Correio B

LITERATURA

A união faz a força

Presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Henrique de Medeiros toma posse hoje, no Rio de Janeiro, também como presidente do recém-criado Fórum Brasileiro das Academias Estaduais de Letras; "unir, fortalecer e fomentar", diz o escritor

Henrique de Medeiros: "O mercado literário tem as suas peculiaridades, suas dificuldades no sentido de distribuição e de divulgação. Então, são forças que precisam ser adequadas em termos de produção literária, incentivo à leitura e da leitura propriament

Henrique de Medeiros: "O mercado literário tem as suas peculiaridades, suas dificuldades no sentido de distribuição e de divulgação. Então, são forças que precisam ser adequadas em termos de produção literária, incentivo à leitura e da leitura propriament - Foto: Divulgação

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A primeira diretoria do recém-criado Fórum Brasileiro das Academias Estaduais de Letras – que reúne as Academias Estaduais de Letras do País, entre elas, a sul-mato-grossense – tomará posse hoje, às 16h, em cerimônia a ser realizada no Salão Nobre da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro.

Além de autoridades e convidados especiais, estarão presentes na ABL representantes da maioria das “oficiais” Academias Estaduais de Letras, entre eles, o imortal Henrique de Medeiros, da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL), que foi eleito como primeiro presidente da instituição nacional.

Segundo Medeiros, que participou pela ASL, da qual também é presidente, da criação do fórum, em Campo Grande, e de sua solidificação, em Belém (PA), o objetivo é “unir, fortalecer e fomentar as Academias Estaduais de Letras, que são as oficiais e tradicionais do País, promovendo a língua portuguesa, as letras e a cultura”.

Para o acadêmico, o fórum, que tem “a presença e o aval da Academia Brasileira de Letras na diretoria, tem todas as condições de agregar ainda mais os setores culturais dos estados brasileiros”.

O fórum, que pretende ser uma referência na literatura nacional, foi criado nos congressos realizados pelas 27 academias estaduais, nas cidades de Campo Grande e Belém, e terá sede em São Paulo (SP). A nova instituição vem para “solidificar” a construção do trabalho feito ao longo de anos pelas academias em prol da cultura, em especial da literatura, estabelecendo uma conexão por meio da troca de experiências entre as entidades e seus membros e realizações de projetos em conjunto.

DIFUSÃO

A primeira diretoria, eleita no congresso em Belém, terá como presidente Henrique de Medeiros (ASL). A presidência honorária do fórum será sempre do presidente em exercício da Academia Brasileira de Letras, atualmente o imortal Merval Pereira. Como vice-presidente, Antônio Penteado Mendonça (Academia Paulista de Letras), como secretário, Ernani Buchmann (Academia Paranaense de Letras) e como tesoureiro, Airton Ortiz (Academia Rio-Grandense de Letras).

Para Antonio Penteado Mendonça, “as academias têm muito a contribuir para a difusão da leitura e a importância da literatura na formação da identidade e no desenvolvimento do pensamento nacional”.

Para Ernani Buchmann, “a integração das Academias Estaduais de Letras retoma o sonho iniciado em maio de 1936, com a criação da Federação das Academias de Letras do Brasil, que infelizmente teve vida efêmera”.

Para Airton Ortiz, “o fórum nacional é um estímulo para que sejam criados os fóruns estaduais, unindo as academias municipais, capilarizando o movimento e fortalecendo o trabalho em prol do livro e da leitura”.

ESTREITAR LAÇOS

O imortal e ocupante da Cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras, Arno Wehling, que representou a instituição no congresso e na fundação do fórum, afirmou ser “uma iniciativa extremamente relevante e que nós podemos associar a aspectos fundamentais da vida das nossas instituições, e eu diria que basicamente isso se refere a estreitar laços de natureza pessoal e de natureza institucional entre cada uma das academias, um esforço coletivo em prol da literatura, das humanidades e da figura do escritor e um lugar de debate permanente das questões que interessam a todas as nossas instituições”.

A primeira diretoria do fórum também é composta por Márcia Maria de Jesus Pessanha (Academia Fluminense de Letras), como segunda-secretária, e Alberto Rostand Fernandes Lanverly de Melo (Academia Alagoana de Letras), como segundo-tesoureiro. No conselho fiscal estão Lélia Pereira da Silva Nunes (Academia Catarinense de Letras), Flávio Quinderé (Academia Paraense de Letras) e Leide Câmara (Academia Norte-Rio-Grandense de Letras), com os suplentes Zózimo Tavares (Academia Piauiense de Letras) e Cecy Lya Brasil (Academia Roraimense de Letras).

PAUTAS

À reportagem do Correio do Estado, Henrique de Medeiros detalhou a agenda de trabalho que o Fórum Brasileiro das Academias Estaduais de Letras tem pela frente. “São coisas que estão dentro das pautas [das academias], mas que vão ter de ser feitas agora de uma maneira cronológica e sequencial a partir desse trabalho do fórum”, afirmou o escritor, em entrevista por telefone, no sábado, já em solo carioca.

“Primeiro, a organização e a solidificação do fórum em termos administrativos. Segundo, dar continuidade e tentar manter essa força que as academias estão demonstrando em termos de unidade de trabalho. Terceiro, buscar adequar os projetos que já existem entre elas de conhecimento, trocar essas informações de uma forma mais prática, mais objetiva. E quarto, buscar novos projetos e projetos nacionais para todas elas”, enumerou Henrique.

“O País inteiro e Mato Grosso do Sul têm um nível muito forte em termos de produção literária. Muito se escreve. A questão, sempre, do escrever é você ter leitor e o aspecto do trabalho da produção editorial com relação a tudo isso. O mercado literário tem as suas peculiaridades, suas dificuldades no sentido de distribuição, no sentido de divulgação. Então, são forças que precisam ser adequadas em termos de produção literária, em termos de incentivo à leitura e em termos da leitura propriamente dita”, pontuou.

“Há projetos, inclusive, também entre as academias de fazer trocas de divulgação de livros entre seus estados. De literatura amazonense na Bahia, literatura pernambucana em Mato Grosso do Sul, literatura de MS no Paraná. Essas trocas que possivelmente podem vir a ocorrer. A gente tem alegria em função dessa representatividade e também um cuidado muito grande em relação à responsabilidade dos trabalhos que a gente vai ter de desenvolver”, disse o presidente da ASL e da nova entidade.

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OSCAR 2026

Wagner Moura tem 91,34% de chance de vencer o Oscar, aponta ranking

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

21/12/2025 23h00

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62% Divulgação

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As expectativas brasileiras para o Oscar 2026 crescem antes mesmo do anúncio oficial dos indicados, previsto para 22 de janeiro. Wagner Moura aparece entre os nomes mais fortes da disputa pelo prêmio de melhor ator, segundo um novo levantamento do site especializado Gold Derby.

De acordo com a projeção, o ator brasileiro tem 91,34% de chance de vitória, porcentual que o coloca na terceira posição entre os 15 nomes mais bem colocados na categoria. A lista reúne artistas que já figuram entre os pré-indicados e aqueles acompanhados de perto durante a temporada de premiações.

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%. Wagner aparece logo atrás, à frente de nomes como Michael B. Jordan e Ethan Hawke.

As estimativas do Gold Derby são elaboradas a partir da combinação de previsões de especialistas de grandes veículos internacionais, editores do próprio site que acompanham a temporada de premiações e um grupo de usuários com alto índice de acerto em edições anteriores do Oscar.

O Agente Secreto está entre os pré-indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional e de Melhor Escalação de Elenco, em lista divulgada no último dia 16, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

A cerimônia do Oscar 2026 está marcada para 15 de março, com transmissão da TNT e da HBO Max, e terá novamente Conan O’Brien como apresentador. A edição também deve ampliar a presença brasileira na premiação: produções nacionais como O Agente Secreto já figuram em listas de pré-indicados da Academia, em categorias como Melhor Filme Internacional e Melhor Escalação de Elenco.

Ranking do Gold Derby para o Oscar 2026 de melhor ator:

1. Leonardo DiCaprio (95,08%)

2. Timothée Chalamet (93,62%)

3. Wagner Moura (91,34%)

4. Michael B. Jordan (83,35%)

5. Ethan Hawke (73,46%)

6. Joel Edgerton (25,24%)

7. Jesse Plemons (7,09%)

8. George Clooney (4,25%)

9. Jeremy Allen White (4,06%)

10. Dwayne Johnson (2,64%)

11. Lee Byung Hun (2,52%)

12. Oscar Isaac (0,83%)

13. Daniel Day-Lewis (0,39%)

14. Brendan Fraser (0,31%)

15. Tonatiuh (0,24%)
 

Correio B+

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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