Correio B

MÚSICA

Capital recebe o rockstar norte-americano Evan Dando

Exageros à parte no título, Campo Grande recebe por uns dias o rockstar norte-americano Evan Dando (Lemonheads), que engrossou o fio de pólvora do grunge nos anos 1990 e faz show no Teatro do Mundo

Evan Dando, do Lemonheads, em Carrancas (MG), no mês de outubro: uma das referências do grunge, o músico chegou ontem a Campo Grande e se apresenta na cidade na quinta-feira (14), com participação de Rodrigo Sater e abertura da banda Os Alquimistas

Evan Dando, do Lemonheads, em Carrancas (MG), no mês de outubro: uma das referências do grunge, o músico chegou ontem a Campo Grande e se apresenta na cidade na quinta-feira (14), com participação de Rodrigo Sater e abertura da banda Os Alquimistas - ANTONIA TEIXEIRA

Continue lendo...

O que Renato Teixeira e Evan Dando, uma das lendas do rock alternativo dos EUA, têm em comum? Antonia Teixeira. Filha caçula do primeiro e casada com o segundo, a videomaker não somente é a ponte entre o músico de 56 anos e o endereço brasileiro do casal, na Serra da Cantareira, em São Paulo, onde vivem desde o fim de 2022, mas também está ciceroneando o marido por rolês em diferentes regiões do País.

E, desde ontem à noite, chegou a vez de Mato Grosso do Sul. A visita foi motivada pelas belezas e pelas curiosidades locais relatadas a Dando, especialmente pela estudante de Direito Julia Sater, enteada do roqueiro e filha de Antonia com outro músico de mão cheia, Rodrigo Sater, irmão do menestrel Almir.

Laços de família devidamente registrados, a melhor parte é que, além de passear, Dando vai fazer um show solo na Capital, com participação especial de Rodrigo e abertura da banda Os Alquimistas. 
Será na Estação Cultural Teatro do Mundo, na quinta-feira da próxima semana (14), a partir das 20h. Os ingressos já estão no segundo lote, a R$ 50 por pessoa. Informações e vendas pelo WhatsApp: (67) 99696-9774.

Evan Dando é o principal nome por trás, e à frente, do The Lemonheads. Vocalista, guitarrista e letrista, ele foi o mentor da banda desde o início, em 1986, com o lançamento do EP “Laughing All The Way To The Cleaners”, em que o músico também tocou bateria. 

Apesar de enfileirar hits certeiros, a exemplo de “It’s a Shame About Ray”, do quinto álbum, de mesmo nome, lançado em 1992, e “The Great Big No”, do disco seguinte, “Come on Feel the Lemonheads” (1993), o grupo é mais conhecido, pelo menos no Brasil, por duas músicas cover.

“Luka”, de Suzanne Vega, e “Mrs. Robinson”, de Simon & Garfunkel, até que ajudaram, e muito, no estrelato da banda. Mas não se pode dizer que o Lemonheads tenha sido refém de canções de sucesso de outrem. Muito pelo contrário. Por exemplo, entre o desespero kamikaze de um Nirvana e o existencialismo quase dócil dos escoceses do Teenage Fanclub, Evan Dando parece ter trilhado o caminho do meio.

Por mais que isso fosse improvável há coisa de três décadas, por conta do excesso de substâncias químicas, Dando garante ter superado qualquer vício letal e segue com o que sabe fazer de melhor: cantar, a um só tempo, firme e macio nos vocais e mandar ver na guitarra, com riffs ora sujos, no melhor estilo hoje talvez old school das chamadas noise-bands, ora mais límpidos e suaves, com flertes no country. 

Basta dar uma conferida em “Fear of Living”, faixa lançada há três semanas e que prenuncia, finalmente, um novo disco.

Com 10 álbuns na discografia, o Lemonheads não lança um disco de inéditas desde 2006. Mas a letra, enviada por Dan Lardner, da banda nova-iorquina QTY, que acabou falecendo em junho, e um encontro com o produtor Apollo Nove, em São Paulo, deram combustão para um novo trabalho. 

Seattle, considerada a capital do grunge, fica na costa oeste dos EUA. Nascido em Boston, extremo oposto geográfico, Evan Dando mostra que, na verdade, o movimento que renovou o rock nos anos 1990 teve mais de um QG.

O músico conversou com o repórter do Correio B, por WhatsApp e por videochamada, na estrada para Campo Grande. Confira, a seguir, trechos da entrevista exclusiva. 
 
Antes de falarmos do show, algo ainda sobre a tua presença no Brasil. Embora não seja mais novidade, como tem se sentido enquanto residente, e não apenas um visitante, por aqui? Com o que já se acostumou e o que ainda te causa surpresa ou estranheza?

Me sinto em casa aqui no Brasil. As pessoas são incríveis. Amo meu país, mas parece que os americanos perderam a alegria de viver. Existe muita culpa. Meu saudoso pai sempre dizia que a América do Sul é o futuro. Adoro a comida, tudo aqui é mais saboroso. Amo escondidinho de mandioquinha com carne-seca. E amo minha família, os Teixeira, que me fazem sentir como se nos conhecêssemos desde sempre. Acho um pouco perigoso os chuveiros elétricos, mas também já me acostumei. Adoro as tempestades com raios.

Como vai ser o show em Campo Grande?

O show vai ser solo. Voz e violão e guitarras. O Rodrigo Sater, que é pai de parte dos meus enteados, vai tocar algumas comigo. Ainda vamos ensaiar e decidir quais, mas provavelmente (a banda britânica) The Kinks (formada em 1964) e algumas coisas mais. Tem também a banda de abertura, Os Alquimistas, e acabamos de combinar que tocaremos duas músicas juntos. Será surpresa para quem for ao show. E claro que tocarei alguns clássicos do Lemonheads, mas talvez não “Mrs. Robinson”.

E o novo álbum anunciado para 2024? Em que etapa estão as canções do disco? Qual a contribuição brasileira ou de brasileiros? Sei que o Apollo Nove está na parceria.

Quanto ao disco, minha música sempre foi influenciada pela música brasileira, mas nunca faria algo étnico apenas pelo fato de estar morando no Brasil. Apollo está produzindo meu disco, e como nos conhecemos foi quase um milagre. Apesar de a minha namorada conhecer muitos produtores em São Paulo, ela não queria forçar um encontro, tipo play date (marcar para tocar), sabe? 

Então, por sorte, na estreia do documentário “Elis e Tom” (2022), que o tio da Antonia, Roberto de Oliveira, dirigiu, acabei sendo apresentado ao produtor Apollo Nove.

Nossa conexão foi imediata. Começamos a gravar o disco e tem ficado cada dia mais divertido e produtivo nosso trabalho juntos. No momento estamos trabalhando em 20 músicas demo para, em seguida, escolher as que vão estar no disco. A ideia é trazer minha banda (o baterista John Kent e o baixista Farley Glavin) em junho para gravarmos o disco valendo. 

“Almir Sater parece ter poderes mágicos”

Evan Dando, do Lemonheads, diz que sabe tocar “Romaria”, que pratica viola caipira e que tem curiosidade sobre o E.T. Bilú; confira a segunda parte da entrevista com o roqueiro dos EUA que visita CG e passou a morar em São Paulo em 2022.

Pela influência do country no teu trabalho e por tanta proximidade com o Renato Teixeira, entre outros nomes, há chance de uma pegada da música regional brasileira no próximo álbum?

Eu aprendi a tocar “Romaria” e tenho tentado tocar viola caipira, que é um instrumento fascinante. Mas não sei se isso vai influenciar as músicas do disco novo. Não tenho muito controle do que sai de mim musicalmente falando, então não consigo responder a essa pergunta. Minha mãe já me pediu pra não abrasileirar minha música, colocando ritmos brasileiros no álbum só porque estou morando aqui. Fica muito forçado, sabe? E eu obedeço minha mãe.

Um jornalista chegou a lembrar do Johnny Cash ao comentar sobre os vocais de “Fear of Living”. E, mesmo antes de ler sobre essa comparação, eu cheguei a pensar no Iggy Pop quando ouvir o single. Você, de fato, está cantando mais grave de uma vez por todas ou aquele registro da faixa é apenas uma entre outras possibilidades que explora na tua voz?

Obviamente a minha voz está mais grave por eu estar mais velho, mas nas outras faixas a voz estará bem menos grave do que essa.

O que traz consigo do grunge e de todo o zeitgeist daquela geração que você ajudou a moldar? Acredito que há um legado do grunge para o rock? Qual seria esse legado?

Acho que o grunge trouxe mais violência para o som das guitarras. All I want is beer and damage (“Tudo o que eu quero é cerveja e fazer estrago”; frase atribuída a Darby Crash, da banda de punk-rock Germs, falecido em 1980).

Peço que, se possível, aponte algum nome (banda ou músico) daquele período que talvez não tenha tido reconhecimento à altura do talento. E nos tempos atuais? Teria um artista que você curte bastante?

Um cara talentoso que não teve tanto reconhecimento é o Jonathan Richman (músico de Boston nascido em 1951). Hoje em dia curto Mac Miller (rapper dos EUA nascido em 1992 e falecido em 2018).

O que pode dizer sobre o teu jeito de tocar e compor? Quais guitarristas fizeram e ainda fazem a tua cabeça?

Minhas influências são Ron Asheton (The Stooges), Tony Iommi (Black Sabbath), Neil Young, David Gilmour (Pink Floyd), Phil Collen (Def Leppard) e Louvin Brothers (dupla de country e bluegrass do Alabama formada pelos irmãos Ira e Charlie Louvin nos anos 1940).

O que conhece de Mato Grosso do Sul?

Dois dos meus três filhos, enteados mas considero meus filhos, têm suas raízes em Campo Grande. A filha do meio, Julia Sater que está cursando direito e a quem chamo de Judge (Juíza) Julia é o motivo de estarmos indo visitar CG. Ela e Dylan Sater, que mora em SP com a gente, me falam muito do pôr-do-sol daí, de como Bonito é bonito e ontem fiquei sabendo do E.T. Bilú (que teria sido visto na comunidade alternativa Zigurats, em Corguinho). Estou muito ansioso pra conhecer a família Sater. Quem sabe encontro o Almir (Sater). Mas não sei se vou ter essa oportunidade. Ele parece ser uma pessoa com poderes mágicos.
 

OSCAR 2026

Wagner Moura tem 91,34% de chance de vencer o Oscar, aponta ranking

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

21/12/2025 23h00

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62% Divulgação

Continue Lendo...

As expectativas brasileiras para o Oscar 2026 crescem antes mesmo do anúncio oficial dos indicados, previsto para 22 de janeiro. Wagner Moura aparece entre os nomes mais fortes da disputa pelo prêmio de melhor ator, segundo um novo levantamento do site especializado Gold Derby.

De acordo com a projeção, o ator brasileiro tem 91,34% de chance de vitória, porcentual que o coloca na terceira posição entre os 15 nomes mais bem colocados na categoria. A lista reúne artistas que já figuram entre os pré-indicados e aqueles acompanhados de perto durante a temporada de premiações.

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%. Wagner aparece logo atrás, à frente de nomes como Michael B. Jordan e Ethan Hawke.

As estimativas do Gold Derby são elaboradas a partir da combinação de previsões de especialistas de grandes veículos internacionais, editores do próprio site que acompanham a temporada de premiações e um grupo de usuários com alto índice de acerto em edições anteriores do Oscar.

O Agente Secreto está entre os pré-indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional e de Melhor Escalação de Elenco, em lista divulgada no último dia 16, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

A cerimônia do Oscar 2026 está marcada para 15 de março, com transmissão da TNT e da HBO Max, e terá novamente Conan O’Brien como apresentador. A edição também deve ampliar a presença brasileira na premiação: produções nacionais como O Agente Secreto já figuram em listas de pré-indicados da Academia, em categorias como Melhor Filme Internacional e Melhor Escalação de Elenco.

Ranking do Gold Derby para o Oscar 2026 de melhor ator:

1. Leonardo DiCaprio (95,08%)

2. Timothée Chalamet (93,62%)

3. Wagner Moura (91,34%)

4. Michael B. Jordan (83,35%)

5. Ethan Hawke (73,46%)

6. Joel Edgerton (25,24%)

7. Jesse Plemons (7,09%)

8. George Clooney (4,25%)

9. Jeremy Allen White (4,06%)

10. Dwayne Johnson (2,64%)

11. Lee Byung Hun (2,52%)

12. Oscar Isaac (0,83%)

13. Daniel Day-Lewis (0,39%)

14. Brendan Fraser (0,31%)

15. Tonatiuh (0,24%)
 

Correio B+

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

Continue Lendo...

Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).