Cidades

DISPUTA

União expulsa K-Infra de rodovia carioca e MS "congela" leilão da Rota da Celulose

Em nota, o governo de MS diz que "que realizará diligências para a correta instrução do processo licitatório, interrompendo os prazos legais até o cumprimento das medidas necessárias"

Continue lendo...

Um dia depois de a empresa K-Infra ter sido expulsa da única rodovia que administrava no País, o Governo de Mato Grosso do Sul "congelou" o andamento do  leilão da chamada “Rota da Celulose”, o qual concedeu 870 quilômetros de estradas para a empresa que agora perdeu a concessão BR-393, no Rio de Janeiro. 

Em nota, o Governo do Estado informou “que realizará diligências para a correta instrução do processo licitatório, interrompendo os prazos legais até o cumprimento das medidas necessárias”. 

O anúncio de que a K-Infra havia perdido a concessão foi feito pelo Governo Federal no começo de junho. Por conta disso, o segundo colocado no leilão fez uma série de questionamentos e pediu a desclassificação do consórcio vencedor e solicitou que fosse declarado vitorioso. 

Nota publicada pelo Governo de MS

Com quatro participantes, o leilão para concessão de 870 quilômetros de duas rodovias federais e três estaduais em Mato Grosso do Sul foi realizado no dia 8 de maio.

O vencedor foi o consórcio K&G, formado pelas empresas K-Infra e Galápagos Investimentos, que ofereceu desconto de 9% sobre o valor do pedágio a ser exigido nos 12 locais de cobrança. 

Porém, o consórcio que ficou em segundo lugar, comandado pelo fundo de investimentos XP, que havia oferecido desconto de 8%, fez uma série de questionamentos depois que a o DNIT e a ANTT anularam o contrato da única rodovia que o consórcio vencedor administrava no país, os 185 quilômetros da BR-393, no Rio de Janeiro. 

BARRADOS

O comunicado do Governo de MS informando a suspensão dos prazos saiu um dia depois de o Governo Federal literalmente expulsar a K-Infra da chamada Rodovia do Aço, conforme deixa claro nota publicada pela própria K-Infra. 

“A K-Infra Rodovia do Aço S.A. informa que, às 6h30 desta terça-feira (10), foi compelida a interromper todas as operações de atendimento ao usuário na BR-393 (km 101+900 ao km 286+400). Essa medida drástica decorre da decisão da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de encerrar a concessão e de uma ordem imediata do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para a retirada de todos os colaboradores da Concessionária das instalações da rodovia”, diz a nota da empresa.
 
“Essa determinação impediu a presença das equipes da Concessionária nas praças de pedágio e bases operacionais, tornando inviável a continuidade de qualquer tipo de atendimento. Isso significa que serviços cruciais como socorro médico, socorro mecânico, atendimento ao cliente e inspeção de tráfego, que antes estavam disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana, não serão mais prestados”, segue o comunicado. 

Além de garantir que fez uma série de investimentos, a empresa explica que “assumiu a concessão da BR-393 (Rodovia do Aço) no fim de novembro de 2018 em condições extremamente críticas: a rodovia estava prestes a ser devolvida, com multas, processos e obras não realizadas pela antiga concessionária. O processo de caducidade vem desse passivo herdado”. 
 
Em sua devesa, a K-Infra diz que apresentou “ao Ministério dos Transportes um plano robusto de modernização da rodovia, que previa investimentos de R$ 1.6 bilhão e que infelizmente não foi devidamente apreciado. Portanto, a caducidade representa uma punição a quem agiu com responsabilidade, superou desafios e entregou resultados concretos”.

A caducidade da concessionária já havia sido decidida pelo governo federal há meses, mas não havia sido oficializada porque a empresa havia conseguido uma liminar, derrubada na segunda instância. A empresa prometia entrar com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar manter o contrato.

A K-infra argumentou que a caducidade, oficializada no dia 2 de junho, foi decretada "sem a devida observância ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal", disse, em nota.

"A decisão de caducidade, proferida de forma unilateral, representa uma punição desproporcional a quem escolheu agir diante do colapso de um contrato antigo e mal estruturado", afirmou.

A empresa disse ainda que a caducidade "envia uma mensagem preocupante a novos investidores" e "reforça percepções equivocadas de que apenas determinados grupos têm espaço no país".

Já o governo federal afirma que o processo deu diversas oportunidades para a concessionária se defender e tentar dar uma solução ao contrato, mas sem sucesso. 

“O processo foi longuíssimo, foi apreciado por diversos órgãos, todo o procedimento legal foi seguido, com ampla defesa da concessionária”, afirmou George Santoro, secretário-executivo do Ministério dos Transportes, conforme reportagem do jornal Valor Econômico.

Porém, fontes que participaram do processo disseram que a renegociação não foi aceita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) porque a K-Infra tinha pendências elevadas na dívida ativa da União e porque se avaliou que a empresa não teria condições de se financiar para fazer os investimentos propostos.
recurso.

ARGUMENTOS

No recurso apresentado pelo consórcio da XP, foram questionados os atestados técnicos do grupo e e supostos descumprimentos contratuais na Rodovia do Aço ocorridos entre 2014 e 2018. E são estes questionamento que levaram agora o Governo de MS a “congelar” o processo de concessão da Rota da Celulose.

O consórcio da XP afirma que “foram identificados diversos documentos emitidos ou autenticados fora do prazo determinado pelo edital”, como a ata de Assembleia de Reunião dos Sócios da Galapagos, o balanço patrimonial do exercício de 2024 da K-Infra, entre outros, e questiona a saúde financeira da K-Infra, que tem capital social de R$ 10 mil e acumula prejuízos em sua operação nos últimos anos.

Além de pedir a inabilitação da vencedora — o que levaria à vitória da segunda colocada —, o consórcio pediu que a ANTT faça diligências sobre o atestado técnico e a capacidade da K-Infra.

A Rota da Celulose da celulose “privatiza” a BR-262, entre Campo Grande e Três Lagoas; a BR-267, entre Nova Alvorada do Sul e Bataguassu, e a MS-040 (338 e 395), entre Campo Grande e Bataguassu. A concessão é por 30 anos e prevê a instalação de 12 praças de cobrança de pedágio.  

No leilão, o consórcio da XP participou em sociedade com as construtoras CLD, Caiapó, Ética, Conter e a Disbral (Distribuidora Brasileira de Asfalto).

Em Mato Grosso do Sul, a construtora goiana Caiapó já atua em grandes obras. Está à frente pavimentação da BR-419, na região de Aquidauana, e na construção do acesso à ponte sobre o Rio Paraguai, em Porto Murtinho, uma obra de R$ 472 milhões. 

MISTÉRIO

A K-Infra é vista no setor de infraestrutura com desconfiança, segundo fontes do jornal Valor Econômico. A empresa é controlada pelo Group K2 Holding e pelo Group 2GK LLC Group Holdings, empresas sediadas nos Estados Unidos e representadas por Carlos Alberto Kubota.

Em 2019, o grupo chegou a negociar a linha 6-Laranja do Metrô e gerou críticas no mercado pela falta de clareza sobre seus acionistas.

À época, a empresa disse ao Valor que atuava junto a fundos de investimento americanos, que não quiseram se identificar devido a regras de compliance. Novamente questionada pela reportagem a respeito em maio, a companhia não disse quem são os sócios.

Já a Galápagos Capital é uma gestora com R$ 27 bilhões de ativos sob gestão e que, no dia do leilão, manifestou a intenção de expandir sua atuação no mercado rodoviário.

À ESPERA

A reportagem do Correio do Estado  procurou a Comissão Especial de Licitação do Governo do Estado em busca informações sobre uma provável data para “descongelamento” do processo licitatório e sobre uma possível data para assinatura do contrato, mas até a publicação da reportagem não obteve retorno. 

Cidades

Padronização para horário de entrada e saída de hotéis começa a valer

Portaria do Ministério do Turismo deu 90 dias para estabelecimentos se ajustarem a novas regras para check-in e check-out

16/12/2025 14h00

Foto: Álvaro Rezende / Arquivo

Continue Lendo...

Começaram a valer nesta terça-feira (16) as novas regras para entrada e saída (check-in e check-out) de hóspedes em hotéis brasileiros. A mudança, promovida pelo Ministério do Turismo (MTur), define que a diária cobre 24 horas, dentro das quais os hotéis têm três horas para a arrumação dos quartos.

A regra permite que os hotéis definam seus próprios horários de check-in e check-out dentro desses critérios, e essas informações devem ser comunicadas ao hóspede de forma clara e prévia, tanto pelos hotéis como pelas agências de turismo e as plataformas digitais intermediárias de reservas.

A medida foi modificada por meio de uma portaria do MTur publicada em setembro, com prazo de 90 dias para vigorar.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Manoel Linhares, a prática já era adotada pelas redes de hotéis usualmente, mas havia um pedido do setor para que o assunto fosse regulamentado e incluído nas últimas mudanças promovidas na Lei Geral do Turismo.

“São três horas de intervalo entre as saídas e entradas dos hóspedes, para que nossos colaboradores tenham tempo de preparar a hospedagem e para que a gente possa receber melhor. Isso no Brasil já era de praxe, mas, com a regulamentação exata, serve para tirar qualquer dúvida”, explica.

Além das três horas de intervalo para limpeza da hospedagem, a regulamentação também flexibiliza a cobrança de tarifas diferenciadas para entrada antecipada ou saída postergada e detalha a comunicação sobre horários e frequência dos serviços de arrumação, higiene e limpeza da unidade habitacional.

Por meio de nota, a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), que reúne agências de viagens e operadoras, avaliou de forma positiva a regulamentação do tema.

“A definição objetiva do período de hospedagem ajuda a alinhar expectativas do viajante no momento da compra e reduz ruídos na comercialização de pacotes turísticos, trazendo mais segurança para toda a cadeia”, destaca.

Além de maior transparência, a flexibilização quanto às tarifas diferenciadas permite ajustes conforme a disponibilidade de cada meio de hospedagem informa a nota da Abav.

“Embora a adaptação possa exigir ajustes, especialmente para pequenos empreendimentos, a entidade entende que a medida acompanha práticas já adotadas internacionalmente e contribui para a modernização e competitividade do turismo brasileiro”, conclui.

Registro de Hóspedes

As mudanças promovidas pelo MTur incluem ainda a adoção do novo modelo digital da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH), em substituição ao modelo de papel. A portaria que trata do assunto foi publicada em novembro, com prazo de 90 dias para começar a valer em 13 de fevereiro.

Com a adoção da nova ferramenta, os estabelecimentos terão um QR Code, com link para a página de pré-check-in, que poderão ser preenchidas pelos hóspedes. No momento de entrada, o estabelecimento só precisará conferir os dados com os documentos apresentados.

“Fica o check-in mais tranquilo, tanto para a hotelaria como para o hóspede que, na sua chegada, já vem de um voo cansativo e, às vezes, pega um grupo e fica em uma fila esperando para preencher uma ficha, aquela coisa toda”, afirma Manoel Linhares.

A versão digital da ficha ficará também disponível na Plataforma FNRH Digital, com outras funcionalidades, como elaboração de relatórios analíticos, módulo de reservas e módulo de consulta para os hóspedes.

Demandas

De acordo com Manoel Linhares, as mudanças são regulamentações importantes para o setor, mas ainda há demandas a serem incluídas nas leis que tratam do turismo no país, como a regulamentação de aplicativos de hospedagem, como os que alugam imóveis por temporada.

“Nós, hoteleiros, geramos emprego e temos uma carga tributária muito alta, como é do conhecimento de todos. Nós temos a responsabilidade de dar o melhor aos nossos hóspedes, desde o check-in ao check-out. E o que acontece? Esses aplicativos não ficam nem no Brasil, então a operação é desigual”, avalia.

A demanda é antiga, mas com o surgimento de diferentes plataformas e o impacto sentido pelo setor, a avaliação da ABIH é de urgência.

“Só em Fortaleza, do ano passado para cá, fecharam seis hotéis. Se nós não tivermos essa demanda, vão fechar muitos hotéis, como já estão fechando no Brasil todo”, conclui Linhares.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do MTur sobre a regulamentação das plataformas para locação de imóveis por temporada. Até a publicação, não houve resposta. O espaço permanece aberto.

CAMPO GRANDE

Em crise, prefeitura concede reajuste de 10,19% para construtora

Apesar do acréscimo de R$1,5 milhão ao contrato, a Capital está longe de um aparente equilíbrio financeiro, com greve do transporte coletivo, de dentistas e cenário de corte de gastos

16/12/2025 13h01

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio.  Reprodução/Segov/alvaro-rezende

Continue Lendo...

Enquanto a Cidade Morena vive dias de crise que, entre outros pontos, estende-se desde a suspensão de atendimentos odontológicos em postos de saúde até uma greve dos trabalhadores do transporte coletivo, o Executivo de Campo Grande concedeu um reajuste de  10,19% para a construtora responsável por obras no Complexo Lageado na Capital. 

Conforme o extrato do contrato firmado entre a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) e a Empresa Sagres Engenharia Ltda., o valor inicial dessa contratação era de exatos R$15,3 milhões. 

Agora, com acréscimo de R$1.560.277,28, o valor da contratação sobe para R$16.860.277,28, que corresponde a um aumento de 10,19% e, em tese, seriam empenhados para execução de obras de infraestrutura urbana para serviços de pavimentação asfáltica e a chamada drenagem de águas pluviais. 

Para além disso, o prazo de execução previsto seria de 540 dias, ou seja, aproximadamente um ano e meio a contar a partir do recebimento da ordem de serviços, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Caos na Capital

Entretanto, apesar do reajuste concedido a essa construtora, o cenário em Campo Grande está longe de ser de aparente equilíbrio financeiro, com a greve do transporte coletivo na Cidade Morena, por exemplo, entrando em seu segundo dia nesta terça-feira (16) e já sendo é a maior das últimas três décadas, desde que os ônibus ficaram parados por três dias em 1994.

No caso da paralisação dos ônibus, por exemplo, a classe trabalhadora do transporte coletivo de Campo Grande reivindica: 

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

Por outro lado, o caos em Campo Grande e reflexo de um suposto desequilíbrio financeiro não se restringem ao transporte coletivo, com os dentistas suspendendo atendimentos em 44 postos de saúde da Capital, após decisão de forma unânime por uma greve de pelo menos 30 dias.

A novela fiscal de Campo Grande em 2025, porém, começou com cortes radicais nos gastos e nomeações ainda no início de março, por decreto da chefe do Executivo após ser pressionada por servidores que há três anos não eram contemplados por reajustes.

Inicialmente a medida previa uma espécie de moratória válida até o fim de junho, uma dilatação de prazo que afasta a possibilidade de conceder reposição salarial ao funcionalismo, cuja data-base é maio. 

Junto disso foi decretado corte de pelo menos 25% em gastos com água, luz, combustíveis, impressões e demais serviços de terceiros prestados por pessoa física e/ou jurídica, em uma ação que a prefeita classificou à época como "coisas caminhando como devem acontecer". 

em junho - e longe da meta - Adriane renovou esse decreto para corte de gastos, prorrogando a medida de arrocho por mais três meses. 

Toda essa movimentação impediu reajuste salarial linear aos servidores municipais, sendo que nesse primeiro prazo de três meses a prefeitura conseguiu economizar R$19 milhões na folha de pagamentos, apesar do aumento da ordem 27% no próprio salário, que beneficiou em torno de 500 integrantes da elite do funcionalismo municipal. 

Desde abril, o salário da prefeita, que serve como teto para o serviço público municipal, passou de R$21,2 mil para R$26,9 mil. Em fevereiro de 2026 sobe para R$31,9 e um ano depois, para R$35,4 mil.

Enquanto isso, porém, a base do funcionalismo está há três anos sem reajuste e, com a renovação de decreto, a possibilidade de pôr fim ao congelamento acaba de vez. 

Além da redução dos R$19 milhões na folha de pagamento, a administração municipal também reduziu em quase um milhão de reais os gastos com locação de imóveis, conforme afirmou a Prefeita em 18 de junho.

De acordo com ela, “mais de cinco imóveis” teriam sido devolvidos nestes três meses de vigência do decreto de arrocho de gastos. 

 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).