Correio B

Memória

Academia Sul-Mato-Grossense de Letras destaca hoje, em evento, a trajetória de Olivia Enciso

Raquel Naveira, Reginaldo Araújo e Rubenio Marcelo, membros da entidade, serão os conferencistas da noite, com entrada franca

Fomentadora de entidades e escolas, como a Sociedade Miguel Couto dos Amigos do Estudante, Oliva Enciso também contribuiu para a fundação da Faculdade de Odontologia e Farmácia, que mais tarde deu origem à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Fomentadora de entidades e escolas, como a Sociedade Miguel Couto dos Amigos do Estudante, Oliva Enciso também contribuiu para a fundação da Faculdade de Odontologia e Farmácia, que mais tarde deu origem à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Arquivo/Correio

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Marcante personalidade da história sul-mato-grossense, Oliva Enciso (1909-2005), que em plena metade do século 20 foi um exemplo de pioneirismo na participação das mulheres na política estadual, tendo sido também grande educadora e personalidade literária, é a primeira homenageada pela Roda Acadêmica da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL) neste ano.

A saudosa ocupante da cadeira 22 da ASL será tema do evento programado para hoje, no auditório da sede da ASL, na Rua 14 de Julho, nº 4.653, às 19h30min. A importante trajetória de Oliva Enciso será lembrada com leituras e conversas sobre sua vida por meio dos imortais da ASL Raquel Naveira, Reginaldo Araújo e Rubenio Marcelo.

A atividade é presencial, a entrada é franca e o traje, esporte. Os chás e rodas acadêmicas deste ano são uma parceria entre a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e a Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura de Mato Grosso do Sul (Setesc), por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).

O evento terá também a participação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com o projeto Música Erudita e suas Fronteiras, realizado em parceria pela ASL e a UFMS dentro do projeto Movimento Concerto. Já o projeto de artes visuais Arte na Academia, parceria da ASL com a Confraria Sociartista, traz este ano artistas realizando pinturas ao vivo e leva hoje à entidade Gisele Mendonça e Rosane Bonamigo. No foyeur, após a palestra, haverá ainda uma apresentação do saxofonista Joaby Porto.

OLIVA ENCISO

O presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Henrique de Medeiros afirmou que a escolha de Oliva Enciso enfoca sua figura marcante na história de Mato Grosso do Sul, destacando-se como educadora, escritora e política pioneira. Nascida em 1909 em Corumbá, ela se mudou para Campo Grande em 1923. Desde jovem, demonstrou uma paixão pela educação.

Como política, sua trajetória começou em 1955, quando se tornou a primeira mulher vereadora de Campo Grande, cargo que ocupou até 1958. Em seguida, foi eleita a primeira mulher deputada estadual de Mato Grosso, antes da divisão do estado, exercendo o mandato de 1959 a 1963. Esses mandatos tornaram Oliva uma precursora da participação feminina na política do Estado.

Oliva foi defensora incansável da educação e da área social. Fundou a Sociedade Miguel Couto dos Amigos do Estudante, que funcionava como escola e orfanato, e esteve diretamente envolvida na criação de várias escolas, além do Senai e do Sesi. Ela também contribuiu para a fundação da Faculdade de Odontologia e Farmácia, que mais tarde deu origem à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Como escritora, publicou diversas obras, como “Biografias dos Patronos da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras”, “Pensai na Educação, Brasileiros” e “Palavras de Poesia”. Além disso, colaborou com crônicas e poesias publicadas no Suplemento Cultural do Correio do Estado. Ela também integrou o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (IHGMS). Deixou um legado de trabalho e dedicação à educação e ao desenvolvimento do Estado.

GISELE E ROSANE

O projeto da Confraria Sociartista com a ASL, Arte na Academia, promove uma sessão de pintura ao vivo com as artistas visuais Gisele Mendonça e Rosane Bonamigo. Gisele atua como artista profissional desde 1997 e já participou de diversas exposições coletivas e individuais em Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná. Sua pintura retrata “motivos coloridos e pop, com traços e texturas expressivas, sempre utilizando uma técnica que nos remete a uma arte mais ilustrativa”. Seus temas variam entre florais, pássaros, motivos sacros e figurativos.

Rosane é artista plástica e arte-educadora e tem uma longa trajetória na história das artes de MS. Faz parte de um grupo seleto das artes, com filme já produzido pelo cineasta Cândido da Fonseca, com a presença da sua arte em livros como “Vozes das Artes Plásticas de MS”. Participou de centenas de exposições, inclusive no exterior. 

MARCELO FERNANDES

A apresentação do projeto Música Erudita e suas Fronteiras, parceria da ASL com a UFMS dentro do projeto Movimento Concerto, terá este mês a participação do organizador da iniciativa: o violonista Marcelo Fernandes, bacharel em Violão pela Universidade de São Paulo (USP). O tema do recital será “Música brasileira do início do século 20”, em performance do professor doutor para violão solo.

Marcelo Fernandes, como violonista, já realizou concertos em inúmeros países, entre eles, Bélgica, Chile, França, Espanha, Colômbia, Alemanha, Paraguai, Suíça, Itália, Bolívia e Estados Unidos, além de ter recebido quatro primeiros prêmios em concursos nacionais e internacionais de interpretação instrumental. Mantém intensa atividade como compositor e pesquisador de canções, entre muitas outras participações acadêmicas e musicais.

JOABY PORTO

O saxofonista Joaby é o instrumentista que vai transitar entre o jazz, o soul, o pop e a música instrumental brasileira na apresentação no foyeur da ASL, na confraternização após o evento. Trata-se de “um artista, acima de tudo, comprometido com a arte de se comunicar por meio da música”. Os Chás Acadêmicos e as Rodas Acadêmicas deste ano têm suas apresentações de março a novembro, sempre nas últimas quintas-feiras de cada mês.

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OSCAR 2026

Wagner Moura tem 91,34% de chance de vencer o Oscar, aponta ranking

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

21/12/2025 23h00

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62% Divulgação

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As expectativas brasileiras para o Oscar 2026 crescem antes mesmo do anúncio oficial dos indicados, previsto para 22 de janeiro. Wagner Moura aparece entre os nomes mais fortes da disputa pelo prêmio de melhor ator, segundo um novo levantamento do site especializado Gold Derby.

De acordo com a projeção, o ator brasileiro tem 91,34% de chance de vitória, porcentual que o coloca na terceira posição entre os 15 nomes mais bem colocados na categoria. A lista reúne artistas que já figuram entre os pré-indicados e aqueles acompanhados de perto durante a temporada de premiações.

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%. Wagner aparece logo atrás, à frente de nomes como Michael B. Jordan e Ethan Hawke.

As estimativas do Gold Derby são elaboradas a partir da combinação de previsões de especialistas de grandes veículos internacionais, editores do próprio site que acompanham a temporada de premiações e um grupo de usuários com alto índice de acerto em edições anteriores do Oscar.

O Agente Secreto está entre os pré-indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional e de Melhor Escalação de Elenco, em lista divulgada no último dia 16, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

A cerimônia do Oscar 2026 está marcada para 15 de março, com transmissão da TNT e da HBO Max, e terá novamente Conan O’Brien como apresentador. A edição também deve ampliar a presença brasileira na premiação: produções nacionais como O Agente Secreto já figuram em listas de pré-indicados da Academia, em categorias como Melhor Filme Internacional e Melhor Escalação de Elenco.

Ranking do Gold Derby para o Oscar 2026 de melhor ator:

1. Leonardo DiCaprio (95,08%)

2. Timothée Chalamet (93,62%)

3. Wagner Moura (91,34%)

4. Michael B. Jordan (83,35%)

5. Ethan Hawke (73,46%)

6. Joel Edgerton (25,24%)

7. Jesse Plemons (7,09%)

8. George Clooney (4,25%)

9. Jeremy Allen White (4,06%)

10. Dwayne Johnson (2,64%)

11. Lee Byung Hun (2,52%)

12. Oscar Isaac (0,83%)

13. Daniel Day-Lewis (0,39%)

14. Brendan Fraser (0,31%)

15. Tonatiuh (0,24%)
 

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B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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