Em 1876, o imperador Dom Pedro II chegou ao Oriente Médio após viajar pela Grécia. Pedro de Alcântara, como era anunciado, além de um monarca desbravador, é apontado como o responsável pelo início da imigração libanesa ao Brasil.
Ao Correio do Estado, o engenheiro civil e cônsul honorário do Líbano em Campo Grande, Eid Anbar, explica que os libaneses começaram a imigrar para a Capital no início do século 20.
“Nós temos os primeiros registros de imigrantes aqui em Campo Grande no ano de 1906, de um casamento de um casal libanês na Igreja Católica. Depois, os próximos imigrantes começaram a vir para ajudar na construção da Ferrovia Noroeste do Brasil [NOB], em 1914”, relata.
No contexto histórico que resultou na ampla imigração para o Brasil a partir do fim do século 19, a estimativa é de que, entre 1880 e 1969, 140 mil árabes atravessaram o oceano para tentar uma vida melhor por aqui, sendo a maioria de origem síria e libanesa.
Na busca pela liberdade e por melhores oportunidades, eles deixaram para trás os problemas na agricultura, a falta de trabalho e um território dominado pelo Império Otomano até 1922.
A independência tardia do Líbano e da Síria só se concretizou na década de 1940, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Já o que esses imigrantes começaram resultou em uma população de 10 milhões de libaneses no Brasil.
“Temos aqui no Brasil o dobro da população do próprio Líbano, que tem, em média, 5 milhões de habitantes. O Brasil é incomparável a qualquer outra parte do mundo. Temos 50% da imigração libanesa apenas no Brasil, e os outros 50% estão espalhados pelo mundo”, afirma Eid.
RAÍZES EM MS
O cônsul honorário do Líbano, Eid Anbar, afirma que 10% da população de Mato Grosso do Sul é de libaneses e descendentes.
“Onde temos mais libaneses é no estado de São Paulo, mas aqui não ficamos muito atrás. Depois começaram a vir outras pessoas daquela região para MS, os palestinos e sírios. É um povo que se expandiu muito no comércio, tem forte atuação na política do Estado, na Medicina, em todas as áreas em que começaram a atuar”, relata.
RECEPTIVIDADE
Anbar salienta que a receptividade que os libaneses tiveram em Campo Grande foi extraordinária. Ele reforça que o Brasil é incomparável a qualquer outra parte do mundo.
“A primeira coisa que nos atrai é a receptividade, e aqui nós vivemos com total liberdade, pois o Líbano é um país muito pequeno, apenas 10.452 km² em território, seria quase uma fazenda aqui em MS. Quando a gente vem para o Brasil, temos total liberdade em diferentes aspectos, nós podemos, por exemplo, pegar um ônibus do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte e ninguém vai nos perseguir, se importar ou perguntar de onde estamos vindo e para onde vamos”, completa Eid.
O engenheiro civil e representante da comunidade libanesa em Campo Grande tem orgulho de ter se naturalizado brasileiro.
“Eu vim para o Brasil com 10 anos de idade, fui vendedor de vela em porta de cemitério, de pães em uma carroça e, com muito esforço, me formei em Engenharia anos mais tarde. Aqui, graças a Deus, me dei muito bem. O povo brasileiro é acolhedor de uma forma impressionante, me sinto mais à vontade aqui do que no Líbano. Tive a felicidade de me naturalizar brasileiro e o privilégio de escolher fazer parte deste país”, finaliza Eid.




