Emoção maior que entrevistar Lethicia Bronstein, é sentir essa emoção por conhecer a carreira dela e saber em entrevista de sua relação com a dança. Ela não é somente uma estilista, ela é uma celebridade e unanimidade quando o assunto é moda e comportamento, inclusive fora do país. No universo das noivas, quem não quer casar com um vestido assinado por ela?
Lethicia Bronstein é considerada uma das estilistas mais importantes do cenário fashion brasileiro há pelo menos 17 anos, quando sua carreira recebeu os merecidos holofotes no mundo da moda nacional.
Inicialmente conhecida por seus vestidos feitos à mão para festas e noivas, a carioca chegou a dedicar-se a um segmento de moda casual, de 2016 a 2023, que fez bastante sucesso durante a pandemia, mas não exatamente alimentou sua paixão pelo ofício.
Em 2024, Lethicia decidiu mudar o foco para se reconectar verdadeiramente ao que sempre a inspirou: a criação de peças exclusivas, sob medida. A ideia não é apenas reencontrar sua essência criativa, mas explorar um nicho de mercado em ascensão, formado por uma clientela específica e exigente, que valoriza o trabalho artesanal, a personalização e quer pagar por peças que duram gerações.
Seguindo tendência mundial, Lethicia e equipe também mudam o atendimento na loja da Oscar Freire, em São Paulo, passando a receber as clientes de forma reservada, pessoal e olho no olho, com portas fechadas para a rua e somente com horário marcado.
A busca por autenticidade, exclusividade e uma conexão genuína com a marca, é uma resposta direta ao desejo das consumidoras de serem reconhecidas como indivíduos, não apenas como números de vendas.
Quando se compromete com um atendimento a “portas fechadas”, Lethicia vai além da simples confecção de um vestido, oferecendo uma experiência única com peças de características singulares e foco na modelagem impecável, sexy e moderna.
Os clientes podem, muitas vezes, ter a chance de receber conselhos diretamente da designer, ajustando cada detalhe ao seu gosto pessoal e às suas preferências, o que torna a peça em obra de arte sob medida. “Num mundo cada vez mais digitalizado e impessoal, a gente quer estar perto, conhecer nossas clientes e fazer parte da vida delas”, adianta Lethicia, sobre a nova fase da marca.
Para o sucesso do formato, a estilista precisou adotar e treinar um time de atendimento especial que compartilha e transmite seus valores e visões pessoais, mantendo assim a identidade da grife e também a representando fisicamente.
Para ela, pós-pandemia as marcas de moda precisam investir em experiências, no intuito de inovar e criar conexões com as consumidoras, especialmente num momento social em que comprar peças novas acaba sendo um grande investimento, mesmo em lojas mais populares. “Eu gosto de criar peças que criem desejo nas pessoas. Uma peça que vai ser a coisa mais especial do seu guarda-roupa e não só mais uma roupa”, explica Bronstein.
Autoridade no universo dos casamentos, a estilista também conta que sentiu o mercado, nos últimos anos, relevar a importância que um vestido de noiva carrega. “A proliferação de especialistas autoproclamados, impulsionados pelas redes sociais, tem banalizado a singularidade e a importância que uma peça dessas carrega, tanto em termos de significado, quanto de criação”, explica, adiantando que segue trabalhando firme no segmento.
O foco nos bordados e no desejo das pessoas por peças com mais brilho é mais uma de suas estratégias. O bordado oferece uma conexão tangível com a herança e a identidade cultural nacional e ao associar a técnica a pedrarias, Lethicia não apenas respeita essa tradição, mas também a eleva, criando algo único que já se destacou no mercado.
Lethicia Bronstein - Foto: Glauco Epov com exclusividade para o Correio B+Essa abordagem de combinar o tradicional com o inovador é exatamente o que a fez ficar tão conhecida no Brasil e no mundo.
Apesar de estar focada na volta do exclusivo, Lethicia conta que ainda não abriu mão de suas peças mais casuais, que seguem sendo vendidas na flagship Oscar Freire, lojas multimarcas especializadas espalhadas pelo país e também em seu site.
No entanto, ela pretende seguir um caminho mais intuitivo para a linha, que ainda terá o DNA do handmade e da alta costura, priorizando sempre materiais de qualidade.
“É uma linha para minhas clientes fiéis e para quem ainda não me conhece, mas não quero compromisso com data ou estações ao criá-la. Eu quero lançar coleções cápsulas para complementar o mix de festas que é o core da nossa exclusividade. É um casual, mas não deixa de ser especial, como tudo o que eu faço”, finaliza.
A estilista também lançou recentemente uma collab inédita com a Estrela Brinquedos e também está no Canal do Youtube compartilhando um pouco de seu propósito, desafios e aprendizados no seu longo caminho e relação com a moda.
A estilista é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e em entrevista ai Caderno ela fala sobre seu propósito na moda, collabs inéditas, lançamentos e a satisfação da sua escolha na moda.
As fotos são de Glauco Epov com exclusividade para o Correio do Estado com bastidores e fotos também registradas com o novo Samsung Galaxy Ultra S25 testado pelo Correio B+.
A estilista Lethicia Brontein é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Glauco Epov com exclusividade para o B+ - Diagramação: Denis Felipe - Por Flavinha VianaCE - Lethicia, como surgiu e aconteceu a ideia do seu projeto no Canal do YouTube?
LB - “Eu acho que o YouTube veio muito de um movimento que, quando eu estava com uma ideia na pandemia de expandir a marca, de vender para as multimarcas, de ter um site gigante, de entrar num calendário da moda, eu me vi num momento muito longe do meu core, assim, de onde eu me sentia bem.
E resolvi, ao longo do ano passado inteiro, fazer um exercício comigo mesma de quem é a Lethicia Estilista, quem é a marca, o que eu quero deixar de legado para a moda, o que eu quero passar para a minha cliente. Eu preciso mesmo de estar lançando coleção num calendário que foi instituído por um calendário internacional? Eu quero exportar? O que eu quero fazer?
Quando você faz todo o exercício, não é do dia para a noite, foi um ano de redescoberta e de voltar muito para onde eu comecei, para o que eu acredito que é a minha moda e o que as pessoas esperam de mim. Para mim, ficou muito claro que eu queria deixar um legado de tudo o que eu aprendi, porque além da marca estar fazendo 18 anos neste ano, eu trabalho com moda há 25, e vim de uma família que fundou a marca ‘Maria Bonita’, de duas primas que também viveram de moda.
Eu cresci vendo a ‘Maria Bonita’, como eu era muito da dança, eu não olhava com um olhar tão... ‘Ai, eu quero fazer isso’. Mas quando eu descobri com 16 anos que eu não ia trabalhar com dança, que a minha paixão era a moda, parece que a ficha toda caiu e junto com a importância da ‘Maria Bonita’.
Eu trabalhei lá, foi o meu primeiro emprego, e viver aquilo tudo realmente foi uma experiência muito especial. Era muito à frente do tempo, os desfiles eram incríveis, o olhar da Cândida...
Acho que é uma roupa que todo mundo que tem uma peça no armário não se desfez, e a genialidade dela de criar a ‘Maria Bonita Extra’, que era uma marca que atendia a própria cliente da ‘Maria Bonita’, mas também rejuvenesceu, porque eu me lembro da minha mãe usar e de eu usar ‘Maria Bonita Extra’. Então, eu vi a ‘Maria Bonita’ muito pra minha mãe. Eu sou dessa época.
Então, eu hoje analisando tudo isso e depois trabalhando em outras marcas e tendo aprendido muito, eu pensei: ‘O que eu posso deixar para aquela pessoa que tem vontade de abrir uma marca ou para aquela pessoa que tem uma multimarca e que não se acha no universo da moda?
Como é que ela pode trazer um DNA? Como é que ela pode entender que ela pode, dentro daquele negócio dela, independentemente de ela ser uma stylist ou uma grande empresária, que ela pode trazer alguma coisa? E eu acho que o meu DNA é o que eu consegui construir, que as pessoas reconhecem de longe.
Então, por que não passar esse conhecimento à diante? E foi aí que surgiu. E uma outra coisa que me impulsionou muito, desde a pandemia, mas eu acho que na pandemia isso ficou mais forte, porque como as pessoas não estavam viajando, as pessoas estavam, em muito tempo, voltando a olhar para a moda nacional, que era o que a gente tinha para consumir.
Então, na pandemia, eu criei um movimento chamado ‘Red Carpet Made in Brasil’. Porque, na minha cabeça, precisa acontecer lá fora para que o brasileiro, muitas vezes, valorize. E é realmente uma coisa cultural do brasileiro. E não se muda da noite para o dia. Então, na pandemia, eu comecei a falar muito disso. E eu trago muito isso até nos vídeos do YouTube.
Lethicia no Canal do YouTube - Foto: Waler Felix/DivulgaçãoCE - Qual a sua relação com a dança e como ela reflete no seu trabalho com a moda?
LB - “Eu comecei a dançar jazz com 2 para 3 anos de idade. Acho que sempre fui aquela criança que todo mundo falava assim: ‘Nossa, ela leva jeito’. E fui levando jeito até que com 12 anos eu comecei a dar aula para meninas de 9, que tinha que lidar com a mãe da menina de 9, então era muita responsabilidade.
A dança te traz disciplina e organização, quando você acha que chegou, alguém te mostra que você ainda tem que ir mais. Quando você acha que pode relaxar, a sua professora te lembra que você tem que melhorar. Você nunca está bom o suficiente na dança. E eu acho que a dança também me trouxe um olhar estético, tanto da minha paixão por ela, como pelos musicais da Broadway. Eu queria ser bailarina da Broadway, até uma certa idade da minha carreira, até que um professor me disse que eu não sabia cantar (risos). Ele falou: ‘Para atuar, você leva jeito, mas cantar não é para você’.
A Ana Botafogo é a minha bailarina preferida. Eu acho que ela conseguiu ser uma pessoa popular em nosso país. A dança representa, para mim, pelo menos 50% da parte da estética que eu tenho, o figurino, o movimento, como a roupa se comporta, o conforto... E os outros 50% da profissional que eu sou, incansável, que eu não tenho dia e nem hora, estou sempre buscando a perfeição, sou responsável, porque a dança também me trouxe isso. Então, não sei se eu seria a ‘Lethicia Bronstein estilista’, se eu não tivesse sido a ‘Lethicia Bronstein dançarina e bailarina’.”
CE - Lethicia e as Celebridades...
LB - “Eu criei relacionamentos muito legais, eu trouxe para a minha vida pessoas muito legais e, no início, quando eu comecei a vestir as celebridades, era um momento em que elas também estavam descobrindo o red carpet, isso estava chegando ainda no Brasil, os stylists estavam começando a aparecer...
Porque antes, em festa de novela, falavam: ‘É tudo bicho grilo, vai de calça jeans, tênis e tal’. E aí, elas descobriram que com o look icônico, isso trazia publicidade, isso mudava a imagem, elas viraram fashionistas. Então, eu participei disso, eu ajudei a construir, eu me disponibilizava a fazer um look do zero.
Você fazer um look do zero é diferente de você pegar uma roupa pronta. E assim também com as modelos, com a turma da moda. Por exemplo, na primeira vez que me ligaram para vestir a Mariana Rios, ela ainda era de ‘Malhação’ e ela ia ao ‘Prêmio Multishow’, eu fiz um vestido amarelo de renda para ela e virou um look super icônico e fez ela virar uma pessoa fashionista. Eu tenho muito disso, se uma pessoa me pede algo e ainda não é gigante, mas eu acho que conversa com a marca, eu não deixo de vestir.
Eu nunca vou deixar de vestir uma pessoa que eu acho bacana, mas também se é uma pessoa que eu acho que não tem a ver com o DNA da marca, eu também me dou o direito de não vestir. Os sapatos daqui são todos desenvolvidos por mim sob encomenda, já os acessórios como as bijuterias, por exemplo, são de marcas parceiras.”
Lethicia assina os vestidos de noivas mais desejados do país - Foto: Glauco Epov com exclusividade para o Correio B+CE - Todas desejam um vestido assinados pela Lethicia, inclusive no segmento de noivas, pois eles são incríveis... E você está sempre em voga e em uma constante, como é todo esse processo?
LB - “Eu não acho que existe um processo criativo. Até porque quando você fala de noivas, você tem a noiva que é a coleção que eu desenho pra desfilar ou pra fotografar, e que aí vai muito de um desejo meu interno, que aí vai em volta do meu DNA ou de uma moda temporal, e tem a noiva que vem aqui pra fazer um vestido pra ela, e aí a minha inspiração é ela. Eu acho que se ela veio aqui, ela conhece meu trabalho. Então, eu acho que eu sou quase uma psicóloga da noiva, e uso todo o meu know-how para criar pra ela.
E essa coisa de se manter no topo, eu acho que tem um lado que é um exercício, que é difícil, que é quase igual o das redes sociais, que é você parar de olhar o que eu vou estar fazendo. Um exemplo, quando eu fiz o vestido da Pugliese, que foi uma comoção na época, pode-se dizer que naquele momento eu estava na crista da onda, mas uma certeza que eu tenho é que eu nunca caí, ainda que eu não seja a bola da vez.
Eu acho que a maior dificuldade de um artista, independente dele ser cantor, estilista etc, não é chegar no topo, mas se manter no topo. Eu sempre tive um trabalho muito coerente, e até quando eu estava ali me perdendo na coisa de crescer a empresa e ir para o casual, e eu percebi isso, eu acho que é isso te mantém bem, e não se cobrar ser a bola da vez, porque isso é muito subjetivo.
Como é que eu vou adivinhar o que todas as noivas vão estar querendo? O da Pugliesi foi mega decotado, bordado inteiro pra praia com fundo pele, já o da Camila Queiroz foi um de princesa na praia, quando se casava na praia com um look mais sexy na época, não podia ser de princesa sem casar na igreja ou num salão. Eu acho que é essa verdade de manter meu DNA e de escutar a noiva que tá me pedindo e estar ali 100% pra ela, fazendo o meu melhor, é o que me mantém relevante.”
Vestido de Noiva da atriz Camila Queiroz assinada pela estilista Lethicia Bronstein - DivulgaçãoCE - Conta um pouco sobre a sua collab inédita com a Estrela Brinquedos...
LB - “Eu sempre fui uma pessoa que fiz muita collab, porque eu sempre entendi que a moda luxo no Brasil é para poucos, a gente vive num país que é difícil você levar o luxo pra todo mundo. Eu comecei vestindo muitas celebridades, era uma moda que todo mundo tinha desejo, as pessoas queriam a roupa, as coisas etc. Então, eu sempre enxerguei nas collabs uma forma de democratizar.
A pessoa podia não ter um vestido meu de noiva, mas ela tinha um esmalte meu feito para noiva, para usar no dia, lingerie etc. Eu tava há um tempo sem fazer collabs que faziam significado para mim. No passado, quando eu tava nesse momento de redescoberta do que eu queria do meu core, a minha filha ganhou um brinquedo que a avó comprou e eu lembrei que escuto muito das minhas amigas sobre quererem levar as filhas no ateliê, que geralmente têm entre 6 e 12 anos.
E eu pensei: ‘Nossa, eu preciso fazer um brinquedo porque é o momento e não tem no Brasil’. E aí, eu fui atrás da Estrela. E nessa conversa, me apresentaram o ‘Escolinha da Moda’, que acabou fazendo parte de uma memória afetiva que eu tinha e deram a ideia de repaginar esse projeto.
E é muito legal porque quando se faz isso, não se conecta só com a criança, mas também com a mãe, e aí você fala com as duas gerações. E com uma filha da idade da Pietra, fez mais sentido ainda. Eu gosto de fazer collab’s que são de verdade.
Eu nunca fiz só por fazer. Nessa collab, eu que fui atrás. Às vezes, as pessoas estão esperando muito cair no colo, mas se você tem uma ideia boa, por que não ir atrás? Olha o projeto lindo que a gente botou de pé. Então eu acho que esse momento que eu estou é muito disso, de fazer a coisa acontecer.”
Lethicia Bronstein em parceria com a Estrela - Foto: Glauco Epov com exclusividade para o Correio B+CE - Quem é a Lethicia Bronstein?
LB - “Carioca com alma de paulista, nova iorquina, londrina... Incansável. Eu acho que eu sou uma pessoa normal. Existe um glamour em volta do estilista, aqui no Brasil um pouco menos, porque lá fora eles são muito celebridade, mas a gente aqui tem uma coisa de achar que o estilista é metido. Tem muita cliente que chega e fala assim: ‘Nossa, não sabia que você era tão legal’. Mas de onde você tirou que eu era chata? (risos).
Eu sou uma pessoa que valorizo muito o meu time, eu sei que sozinha eu não faço nada. Minha mãe, que fica no Rio, às vezes fala: ‘Lethicia, você está muito besta’ porque às vezes ela me liga e eu não consigo atender, e eu falo: ‘Mãe, eu estou zero besta, eu estou é trabalhando para caramba’ (risos).
Eu nunca consegui ficar "metida", porque para eu entregar esse trabalho do ‘Red Carpet’, eu preciso de um monte de costureira, que são mulheres batalhadoras, que pegam ônibus para vir e para voltar, e ainda chegam em casa, lavam, passam, cozinham para a família etc, e, no outro dia, sem elas, eu não entrego o vestido.
Então, isso sempre me deixou muito pé no chão. Quando eu fiz a minha festa de anos de casada, eu chamei todos os meus funcionários. Eu sou uma pessoa que ao mesmo tempo circula em qualquer lugar, eu sou feliz. Eu sou feliz no simples, mas eu também sou feliz no luxo.
Eu vim ao mundo para ser feliz. E se eu puder mostrar para os brasileiros o quanto a nossa moda é tão incrível, eu já vou ter feito a minha missão profissional, que é fazer a moda brasileira ser enxergada com o mérito que ela tem, não só por mim, mas por muitos outros profissionais incríveis que a gente tem.”
Lethicia Bronstein com exclusividade para o Correio B+ - Foto: Glauco EpovCE - O que mudou no mercado de moda de quando você começou?
LB - “Eu sempre tentei blindar a minha marca em um lugar diferente, porque é muito frustrante principalmente pro tipo de roupa que eu faço, pro tipo de mão de obra que eu tenho e o tipo de preciosismo, e que custa caro, quando as redes sociais começaram a vir com seus tratamentos de foto, tudo, todo o trabalho que eu tive como estilista pra me tornar relevante, de apresentar meu trabalho pros jornalistas, vestir uma celebridade, que aquela foto não era tratada e o vestido tinha que estar impecável, tudo isso acabou indo pra uma única prateleira.
E aí, você pega uma marca que ninguém conhecia até ontem, ela paga um influenciador e de repente ela vira relevante sem ter feito todo esse trabalho de anos de relacionamento e de busca por um produto melhor que eu fiz, por exemplo, para chegar onde eu cheguei.”
CE - Lethicia como foi essa adaptação para o nosso movimento de hoje?
LB - “Uma vez, eu dei uma entrevista que falava dos cinco estilistas de moda-festa mais relevantes de São Paulo. E o jornalista disse que dos cinco eu era a mais pop, porque eu era a única que tinha rede social, eu tinha um reality quando o streaming ainda nem era o que é hoje, eu sempre olhei a frente, pensando no que eu posso fazer, como eu posso me comunicar etc.
Quando começaram os podcasts, eu já estava em todos. Eu brinco que eu vou muito bem no ao vivo. Eu acho que fui me adaptando... Quando eram os programas de TV, eu fazia as participações e ia bem, quando foi para ter o meu reality, eu ia bem. E eu já dei várias palestras também, que é algo que eu pouco divulgo. Eu acho que hoje tudo é conteúdo e tudo é conteúdo relevante. Então, muitas vezes eu ia dar uma palestra em Brasília e ninguém ficava sabendo, só o pessoal que estava lá na palestra.
Não foi difícil eu me adaptar, foi difícil criar o conteúdo. Eu tenho um time que me ajuda nessa parte de roteiro e de tudo mais e foram quase dois meses de imersão, com reuniões de pelo menos duas vezes por semana, de três horas cada uma, para eles entenderem e a gente desenhar um caminho, trilhar, como é que a gente queria costurar esse diálogo.
Não precisa ter 300 mil visualizações, se você chegar em pessoas que você consiga mudar um pouquinho a vida delas, a missão já está cumprida. Não foi difícil falar para câmera, mas, sim, o desafio de construir uma narrativa em que eu achasse que fosse fácil para entender desde um empresário com mais tempo do mercado até a uma pessoa como a minha babá, que é super instruída, mas que é do ramo de confeitaria.
Então, como que ela poderia espelhar aquilo para o business dela? Tudo nasceu com esse propósito, de deixar um legado, e no dia que eu for embora, deixar isso aí que eu acho que pode ajudar muita gente.”
Lethicia Bronstein com exclusividade para o Correio B+ - Foto: Flávia Viana em parceria com a Samsung Galaxy Ultra S25CE - E ainda falando sobre estar sempre nessa constante, qual é o seu diferencial?
LB - “Quando eu senti necessidade de voltar mais para dentro da minha verdade, é porque eu estava sentindo falta de tempo de olhar para fora e fazer projetos que me desafiassem. A nossa mente é um músculo, você precisa estar exercitando. E quando você exercita fora do seu dia a dia, você acaba abrindo para quando você voltar para fazer aquela roupa, você está com a cabeça ali a mil.
E eu falo brincando, mas é uma coisa que eu tenho muita vontade no futuro, porque hoje realmente eu não tenho tempo de ter, que é uma agência de ideias, porque eu falo que eu dou ideia de graça para todo mundo (risos). E porque é uma coisa que eu faço naturalmente, as ideias saem.
E aí, a pessoa nem me perguntou, e eu já estou dando ideia, dando palpite já criei uma coisa, já conectei etc. Então, quando dá, eu faço para mim e usufruo disso. Eu acho que a moda tem esse alcance. A moda é democrática, todo mundo consome moda. Então, eu consigo levar, através da moda, ideias para todas as áreas que eu quiser.”
Lethicia no Baila da Vogue 2025 - Uma homenagem a Sabrina Sato. Divulgação
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Daniel Dalcantara (SP) - Foto: Divulgação
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