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Até o dia 1º de janeiro de 2025, uns e outros estarão roendo as unhas...Leia na coluna de hoje

Por Ester Gameiro ([email protected])

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Mário lago escritor brasileiro "Fiz o que quis e fiz com paixão. Se a paixão estava errada, paciência. Não tenho frustrações, porque vivi como em um espetáculo. Não fiquei vendo a vida passar, sempre acompanhei o desfile”.

FELPUDA

Até o dia 1º de janeiro de 2025, uns e outros estarão roendo as unhas na expetativa de ganhar uma boquinha no Paço Municipal. Os olhos estarão fixos naquela direção tal qual marujos perdidos no mar e desesperados para ver a luz do farol. A única certeza dessa tchurminha é de que se não conseguir se aboletar em qualquer cargo, poderá justificar dizendo que foi convidada, mas não aceitou.

Como escreveu Fernando Pessoa: “Querer não é poder. Quem pôde quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há de poder, porque se perde em querer”.

Patrimônio

O Senado iniciou a discussão da proposta de emenda à Constituição (PEC) que inclui o Pantanal Sul-Mato-Grossense entre os patrimônios nacionais. O projeto já passou por sua primeira discussão. A PEC é
de autoria da senadora Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias.

Mais

Ao justificar a sua proposta, Tereza Cristina mencionou as ocorrências, nos últimos anos, de incêndios e queimadas, ressaltando que cerca de 65% desse bioma se encontra em MS. A PEC ajudaria a fortalecer as políticas públicas de preservação.

Poderosa

Além da presidência da Câmara Municipal, a prefeita de Campo
Grande, Adriane Lopes, tem que se preocupar com a formação da poderosa Comissão de Constituição, Justiça e Redação.

Composta por cinco vereadores, é a única que pode se manifestar sobre todos os projetos em seus
aspectos constitucional, legal ou regimental. O seu comando também é muito importante no aspecto políticoadministrativo quando da tramitação de propostas.

Levantamento

A Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS) finalizou um levantamento de campo do uso e ocupação do solo da 1ª safra de 2024/2025.

A coleta dos dados foi realizada com base no Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio de MS (Siga-MS), em parceria com o governo estadual e o Sistema Famasul, e apurou as principais culturas
agrícolas implementadas em solo sul-mato-grossense.

Paula Volpe 

Duda Derani

Identificação

A equipe percorreu 29 mil quilômetros e georreferenciou 31,3 mil pontos em rodovias e estradas municipais, estaduais e federais entre novembro e dezembro. Foram identificadas as seguintes culturas: soja, cana-de-açúcar, eucalipto, pinus, seringueira, pasto, áreas remanescentes florestais e outras culturas. Os dados
serão compilados em material informativo segmentado por município. A previsão de divulgação é abril de 2025.

Aniversariantes 

  • Gláucia Aparecida da Silva, 
  • Faria Lamblem, 
  • Ricardo Thomaz, 
  • Elias Ishy de Mattos,
  • Wilson Carlos Bogue de Godoy,
  • Francisca Viana da Silva,
  • Leonardo Busato Zandavalli,
  • Maria José Carvalho e Castro,
  • Lilian Moreira da Silva,
  • Mariana Braga Montilha,
  • Manuel Francisco da Cruz,
  • Rogério Esteves Zamperlini,
  • Gilmar Santana da Silva,
  • Gilson Antônio Martins,
  • José Paulo Cuissi,
  • Cristiane Lopes Peralta, 
  • Francisco Alencar,
  • Denise Marinho Alves da Silva,
  • Carolina Garcia Barbosa,
  • Frei Nereu Todeskato,
  • José Guilherme Colombo,
  • Mateus Rodrigues Larrea,
  • Sílvio Martinês dos Santos,
  • Dr. Aldair Capatti de Aquino, 
  • Oscar Asato,
  • José Rodrigues Alves,
  • Alda Raghiant Benitez,
  • José Pessoa Jacobina,
  • Othoni Fontoura Barbosa,
  • Walter Silveira Belo,
  • Fernando Antonio 
  • Battesti de Oliveira,
  • Wilson Campos Widal Neto,
  • José Haroldo Antunes,
  • Wilson Marques Leite,
  • Rone Ruiz Dias Vasquez,
  • Natália Ishy Candia,
  • Maria Aparecida Freitas,
  • Waldemar de Souza Barbosa,
  • Zoenir Fernandes da Silva,
  • Sandra Salomão Nunes,
  • Argeu Neri de Melo,
  • João Nascimento da Silva,
  • Wagner de Oliveira Filippett,
  • Elza de Lurdes Pedroso,
  • Cícero Prado Sobral,
  • Maria Mônica de Oliveira Pizzatto,
  • Edvaldo Stivanelli,
  • Magno de Melo Freitas,
  • Dr. Jurandir José de Oliveira,
  • Edemilson Thomaz de Andrade,
  • Roberto Teixeira dos Santos Júnior,
  • Lenir Pinto Pereira,
  • Nilson Valter Pimentel,
  • André Ribeiro Soares,
  • Márcia Aparecida Antunes de Carvalho,
  • Renata Ferreira de Oliveira,
  • Nilmar Celente Bermudez,
  • Carlos Brasil Maciel,
  • Ahamed Arfux,
  • Acioli Ribeiro,
  • Cristyane Solange 
  • Azambuja Cavalcante,
  • Gilmar Fonseca Silva,
  • Edi Nunes Martins de Araujo,
  • José Ramon Soares Santana,
  • Silmar de Fátima Lima Ramos,
  • Carime de Carvalho Abreu,
  • Fabiani Fadel Borin,
  • Dr. Joarez Simão, 
  • Jacenira Mariano,
  • Ney Serrou dos Santos,
  • Érica Alves Correa,
  • Fernando Casani de Souza,
  • Raul Ernani Ferraz Mendes,
  • Manuella de Oliveira Soares Malinowski,
  • Fernanda Maia de Souza,
  • Paula Barbosa Cuppari,
  • Élio Ricardo Chadid da Silva,
  • Carla Janaína Barbosa,
  • Lilianne Nogueira de Oliveira Brites,
  • Izabella Alcantara Ribeiro,
  • Sandra Regina Cimatti Moreira,
  • Haroldo Pires de Queiroz,
  • Liana de Souza Pietramela,
  • Márcia Bohn da Vida,
  • Alessandra da Silva Gouveia Macedo,
  • Pedro Alves Pereira,
  • Cândido Burgues de Andrade Filho,
  • Marcelo Cardozo Tomé Rolinho, 
  • Florinda Maria de Figueiredo,
  • Mário Sérgio Aramis Monteiro,
  • Maria Rita de Souza Barbosa,
  • Luís Henrique Menezes,
  • Claudia Maria dos Santos Corrêa,
  • Marcelo Oliveira de Mattos,
  • Cristina Aparecida Galeazzi, 
  • Joselito Ferreira de Camargo,
  • Izanilda Carlos dos Santos,
  • Maria Conceição de Souza Barbosa,
  • Aline Sandra de Souza Rodrigues,
  • Carolina Ribeiro Pereira,
  • João Lopes de Araújo,
  • Ana Maria Ramos Pinto,
  • Pamela Antunes da Silva,
  • Silmara Maia Alves,
  • Alício Pelegrino de Souza,
  • Sílvia Torres Soares,
  • Márcia da Silva e Souza.

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Correio B+

Capa B+: Para celebrar a virada do ano, uma entrevista exclusiva com a atriz Klara Castanho

Em nossa última Capa de 2024, Klara conversa com o B+: "Meu retorno às novelas não poderia ter sido com uma personagem melhor".

31/12/2024 11h00

Capa B+: Para celebrar a virada do ano, uma entrevista exclusiva com a atriz Klara Castanho

Capa B+: Para celebrar a virada do ano, uma entrevista exclusiva com a atriz Klara Castanho Foto: Reprodução Instagram

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A atriz Klara Castanho tem apenas 24 anos, mas 23 de carreira. Desde 2006, ela é uma figura presente na TV. Brilhando agora como Eugênia em Garota do Momento na TV Globo, ela construiu uma carreira sólida no cinema e no streaming também.

Somente neste ano, além da novela das seis, ela também pode ser vista nas temporadas finais de Bom dia, Verônica e De Volta aos 15, disponíveis na Netflix, mostrando toda a sua versatilidade com personagens distintas em cada uma das produções. Para o próximo ano, ela já tem rodado o longa-metragem de suspense #SalveRosa, dirigido por Susanna Lima.

Klara Castanho é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e a última deste ano. Em entrevista ao Caderno, a atriz fala sobre papéis de suas carreira, sua atual personagem na TV Globo e também novos projetos para 2025.

Capa B+: Para celebrar a virada do ano, uma entrevista exclusiva com a atriz Klara Castanho A atriz Klara Castanho celebra a nossa virada de ano no Correio B+ com exclusividade - Foto: Maria Magalhães - Diagramação: Denis Felipe e Denise Neves

CE - Como é iniciar uma carreira tão jovem? 
KC -
 No meu ponto de vista, foi a melhor escolha que poderia ter sido feita. Comecei cedo e por muita sorte minha carreira já era o que amo fazer. Não existem pontos negativos na minha experiência.

CE - Como é pra você ser um sucesso desde tão novinha? 
KC -
 Eu tive uma base muito sólida e de muita conversa com a minha família. Eles me prepararam desde sempre para o que poderia ou não acontecer. Ter eles como suporte e pilar da minha vida é muito essencial.

CE - Você já se sentiu pressionada por ser nova?
KC -
 Fazer o que ama, e amar o que faz, gera necessariamente uma pressão. Aprendi e aprendi diariamente a lidar com ela da forma mais saudável que consigo. Acredito que quando você coloca amor e se dedica a algo, automaticamente você busca o melhor e a pressão acaba vindo junto.

CE - Você tem trabalhos que considera muito? Conta pra gente?
KC - 
- Marcante - Ângela, de Bom Dia, Verônica.  
- Desafiador - Rosa, de Salve Rosa.
- Inesquecível - Rafaela, de Viver a Vida.
- Muito difícil - Rosa, de Salve Rosa.

CE - Como é pra você fazer streaming já que não é dessa geração? 
KC -
 Primeiro acho engraçadíssimo chegar nesse ponto da vida, onde eu passo a não ser a geração mais recente. Acredito que o streaming te dê um acesso e uma projeção que um canal aberto é restrito. Estamos falando a nível internacional, de diferentes, se não todas, as faixas etárias. É um nível de exposição e reconhecimento incomparável.

CE - Como é sua relação com as redes sociais e Internet?
KC -
 Como comecei a ter acesso muito nova, ainda que supervisionado pela minha mãe, aprendi muito cedo o quão nocivo pode ser. Aprendi sobre as maravilhas, mas também o que é necessário pra encontrar meus limites para/com elas. Hoje em dia tenho uma relação muito mais saudável. Uso muito como fonte de atualização e pra me comunicar com amigos, além é claro, de divulgar meus trabalhos. 

Capa B+: Para celebrar a virada do ano, uma entrevista exclusiva com a atriz Klara Castanho Reprodução Instagram Klara Castanho

CE - Como é influenciar tantos seguidores?
KC -
 Perigoso. Tenho muitíssima cautela e cuidado pra falar sobre o que sei, como sei, e da forma mais clara e esclarecida possível. Jamais abro minha boca para levar informações pela metade, ou assuntos que sei só por cima.

CE - Como é ter uma carreira sólida tão jovem?
KC -
 Primeiro, obrigada por esse comentário. Batalho dia a dia para conquistar e manter meu espaço. Sou apaixonada pelo ofício, e sempre darei o meu melhor. Busco diariamente desafios e o estudo não para. 

CE - Fala pra gente sobre fazer De Volta aos 15 e Bom Dia Verônica? 
KC -
 São dois projetos muito diferentes e que foram feitos num espaço tempo muito curto. Aliás, em um momento fui revezando entre eles. A Carol de DV15 me trouxe a possibilidade da leveza, da descoberta, das primeiras vezes. Enquanto a Ângela me desafiou de forma extrema tanto física quanto emocionalmente. Me trouxe profundidade, densidade e muita consciência cênica.

CE - Fala pra gente da Eugênia em Gatota do Momento?
KC -
 Meu retorno às novelas não poderia ter sido com uma personagem melhor. A Gênia é cuidadosa, internamente revolucionária e acompanhar, sendo a porta-voz, essa evolução tem sido um grande presente. 

Capa B+: Para celebrar a virada do ano, uma entrevista exclusiva com a atriz Klara Castanho Klara Castanho - Reprodução Instagram

CE - Para 2025 teremos longa metragem? 
KC -
 Teremos!!!!! Salve Rosa é um longa que rodei em agosto desse ano, que deve sair até julho de 2025. Um projeto que anseio grandemente. Agora novos projetos, eu conto mais pra frente hahaha 

CE - O que a Klara gosta de fazer quando não está trabalhando? 
KC -
 Gosto de estar com quem amo. Onde quer que seja. Agora, morando no Rio de Janeiro, estar na praia é uma grande tarefa obrigatória!

CE - Você é vaidosa? Ligada em moda?
KC -
 Sou! Adapto o que me interessa aos meus parâmetros de conforto e beleza, mas estou sim, sempre antenada.

CE - Como foi o ano de 2024 pra você? 
KC -
 Foi um ano de renovação, muito trabalho, recomeços e de muita união com a minha família. 

CE - O que espera pra 2025?
KC -
 Muito trabalho, menos desigualdade, muita saúde e principalmente paz.

Capa B+: Para celebrar a virada do ano, uma entrevista exclusiva com a atriz Klara Castanho Klara Castanho - Reprodução Instagram

 

LITERATURA

Brilhando no improviso

Poeta, declamador, ator, mestre de cerimônias e palestrante, Ruberval Cunha completa 35 anos de carreira e anuncia livro para 2025; criador do improviso guaicuru, o artista campo-grandense impressiona pela capacidade de fazer rimas com profundidade

31/12/2024 10h30

"É um comunicador incrível, um mago das palavras" é assim que a escritora Raquel Naveira define o artista Ruberval Cunha Arquivo pessoal

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Ariano Suassuna (1927-2014), Adélia Prado, Affonso Romano de Sant’Anna, Thiago de Mello (1926-2022) e Manoel de Barros (1916-2014) estão entre os grandes nomes da literatura brasileira que já se impressionaram com a verve lírica de Ruberval Cunha. A lista é longa e pra lá de célebre, incluindo Arnaldo Antunes, Fabrício Carpinejar, Gabriel O Pensador, Waly Salomão (1943-2003) e diversos outros. Mas o público que se encanta com a arte desse campo-grandense que completou 35 anos de carreira em 2024 é bem mais vasto e vai além da fronteira de Mato Grosso do Sul.

Sem exagero, todos parecem se encantar com o seu talento para dizer versos criados sempre de improviso, no calor do momento, sobre qualquer tema, muitas vezes a partir de palavras escolhidas pela própria plateia. Poeta, declamador, ator, mestre de cerimônias e palestrante, Ruberval é o criador do chamado improviso guaicuru. Com sua vestimenta de pantaneiro, chapéu na cabeça, berrante em punho e maquiagem no rosto, é o próprio poeta quem mais parece se emocionar com aquilo que diz.

Seu carisma e talento são penetrantes. Bonito de se ver seus olhos de criança quase sempre marejando aos fazer rimas imediatas sobre qualquer tema com profundidade e lirismo. Foi assim, por exemplo, no Festival da Juventude, realizado em abril de 2024, na Capital, e na Feira Literária de Bonito, em julho daquele mesmo ano, onde a presença febril e cativante do artista, circulando pela Praça da Liberdade, fazia cada encontro soar como um momento mágico.

Ruberval se aproximava de pequenos grupos, de duas ou três pessoas, ou até mesmo de alguém sozinho e entabulava um papo. Nem sempre começava já declamando – perguntava algo, queria saber da vida de seu interlocutor. Casais, crianças, idosos. Mirando no semblante de todos, um a um, ele seguia fazendo o que mais sabe na vida: entreter com poesia.

É um menestrel que agrada e arrebata sem demora, do riso à lágrima com igual intensidade, de modo que vê-lo de longe brilhando com o seu improviso é também um espetáculo à parte.

GRILOS E VIOLINOS

A história desse artista único tem mais graça na sua própria prosa, forjada desde menino, com vulto especial nas muitas férias que passou no Pantanal.

Na época a luz de lamparina era comum, pois fazendas não tinham energia elétrica. “Nessa época, o Pantanal tinha fases bem definidas, e na fase da cheia a água chegava bem perto da sede, permitindo vislumbrar da janela da sala centenas de aves e um pôr do sol deslumbrante”, recorda-se.

“Minha tia era multi-instrumentista e tinha um baú de instrumentos na sede, embora o seu favorito fosse o violino. Não raro, quando criança, dormi ao som de grilos e violinos. A vivência rural inspirou muitos poemas com temática de natureza e do Pantanal”, conta o artista, o qual, em paralelo à carreira com os versos, acumula 26 anos de trabalho como servidor público. Quando atuou na Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaías Paim, esteve à frente de projetos como Todas as Letras, Vem Ler o Mundo e Vestibuler.

Também atuou no Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) – onde foi um dos criadores do grupo Teatran –, ministrou oficinas literárias pela Prefeitura de Campo Grande e presidiu a União Brasileira de Escritores de Mato Grosso do Sul (UBE-MS).

“Meu primeiro concurso ganhei na Escola [Estadual] Maria Constança [Barros Machado], e considero esse o meu início de carreira, embora eu rabisque meus versos desde criança. Esse período [1989] coincide com o nascimento da extinta Associação de Novos Escritores, então presidida pelo professor Reginaldo Araújo, onde iniciei a minha trajetória cultural como poeta e declamador”, diz Ruberval.

“PALAVRAS ME REINVENTAM”

Formado em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o artista se descobriu improvisador a partir de um desafio.

“Quando Rachid Salomão lançou o opúsculo [livreto] ‘Da Lama para a Glória’, alguém me confundiu e afirmou para ele que eu era repentista. Rachid me convidou para um evento escolar, e eu insistia que não era repentista, porém, aceitei o convite para um desafio com 30 alunos. Cheguei na escola e a coordenadora perguntou se era eu o desafiante do Repentista do Oeste”, narra o poeta.

“Afirmei que sim duas vezes já perguntando pela sala de aula. Rachid chegou, e ela [coordenadora] nos levou ao fundo da escola, onde tinha entre 600 e 800 pessoas. Sem nunca ter feito isso, fiquei me desafiando com ele por cerca de 45 minutos. Posso dizer que o improviso me descobriu e que a incompetência 
de não saber tocar e cantar me levou a criar um tipo diferente de repente: o improviso guaicuru, nome dado posteriormente pelo amigo e acadêmico Rubenio Marcelo”, conta.

“As palavras do público e o tema do evento costumam ser o norte para o improviso. As palavras me reinventam sendo costuradas sem normalmente possuírem um fecho prévio. Tudo ao redor, incluindo as emoções, as pessoas, as palavras ou os acontecimentos, é motivo de inspiração e poesia”, frisa ele, que ainda cita Manoel de Barros, Castro Alves (1847-1871) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) como suas principais referências na escrita poética.

“Em termos de improviso, criei uma modalidade nova, mas que não existiria sem o Rachid Salomão. Como contador de histórias, as referências principais são Francisco Gregório e o Grupo Gwaya”, enumera.

“O figurino, a maquiagem, o berrante e os acessórios surgiram em virtude da minha incompetência em tocar instrumentos e cantar seguindo o estilo gauchesco ou nordestino. Assim, usei elementos teatrais e da tradição local com os quais eu tinha contato e com condições de fazer uso. O discurso poético, o figurino e os demais elementos fundidos acabaram se tornando a identidade do trabalho”, diz Ruberval.

CULTURA PANTANEIRA

“Acredito que o mais difícil não seja improvisar sobre um tema, e sim manter um grau de qualidade no trabalho de maneira a alcançar um equilíbrio entre a técnica e o encantamento. Acredito que a junção de temas muitos técnicos com públicos de faixa etária muito variada é o que impõe maior dificuldade”, avalia o poeta, antes de passar em revista a cultura pantaneira que lhe deu régua e compasso.

“A cultura pantaneira, assim nominada, ganhou novas facetas e tem ampliado seus horizontes. A cultura pantaneira raiz, do meu ponto de vista e fazendo um recorte do tempo presente, tem um espaço menor na música, com representantes já consolidados. Todavia, tem ampliado espaço na culinária e na escrita tradicional, especialmente por meio de livros históricos. Acredito que filmes e romances de maior fôlego ainda devam surgir no cenário. A reedição da novela ‘Pantanal’ em um passado recente impulsionou a venda de berrantes e obras de autores regionais, em especial a de Manoel de Barros”, afirma.

LIVRO

Ruberval encerra a conversa fazendo uma retrospectiva pessoal de 2024 e projetando a publicação de um livro para 2025. “[O ano de] 2024 foi marcante para mim, em especial pelos 35 anos de carreira. Foram apresentações na UFMS, na UEMS [Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul] , eventos dentro e fora do Estado e reconhecimento da Assembleia Legislativa com a Comenda de Mérito Legislativo, [além do] título de cidadão [honorário] em Corguinho”, conta.

“Porém, faltou o lançamento do livro em que as pessoas que me auxiliaram durante a jornada receberiam uma homenagem. Ele vem no ano que vem [2025] se Deus assim permitir, [com o título de] ‘Poemas (A)Guardados e Outros Nascimentos’. Tenho outros projetos além dessa publicação”, promete o craque da oratória. Aguardemos.

Revelações Autorais

(...)
Acordei outros pertencimentos.
Infinito é estrada no horizonte.
O tempo deu corda nos olhos.
Pedaços de um título
experimentam esquecimentos.
Nobreza maior
é quando o escritor
tem moradia nas palavras.

Ruberval Cunha
(Trecho de poema inédito)

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