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Capa B+: A atriz Luiza Porto completa 15 anos de carreira e conversa com exclusividade com o B+

Luiza comemora trajetória conciliando dublagem, teatro e cinema. A artista dá voz à personagem de destaque Faísca em "Elementos", da Disney Pixar.

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Somando dezenas de personagens no audiovisual e no teatro, a multitalentosa Luiza Porto se prepara para comemorar 15 anos de carreira em um momento especialmente movimentado.

À frente de diferentes projetos, a atriz, cantora, dubladora, produtora e diretora comemora a boa fase profissional com o lançamento de “Elementos”, da Disney Pixar, onde dubla a personagem Faísca, integrando também o elenco do espetáculo “Anjo de Pedra”, em São Paulo, estrelando o longa musical “Mágico Di Ó”, dirigido por Pedro Vasconcellos, que chegará em breve aos cinemas pela Paris Filmes, e assinando a direção do musical original “Mundaréu de Mim”, previsto para estrear em outubro, na capital paulista.

Foi ainda na infância que a paulistana de 31 anos teve seu primeiro contato com a Arte. Criada em um ambiente familiar cultural, logo se tornou uma espectadora assídua de teatro, e não demorou muito para que ela descobrisse que estar no palco poderia ser tão bom quanto ou até melhor do que estar na plateia, e contou com a Oficina Dos Menestréis e a INDAC Escola de Atores para dar os primeiros passos rumo a uma carreira profissional toda dedicada à interpretação, mas que com o tempo acabou despertando nela outros tipos de manifestações artísticas, como o canto e a dança.

“Interpretar sempre foi o meu carro-chefe! Por mais que muitas oportunidades tenham aparecido por conta do canto, a arte de atuar é a que mais me realiza pelo sentido de poder viver durante um tempo por outra ótica. Se colocar no lugar, aprender temas rotineiros de outra bolha, dar a voz a uma história, ver pessoas se reconhecerem, se divertirem ou serem tocadas é inspirador. Eu amo todas as possibilidades que a interpretação nos oferece, seja no teatro, no audiovisual, na música, na rua, na dublagem ou na animação, é onde tenho mais prazer em trabalhar e estudar”, afirma.

Transitando por diferentes gêneros teatrais, traz no currículo os musicais “Bom Dia Sem Companhia”, “Lembro Todo Dia de Você” e “O Mágico Di Ó” - estes com trilhas sonoras disponíveis nas plataformas digitais -, “O Alvo - Ser ou não ser o centro das atenções”, "A Sessão da Tarde ou Você Não Soube me Amar" e diversos clássicos infantis como “O Mágico de Oz” e “Peter Pan”, produzidos pela Cia Black & Red, de Billy Bond, além de peças como “Romeu e Julieta - De almas sinceras a união sincera nada há o que impeça”, e, mais recentemente, “Anjo de Pedra”, clássico de Tennessee Williams, onde pode ser vista de sexta a domingo no Tucarena, em São Paulo, até agosto.

A atriz Luiza Porto é Capa do Correio B+ desta semana - Foto: Jonathan Wolpert - Diagramação - Denis Felipe e Denise Neves

Já na televisão, Luiza foi um dos destaques de “Experimentos Extraordinários”, primeira série produzida e exibida pelo canal Cartoon Network Brasil, lançada em 2014 e que ensinava ciência de forma divertida. Na pele da personagem Laura, esteve à frente dos 26 episódios da primeira temporada, que, anos depois, ganhou exibição no streaming, pela Netflix, e também na TV Cultura. O sitcom, que contou também com nomes como o de Daphne Bozaski, acompanhava a produção de um programa de TV com experiências, traquitanas e pegadinhas.

E se atuar encanta Luiza pela possibilidade de assumir novas formas e construir outras personas, o mesmo acontece com o audiovisual, através da dublagem, outra área em que atua há 10 anos e se destaca ao emprestar sua voz para personagens icônicos, que permitem que ela explore um outro tipo de interpretação, essa exigindo um cuidado ainda maior e o acompanhamento constante de fonoaudiólogos, médicos e professores especializados no trato da voz, instrumento poderoso capaz de entoar diferentes tonalidades, nuances e sotaques.

Sempre dando voz a personagens relevantes, para os fãs de séries, a voz de Luiza pode ser reconhecida em sucessos como “Bridgerton”, “Elite”, “Anne com E”, “13 Reasons Why”, “Eu Nunca” e “Once Upon a Time”; já entre os filmes pode ser ouvida em produções como “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”, “Avatar: O Caminho da Água”, “Marvel Rising: Guerreiros Secretos”, “Glass Onion: Um Mistério Knives Out”, o live-action “Pinóquio”, “Zombies”, entre outros. Suas dublagens estão ainda em animações como a recém lançada “Elementos”, “Raya e o Último Dragão”, “Elena de Avalor”, “Monster High”, “Princesinha Sofia” e “Molly Mcgee e o Fantasma”, além dos animes “Boruto”, “Beastars” e “Bleach”, e das produções argentinas “Bia” e “Sou Luna”.

Com uma rotina intensa de gravações, conciliadas quase sempre com ensaios e produções, a artista, que atualmente atinge a média de 60 horas de dublagens por mês, chegando a dublar até seis programas diferentes por dia, destaca a diferença e o desafio de dublar personagens animados e pessoas reais.

“São linguagens muito diferentes. A animação sempre traz infinitas possibilidades e cores para trazer aqueles personagens à vida. Trabalhando com Voz Original você entende a delícia de criar a voz sem ter que de fato usar do corpo para comunicar. Já as séries e filmes mais realistas trazem um outro lugar de interpretação, mais natural e com uma demanda de que a voz tem que fazer sentido com o todo. Eu amo quando esses trabalhos se mesclam no dia a dia e acabam com qualquer tipo de monotonia”, conta ela.

Luiza Porto - Foto: Jonathan Wolpert

Celebrando dois projetos nas telas, é entre a recém estreia de sua protagonista animada, Faísca, em “Elementos”, e a expectativa para a estreia de sua protagonista real, Maria Doroteia, em “O Mágico Di Ó”, que Luiza se divide no momento, e sobre isso ela conta:

Sobre o filme “Elementos”:

“Elementos” foi a realização de um sonho. Eu cresci assistindo as animações da Disney e fazer parte de um trabalho tão grande como esse, que vai alcançar e marcar a vida de muitas pessoas, e com uma personagem tão importante e especial, foi incrível. Coloquei nele tudo o que acredito e o melhor que pude. Fiquei emocionada em vários momentos durante a gravação e terminei o filme aos prantos (risos).

Faísca é uma personagem forte que está assumindo a responsabilidade de cuidar da loja da família para ajudar seu pai, ao mesmo tempo que começa a se apaixonar e descobre novas possibilidades. Com isso seguimos para um voz mais grave e com grandes explosões. 

A atriz é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e ela falou com a gente sobre carreira, dublagens, estreias e novos projetos.

CE - Como e quando começa a sua história com a Arte?
LP -
 Meu primeiro contato com o Teatro foi na escola, além do curso extracurricular a escola nos levava para assistir peças no Teatro Imprensa. Na minha família a arte sempre esteve presente, sendo com meu pai tocando violão, minha irmã cantando e minha avó que me levava ao teatro junto com suas amigas.

Ao longo da minha adolescência eu aprendi a cantar, arriscar no violão e criei o hábito de ir assistir espetáculos com os meus amigos até que no segundo colegial uma amiga me apresentou a Oficina Dos Menestréis. Foi lá que eu aprendi minhas primeiras ferramentas de atuação e construção. Foi lá também que fiz meus primeiros amigos do teatro e comecei a me jogar em testes e novas experiências.

Dali pra frente fiz publicidade, espetáculos infantis e viajei em turnê pelo Brasil com espetáculos musicais dirigidos por Billy Bond, mais tarde integrou a Cia de Teatro Rock com o espetáculo "Sessão da Tarde" e fui me aprofundar ainda mais na interpretação pelo INDAC Escola de Atores. 

CE - Se pudesse definir um divisor de águas na sua carreira, qual seria e por que?
LP - 
Com toda a certeza ‘O Mágico Di Ó’ foi o meu divisor de águas como artista, profissional e pessoal. Esse foi o início da parceria com o autor e dramaturgo Vitor Rocha. Criar um projeto, idealizar, reunir equipe, investir seu dinheiro, produzir e ter voz para rechear o espetáculo só mesmo no Teatro Independente. Foi um aprendizado que o Vitor compartilhou comigo.

Criado na sala de casa com artistas que estavam pulsando por contar essa história, ‘O Mágico’ foi fazendo seu caminho sempre trazendo muitas pessoas para perto. E mesmo com muitas mudanças no elenco e muitos imprevistos ele nasceu com uma temporada popular e do jeitinho que tínhamos sonhado. E de apenas 8 sessões foi ganhando temporada em Sescs, Festivais e um filme.

Até hoje ‘O Mágico’ surpreende, é incrível como a minha história e do Vitor se esbarra no processo desse projeto. Aprendo muito com ele e amo o que criamos juntos. Ter a ótica e o entendimento da produção me fez admirar ainda mais o trabalho de todos os envolvidos. Hoje eu tenho uma visão do todo que me acrescenta muito como atriz e que levo para todos os lugares que passo.

Luiza Porto - Foto: Jonathan Wolpert

CE - Você tem assumido diferentes funções em produções que trabalha. Tanto artísticas, quanto criativas. O que te faz querer somar e quando percebeu que podia ir além de atuar?
LP -
 Eu sempre fui curiosa nas diversas possibilidades do trabalho do ator, como os trabalhos de voz, o teatro, o audiovisual, publicidade. Por muito tempo eu achava que a soma dessas diversas áreas acabava prejudicando o caminhar da minha carreira.

Quando a produção chegou me veio a síndrome do impostor e o medo de isso atrapalhar os meus trabalhos como atriz; a mesma coisa com a lojinha. Hoje, depois de produzir a Mostra Arte é Progresso, dois espetáculos inéditos, filme, álbuns, temporada no Rio de Janeiro e agora na Direção Geral do ‘Mundaréu de Mim’, eu entendo como essa soma acontece. Ela só me faz ter mais propriedade como artista e me dá ferramentas para entregar o que acho melhor para diversos projetos.

CE - Sua voz é também a voz de diversos personagens muito conhecidos de filmes, séries e animações. Como foi seu início na dublagem?
LP - 
Fui uma criança que sempre amou assistir desenhos e conteúdos dublados, depois que já trabalhava como atriz fui estudar dublagem na Universidade de Dublagem e comecei a dublar bem esporadicamente com pequenas pontas. Eu estava em um espetáculo dirigido pelo Paulo Ribeiro com o Texto do Vladimir Capella "A Pequena Sereia" e no elenco estava a Andressa Andreatto que já dublava há muito tempo e me passou um contato para mandar material para um estúdio que ela trabalhava.

Eles estavam procurando pessoas que, além de interpretar, também cantavam, fui chamada pra fazer um teste para uma série da Disney e peguei. Eu conto esse como o meu início, pois foi nesse projeto que tive tempo para aprender e desenvolver meus primeiros passos. A série se chamava "Henry Monstrinho" e eu fazia a Summer, uma monstrinha cheia de personalidade que cantava muito, foi um baita desafio tanto no canto como na interpretação.

Eu demorei uns 5 anos para me declarar dubladora e de fato ter uma frequência de trabalho, por isso o início dessa carreira é recheada de anos, persistência e inúmeras experiências para compreender esse tipo de interpretação.  

Bastidor p Mágico de Ó - Divulgação

CE - Quais são seus trabalhos preferidos ou mais importantes nesta área? Tem ideia de quantas dublagens já fez?
LP - 
Ao longo desses 10 anos dublando eu tenho muitos queridinhos, além de personagens importantes que eu vivi é muito legal ver as pessoas crescendo, assim como eu, com essas personagens.

- Faísca de Elementos, Daphne de Bridgertons, Tsyreia de Avatar 2, Cassie de Quantumania, Sarada de Boruto, Haru de Beastars, Lele de Lele e Linguiça, Bia de Bia (disney), Addison de Zombies, Diana de Anne com E no final, Doric de Dungeons and Dragons, Molly de Molly Mcgee e o Fantasma, Nami criança de One Piece, Rochelle de Monster Hight, Naomi de Elena de Avalor, Cayetana de Elite, Fabiana de Pinocchio, Raya criança em Raya…

Eu não faço ideia de quantos programas já dublei, afinal em um mesmo dias as vezes eu dublo até 6 programas diferentes, hoje em dia eu tenho uma média de 60 horas de dublagem por mês.

CE - Sua dublagem mais recente foi em “Elementos”, da Disney Pixar, que acaba de chegar no streaming. Como foi dar voz à Faísca? 
LP - 
Foi muito emocionante! Confesso que meu olho já encheu de lágrimas com a abertura do castelo da Disney e depois foi uma montanha russa de emoções…rs

‘Elementos’ é uma comédia romântica que te faz ficar com aquele sorrisinho durante o filme todo. É surpreendente o encontro de Gota e Faísca e todas as questões levantadas são de preencher o coração.

Um filme Pixar com toda a qualidade e excelência que o estúdio leva, tanto no traço da animação quanto na história e personagens. Agora, disponível na plataforma do Disney Plus, espero que essa linda história possa chegar a mais pessoas, crianças e famílias. Já estou recebendo mensagens muito carinhosas com pessoas que assistiram a ‘Elementos’ (dublado rs) e, assim como eu, saíram apaixonados por essa aventura. 

Série Experimentos Extraordinários - Divulgação

CE - Em breve você fará sua grande estreia no cinema, porém como atriz, como a protagonista de “O Mágico Di Ó”, que também estrelou nos palcos. O que foi mais desafiador na adaptação da obra para as telas? 
LP -
 Quando fomos gravar o filme, tínhamos acabado nossa temporada, então estava tudo muito fresquinho. O diretor Pedro Vasconcellos queria trazer a mesma pegada do Teatro para o Cinema, mas no momento que nos vimos no meio do Sertão contando aquela história, naturalmente os tempos mudaram e parece que uma nova camada foi adicionada na nossa história. Eram os mesmos figurinos, maquiagem, atores e instrumentos com um plus da nova equipe que integrava nossa trupe.

Musicalmente foi muito desafiador, pois fazer um filme já tem suas dificuldades, agora um musical dificulta ainda mais. Um trabalho incrível de áudio, composição, direção musical e montagem de impressionar. A adaptação de Dorotéia veio de forma natural e de encher os olhos, foi muito emocionante dar voz a essa menina que está em busca de um arco-íris.

CE - Qual a expectativa para esse lançamento? O que o público pode esperar?
LP -
 É lindo ver o trabalho artesanal do cinema também, gravamos em 2019 e desde lá estamos ajustando e finalizando para que seja a melhor versão da nossa história. com isso vem a enorme expectativa de que esse filme preencha o coração, inspire e agradeça a rica cultura nordestina. Com a distribuição da Paris Filmes tenho certeza que o  público pode esperar muita diversão e poesia para toda a família.

P Mágico de Ó - Divulgação

CE - Seu próximo trabalho nos palcos é em “Mundaréu de Mim”, um musical que terá um formato bastante diferente. Fale um pouco do conceito do projeto e seu objetivo.
LP -
 O ‘Mundaréu de Mim’ nasceu de um convite do IBT (Instituto Brasileiro de Teatro) para mim e o Vitor Rocha para criarmos o primeiro espetáculo musical e autoral incentivado do Instituto. Um projeto totalmente gratuito, acessível, em um espaço aberto, para mais de 2500 pessoas por sessão.

Esse convite bateu com o que eu acredito como projeto e no ideal que tenho da formação de público e de fazer as pessoas se verem no teatro e ter acesso a ele. Já ouvi de muitas pessoas que “teatro não era para elas” por se tornar cada vez mais elitista e muitas vezes com um difícil acesso e entendimento, musical então? Ainda mais distante. 

Vitor Rocha escreveu o texto e as letras e Gui Leal compôs as músicas do espetáculo. Nossa história conta a jornada de Graciela em busca do chamado de seu coração para a Avenida durante o carnaval. A direção de Duda Maia faz nosso projeto ganhar um corpo e vida num cenário de mais de 22 metros de largura e 7,5 de altura. Um trabalho grandioso, e para mim, particularmente falando, é um desafio elaborar e conduzir uma equipe tão grande, é uma enorme responsabilidade que estou imersa há quase dois anos.  

CE - Você estará em cena como atriz, mas também assume funções criativas. Como tem sido se dividir no processo?
LP -
 A dobradinha de direção geral e atriz são funções que já venho exercendo nos meus projetos. O Vitor é meu parceiro criativo há alguns anos e nosso alinhamento e forma de trabalhar nos possibilitou e possibilita realizar os projetos do jeitinho que acreditamos. 

É sempre um desafio virar a chave e dar conta das enormes demandas que essas funções trazem. Para mim acaba funcionando de forma equilibrada, porque ao mesmo tempo que estou levantando um projeto eu estou dentro contando a história. Estou com uma equipe incrível e afiada, o que acaba ajudando muito na dupla função. 

É delicioso ver a ideia ganhando vida, equipe, figurino, som… e estar de dentro respirando e contando a história é o que me motiva a movimentar e realizar um projeto. É necessário muita disciplina e organização para não deixar nada escapar e para estar inteira nos ensaios.

Diariamente estudo os cronogramas, pendências e necessidades além da demanda como atriz. É um pouco enlouquecedor, confesso, mas quando está alinhado com o que acredito e com o suporte de profissionais tão talentosos, a dobradinha fica deliciosa, muito inspiradora e faz tudo valer a pena.

Bom Dia sem Companhia - Divulgação

CE - Fale um pouco sobre a sua personagem:
LP - 
Uma das características tanto do Vitor Rocha quanto da Duda Maia é o uso do coletivo para contar a história, no nosso caso somos enredados trançando para contar a história de Graciela, com um trabalho corporal de teatro físico nos desdobramos em personagens durante sua jornada. Eu também faço Genoveva, ao lado de Marina Mathey e Juliana Linhares, uma costureira que deixou muita saudades no coração das pessoas quando era viva e hoje volta no carnaval para fazer a fantasia de todos, inclusive o de Graciela. É uma personagem muito divertida, intensa e com um grande número musical. Não é por nada, mas é uma das minhas partes favoritas do espetáculo. 

CE - O que o público pode esperar desse projeto?
LP - 
Nossa estreia acontece dia 06 de outubro, no Parque da Água Branca, em São Paulo, com sessões de sexta a domingo totalmente gratuitas, com todo o tipo de acessibilidade em todas as sessões (libras em cena, legendagem, audiodescrição e arena preparada para PCD) e visita de crianças com o material didático relacionado ao espetáculo. É uma obra para acessar os corações de todos que sentiram saudades de alguém e não foram abraçados.

Anjo de Pedra - Foto: Ronaldo Gutierrez

 

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B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira!

Médicos alertam sobre riscos da exposição solar e sobre a importância da proteção solar eficaz

21/12/2025 19h00

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira!

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira! Foto: Divulgação

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Infelizmente … aquele bronze dourado e saudável não existe! Esse, que é o desejo de muitas pessoas, pode representar um real perigo para a saúde da pele. “Classificamos os tipos de pele de I a VI, de acordo com a capacidade de resposta à radiação ultravioleta (UV), sendo chamado fototipo I aquele que sempre se queima e nunca se bronzeia, até o VI, pele negra, totalmente pigmentada, com grande resistência à radiação UV. A pigmentação constitutiva - cor natural da pele - é definida geneticamente. A cor facultativa - bronzeado - é induzida pela exposição solar e é reversível quando cessa a exposição”, explica a dermatologista Dra. Ana Paula Fucci, Membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

O chamado "bronzeado dourado" é observado nas peles mais claras e para ocorrer, ocasiona danos no DNA das células.  “As  consequências serão vistas anos mais tarde, em forma de fotoenvelhecimento, manchas ou lesões cutâneas malignas.O ideal é respeitar seu tipo de pele e sua sensibilidade ao sol. Nunca queimar a ponto de “descascar”. Importante: evite se expor ao sol entre 10 e 16h”, detalha a dermatologista. 

Dra. Ana Paula alerta ainda sobre os riscos de bronzeamento artificial, através das câmaras de bronzeamento: “esse é ainda mais prejudicial para a pele do que a exposição ao sol. A radiação é entregue de forma concentrada e direta, sem nenhum tipo de filtro ou proteção”.  

A médica ressalta que filtro solar não é uma permissão para a exposição ao sol. “Ele é um grande aliado, desde que sejam seguidas as orientações de horário, evitar exposição exagerada e usar complementos como bonés, óculos etc”, reforça Dra. Ana Paula Fucci.  

- Proteção solar eficaz 

A rotina de proteção solar é muito importante em qualquer época do ano, sobretudo agora no verão.  “Não deixe para aplicar o filtro quando chegar na praia ou piscina, por exemplo. O ideal é aplicá-lo cerca de 20 minutos antes de se expor ao sol, para dar tempo de ser absorvido e começar a agir. Também devemos reaplicar o filtro solar a cada 2 horas ou após se molhar ou suar muito”, destaca Dr. Franklin Veríssimo, Especialista e pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pelo Hospital Albert Einstein-SP. 

Dr. Franklin destaca três aspectos importantes para uma proteção solar eficaz:

1- “Use filtro com FPS 30 ou maior;  e para as crianças ou pessoas que possuem pele mais sensível, FPS de no mínimo 50;

2- Use proteção adicional ao filtro solar, como chapéus, viseiras, óculos escuros. Recomendo evitar a exposição solar entre 10 e 16h;

3.  Use roupas leves, claras e chapéu e óculos de proteção UV, principalmente se for praticar caminhadas e atividades físicas ao ar livre.  Quem costuma ficar muito tempo no sol tem que redobrar os cuidados e investir em roupas com proteção ultravioleta”, conclui o médico.  

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