Operação Codicia, a 2ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã esteve fechada, devido às investigações. Enquanto isso, a Delegacia da Mulher e a 1ª Delegacia de Polícia ficaram responsáveis pelo atendimento à população. Durante a tarde a 2ª Delegacia foi reaberta.

Já a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado (Sejusp) informou que não vai se manifestar a respeito da Operação. A pasta disse que aguardará informações do Gaeco para avaliar se faz uma nota a respeito da operação.

Em evento público no início da noite de ontem, o titular da Sejusp, Antonio Carlos Videira, se limitou a dizer que a Corregedoria acompanha o caso e que ainda havia diligências em aberto do caso.

“As diligências ainda estão sendo realizadas, o corregedor acompanha passo a passo todas as ações, juntos com os promotores e os policiais do Gaeco e aqueles que estão apoiando as diligências. Eu vindo para cá falei com eles, então nós temos diligências em andamento e ao final dessas diligências então será emitido uma nota com todas as informações sobre esse resultado”, declarou Videira.  

Procurado, delegado-geral da Polícia Civil, Roberto Gurgel Filho, não comentou o caso. (Colaborou Rodolfo César e Ketlen Gomes)

Feminicídio

Faca foi o instrumento mais utilizado para matar mulheres em MS

Conforme Sejusp, 11 dos 30 feminicídios deste ano foram causados por armas brancas

26/11/2024 19h45

Em ordem (de cima para baixo, da esquerda para direita)- Cristiane, Joelma, Marta, Dayane, Mariana, Sueli, Gisieli e Marlene.

Em ordem (de cima para baixo, da esquerda para direita)- Cristiane, Joelma, Marta, Dayane, Mariana, Sueli, Gisieli e Marlene. Foto: Montagem / Correio do Estado

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Levantamento realizado pelo Correio do Estado nesta terça-feira (26) constatou que 11 dos 30 feminicídios deste ano foram provocados por arma branca em Mato Grosso do Sul. Entre as vítimas, quatro mulheres que residiam em Campo Grande e outras sete no interior do Estado.

Na Capital, foram vítimas Joelma da Silva André, Dayane Xavier da Silva, Cristiane Eufrásio Millan e Regina Fátima Monteiro de Arruda.

No interior, morreram apunhaladas Maria Rodrigues da Silva, Marta Leila Silva Neto, Gisieli de Souza, Mariana Agostinho Defensor, Marlene Salete Mees, Vanessa de Souza Amâncio e Sueli Maria Conceição da Silva.

Em fevereiro, a diarista Joelma da Silva André, 33 anos, foi morta pelo próprio marido, Leonardo da Silva Lima, após sofrer nove facadas, três delas no rosto, cinco nas costas e uma no tórax, crime que ocorreu no bairro Nova Campo Grande.

No mês seguinte, em março, Dayane Xavier da Silva, 29, foi morta por quatro facadas pelo marido  Thiago Echeverria Ribeiro, de 38 anos, no Bairro Nova Campo Grande. Em agosto último, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida o condenou a 21 anos em regime fechado.

Contratada para um programa sexual, Cristiane Eufrásio Millan, 42, foi morta em abril deste ano com 36 facadas após se recusar a fazer sexo com Sérgio Guenka, 52. Conforme apurado à época, ambos estavam na residência de Guenka, que após matá-la, dormiu ao lado de seu corpo por dois dias consecutivos.

Na ocasião, a defesa de Guenka alegou esquizofrenia do homem, que morreu no Hospital Regional após passar mal na Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande, em agosto último.

Vítima do próprio filho de 16 anos, Regina Fátima Monteiro de Arruda, de 52, foi morta com 20 facadas, sendo 9 delas no rosto. O jovem disse que era humilhado pela mãe, fator que, segundo ele, motivou o crime. O fato ocorreu na Rua Macarai, no Jardim Zé Pereira. Na data, o garoto foi custodiado em uma unidade penal.

Interior

Em São Gabriel do Oeste, em janeiro, Maria Rodrigues da Silva, 66 anos, foi morta pelo ex-companheiro, de 69 anos, ao ser atingida por uma facada no torax após discucutirem por conta de um veículo, briga que também envolveu o neto da vítima.

Nove dias depois, em Coxim, Marta Leila Silva Neto, 36 anos, foi morta pelo namorado Sipriano Nascimento de Oliveira, durante uma discussão na qual tentava expulsá-lo de casa. À época, segundo o boletim de ocorrência, Marta teria ido até a cozinha e buscado uma faca após sentir-se acuada por Sipriano, que revidou por diversas vezes contra a mulher, que morreu no local.

Esfaqueada no pescoço pelo próprio irmão, Giovani de Souza, Gisieli de Souza, 28 anos, morreu em Dourados após discussão familiar. Conforme a polícia, o crime ocorreu após ambos se desentenderem. Gisieli lutou pela vida por 15 dias, mas não resistiu.

Em Ivinhema, Mariana Agostinho Defensor, de 32 anos, foi morta a facadas pelo companheiro, que confessou o crime após passar um período inconsciente. O crime ocorreu em setembro e a jovem passou um dia desaparecida até ser encontrada pela polícia. Na ocasião, o nome do homem não foi divulgado.

No mesmo mês, Marlene Salete Mees, de 54 anos, foi morta por nove facadas pelo marido, crime que aconteceu no bairro Fração da Chácara, em Amambai. O homem cometeu o crime na frente da filha da vítima, de apenas 11 anos.

No último dia 10 deste mês, Vanessa de Souza Amâncio, 43 anos, foi morta pelo ex-marido, Gecildo Gomes, no bairro Santa Terezinha, em Três Lagoas.

Uma semana depois, Sueli Maria Conceição da Silva, de 56 anos, foi morta a golpes de faca no Jardim Paraíso, em Naviraí. O ex-companheiro, Carlos Pereira da Silva, de 45 anos, foi apontado como autor do crime.

Recolhimento

Para a psicóloga Pietra Garcia Oliveira (28), psicopedagoga e analista comportamental, o alto índice de feminicídios causados por arma branca pode ser explicado também pelo recolhimento de armas de fogo. “Na ausência da arma de fogo, esses crimes acontecem com armas brancas e objetos perfurocortantes”, disse ao Correio do Estado.

“Por muita das vezes, há que se atentar, inclusive, às narrativas de defesa da honra por parte dos homens, que por algum motivo, se sintam invalidados, e adotem esse tipo de comportamento”, acrescentou Pietra Garcia.

A profissional destacou que é preciso pensar políticas públicas efetivas que protejam as mulheres e busquem reduzir os casos, uma vez que os crimes se repetem anualmente. 

Desde 2015, a Lei 13.104/2015 categoriza o crime de feminicídio. De lá para cara, segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), 335 mulheres foram vitimadas em todo o Estado.

Entre os demais feminicídios do ano, 10 mortes envolveram agressões, oito mulheres foram vítimas de arma de fogo, além de uma morte por atropelamento.

Colaborou Alicia Miyashiro 

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OPERAÇÃO RENORCRIM

Polícia Civil prende suspeito de contrabando na região na fronteira

Conforme informações da Polícia, o suspeito foi preso diversas vezes por contrabando, e a Justiça, considerando as sequências de flagrantes, converteu sua prisão em preventiva para garantir a ordem pública

26/11/2024 18h30

Policiais do Dracco em operações

Policiais do Dracco em operações Imagens/ Polícia Civil de MS

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Homem de 40 anos é preso nesta terça-feira (26), em Ponta Porã, a 312 quilômetros de Campo Grande, pelos agentes do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), suspeito de praticar crimes de contrabando na região de fronteira com o Paraguai.

De acordo com as investigações, o homem preso, que tinha sua identidade preservada, foi flagrado no dia 5 de setembro, transportando uma grande quantidade de cigarros contrabandeados de forma clandestina no país. Na ocasião, ele foi preso por contrabando, mas recebeu liberdade provisória.

Ainda de acordo com as investigações, o homem foi novamente flagrado no dia 2 de outubro por policiais rodoviários federais, transportando agrotóxicos, e foi preso em flagrante. Durante as oitivas, sua prisão foi novamente condicionada à liberdade.

Durante o processo de documentação, a Justiça de Mato Grosso do Sul constatou que a infração foi presa diversas vezes pelos crimes de contrabando e revogou sua condicional, convertendo-a em prisão preventiva devido à isenção das medidas cautelares diversas da prisão impostas, a fim de garantir a ordem pública.

Neste momento, ele se encontra à disposição da Justiça e segue preso, cumprindo pena em regime fechado.

 

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