Correio B

CRÍTICA

A tragédia da erva-mate

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Egresso das hordas da chanchada e da produção de um cinema mais comercial, como se isso fosse um pecado, Roberto Farias precisa ainda se cacifar como um diretor com preocupações sociais quando se lança a realizar, em 1963, “Selva Trágica”, longa-metragem que, na linha do romance de Hernâni Donato que lhe fornece o argumento, “Selva Trágica: A Gesta Ervateira do Sulestematogrossense” (1959), apresenta uma contundente denúncia sobre a exploração dos ervateiros na região de Ponta Porã.

No livro, os fatos se passam nas décadas de 1920 e 1930. Na tela, a precisão das datas é borrada, assim como não aparece o nome da empresa, Mate Laranjeira, pela qual os trabalhadores eram tratados em regime de escravidão, alimentando-se mal, multiplicando dívidas e sendo castigados por eventuais tentativas de fuga. 
No mais, a partir daí, o longa de ficção se aproxima em vários momentos da narrativa documental, em sua busca de registrar a realidade de um Brasil injusto e bem mais ignorado pelo cinema de então que o Nordeste. Como, aliás, ainda é.

Logo no início, Pablo, personagem que conduz o enredo, interpretado por Reginaldo Faria, irmão do diretor, faz sentinela do alto de uma árvore, arma em punho. Pablo é um insurgente e não admite as condições impostas. Prefere seguir errático pela mata, negociando ele mesmo a erva que recolhe por conta própria, resistindo como pode ao grilhão e, por fim, optando pelo conflito à bala após mais uma fuga. Mas Pablo também ama Flora (Rejane Medeiros) e com ela quer ter uma vida digna de marido, algo impensável naquele feudo de desigualdades, onde qualquer aldeã é mulher de todos.

Esse plot de objetificação da figura feminina, se não cede terreno ao romantismo do casal de improvável final feliz, ante as circunstâncias, não chega a dissolver por completo a promessa de amor naquele ambiente miserável. É por isso que Pablo foge com Flora e seu parceiro, interpretado por Jofre Soares. 

O destino é a fronteira e, de lá, o território paraguaio. Tudo muito difícil e, uma vez mais, improvável. A condução de Farias é linear, com uma composição de imagem que busca o documento e não o espetáculo.

A fotografia em preto e branco de José Rosa, de um cinza áspero, a mergulhar o homem na paisagem por força de quadros abertos e do plano-sequência, abre o olhar para um Roberto Farias que, do mesmo modo que exerceu até ali e depois o cinema de gêneros, souber beber na referência e na sensibilidade do neorrealismo italiano, esteio dos cinemanovistas que, muitas vezes, viam no diretor um mascate de bilheteria. Um preconceito que mesmo o engajamento do excelente “Assalto ao Trem Pagador”, filme anterior de Farias, não conseguira apagar.

“Selva Trágica”, menos imbuído de artifícios do filme de ação, fez o realizador ser visto com mais respeito pela turma do cinema de autor, pilotada por Glauber Rocha. A presença de Maurício do Vale, outro ator recorrente no cinema novo, assim como Jofre Soares, e uma possível analogia de Flora com a Rosa (Yoná Magalhães) de “Deus e o Diabo” podem dar “pano pra manga” nesse debate.

A destacar ainda o lirismo da trilha sonora, que cruza o violão de Luiz Bonfá com a harpa paraguaia (Luis Bordon) e vozes fronteiriças (Maria Helena Toledo e Trio Paraná). Visto seis décadas depois, o filme se estabelece como um marco da representação do Oeste brasileiro.

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PRÊMIO

Oscar: Quem são os brasileiros que foram pré-indicados?

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou a "shortlist" de doze categorias, com produções e profissionais brasileiros aparecendo em cinco delas.

16/12/2025 22h00

Wagner Moura no filme

Wagner Moura no filme "O agente secreto" Divulgação

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O Brasil apareceu em peso entre os pré-indicados ao Oscar 2026. Nesta terça-feira, 16, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou a "shortlist" de doze categorias, com produções e profissionais brasileiros aparecendo em cinco delas. A lista final de indicados será revelada em 22 de janeiro.

'O Agente Secreto - Melhor Filme Internacional

O filme de Klebler Mendonça Filho é um dos 15 semifinalistas na categoria de filme internacional, concorrendo com produções como Foi Apenas um Acidente e Valor Sentimental.

O longa-metragem tem tido uma bem-sucedido carreira internacional, com veículos especializados já considerando a indicação na categoria como certa. O filme também é cotado para concorrer a Melhor Ator, com Wagner Moura, e Melhor Filme.

Gabriel Domingues - Melhor Escalação de Elenco por 'O Agente Secreto'

O Agente Secreto ganhou ainda uma vaga entre os pré-indicados a Melhor Escalação de Elenco, categoria que fará sua estreia no Oscar 2026. O filme concorre com produções como Frankenstein, Hamnet, Marty Supreme e Uma Batalha Após a Outra.

O profissional responsável pela escalação do elenco de O Agente Secreto é Gabriel Domingues, produtor com longa experiência na indústria. Pelo trabalho no filme brasileiro, ele também apareceu na shortlist de melhor elenco do Critics Choice Awards.

O Agente Secreto conta com, além de Wagner Moura, nomes como Maria Fernanda Cândido, Tânia Maria, Gabriel Leone, Alice Carvalho e Udo Kier.

'Apocalipse nos Trópicos' - Melhor Documentário

O documentário Apocalipse nos Trópicos, da cineasta Petra Costa, está entre os pré-indicados ao Oscar de Melhor Documentário. O filme aborda a relação entre política e religião no Brasil e traz entrevistas com personalidades como o presidente Lula e o pastor Silas Malafaia.

A cineasta brasileira foi indicada na mesma categoria em 2020, com o documentário Democracia em Vertigem (2019). Na ocasião, a estatueta ficou com American Factory. Neste ano, ela tem como concorrentes filmes como The Perfect Neighbor, Cover-Up e Yanuni, coprodução brasileira.

'YANUNI' - Melhor Documentário

O documentário dirigido por Richard Ladkani também ganhou uma vaga entre os pré-indicados na categoria. O filme é coproduzido pela Cacica Juma Xipaia, brasileira que é uma das lideranças indígenas do povo Xipaya, e pelo ator Leonardo DiCaprio.

O longa acompanha a trajetória de Juma e do marido, o agente do Ibama Hugo Loss, na luta contra o avanço da mineração e do garimpo em terras indígenas na Amazônia. O filme foi bem recebido em festivais internacionais e ganhou o Prêmio do Público de Documentário Internacional na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Adolpho Veloso - Melhor Fotografia por 'Sonhos de Trem'

O brasileiro Adolpho Veloso tentará uma indicação na disputada categoria de Melhor Fotografia por seu trabalho no filme Sonhos de Trem, dirigido por Clint Bentley e disponível na Netflix.

Paulista de 37 anos, Adolpho tem ganhado destaque em Hollywood e vai trabalhar no próximo filme de M. Night Shyamalan. Seu trabalho em Sonhos de Trem tem sido elogiado pela crítica e também foi indicado ao Spirit Awards, premiação do cinema independente, e ao Critics Choice Awards.

'Amarela' - Melhor Curta-Metragem

O curta Amarela, de André Hayato Saito, está pré-indicado a Melhor Curta-Metragem Live-Action. Ele também chegou a ser o único representante da América Latina a disputar a Palma de Ouro de curta-metragem, no Festival de Cannes, em maio, mas o prêmio foi concedido a I'm Glad You're Dead Now, de Tawfeek Barhom.

O filme acompanha Erika Oguihara, uma adolescente nipo-brasileira que rejeita as tradições de sua família japonesa, e torce pela seleção brasileira no jogo contra a França da final da Copa do Mundo de 1998. Ela, porém, sofre uma violência.

magia

Caravana de Natal da Coca-Cola passa por Campo Grande nesta terça; veja o trajeto

Caminhões estarão enfeitados com luzes natalinas, sistema de bolhas d'água, decoração interativa, painéis LED, cenografia natalina, cenários montados e Casa móvel do Papai/Mamãe Noel

16/12/2025 12h00

Carretas natalinas da Coca Cola vão passar em Campo Grande

Carretas natalinas da Coca Cola vão passar em Campo Grande DIVULGAÇÃO/Coca Cola

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Faltam 9 dias para o Natal e a tradição de sair às ruas para acompanhar a passagem das carretas de Natal da Coca-Cola está de volta.

Caravana Iluminada de Natal percorre ruas e avenidas de Campo Grande nesta terça-feira (16). 

Os caminhões estarão enfeitados com luzes natalinas, sistema de bolhas d’água, decoração interativa, painéis LED, cenografia natalina, cenários montados e Casa móvel do Papai/Mamãe Noel.

Confira os trajetos e horários:

CAMPO GRANDE - 16 DE DEZEMBRO -  19H

  • INÍCIO - 19 horas – Comper Itanhangá – Avenida Ricardo Brandão
  • Avenida Arquiteto Rubens Gil de Camilo
  • Avenida Afonso Pena – Bioparque Pantanal até a 13 de maio
  • Avenida Ceará
  • Avenida Mato Grosso – apenas três quadras
  • Avenida Antônio Maria Coelho
  • Avenida 14 de julho
  • Avenida 13 de Maio – apenas três quadras
  • Avenida Eduardo Elias Zahran
  • Avenida Bom Pastor
  • Avenida Toros Puxian
  • Avenida Dr. Olavo Vilella de Andrade
  • FIM – Avenida Gury Marques

Carretas natalinas da Coca Cola vão passar em Campo Grande

 

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