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Usina de R$ 900 mil do 'prefeito mais novo de MS' está na mira do MP

Gestor de Rio Brilhante virou alvo após comprar e 'estacionar' modelo semelhante ao que a Capital precisou de consórcio, com outros quatro municípios, para operacionalizar e bancar os custos

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Eleito aos 26 anos, Lucas Centenaro Foroni, "o prefeito mais novo do MS" que chefia o Executivo em Rio Brilhante, está na mira do Ministério Público após aquisição de uma usina de asfalto pelo preço de R$ 900 mil virar alvo de notícia crime, isso porque o município queria "bancar" sozinho a produção de concreto, em um modelo em que a Capital, por exemplo, precisou de consórcio com outras quatro cidades para tocar em frente.

Como bem destacou o prefeito ainda na época da compra, em junho de 2021, a "usina processadora de concreto asfáltico usinado a quente, e espargidor rebocável", deveria reduzir em 40% o custo da pavimentação em Rio Brilhante.

Entretanto, ainda no final de 2022 o maquinário já era alvo de notícias entre a mídia local, que apontavam que esse maquinário sequer chegou a ser usado e estaria "estacionado" por cerca de 12 meses consecutivos sem uso desde a compra.

"A máquina adquirida nunca foi usada pelo Poder Público e encontra-se em lamentável estado de deterioração, conforme faz prova os documentos em anexo, em evidente ato de improbidade administrativa devido a efetiva lesão ao erário, perda patrimonial e dilapidação do bem público", aponta trecho da notícia de fato. 

Já em 31 de agosto do ano passado, foi determinado que o técnico da promotoria de Justiça encontrasse e constatasse por foto as atuais condições do maquinário, o que foi feito e assinado pelo profissional Valter Ribeiro dos Santos Júnior, em 04 de setembro de 2023. 

Conforme o técnico, a "usina de asfalto quente" foi localizada, dividida e armazenada em dois espaços diferentes, sendo que enquanto dois toneis estavam no terreno da chamada "oficina da Prefeitura", a parte central estava no terreno ao lado em uma propriedade particular. 

'Mirou no que viu'

A promotoria de Justiça solicitou ao município que fosse informada a situação do bem adquirido, se vem sendo realizadas manutenções periódicas, bem como se vem sendo utilizado. 

Em outubro do ano passado, o então secretário Municipal de Infraestrutura, Hugo Koji Suekame, detalhou que a ideia do Executivo ainda na época da compra era que a Prefeitura, através da pasta, "iria operacionar o equipamento com seu quadro profissional e aquisição de insumos para seu processamento". 

O município então buscou estudo ambiental e, em paralelo, realizou uma licitação para comprar os insumos necessários, com a ideia de produzir por conta própria o chamado Concreto Betuminoso de Usina à Quente (CBUQ), a que não atraiu interesse de nenhuma empresa e deu deserta. 

Com isso, o município partiu em busca de novos estudos de viabilidade de mercado, comparando as seguintes soluções: 

  1. | Produção por conta própria, equipe e materiais
  2. | Contratação de mão de obra qualificada para a produção do CBUQ
  3. | Concessão do espaço e equipamento.

Com base em uma produção estimada de 14.265 toneladas de concreto anualmente, o valor estimado a ser gasto pela Prefeitura para a produção seria de 8.424.909,00, segundo levantamento feito pelo setor de engenharia do município de Rio Brilhante. 

Se comparada com a terceirização da mão de obra, o gasto anual previsto nesse segundo, conforme o município, seria de R$ 9.976.085,1. 

Já para o 3º caso, o Executivo frisa que "não é possível calcular o lucro da empresa" pelos diversos fatores, que vão desde quantidade; demanda; variação de preços e custos.

"Porém, a Administração considerando o investimento na aquisição da usina, de R$ 766.869,81, estimam-se 5% de porcentagem mínima para a concessão, calculados sobre o valor estimado de produção", expõe o documento do secretário de infraestrutura. 

Levando em conta a estimativa de concessão de 5%, o valor médio anual previsto pela prefeitura é de R$ 421.245,45, fato que faria o município recuperar o investimento na compra da usina em aproximadamente 2,2 anos. 

"A alternativa da concessão é a solução mais viável, na qual estamos procedendo o processo administrativo licitatório, conforme, intenção de compra já enviado via memorando pelo Sistema 1doc", cita o documento assinado por Hugo Koji Suekame em outubro do ano passado. 

Enquanto isso...

Como mostrado pelo Correio do Estado, para adquirir um modelo dessa usina móvel de pavimentação asfáltica, mais pá carregadeira, a cidade de Campo Grande precisou aderir ao chamado "Consórcio Central MS", ao lado de outros quatro municípios. 

Através da união da Capital; Jaraguari; Dois Irmãos do Buriti; Terenos e Sidrolândia no Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região Central de Mato Grosso do Sul, os municípios desembolsaram R$ 5 milhões. 

Isso porque, por meio dessa usina, a promessa que vem junto, além de reduzir os custos, é "asfaltar uma rua inteira em dois dias". 

Nesse caso Campo Grande foi quem arcou com a maioria dos custos (80%), destinando R$ 4 milhões, enquanto os demais municípios desembolsaram: 

  • R$ 494,1 mil - Sidrolândia
  • R$ 224,1 mil - Terenos 
  • R$ 156,6 mil - Dois Irmãos do Buriti
  • R$ 125,2 mil - Jaraguari

Nessa empreitada é somado R$ 1,4 mi, destinados pela então Senadora, Tereza Cristina, para compra da máquina que espalha e nivela o asfalto enquanto acontece a pavimentação, conhecido como "vibro acabadora", fechando o ciclo de produção. 

Nessa estratégia do consórcio, a projeção de economia de 35% se dá ao fato de não ter incidência de impostos na transação - diferente do que seria com fornecedor privado - e como o consórcio não busca lucro há entrega do material ao preço menor. 

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energia renovável

Brasil atinge marco de 50 GW em energia solar e entra no top 6 mundial

Energia solar é a segunda maior fonte de energia do país, ficando atrás apenas das hidrelétricas

26/11/2024 22h00

Placas de energia solar

Placas de energia solar Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O Brasil alcançou um marco significativo no setor de energia solar, superando 50 gigawatts (GW) de potência instalada operacional. Com esse feito, o país se junta a um grupo seleto de nações líderes em energia solar, ocupando a sexta posição no ranking global, atrás apenas de China, Estados Unidos, Alemanha, Índia e Japão.

Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a geração distribuída, que inclui pequenos e médios sistemas, lidera com 33,5 GW, enquanto as grandes usinas solares contribuem com 16,5 GW. Essa capacidade representa 20,7% da matriz elétrica brasileira, posicionando a energia solar como a segunda maior fonte, atrás apenas da hidrelétrica.

O setor solar tem impulsionado significativamente a economia brasileira desde 2012, gerando investimentos de R$ 229,7 bilhões e uma arrecadação de R$ 71 bilhões em impostos. Além disso, contribuiu para a redução de 60,6 milhões de toneladas de emissões de CO2.

No entanto, a recente decisão do governo de aumentar o Imposto de Importação sobre insumos e componentes de painéis solares de 9,6% para 25% tem gerado preocupações no setor. A Absolar critica a medida, argumentando que pode desacelerar o crescimento da energia limpa no país.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) defende a elevação do imposto como uma estratégia para fortalecer a indústria local e criar empregos no Brasil.

Ranking mundial de potência acumulada em energia solar:

China: 817 GW
Estados Unidos: 189,7 GW
Alemanha: 94,36 GW
Índia: 92,12 GW
Japão: 90,4 GW
Brasil: 50 GW

*Com informações de Agência Brasil

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Feminicídio

Faca foi o instrumento mais utilizado para matar mulheres em MS

Conforme Sejusp, 11 dos 30 feminicídios deste ano foram causados por armas brancas

26/11/2024 19h45

Em ordem (de cima para baixo, da esquerda para direita)- Cristiane, Joelma, Marta, Dayane, Mariana, Sueli, Gisieli e Marlene.

Em ordem (de cima para baixo, da esquerda para direita)- Cristiane, Joelma, Marta, Dayane, Mariana, Sueli, Gisieli e Marlene. Foto: Montagem / Correio do Estado

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Levantamento realizado pelo Correio do Estado nesta terça-feira (26) constatou que 11 dos 30 feminicídios deste ano foram provocados por arma branca em Mato Grosso do Sul. Entre as vítimas, quatro mulheres que residiam em Campo Grande e outras sete no interior do Estado.

Na Capital, foram vítimas Joelma da Silva André, Dayane Xavier da Silva, Cristiane Eufrásio Millan e Regina Fátima Monteiro de Arruda.

No interior, morreram apunhaladas Maria Rodrigues da Silva, Marta Leila Silva Neto, Gisieli de Souza, Mariana Agostinho Defensor, Marlene Salete Mees, Vanessa de Souza Amâncio e Sueli Maria Conceição da Silva.

Em fevereiro, a diarista Joelma da Silva André, 33 anos, foi morta pelo próprio marido, Leonardo da Silva Lima, após sofrer nove facadas, três delas no rosto, cinco nas costas e uma no tórax, crime que ocorreu no bairro Nova Campo Grande.

No mês seguinte, em março, Dayane Xavier da Silva, 29, foi morta por quatro facadas pelo marido  Thiago Echeverria Ribeiro, de 38 anos, no Bairro Nova Campo Grande. Em agosto último, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida o condenou a 21 anos em regime fechado.

Contratada para um programa sexual, Cristiane Eufrásio Millan, 42, foi morta em abril deste ano com 36 facadas após se recusar a fazer sexo com Sérgio Guenka, 52. Conforme apurado à época, ambos estavam na residência de Guenka, que após matá-la, dormiu ao lado de seu corpo por dois dias consecutivos.

Na ocasião, a defesa de Guenka alegou esquizofrenia do homem, que morreu no Hospital Regional após passar mal na Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande, em agosto último.

Vítima do próprio filho de 16 anos, Regina Fátima Monteiro de Arruda, de 52, foi morta com 20 facadas, sendo 9 delas no rosto. O jovem disse que era humilhado pela mãe, fator que, segundo ele, motivou o crime. O fato ocorreu na Rua Macarai, no Jardim Zé Pereira. Na data, o garoto foi custodiado em uma unidade penal.

Interior

Em São Gabriel do Oeste, em janeiro, Maria Rodrigues da Silva, 66 anos, foi morta pelo ex-companheiro, de 69 anos, ao ser atingida por uma facada no torax após discucutirem por conta de um veículo, briga que também envolveu o neto da vítima.

Nove dias depois, em Coxim, Marta Leila Silva Neto, 36 anos, foi morta pelo namorado Sipriano Nascimento de Oliveira, durante uma discussão na qual tentava expulsá-lo de casa. À época, segundo o boletim de ocorrência, Marta teria ido até a cozinha e buscado uma faca após sentir-se acuada por Sipriano, que revidou por diversas vezes contra a mulher, que morreu no local.

Esfaqueada no pescoço pelo próprio irmão, Giovani de Souza, Gisieli de Souza, 28 anos, morreu em Dourados após discussão familiar. Conforme a polícia, o crime ocorreu após ambos se desentenderem. Gisieli lutou pela vida por 15 dias, mas não resistiu.

Em Ivinhema, Mariana Agostinho Defensor, de 32 anos, foi morta a facadas pelo companheiro, que confessou o crime após passar um período inconsciente. O crime ocorreu em setembro e a jovem passou um dia desaparecida até ser encontrada pela polícia. Na ocasião, o nome do homem não foi divulgado.

No mesmo mês, Marlene Salete Mees, de 54 anos, foi morta por nove facadas pelo marido, crime que aconteceu no bairro Fração da Chácara, em Amambai. O homem cometeu o crime na frente da filha da vítima, de apenas 11 anos.

No último dia 10 deste mês, Vanessa de Souza Amâncio, 43 anos, foi morta pelo ex-marido, Gecildo Gomes, no bairro Santa Terezinha, em Três Lagoas.

Uma semana depois, Sueli Maria Conceição da Silva, de 56 anos, foi morta a golpes de faca no Jardim Paraíso, em Naviraí. O ex-companheiro, Carlos Pereira da Silva, de 45 anos, foi apontado como autor do crime.

Recolhimento

Para a psicóloga Pietra Garcia Oliveira (28), psicopedagoga e analista comportamental, o alto índice de feminicídios causados por arma branca pode ser explicado também pelo recolhimento de armas de fogo. “Na ausência da arma de fogo, esses crimes acontecem com armas brancas e objetos perfurocortantes”, disse ao Correio do Estado.

“Por muita das vezes, há que se atentar, inclusive, às narrativas de defesa da honra por parte dos homens, que por algum motivo, se sintam invalidados, e adotem esse tipo de comportamento”, acrescentou Pietra Garcia.

A profissional destacou que é preciso pensar políticas públicas efetivas que protejam as mulheres e busquem reduzir os casos, uma vez que os crimes se repetem anualmente. 

Desde 2015, a Lei 13.104/2015 categoriza o crime de feminicídio. De lá para cara, segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), 335 mulheres foram vitimadas em todo o Estado.

Entre os demais feminicídios do ano, 10 mortes envolveram agressões, oito mulheres foram vítimas de arma de fogo, além de uma morte por atropelamento.

Colaborou Alicia Miyashiro 

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