Correio B

CINCO PERGUNTAS

A fama de mau de Heitor Martinez

O ator aumenta sua longa lista de vilões ao viver o torpe Bernardo de "Amor Sem Igual"

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O posto de antagonista é um velho conhecido de Heitor Martinez. Novamente na pele de um vilão em “Amor Sem Igual”, o ator simplesmente parou de procurar algo que justifique tantos convites para a função. “Devo ter cara de mau (risos). Na verdade, fico lisonjeado quando me chamam porque sabem que é algo que sei fazer bem. Já fiz outras coisas na tevê, mas foram os malvados que marcaram”, analisa o intérprete do frio e esforçado Bernardo. Na trama de Cristianne Fridman, Bernardo tem como missão principal acabar com a vida de Angélica, protagonista de Day Mesquita. “Ela escapa de várias tentativas e acaba virando uma obsessão para o Bernardo”, explica.

Natural do Rio de Janeiro, Heitor cursava jornalismo quando, para perder um pouco a timidez, resolveu procurar uma escola de teatro. A paixão pela atuação foi imediata e ele logo encontrou seu lugar no cinema, teatro e televisão, onde estreou em “Decadência”, minissérie de 1995. Com uma breve passagem pelo SBT, o ator desenvolveu a primeira parte de sua carreira na Globo, onde ficou por uma década e participou de sucessos como “Uga-Uga” e “Senhora do Destino”. Na sequência, tornou-se um dos principais atores do “casting” da Record, onde ficou por 12 anos e esteve em produções como “Vidas Opostas” e “Os Dez Mandamentos”. Aos 51 anos, o ator agora celebra sua independência artística ao transitar entre as emissoras com contrato apenas por obra. “Sei que um vínculo longo de trabalho significa estabilidade. Mas estou adorando esse momento onde posso trabalhar em qualquer lugar e manter as portas abertas. É libertador”, destaca. 

P - “Amor Sem Igual” é sua volta à Record após uma breve passagem pela Globo em “O Sétimo Guardião”. Como foi esse retorno?

R - Foi bem tranquilo. Acho que mostra que a televisão está em outro momento. Por muitos anos, o fluxo de atores entre as emissoras era bem complicado e isso era ruim para o mercado como um todo. Acho que são trabalhos que evidenciam a minha independência como ator. Fui fazer a novela na Globo convidado pelo Aguinaldo Silva. Estava me preparando para fazer teatro quando a direção de “Amor Sem Igual” me ligou dizendo que tinha um personagem para mim. Tudo sem qualquer problema ou constrangimento.

P - Você ficou contratado da Record por cerca de 12 anos. Agora, seu vínculo é por obra. Como encara essa nova realidade?

R - É claro que é ótimo ter um contrato de prazo longo e poder contar com essa estabilidade. Ao mesmo tempo, é uma relação de trabalho onde tenho que corresponder ao investimento da emissora ao longo de muito tempo. Assinei por obra e acho que é o melhor jeito de se trabalhar hoje em dia. Depois da novela, posso facilmente viajar com um espetáculo, fazer cinema, canal fechado. É bacana ter esse poder de seleção.

P - Sua carreira é marcada por vilões e o Bernardo é mais um para essa longa lista. Você se incomoda com essa categorização da tevê?

R - Já pesou mais. Hoje eu foco mais na qualidade do personagem, sem ligar muito se ele é bonzinho ou malvado. Eu aceitei o Bernardo antes de ler (risos). O Rudi (Lagemann, diretor) me ligou falando que tinha um vilão que era a minha cara. Depois de muitos anos de carreira, as pessoas já sabem o que um ator pode entregar em certos tipos. Mas isso não quer dizer que é tudo mais do mesmo. Cada vilão tem suas especificidades.

P - Qual o principal diferencial do Bernardo?

R - A frieza, sem dúvida. Ele é zero remorso e parece não ter realmente chance de salvação. É um sujeito extremamente impulsivo e que não mede esforços para conseguir o que quer. O legal disso tudo é que os planos nem sempre saem como o previsto e ele acaba se enrolando. É bem diferente, por exemplo, do Jackson de “Vidas Opostas”, um dos personagens mais legais que fiz na casa, que era sanguinário, mas tinha coração (risos).

P - Você rompeu com a Record depois de emendar duas tramas bíblicas. É um tipo de teledramaturgia que não lhe interessa?

R - Eu saí da Record pela vontade de trabalhar com o Aguinaldo (Silva) mesmo. Estive em duas tramas dele, “Suave Veneno” e “Senhora do Destino” e foi um convite muito generoso. Acho que a Record se encontrou nas produções bíblicas, mas não é por isso que precisa seguir apenas por esse caminho. O trabalho feito em “Topíssima” e agora em “Amor Sem Igual” é muito importante para diversificar a grade de programação e também “aquecer” o mercado.

OSCAR 2026

Wagner Moura tem 91,34% de chance de vencer o Oscar, aponta ranking

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

21/12/2025 23h00

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62% Divulgação

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As expectativas brasileiras para o Oscar 2026 crescem antes mesmo do anúncio oficial dos indicados, previsto para 22 de janeiro. Wagner Moura aparece entre os nomes mais fortes da disputa pelo prêmio de melhor ator, segundo um novo levantamento do site especializado Gold Derby.

De acordo com a projeção, o ator brasileiro tem 91,34% de chance de vitória, porcentual que o coloca na terceira posição entre os 15 nomes mais bem colocados na categoria. A lista reúne artistas que já figuram entre os pré-indicados e aqueles acompanhados de perto durante a temporada de premiações.

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%. Wagner aparece logo atrás, à frente de nomes como Michael B. Jordan e Ethan Hawke.

As estimativas do Gold Derby são elaboradas a partir da combinação de previsões de especialistas de grandes veículos internacionais, editores do próprio site que acompanham a temporada de premiações e um grupo de usuários com alto índice de acerto em edições anteriores do Oscar.

O Agente Secreto está entre os pré-indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional e de Melhor Escalação de Elenco, em lista divulgada no último dia 16, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

A cerimônia do Oscar 2026 está marcada para 15 de março, com transmissão da TNT e da HBO Max, e terá novamente Conan O’Brien como apresentador. A edição também deve ampliar a presença brasileira na premiação: produções nacionais como O Agente Secreto já figuram em listas de pré-indicados da Academia, em categorias como Melhor Filme Internacional e Melhor Escalação de Elenco.

Ranking do Gold Derby para o Oscar 2026 de melhor ator:

1. Leonardo DiCaprio (95,08%)

2. Timothée Chalamet (93,62%)

3. Wagner Moura (91,34%)

4. Michael B. Jordan (83,35%)

5. Ethan Hawke (73,46%)

6. Joel Edgerton (25,24%)

7. Jesse Plemons (7,09%)

8. George Clooney (4,25%)

9. Jeremy Allen White (4,06%)

10. Dwayne Johnson (2,64%)

11. Lee Byung Hun (2,52%)

12. Oscar Isaac (0,83%)

13. Daniel Day-Lewis (0,39%)

14. Brendan Fraser (0,31%)

15. Tonatiuh (0,24%)
 

Correio B+

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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