Cidades

Cidades

TCU "foge" de investida de deputados para tentar destravar contrato da BR-163

Líder da bancada federal, Vander Loubet tentou reunião com a Corte de Contas na semana passada, mas não obteve retorno

Continue lendo...

O Tribunal de Contas da União (TCU) “fugiu” e não recebeu o coordenador da bancada federal sul-mato-grossense, o deputado federal Vander Loubet (PT), para discutir o acordo de repactuação do contrato de concessão da BR-163. 
A proposta do parlamentar era de se reunir com representantes da Corte na quarta-feira, para tentar agilizar a análise do processo que está “parado” no órgão há mais de um ano. 

Sem essa apreciação pelo plenário do TCU, não há como o governo federal fazer um acordo com a CCR MSVia para que a concessionária retome os investimentos em duplicação da rodovia – só foi construída segunda pista em 150 km da via –, criação de terceira faixa e infraestrutura, como viadutos e passagens de nível. Atualmente, a empresa só realiza a manutenção do asfalto.

Por esse motivo e pela divulgação da possibilidade de somente no segundo semestre do próximo ano as obras estruturantes serem retomadas, segundo nova estimativa da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), foi que os parlamentares federais cobraram o Tribunal e a agência. 

A previsão inicial era de reinício das obras de duplicação em janeiro deste ano, prazo dado ainda em 2023, quando foi anunciado que um novo contrato havia sido acordado entre o governo federal e a CCR MSVia.

Este novo cronograma ultrapassa em três meses o término de vigência do terceiro termo aditivo do contrato com a concessionária, no dia 13 de março de 2025, o que cria outra necessidade: a renovação do documento, que tem um rito próprio e precisa ser elaborado seguindo critérios técnicos para assegurar o básico aos usuários, que continuam pagando a tarifa de pedágio. 

Na semana passada, o coordenador da bancada federal anunciou que se reuniria, na quarta-feira, com representantes do TCU e da ANTT, após matéria do Correio do Estado apontar o novo prazo. Entretanto, os encontros não ocorreram. 

A assessoria do deputado federal Vander Loubet informou que as reuniões foram solicitadas, entretanto, não houve a confirmação pelos órgãos. Na quinta-feira, o parlamentar reforçou o pleito e, novamente, não houve resposta nem sinalização de uma data. Loubet ressaltou que as audiências são importantes para “avaliar que providências podemos tomar para tentar acelerar esse processo”. 

A assessoria de imprensa do TCU não respondeu às indagações do Correio do Estado sobre os motivos da reunião não ter acontecido, mas informou, na quinta-feira, que o relator “já concluiu a fase de discussão e elaboração de proposta de acordo pela comissão de solução consensual e agora aguarda a decisão do plenário”, emendando que “ainda não há uma data prevista para que o processo entre em pauta. No momento, não há informações públicas”.

Já a ANTT informou que, “seguindo a orientação da Corte de Contas, a Agência Nacional de Transportes Terrestres ainda não pode dar mais detalhes sobre o tema. A ANTT informa que segue trabalhando para encontrar a melhor solução para o trecho da BR-163/MS e, tão logo ocorra uma definição, a informação será amplamente divulgada”.

PRESSÃO

A mobilização do coordenador da bancada esta semana, que já havia realizado outras reuniões na ANTT sobre a relicitação e, depois, a solução consensual, foi motivada por matéria do Correio do Estado que mostrou ofício de Cynthia Brayer, superintendente substituta de Concessão da Infraestrutura da ANTT, em que ela afirmava que, “mesmo na eventualidade de aprovação da repactuação pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a celebração do termo aditivo deverá ocorrer provavelmente no segundo trimestre de 2025, com assunção da rodovia no segundo semestre de 2025”, ou seja, após junho do ano que vem.

Esse documento é do dia 19 de setembro e foi divulgado pelo Correio do Estado neste mês. O parecer é reforçado por outros dois, de outros técnicos do órgão, que afirmam não existir previsão para a conclusão do processo em curto prazo. 

INVESTIMENTOS

A proposta apresentada pelo Ministério dos Transportes no fim do ano passado, mas que poderá sofrer alterações por recomendação do TCU, é a retomada da duplicação de 190 km da BR-163 e a construção da terceira faixa em outros 170 km, com investimentos totais de R$ 12 bilhões no prazo de 35 anos, sendo R$ 2,3 bilhões já nos três primeiros anos (2024, 2025 e 2026). 

Por causa da demora do Tribunal, esse cronograma já está atrasado em quase um ano, tempo que a Corte de Contas está “sentada em cima” do documento.

Atualmente, a rodovia tem 150 km de duplicação, e o novo contrato deveria levar a faixa duplicada de Nova Alvorada do Sul até Bandeirantes, passando por Campo Grande.

Novela da BR-163

A BR-163 em Mato Grosso do Sul foi concedida para o grupo CCR MSVia em 2014, após leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). O contrato anterior previa que a rodovia deveria ser totalmente duplicada, ou seja, todos os seus 845,5 km dentro do Estado.

Além disso, também determinava que a cobrança de pedágio só teria início quando houvesse 150 km de pista dupla, o que aconteceu pouco mais de um ano depois, em 2015.

Porém, em 2017, a concessionária solicitou o reequilíbrio do contrato e, dois anos depois, decidiu entregar a concessão. De lá para cá, o governo federal vinha fazendo estudos para uma relicitação sem a presença da CCR MSVia, entretanto, no ano passado, um acordo entre as partes mudou o cronograma.

Assine o Correio do Estado

CLÍNICA DO TERROR

Prefeituras pagavam até R$ 27 mil para internar pacientes em local com sequestros e cadeira elétrica

Inspeção flagrou centro de reabilitação em Campo Grande operando como cárcere privado; Internos eram caçados por recompensa, dopados e mantidos sob tortura física e psicológica, tudo financiado com verbas de famílias e municípios do interior

23/12/2025 14h01

Relatório operava engrenagem de tortura, sequestro e exploração humana

Relatório operava engrenagem de tortura, sequestro e exploração humana Foto: Divulgação

Continue Lendo...

Sob a fachada de tratamento médico e recuperação de dependentes químicos, a "Clínica de Reabilitação Os Filhos de Maria", na zona rural de Campo Grande, operava uma engrenagem de tortura, sequestro e exploração humana.

A revelação consta no relatório de inspeção do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), realizado em outubro de 2024 e divulgado no final de outubro deste ano. O documento descreve um cenário de campo de concentração onde a "terapia" consistia em espancamentos, uso de braçadeiras de nylon para imobilização e dopagem química forçada.

O relatório aponta que ao menos três prefeituras do interior tinham contrato com a clínica e pagavam valores exorbitantes para enviar pacientes ao local. 

Caçadores de cabeças

A entrada na clínica não era um ato médico, mas uma captura. O relatório detalha a existência de "equipes de resgate" formadas pelos próprios internos ou monitores, que atuavam como caçadores de recompensa.

Para cada paciente capturado à força, a equipe recebia uma comissão: R$ 50 reais se o sequestro fosse na capital e R$ 100 se fosse no interior. 

O valor não era pago em dinheiro, mas em "crédito na cantina" da própria instituição, de acordo com o relatório. 

Uma vez capturado, o interno passava pelo protocolo de boas-vindas: o "sossega-leão". Relatos colhidos pelos peritos descrevem a administração forçada de um coquetel de medicamentos apelidado de "abobrão", capaz de deixar uma pessoa desacordada por até três dias.

A inspeção encontrou um estoque ilegal de psicotrópicos (Haldol, Diazepam, Carbamazepina) sem receita médica, manuseados por pessoas sem qualificação, configurando tráfico de drogas e exercício ilegal da medicina.

Tortura Medieval e trabalho escravo

Quem tentava fugir ou reclamar das condições enfrentava o "Grupo de Apoio ao Paciente" (GAP), uma espécie de milícia interna. As punições descritas no relatório são medievais:

Uso de braçadeiras de plástico apertadas nos punhos e pescoço, causando lesões visíveis e risco de asfixia; Relatos de surras com pedaços de madeira e socos e confinamento em quartos sem maçaneta, trancados por fora, por períodos que variavam de sete dias a três meses.

Além da violência, a clínica lucrava com a mão de obra gratuita. Sob o pretexto de "laborterapia", internos eram submetidos a jornadas de trabalho análogo à escravidão. Um dos cozinheiros relatou trabalhar 17 horas seguidas (das 5h às 22h), em dias alternados, sem receber um centavo.

Financiamento público

Enquanto os internos viviam em condições insalubres, com relatos de esgoto vazando sobre os alimentos na despensa, a clínica faturava alto.

A investigação do MNPCT descobriu que prefeituras do interior de Mato Grosso do Sul firmavam contratos para internação compulsória ou voluntária.

Nos prontuários examinados foi constatado que o município de Nova Andradina pagou R$ 27.300,00 pela internação de um único paciente por seis meses, mais taxa de remoção.

O município de Miranda teria desembolsado R$ 21.700,00 por outro paciente.

Famílias particulares também eram extorquidas, pagando mensalidades entre R$ 1.800 e R$ 2.700, além de multas contratuais abusivas caso tentassem retirar o parente do local antes do prazo.

Desfecho Policial

Diante da gravidade do flagrante, que incluiu um interno com 19 pontos na cabeça após tentar fugir e ser recapturado, a equipe de inspeção acionou a Polícia Civil. Cerca de 90 pessoas foram retiradas do local em uma ação de desinstitucionalização de emergência.

O relatório pede a responsabilização criminal dos proprietários por cárcere privado, tortura, sequestro e tráfico de drogas, além de investigação sobre a improbidade administrativa das prefeituras que financiaram a clínica sem fiscalizar o destino dos pacientes.

Até o momento, a defesa da clínica (agora fechada por ordem judicial) não se pronunciou sobre as acusações de tortura e desvio de finalidade médica.

Outro lado

O município de Miranda não retomou os contatos feitos pela reportagem. 

O município de Nova Andradina respondeu em nota que não foi feito pagamento à clínica, ao contrário do que o relatório do MNCPT aponta. Em consulta ao portal da transparência do município, realmente não consta o pagamento ao CNPJ cadastrado pela clínica ou convênio referente. 

“Cumpre esclarecer que não foi localizado qualquer pagamento direto ao CNPJ da clínica “Os Filhos de Maria”, uma vez que o Município de Nova Andradina não possui e nunca possuiu contrato, convênio ou qualquer outro instrumento jurídico com a referida instituição", cita a prefeitura. 

Vale destacar que a atual administração do município assumiu a gestão municipal em janeiro de 2025, antes do período citado pelo relatório. 

“O único contato ocorrido deu-se no ano de 2024, quando o Município instaurou processo licitatório visando à contratação de clínica especializada em internação compulsória. Na oportunidade, foi realizada vistoria técnica in loco, conforme praxe administrativa.

Contudo, a clínica “Filhos de Maria” não foi habilitada no certame (Processo n°4365/2024), por não atender às exigências técnicas, estruturais e legais necessárias à execução do objeto, motivo pelo qual não houve qualquer contratação com o Município de Nova Andradina.”

“Dessa forma, caso algum paciente residente em Nova Andradina/MS tenha sido internado na referida clínica, tal fato não decorreu de contratação administrativa do Município, sendo plausível que eventual internação tenha ocorrido por determinação judicial, situação em que o Poder Judiciário, no âmbito de ações individuais, pode determinar o sequestro ou bloqueio de valores dos cofres públicos, geralmente com base em orçamentos apresentados por familiares ou terceiros, sem ingerência direta da Administração Municipal na escolha da instituição.”

Cidades

Após perder emprego no SBT, filho de David Cardoso vai contra Havaianas

Tomando chimarrão, ator que tem fortes laços com a terra do tereré gravou um vídeo, publicado com a legenda em que afirma que "empresas esquerdistas não são bem vindas"

23/12/2025 13h13

"Tenho meu chinelo da Harley Davidson. Tchau Havaianas, que assim seja com todas as empresas que fazem isso", disse.  Reprodução

Continue Lendo...

Menos de uma semana após ser desligado e perder o emprego no Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), o filho de um dos ícones sul-mato-grossenses da teledramaturgia símbolo da pornochanchada, o também ator David Cardoso Jr., aparece agora engrossando o coro da extrema-direita contra os chinelos Havaianas. 

Após a atriz Fernanda Torres protagonizar uma peça publicitária da marca, em que diz não querer que o telespectador "comece 2026 com o pé direito, não sendo nada contra a sorte", mas desejando que "comece com os dois pés... na porta, na estrada, na jaca", a extrema-direita se mordeu com a expressão antiga e têm se manifestado através das redes sociais como quem se sente atacado, propondo um boicote aos chinelos Havaianas. 

Recentemente, tomando um chimarrão, o ator que tem fortes laços com a terra do Tereré gravou um vídeo, publicado nas redes sociais com a legenda em que afirma que "empresas esquerdistas não são bem vindas. Chega de sermos otários". O ator mostra um par de chinelos Havaianas e diz: "nunca mais". 

"Tenho meu chinelo da Harley Davidson. Tchau Havaianas, que assim seja com todas as empresas que fazem isso", disse. 

Logo em seguida o ator, que diz não querer causar polêmica mas, sim, salvar o Brasil, postou uma nova gravação dizendo que o primeiro vídeo "explodiu" e que não pretende ser candidato, mas querendo mostrar "a força da direita". 

"Vamos nos posicionar sim!!!!! A direita tem mais força do que imagina. Chega de covardia. A palavra é Boicote!!!!!! Eles vão sentir no bolso e vão aprender", comentou o ator.  

Sem emprego

Recentemente, David Cardoso Jr., que chegou a afirmar em janeiro de 2025 que já havia ganhado mais dinheiro com um ano de OnlyFans o mesmo que ganharia em 25 anos de "A Praça É Nossa", foi desligado da emissora após compactuar com as posições de ataque de Zezé de Camargo às filhas de Silvio Santos. 

Após ser desligado, o ator usou das próprias redes sociais para contar sua versão e exaltar sua história, dizendo que trabalhou a primeira vez com Silvio Santos ainda em 1975, sendo inclusive "o príncipe do 'Boa Noite Cinderela' que seria dirigido por Gugu Liberato.  

David diz que nunca quis ofender ninguém, mas expõe a opinião de que, atualmente, "está havendo uma inversão de valores no Brasil", afirmando que nunca foi valorizado na emissora e não possuía contrato nesses 14 anos de serviço prestado. 

"O que está acontecendo no Brasil chama-se inversão de valores, sou a maior prova de que isso está explícito, porque eu, hoje, depois de 14 anos trabalhando e dedicando uma parte da vida para o SBT, sou 'persona non grata' lá dentro. Enquanto que o Lula, que é 'persona non grata' pelo Benjamin Netanyahu, pelo primeiro ministro de Israel, é muito bem quisto no SBT, fundado por um judeu. Ou seja, no Brasil o crime compensa", afirma ele. 

O ator complementa que adora a família, mas que nunca conheceu a esposa de Silvio Santos, por exemplo, lembrando que a Rede Globo chegou a "escurraçá-lo" lá de dentro, enquanto o SBT acabou "desfazendo dos meus serviços de maneira muito feia". 
 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).