Você sabe como são feitos os tijolos? No processo produtivo mais comum, pega-se a argila e retira-se as impurezas. Depois ela é moldada, colocada para secar sob o sol e, finalmente, cozida em fornos para obter a resistência pretendida. Para fabricar um tijolo de oito furos, o mais utilizado em construções, são necessários 3,2 quilos de argila molhada.
Há indícios de que o costume de retirar a argila dos mananciais e cozinhá-la exista há mais de cinco mil anos. E, como praticamente todo processo produtivo arcaico, possui características negativas em relação ao meio ambiente. Nesse caso, além de prejudicar o manancial com a retirada da matéria-prima, existe a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) com a queima nos fornos, sem falar na madeira utilizada muitas vezes como combustível.
Mas já existem outras alternativas. Uma delas é a substituição da argila por terra, recurso natural abundante e cuja extração não impacta tanto quanto a da argila. Além disso, o tijolo de terra é curado com água (que pode ser de reúso), abolindo a etapa do cozimento e a emissão de GEEs.
A terra é misturada ao cimento, na proporção de 90% e 10%, respectivamente, e a um pouquinho de água: eis a receita do tijolo ecológico. Estudos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) garantem, inclusive, que esse tipo de tijolo possui o dobro da resistência daquele convencional, de argila.
Existem máquinas à venda no mercado que produzem os tijolos ecológicos em pequena, média e grande escala. A Eco Máquinas, empresa sediada em Campo Grande, fabrica equipamentos para fabricação de blocos, tijolos e pisos ecológicos há 12 anos. No ano passado foram produzidas 500 máquinas e, só para junho deste ano, há a encomenda de 300. Mais de 90% desses equipamentos saem do Estado, inclusive para países como Venezuela, Angola e Peru.
Ali, a menor máquina custa R$ 13 mil e tem a capacidade de produzir 1,6 mil tijolos por dia. A maior custa R$ 86 mil e chega a produzir 4 mil unidades por dia. Segundo a direção da empresa, o público-alvo é caracterizado por novos empresários, que mudaram de empreendimento ou entraram há pouco tempo no setor da construção civil.
O conceito é ambientalmente e esteticamente interessante. As prensas deixam os tijolos com dois furos centrais, que facilitam as instalações elétricas e hidráulicas e podem inclusive dispensar o reboco e a pintura.
Passo a passo
1. A terra, certificada por um órgão competente (a UFMS é um dos órgãos que faz a análise), precisa ser peneirada para a retirada das impurezas.
2. Terra e cimento são misturados com uma umidade de 15%. Esta etapa pode ser feita manualmente ou com o auxílio do misturador (betoneira).
3. A mistura é prensada nos equipamentos específicos.
4. Os tijolos precisam ser curados com água por 4 dias. O processo pode ser feito de duas maneiras: por imersão (onde se imerge os blocos em água por cerca de dois minutos por dia) ou por umidificação (onde os blocos precisam ser aspergidos com água duas vezes ao dia).


