A terceira fase da Operação Luz na Infância, realizada nesta quinta-feira pelo Ministério da Segurança Pública com apoio da Polícia Civil em 18 estados, terminou com a prisão em flagrante de quatro pessoas em Mato Grosso do Sul. Um militar do Exército Brasileiro, um comerciante, um servidor público e um suposto estudante movimentavam em média 100 arquivos de pornografia infantil cada, todas às vezes que acessavam a internet pela Deep Web.
A ação dá continuidade aos trabalhos de identificação de crimes relacionados ao abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes praticados no meio cibernético. De acordo com a delegada Marília de Brito Martins, titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão contra cinco alvos, dentre os quais três em Campo Grande, um em Jardim e outro em Iguatemi.
O militar tem 21 anos e foi detido no Jardim Tijuca. Outro homem, suposto estudante de 35 anos, foi preso no bairro Coophamat. Um servidor da Câmara Municipal de Jardim, que é engenheiro e técnico em contabilidade, foi preso em hotel da Capital, no momento em que baixava pornografia com crianças e adolescentes no computador. Ele estava na cidade para participar de um evento sobre gestão pública e será recambiado para Jardim.
Foi preso ainda um comerciante de 35 anos em Iguatemi, que teve a loja alvo de mandado de busca e apreensão. Além disso, um técnico de laboratório morador no Indubrasil foi detido, prestou esclarecimentos e acabou liberado, pois não estava com arquivos ilegais. "A gente encontrou rastros no computador dele, mas o material havia sido deletado. Por isso não foi preso", disse a delegada, pontuando que os mandados de busca foram expedidos com o objetivo de flagrar a presença do conteúdo proibido.
Todos os investigados tiveram celulares, computadores e dispositivos de armazenamento apreendidos para perícia. Eles respondem pelos crimes de armazenar e compartilhar imagens de crianças e adolescentes em caráter sexual. "Cada um movimentava em média 100 imagens em cada acesso. Às vezes mais, às vezes menos. Esse cálculo foi feito com base nos monitoramentos do serviço de inteligência da Polícia Civil", explicou.
"Nosso trabalho foi na tentativa de tentar pormenorizar o compartilhamento dessas imagens. Não há como apontar uma relação direta entre esses quatro presos, mas é fato que eles participavam de uma rede com pessoas de todo mundo distribuindo e baixando arquivos". A delegada Marília lembrou que, para chegar a esse tipo de conteúdo, eles usavam ferramentas que permitem acesso à Deep Web, ou seja uma área da internet que não é regulamentada, onde criminosos costumam agir para tentar despistar a polícia.
OPERAÇÃO
A Operação Luz na Infância teve início em outubro de 2017, quando foram cumpridos 157 mandados e presos 112 abusadores. Na segunda edição, ocorrida em maio de 2018, houve cumprimento de 579 mandados de busca, resultando na prisão de 251 pessoas. Na açaõ de hoje também participa o Corpo de Investigações Judiciais (CIJ) do Ministério Público Fiscal da Cidade Autônoma de Buenos Aires, na Argentina. O CIJ cumpre simultaneamente no pais vizinho 41 mandados de busca.



