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Capa B+: Entrevista exclusiva com Gabriela Moreno, atriz destaque no sucesso da Netflix DNA do Crime

"Foi uma experiência incrível começar a minha carreira na série "DNA do Crime"

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Gabriela Moreno estreou nas telas em grande estilo no final de 2023 em seu mais recente trabalho na série da Netflix 'DNA do Crime', um gigantesco sucesso no streaming dirigida por Heitor Dhalia onde interpretou a personagem Cynthia. O projeto audiovisual brasileiro teve números expressivos de audiência no estrangeiro e acumulou 50,8 milhões de horas consumidas e 6,5 milhões de visualizações,  entre os dias 13 e 19 de novembro. E ainda segundo a própria Netflix, a série entrou no top 10 de 71 países. 

Foi uma experiência incrível começar a carreira com uma série dessa magnetude e com uma personagem tão instigante como a Cynthia. Adentrar esse universo do true crime, que é um gênero que vem crescendo no Brasil, e que eu sempre gostei muito. Acredito que da forma com que é abordado em Dna, o assunto se torna ainda mais interessante, pois nos revela esse grande quebra cabeça que é esse sistema e a complexidade de ambas as perspectivas, tanto da polícia federal quanto quem está dentro do crime", explica.

Ainda no cinema, em 2021, trabalhou no filme Strippers, com direção de Julianno Lucas. Em 2020 ficou em cartaz com a peça Doc. Malcriadas com direção de Lee Taylor no Núcleo de Artes Cênicas. Também atuou no espetáculo “Café Concerto - Estação da Luz” com a Cia do Latão, com direção de Sérgio de Carvalho (2018). Ganhadora do prêmio de melhor atuação no 10° FilmmWorks Festival 2019, com o filme “Dos Dias Que se Passam”, com direção de Henrique Sunega. Ainda no cinema, em 2018, foi Cecília, protagonista do curta metragem “Longe”, vencedor do prêmio de melhor curta LGBTQIA+ no Light and Future Festival dos EUA; Dir: Mariana Stolze. Foi Maíra no filme “Duas Vezes Depois de Maíra”, com direção de João Lucas e participou do longa “A Jaula”, com direção de João Wainer. Fez uma participação na série “Hebe” da TV Globo, direção de Maurício Farias.

Do circo ela foi para os palcos do teatro e depois para a TV e uniu suas paixões, que vai das artes marciais às suas diversas formas de arte. "Quando percebi que arte também era cultura, eu fiquei curiosa e instigada. Queria conhecer as coisas, ter outras visões de mundo e expressá las. Eaí foi que apareceu o circo no meu caminho, ainda adolescente. Eu ainda estava no colégio e quando ví a magia que era estar num picadeiro, percebi que eu queria viver proporcionando isso pras pessoas. E com o teatro e cinema, isso se concretizou ainda mais", diz a atriz.

Gabriela é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e em conversa com o Caderno ela fala sua escolha pela arte, estreia em "DNA do Crime", um arrebatador sucesso da Netflix, arte circense e novos projetos.

Escreva a legenda aqui

CE - Conta um pouco pra gente do seu início e porque escolheu o caminho da arte?
GM -
 Acho que foi pela forma de tentar olhar as coisas da vida por outras perspectivas. Eu sempre prestei muita atenção nas formas de expressão que a própria vida nos mostra. Mas foi algo intuitivo e sinestésico. Quando percebi que arte também era cultura, eu fiquei curiosa e instigada. Queria conhecer as coisas, ter outras visões de mundo e expressá las. Eaí foi que apareceu o circo no meu caminho, ainda adolescente. Eu ainda estava no colégio e quando ví a magia que era estar num picadeiro, percebi que eu queria viver proporcionando isso pras pessoas. E com o teatro e cinema, isso se concretizou ainda mais.

CE - Sobre "DNA do Crime", como foi o trabalho na série?
GM - 
Foi uma experiência incrível começar a carreira com uma série dessa magnetude e com uma personagem tão instigante como a Cynthia. Adentrar esse universo do true crime, que é um gênero que vem crescendo no Brasil, e que eu sempre gostei muito. Acredito que da forma com que é abordado em Dna, o assunto se torna ainda mais interessante, pois nos revela esse grande quebra cabeça que é esse sistema e a complexidade de ambas as perspectivas, tanto da polícia federal quanto quem está dentro do crime.

CE - Você fez parte de alguma seletiva?
GM - 
Sim, eu recebi um teste por email, no qual minha agente intermediou e aí comecei já a estudar e buscar referências do que eu imaginava sobre a personagem.

CE - Como foi trabalhar com o Heitor Dahlia?
GM -
 Foi ótimo! O Heitor é o tipo de diretor que conversa com os atores sobre as personagens, sobre a obra e isso nos deixa mais à vontade pra poder propor e construir junto. Ele é super aberto à propostas e tem uma maneira generosa de nos conduzir.

Gabriela em DNA do Crime - Foto: Divulgação

CE - A série contou com novos atores e rostos na telinha?
GM -
 Sim, inclusive eu! Hehehe. Já havia feito muito cinema independente, mas nunca havia trabalhado em uma grande produção. 

CE - Você acha que este ainda é um assunto pouco abordado na dramaturgia?
GM -
 O tema já foi abordado de diversas maneiras na nossa dramaturgia mas nunca dessa forma. No DNA, eu acredito que o tema tenha sido abordado de maneira muito particular, até porque sendo baseado em fatos reais, já traz em si uma carga de originalidade específica.

CE - Tem percebido uma tendência de crescimento de obras abordando true-crimes e criminalidade na dramaturgia?
GM -
 Sim, inclusive, acredito que o Dna é uma série exemplar com relação à isso. Não só por ser baseada em uma história real como a forma com que a trama se desenrola no roteiro, com personagens tão complexos e cheios de camadas. 

CE - Você pratica artes marciais profissionalmente (tai chi, kung fu e boxe). Como as artes marciais chegaram na sua vida? E o boxe tem uma energia muito diferente dos outros?
GM -
 Chegaram através do meu pai, desde pequena ele já me ensinava algumas coisas de defesa pessoal e luta com espadas. Eu sempre tive muito interesse e em 2022 conheci uma academia aonde me identifiquei muito com o treino. E a coincidência mais marcante foi descobrir que o meu grande mestre, Braulio Estevam, havia treinado o meu pai ha muitos anos atrás. Como o sishou Braulio me ensinou, as duas modalidades são diferentes mas se complementam muito entre si. Você utiliza muitas coisas do Kung Fu no Boxe Chinês e vice versa.

Gabriela é praticante da arte do circo - Foto: Divulgação

CE - Você começou no circo? Que desafios e contribuições o circo faz/fez em sua carreira?
GM -
 Apesar de ir muito ao circo quando era pequena, a primeira vez que fiquei verdadeiramente apaixonada foi quando conheci o projeto social Juventude Cidadã, em SBC. Um centro cultural aonde haviam múltiplos artistas, eaí foi quando ví os treinamentos dos circenses, especificamente das pessoas acrobatas e contorcionistas, e aquilo me pegou. Nunca mais ví as apresentações com os mesmos olhos, àquela leveza munida de força e coragem, e a consciência corporal e virtuosística. Tudo isso me deixou completamente apaixonada. E minha vontade era tanta que eu peguei muito firme nos treinos, enfrentei muitas dores físicas e muitas transformações também psicológicas. Você lida com seus medos e suas inseguranças de uma maneira muito construtiva. Eaí em alguns meses já me apresentava profissionalmente. O circo me trouxe segurança, coragem e flexibilidade pra vida. 

CE - DNA do Crime é a série mais vista fora do País. Acha q por vezes a arte brasileira é mais reconhecida lá fora do que aqui?
GM -
 Sim, muitas vezes um filme nacional ou uma série é mais assistido fora do nosso país do que aqui. E eu acredito que isso tenha haver não só com políticas públicas mas também com formação de público e acesso às pessoas. Agora com a Lei da Cota de Tela, acredito que essa realidade vá mudar e as pessoas valorizarão mais nossas produções nacionais 

CE - Algum momento difícil ou desafiador que pudesse compartilhar com a gente?
GM -
 Como atriz já passei por um processo bem difícil aonde eu e outras atrizes interpretávamos vítimas de estupro e assédio, num espaço aonde não havia sensibilidade alguma pra lidar com esse tema, aonde houveram inclusive denúncias que soubemos depois tardiamente. Fomos nós atrizes que nos confortamos, nos apoiamos e conseguimos trabalhar juntas de modo a contornar o que estávamos vivendo lá.

CE - Você praticar esportes ajudaram na série?
GM - 
Muito! Uma série de ação demanda muita energia física, e havia uma cena que eu teria que estar preparada fisicamente, pois era uma cena de briga na balada em que eu lutava. Então, já ter tido esse treinamento foi essencial.

Foto - Julio Aracack

CE - Como foi a composição do seu personagem?
GM -
 Meu processo pra construção da Cynthia creio já ter começado no próprio teste. Depois de receber os roteiros logicamente fui em busca de mais material que me ajudasse a construir essa personagem. Busquei mais referências, li sobre essas mulheres e na hora da caracterização é que senti como poderia criar esse corpo. Mas foi em cena mesmo, no jogo entre atores e atrizes, que a coisa vai acontecendo.

CE - Você é uma mulher linda, quais são as suas dicas de beleza?
GM -
 Água é a primeira delas, exercício físico pra mim também é primordial, uma alimentação saudável e meditação. Acredito que beleza também tem muito haver com estar bem consigo. 

CE - Inspirações no seu trabalho... 
GM -
 São inúmeras, hehehe. Mas posso dizer que pra além de grandes atrizes e atores que me inspiram muito, o observar da vida é algo que me inspira diariamente. A natureza das coisas, as pessoas na rua, o tempo das coisas e etc..

CE - Quais são os seus novos projetos para 2024?
GM
- Em 2024 continuarei meu trabalho no audiovisual, e pretendo também estudar roteiro pra quem sabe começar a produzir coisas autorais.

DIÁLOGO

Articulações políticas entre lideranças farão com que alguns partidos sejam... Leia a coluna de hoje

Leia a coluna desta segunda-feira (15)

15/12/2025 00h01

Diálogo

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Jean-Jacques Rousseau escritor suÍço
"A arte de interrogar não é tão fácil como se pensa.  
É mais uma arte de mestres do que de discípulos; é preciso ter 
aprendido muitas coisas para saber perguntar o que não se sabe”.

FELPUDA

Articulações políticas entre lideranças farão com que alguns partidos sejam “barriga de aluguel”, afirma escolado político. Segundo ele, sem espaço na formação de chapas, partidos começam a conversar
com outras agremiações para que cedam vagas, a fim de filiar ansiosos pré-candidatos. Aliás, tem gente tomando litros de chá de erva-cidreira, aguardando a abertura da “janela partidária” para que seja “gestada” em outra sigla, na esperança de que assim possa ter sucesso nas urnas. Vai vendo...

Diálogo

Em pauta

Nesta quarta-feira, o chamado PL da Dosimetria será o único item da pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O texto, aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 10, tem relatoria do senador Esperidião Amin. 

Mais

A proposta altera pontos do Código Penal e da Lei de Execução Penal. Também poderá reduzir penas dos condenados por crimes contra a democracia. Se aprovado na CCJ, o projeto vai para o Senado, e a expectativa é de que seja de votado ainda este ano.

DiálogoMarcio Benevides, Maria José falcão e Fabiana Jallad

 

DiálogoAndreas Penate e Monica Ramirez

Mal, mal...

Por determinação da Justiça, a Prefeitura de Campo Grande será obrigada a fazer o “dever de casa”, que estará acompanhando o trabalho como “severa professora”, diante do desleixo que resultou em ação civil pública do Ministério Público de MS. A decisão reconheceu omissões administrativas na manutenção e na limpeza de áreas públicas, bem como na fiscalização de imóveis particulares notificados, situação comprovada por meio de documentos reunidos ao longo da instrução processual. Isso, sem contar o “puxão de orelha” lá pelas bandas do Paço Municipal. Nada é tão ruim que não possa piorar... 

Caos

Durante pronunciamento da tribuna, o vereador Carlão questionou a eficácia do comitê de gestão e cobrou da prefeita Adriane Lopes a nomeação de um secretário de Saúde, considerando que o setor está enfrentando grave “colapso”. Ele citou casos desse problema, como o de paciente que perdeu uma das pernas e ficou aguardando a liberação de uma vaga. Apesar do caos nessa área, mostrou-se contra a abertura de uma CPI.
avanço. A “Cartilha do Registro Civil de Nascimento de Pessoa Indígena em Língua Guarani e Terena”  
foi lançada pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). O ato ocorreu no dia 10 e contou com a presença de diversas lideranças indígenas, marcando avanço significativo no combate ao sub-registro. Quatrocentas cartilhas foram confeccionadas nesta primeira etapa. 

  • Dr. mafuci Kadri, 
  • Monica regis Wanderley, 
  • Dr. alexandre branco Pucci, 
  • Maria Claudia Tosi Castelo,
  • Ruy fachini filho, 
  • Dr. fernando freitas,
  • Antônio almeida de souza,
  • Elaine shimada Tatibana,
  • Massaru oba,
  • Marlene das dores de oliveira,
  • José alfredo Castro abud,
  • Francisco seiki shirado,
  • Vanda de figueiredo Testa, 
  • Cordon Luiz Capaverde,
  • Laila gabriela Cardozo Carron,
  • Siney Joaquim da silva,
  • Valéria Celeste franco da Costa,
  • Claudia maria real Leite,
  • Dora aureliano, 
  • Euler danubia nascimento,
  • Bruna gabriely Costa da silva,
  • Weligton da silva martins,
  • Márcia razera suassuna
  • Marco antônio Lechuga Moraes filho
  • Dra. maria madalena santos,
  • Camila mattos,  
  • Ezequiel freire da silva,
  • Fernando antonio Tacca de andrade,
  • Angélica bezerra de oliveira,
  • Celina Cândida rondon gomes da silva,
  • Thiago ramos dos santos,
  • Mariane Cervi Kohl,
  • Tasso Jereissati,
  • Silvério Kerkhoff,
  • João razuk Jorge,
  • Antônio botelho gonçalves ferreira,
  • Dr. getúlio Pimenta de Paulo,
  • Yeda antello e silva,
  • Valdemir alves,
  • Chrysttoferson fralzino ozório,
  • Luzia Ângela de oliveira dias,
  • Adelina Cardoso,
  • Eusébia delgado Villasanti, 
  • César Quintas guimarães,
  • Dr. ronaldo Cunha,
  • Odir zattar,
  • Maria Íris de Souza,
  • Oswaldo Garcia,
  • Henrique Bossay da Costa,
  • Neuza Cunha Provenzano,
  • José Jorge Leite,
  • Tiago Alves Garcia,
  • Adilson Moreira da Rocha,
  • Jéssica Souza da Silva,
  • Luiz Claudio Tobaru Tibana,
  • Antonio Minari Junior,
  • Rejane Luz de Montiel,
  • Walmir dos Santos Messa,
  • Silvania da Silva Cabral,
  • Teresa Cristina Alvim,
  • Humberto Ribeiro Mendes,
  • Gilson Machado,
  • Fernando Augusto Machado,
  • Henrique da Costa Santos,
  • Danilo Ferreira Moraes,
  • Heloisa Silvana da Costa ferreira,
  • João roberto abuhassan filho, 
  • Rilker dutra de oliveira,
  • Sérgio Haroldo mosqueira,
  • Alicio Lima rodrigues,
  • Maurício Teixeira Corrêa,  
  • Jucilene silva souza,
  • Antônio benedito dotta,
  • Dirce mascaros Landre,
  • Alaércio ribeiro borges, 
  • Jurandir Lino Corrêa,
  • Paulo Hamilton santos marinho,
  • Wanderlei Vaz da Costa Júnior,
  • Alcides Beserra de Sousa,
  • Sandro Rogério Hubner,
  • Julieta Elisabetha Kolling maciel,
  • Milton Garcia do nascimento,
  • Marcius Renê de Carvalho e Carvalho,
  • Valdinei Pedra,
  • Dalva Aparecida Paiva Leite,
  • Edmilson Paulino Queiroz,
  • Ilma aparecida ferreira Whitlock,
  • Darci das graças Pereira
  • Isabel alves salineiro, 
  • José martins de souza,
  • Vânia Queiroz farias,
  • Giselle rios Lima,
  • Cícero Pucci,
  • Antonio Pedroso de barros,
  • Charles Cristiano barbosa Pinho,
  • Ingrid de Souza Nogueira,
  • Steno bernobic,
  • Marilda de mattos galvão,
  • Francisco Pereira martins,
  • Sérgio augusto fontellas dos santos,
  • Diego armando de souza Canhete,
  • Reginaldo Pauferro miranda,
  • Paula Luisa Cusinato Leitão,
  • Aparecido Veríssimo dos santos,
  • Kelen Cristhian Carvalho ricas,
  • Milson Couto friozi,
  • Kelly Krystynny da silva santos.

 Colaborou Tatyane Gameiro

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Capa da semana B+: Entrevista exclusiva com a atriz destaque na série "Tremembé" Débora Fernanda

"Foi um papel desafiador pela própria temática e crime. Primeiro fui ler a história do crime da Raissa que está no livro "Suzane Assassina e Manipuladora" do Ullissess Campbell, foi ele que deu base a primeira temporada de Tremembé"

14/12/2025 23h00

Capa da semana B+: Entrevista exclusiva com a atriz destaque na série

Capa da semana B+: Entrevista exclusiva com a atriz destaque na série "Tremembé" Débora Fernanda Foto: Divulgação

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Débora Fernanda está na série de sucesso “Tremembé”, no Prime Video. Na produção, ela vive a presidiária Raíssa, uma personagem verídica que foi parar na cadeia depois de matar uma criança. A personagem se torna amiga de Suzane Von Richtofen (Marina Ruy Barbosa) e a convida para ser sua madrinha de casamento fora das grades.

Com 37 anos de idade e 13 de carreira, Débora Fernanda estreou na peça "Saga da Bruxa Morgana e Família Real", sob a direção de Christiane Tricerri. Graduada em Arte e Teatro pela UNESP e em Rádio e TV pelas Faculdades Integradas Rio Branco, a artista ainda pode ser vista no streaming no filme de ação e ficção científica “Biônicos”, da Netflix, e em ‘Tarã’, série original da Disney+.

Débora ainda tem no currículo os curtas-metragens “Corre”, que recebeu o prêmio de Melhor Curta no Chicago Feedback Film Festival, e ‘Ilê’, um documentário vertical que aborda o racismo na infância que conquistou o prêmio Empathy no Essential Stories Film Festival, em San Francisco, Califórnia.

Paulistana, Débora Fernanda também integrou diversos coletivos voltados para a cultura popular afro-brasileira e indígena, como a Trupe Trio, Casa de Maria e Cia Alcina da Palavra. Ela ainda teve seus contos e poesias publicados no box "Contos da Quarentena", e nos livros "Posfácio do Coletivo Sinestésica" , "Literatura Negra Feminina: Poemas de Sobre(vivência)" e "Olhos de Mergulho".

Débora é a Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e em entrevista ao Caderno ela fala sobre carreira, escolhas e o sucesso de sua personagem na série "Tremembé" no Prme Vídeo.

Capa da semana B+: Entrevista exclusiva com a atriz destaque na série "Tremembé" Débora Fernanda A atriz Débora Fernanda é a Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Thom Foxx - Diagramação: Denis Felipe - Por: Flávia Viana

CE - Debora Fernanda está em seu primeiro papel de destaque na carreira na série “Tremembé”. Como se descobriu interessada na arte? E como foi a caminhada até chegar na série?
DF - 
Desde criança tive contato com arte e sempre amei, meus pais sempre assistiram a muitos filmes e ouviam músicas. Esses dias eu encontrei dois cadernos da escolinha de quando eu era criança e tinha uma pergunta, o que você quer ser quando crescer? Aos 7 anos eu respondi que queria ser cantora e aos 8 que queria ser atriz.

Mais ou menos nessa idade minha mãe me colocou para fazer curso de teatro no Municipal de Araras. Com relação a arte minha mãe, Sandra Enedina, foi, e é a maior incentivadora, meu pai e minha irmã não ficam atrás. Nos horários de contraturno da escola, nossa mãe nos colocava, eu e minha irmã, para fazer outros cursos gratuitos disponibilizados pela Prefeitura de Araras ou por ONGs que tinham na cidade.

Eu lembro que além do teatro fiz aulas de teclado, canto, coral, corte costura, pintura em pano de prato etc, eu amava. Daí já se vê a importância do apoio da família e o incentivo público para a formação dos artistas desse país.

Eu tive a “oportunidade” de estudar em um colégio particular na cidade, era religioso, tinha aula de teatro e era extremamente racista, as crianças, os professores e a direção do colégio eram horríveis comigo e com minha irmã, despejavam todo tipo de atrocidades. E eu ainda tenho dislexia, misofonia e com todo esse quadro, óbvio, tive dificuldade de aprendizado e os formadores atribuíam essa questão da cor da minha pele.

Existia um estigma, eu sou preta e, portanto, era considerada burra e feia, foram muitas críticas e humilhação sempre, os únicos espaços onde me aceitavam era no esporte (o que ainda faz parte do estereótipo) e no teatro porque eu realmente mandava bem. Daí o teatro que eu já gostava, passou a ser o meu espaço de aceitação e segurança. 

Eu me lembro de uma peça que apresentei no colégio “Arena Conta Zumbi”, texto do Guarnieri e Boal, com a direção do querido Mussa Daniel, meu professor na época, ali foi um grande ponto de virada, descobri que tinha muita força e resistência preta e que tinha também muitos motivos para me orgulhar. 

No dia seguinte e em alguns próximos, na escola, a turma me reconheceu como gente, como um ser capaz de fazer algo, até recebi elogios. O teatro passou a ser lugar de aprovação, depois reconhecimento, lugar possível de uma existência. E até hoje me sinto assim, me sinto fazendo algo importante para a sociedade, me sinto viva quando estou atuando.

Saí de Araras, vim para São Paulo e a primeira peça que assisti foi com a Christiane Tricerri, ela estava fazendo Megera Domada, foi incrível meu coração parecia que ia sair pela boca vendo essa atriz  grandiosa atuando, eu me lembro de rezar para a peça não acabar.

Fiz o curso profissionalizante da Escola de Teatro Celia Helena, onde também me destaquei, já saí de lá fazendo um espetáculo com Rosi Campos, Tadeu de Piettro, Majeca Angelute e sendo dirigida pela própria Christiane Tricerri!  Na minha primeira peça profissional, um presente, eu não parei mais.

Estudei também na UNESP e lá passei a fazer contação de histórias, me juntei com uma amiga e contamos histórias que meu avô baiano pescador me contava, e que meu pai também recontava, nesse ponto me interessei e pesquisei muito a cultura popular, acho que ainda na busca de reconhecer as belezas de minhas raízes tanto machucada na minha infância.

Fiz peça de todo tipo, infantis, adultas, juvenis, espetáculos bem estruturados outros em companhias precárias. Vivo muito teatro. Na pandemia com tudo fechado, ainda fiz peça online do Itaú Cultural e outras apresentações nos telhados dos Sescs para as pessoas assistirem pela janela de seus prédios. O trabalho foi escasso e o audiovisual me surgiu como possibilidade. Passei a me gravar e estudar em casa, logo passei em um teste para gravar um curta no Maranhão.

Assim que o Flavio Dino liberou a vacina eu a tomei para poder gravar meu primeiro filme, fiquei dois meses lá, a partir de então  não parei mais de estudar para o audiovisual. Fiz outros filmes, entre eles “Biônicos” da Netflix em que faço uma participação e sou dublê da Gabz; e Tarã da Disney em que faço uma dança na abertura, esse ainda não saiu. Fiz dois curtas autorais e participei de outras produções independentes que receberam prêmios.

Passei por agências, até me conectar com meu agente atual, descobrimos que íamos fechar um contrato juntos a partir de um sonho que ele me contou, interpretamos, ele conseguiu arrumar o teste para o Tremembé e eu estava pronta!

CE - Na produção, você vive Raissa, uma mulher que matou uma criança e depois ainda se casou com o pai dela.  Como foi o processo para se preparar para essa personagem?
DF - 
Foi um papel desafiador pela própria temática e crime. Primeiro fui ler a história do crime da Raissa que está no livro “Suzane Assassina e Manipuladora” do Ullissess Campbell, foi ele que deu base a primeira temporada de Tremembé, o autor também me disponibilizou a foto dela em seu casamento, e  eu fiquei horas tentando tirar informações que estavam contidas naquela foto.

Fui atrás de séries que falam sobre assassinatos, e depoimentos de pessoas que cometeram esses crimes horrorosos e dos familiares das vítimas. Também passei a frequentar uma igreja evangélica aqui perto de casa para entender um pouco sobre as emoções, os comportamentos e como seria sentir esse perdão sendo uma pessoa cristã.

Conversei com muitas amigas mães que me relataram os sintomas e sensações do puerpério. Minha irmã tinha acabado de dar a luz a minha sobrinha Luanda, eu via e sentia de perto todo esse processo transformador que acontece na vida da mulher. Falei com uma amiga psicóloga sobre depressão pós-parto. Porque Raissa era uma mulher, que fez esse ato detestável, quando ela tinha um bebê, e a defesa alegou que no momento ela vivia uma depressão pós-parto. Fui caminhando por onde conseguia me aproximar mais dela.

Ela matou, foi condenada, e depois foi perdoada e teve uma oportunidade de viver algo que a maioria das detentas não vive, além do perdão ela foi pedida em casamento. No casamento o marido diz que ela foi tomada pelo diabo ao matar a criança, eu não acredito nisso, mas me ponho a pensar se uma bomba hormonal que é o que acontece no puerpério e uma depressão  pode ou não se assemelhar com o diabo entrando no corpo de alguém?

 No presídio feminino acontece o oposto do masculino, geralmente quando são presos os homens abandonam suas companheiras, o que acontece com ela é atípico, além de ser perdoada por ele, o pai da criança, ele a pede em casamento, é uma loucura, mas me parece que ela teve a oportunidade de viver o amor. E aqui me pergunto novamente, se fosse com você, não consideraria que isso foi um milagre também?

É tudo muito complexo nessa história, e fazer as escolhas de como eu a via também. Eu decidi os movimentos dela, e tive ajuda no SET com as preparadoras Carol Fabri e Maria Laura, e contei ainda com a direção da Vera Egito e do Daniel Leiff. O assunto é muito denso e mexeu com muitas camadas, eu segui fazendo minha terapia, e também com cuidados espirituais com meu Babalorixá.

CE - Acha que Tremembé é um ponto de virada na sua carreira? Já impactou de alguma forma sua vida?
DF - 
Eu conto com isso rs! Acredito que sim porque muita gente que não me conhecia passou a conhecer o meu trabalho, inclusive produtores de elenco. Espero que me abram oportunidades para muitos trabalhos porque é o que eu quero, trabalhar no audiovisual com papéis maiores e com trama relevante. Eu sei que estou pronta e quero muito mais! Na minha vida impactou de diversas formas, algumas pessoas me reconhecem na rua, pessoas das artes que não me conheciam e eu admirava vem me parabenizar, a minha confiança aumentou também e sei que posso ir muito mais longe.

CE - Poderemos ver Raissa na já anunciada segunda temporada da série? E o que gostaria de mostrar mais sobre ela que você tem conhecimento, mas o público não?
DF - Eu acredito que ela estará sim na próxima… rs ouvi boatos … Tem tanta coisa que eu gostaria que contassem dessa personagem, como por exemplo, como ela se converteu ao evangelismo?  Ver ela conduzindo Suzane a chegar nessa religião; gostaria de faze-la pregando como pastora da cadeia, de contar como ela se sentiu depois de ter casado e ainda assim voltado para cadeia. Como essa relação se deu, como vive um casamento uma pessoa presa e outra livre? Gostaria que contassem o crime dela, levantassem essas situações de puerpério e depressão pós-parto. Eu aqui fico me imaginando fazendo várias cenas rs.

CE - Você já passou por situações de racismo na infância conforme falou em recentes entrevistas. Como isso impactou na sua vida? E na sua arte?
DF -
 O racismo me violentou mais quando eu era criança porque eu não tinha defesa, não entendia o tamanho dessa estrutura silenciadora. Hoje eu sou letrada racialmente, tenho consciência e sei me defender, e não mais acredito em situações que tentam me deprimir e me humilhar, mas frequentemente eu passo por situações racistas ainda hoje, infelizmente.

Além das violências diretas verbais e físicas tem as sutis da estrutura que são devastadoras, a estrutura precisa ser modificada. Um sintoma, por exemplo, é a pouca oportunidade para atores pretos no audiovisual ou quando tem pessoas negras atuando. Ainda sim a importância dos personagens para a trama é menor. Esse quadro por hora é determinante, então sempre influenciou meu trabalho e nas minhas oportunidades.

Por outro lado, eu amo ser uma mulher preta, e tenho muito orgulho das riquezas do meu povo, das culturas e artes. Desde quando me reconheço por artista trabalho com culturas populares relacionadas, faço parte de coletivos que fazem contação de histórias africanas, afro-brasileiras  e indígenas. Faço muitas peças com essa temática como Sankofa, Estrela do Encante e Jornada Heroica de Maria, que fiz esse ano.

Sou capoeirista do grupo Quilombolas de Luz, onde atuo com a comunidade cozinhando nas festas e doou minhas contações de histórias. Sou filha do Asè do Rio das Pedras  e nesse terreiro colaboro com a formação artística e de letramento racial  dos membros. Eu tenho um sonho que nenhuma criança passe pelo que eu passei na infância… Mas infelizmente ainda acontece, e elas me contam. Eu me sinto a serviço da arte, a serviço da arte preta, porque onde eu estiver atuando, em qualquer temática que eu estiver desenvolvendo vai ser a partir desse meu corpo preto com todas as experiências somadas em mim.

Capa da semana B+: Entrevista exclusiva com a atriz destaque na série "Tremembé" Débora FernandaA atriz Débora Fernanda é a Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Thom Foxx - Diagramação: Denis Felipe - Por: Flávia Viana

CE - Além de atuar, você é escritora e já lançou quatro livros. O que inspira sua escrita? Há planos para novas obras literárias?
DF - 
Eu sou colaboradora desses livros, gosto muito de escrever, quando vou ver já tô escrevendo alguma coisa, é meio que natural, uma necessidade! Eu acabei de escrever uma música de capoeira que eu quero muito que se transforme em clipe, submeti a lei Rouanet, e agora estou na busca de patrocinadores, tem toda uma caminhada para essa produção.

Eu sempre sinto vontade de escrever, geralmente está ligado com os próprios processos que estou passando na vida. Acho que escrevo para ver outras realidades, ou novas possibilidades de resolver minhas questões. Tenho cada dia mais me interessado por escrever roteiros. Eu tenho escrito alguns, estão guardados, vai chegar a hora de eu conseguir produzir.

CE - Débora Fernanda se assiste? É muito crítica?
DF -
 Eu me assisto sim… acho que faz parte do processo… até para eu entender o que foi legal e o que não. Gosto muito de fazer isso como forma de exercício, decorar alguns textos, gravar e ver como está, ou pensar novas possibilidades.

Eu sou bem crítica comigo mesma, não queria ser tão assim, tento a cada dia ter mais gentileza comigo. Eu gosto muito de ouvir as pessoas falando do meu trabalho geralmente me dá uma aliviada.

CE - Muitos artistas sonham em fazer novela. E você? Qual personagem dos sonhos?
DF - 
Eu também sonho em fazer novela! Ficar um pouco mais estável porque a novela é longa, se grava por alguns meses, e deve ser uma experiência maravilhosa! Eu tô pronta! Não vejo a hora de ter essa oportunidade! Eu amaria fazer vários papéis … deve chegar ao infinito rs , tenho sonho de fazer uma capoeirista, uma dona da boca, uma mulher influente em uma escola de samba, uma rainha, dona de um bar, funkeira, uma vilã bruxona ….. eu sou capoeirista adoraria fazer mais papéis de ação em que eu possa usar a luta, o jogo de capoeira em si.

CE - Se não fosse atriz, o que seria? E já pensou em desistir da arte?
DF -
 Eu penso em desistir constantemente, tem muito desafio e falta de oportunidade...ainda mais com esses desgovernos que vão cortando leis de incentivo para arte, São Paulo está uma lástima e sei que o resto do pais não está diferente ...  mas daí eu me pergunto, o que é que eu vou fazer? E só me vem  arte como resposta....

Acho que se eu não fosse atriz eu seria dançarina ou escritora, ou ainda tentaria viver da capoeira. Eu não sei acho que morreria sem arte, acho que não seria eu. A arte me salva e me faz perder, mas não me vejo em outro lugar, mesmo porque se eu penso em não ser atriz já penso em outros tipos de arte. Artista é a maneira que eu sei existir.

CE - Quais os próximos projetos de Débora Fernanda?
DF - Espero grandes surpresas do universo! Desejo com todas as minhas forças trabalhar muito mais com audiovisual em 2026. Fazer mais filmes, séries e novelas. Gostaria muito de desenvolver esse clipe de capoeira “A nega voou”, para isso preciso arrumar patrocínio. Tenho alguns projetos de teatro que seguirei fazendo “A Estrela do Encante”, “ Sankofa” “Jornada Heroica de Maria”.

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