Grupo de moradores que invadiu um terreno na região do Dom Antônio Brabosa não deve ter tranquilidade na próxima abordagem da prefeitura.
Eneas José de Carvalho, Diretor-Presidente da Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários de Campo Grande, (AMHASF) alerta caso o tereno seja invadido por uma terceira vez, “vamos dar voz de prisão”.
De acordo com Denise Campos, 30 anos, o grupo pretende continuar as invasões. “Hoje cobrimos com lona porque ameaçaram que iam derrubar de novo, só cobriram os paus com lona para mostrar que não vamos desistir”.
O secretário da Amhasf se reuniu com as pastas de Segurança Pública e de Meio Ambiente para montar uma ação conjunta e, se necessário, retirar os invasores.
Depois de terem sido retiradas pela Guarda Municipal na segunda-feira, 27, cerca de 150 famílias voltaram a invadir um terreno público, na manhã desta terça-feira, 28. Os barracos levantados para ocupar a área foram destruídos por uma patrola.
O terreno em questão está localizado às margens da BR-262, próximo ao aterro sanitário que gera disputas nos últimos meses. Ele é de posse da prefeitura, e foi alvo pelos moradores, pois eles contestam a limpeza feita.
Eliane Souza, 40 anos, é catadora e é uma das pessoas que participou da invasão. “Dizem que a área é do município e não pode ocupar, mas olha a situação, é só lixo”, avalia.
O secretário avalia que este é um problema causado pelos próprios moradores da área. “Tínhamos um projeto de arborização para área cercamos o terreno, mas eles retiraram tudo”, diz ele.
As famílias fizeram uma Barricada na Avenida Evelina Figueiredo Selingardi, um dos principais acessos ao atual lixão. Todos os presentes ali estão atrás de uma moradia.
Eliane relata que muitos ali não têm para onde ir, “tem gente dormindo em cabana de índio, muitas famílias despejadas, muitas pessoas não conseguiram pegar casa do governo, que ficaram na favela antiga e não conseguiram ganhar casa”.
Rogério Sebastião Buso, Chefe de setor de Fiscalização da Secretaria de Habitação (SEHAB), argumenta que “Eles [o grupo] têm que seguir a regra. A regra hoje é sorteio. Todo mundo tem que participar. Nós temos hoje um deficit de 42 mil famílias na fila”.
Rogério segue dizendo que “não é justo invadir um local e beneficiar essas pessoas. [Outras famílias] também estão pagando aluguel e não estão invadindo”.
Eliane diz que em um dos sorteios conseguiu sua casa. No entanto, ela aderiu ao movimento por causa dos filhos, um deles de 19 anos trabalhava na Solurb e ficou desempregado. “Eu estou aqui por eles”, conta a catadora que ainda segue na operadora de coleta de lixo.
Como alternativa, a prefeitura ofereceu a remoção das famílias para as escolas que estão abrigando pessoas em situação de rua. “Vai ficar um monte de aglomeração e todo mundo doente, vai morrer lá, não tem UTI, não tem nada, então a gente resolveu ficar aqui a céu aberto”.
Rogério sugere a via legal para as famílias como a de Eliane. “Sorteio em praça pública, com presença do Ministério público, Defensoria Pública, OAB, Prefeitura, Secretaria de habitação, a própria Agehab, então, tem que seguir regras”, finaliza.
Disputa na região
A região invadida é alvo de outra disputa. No começo deste mês a prefeitura anunciou que o novo aterro sanitário de Campo grande, com capacidade para mil toneladas de lixo diário, seria implantado nas proximidades do lixão atual.
A Solurb havia indicado a fazenda Santa Paz, juntamente à empresa Flora Brasil, localizada entre duas Áreas de Proteção Ambiental (APA), do Guariroba e do Lajeado.
É nessas áreas que a capital faz a captação de água para consumo humano. Segundo relatório das duas empresas, não haveria nenhum prejuízo à cidade com a implantação do Aterro Ereguaçu.
Como já levantado pelo Correio do Estado, o lixão atual tem apenas mais dois anos de capacidade de recebimento. Desde 2012, quando o acordo foi assinado, já era previsto a alteração localidade.
A nova instalação deve receber resíduos de outras cidades da região Central do estado, como São Gabriel do Oeste, Bandeirantes, Jaraguari, rio Negro, Corguinho Dois Irmãos do Buriti e Rochedo.