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Literatura

Cem Anos de Solidão: Maior obra de realismo mágico da América Latina ganha adaptação

Após 5 anos da compra dos direitos da história, Netflix estreia série de 16 episódios

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A adaptação de "Cem Anos de Solidão", obra-prima do renomado autor colombiano Gabriel García Márquez, finalmente chegou às telas através da Netflix nesta quarta-feira (11).

A série, dividida em duas partes, com um total de 16 episódios, marca um momento histórico na literatura e no entretenimento, sendo a primeira vez que o clássico do realismo mágico latino-americano ganha vida em formato audiovisual.

Um autor rígido

A jornada para trazer "Cem Anos de Solidão" às telas foi longa e desafiadora. Durante sua vida, García Márquez resistiu firmemente a adaptações de sua obra magistral, acreditando que a essência de sua narrativa complexa e rica em simbolismo poderia se perder na transição para o meio visual.

No entanto, uma década após sua morte, seus filhos, Gonzalo García Barcha e Rodrigo García, assumiram o papel de produtores executivos, garantindo que a visão de seu pai fosse respeitada e preservada.

A série, filmada inteiramente em espanhol e na Colômbia, honra as condições estabelecidas pelo próprio García Márquez, mantendo-se fiel às raízes culturais e linguísticas da obra original. Esta decisão não apenas respeita o legado do autor, mas também oferece uma experiência autêntica e imersiva para o público global.

A direção da série foi confiada a Laura Mora e Alex García López, cineastas com experiência em produções aclamadas como "Narcos" e "Os Reis do Mundo".

Laura Mora, em particular, expressou o peso da responsabilidade de adaptar uma obra tão icônica, comparando-a a "lidar com a Bíblia" para os colombianos. Sua abordagem foi marcada por um profundo respeito ao material original e uma compreensão aguçada das diferenças entre as linguagens literária e audiovisual.

Já o elenco da série traz uma mistura de talentos estabelecidos e novos rostos, todos comprometidos em dar vida aos icônicos personagens da saga dos Buendía.

Claudio Cataño interpreta o Coronel Aureliano Buendía adulto, enquanto Jerónimo Barón dá vida à versão jovem do personagem. Marco González e Susana Morales encarnam José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán, os patriarcas da família, cujas decisões e ações moldam o destino de gerações futuras.

Cronologia

Um dos maiores desafios enfrentados pela equipe de produção foi a adaptação da estrutura narrativa complexa do livro. A obra original de García Márquez é conhecida por seus saltos temporais e pela intrincada teia de personagens que se estendem por várias gerações.

Para tornar a história mais acessível ao formato de série, os criadores optaram por uma abordagem mais linear, permitindo que o público acompanhe cronologicamente o desenvolvimento da família Buendía e da mítica cidade de Macondo.

Apesar dessa linearidade, a série mantém a essência do realismo mágico que tornou o livro famoso. Elementos sobrenaturais e fantásticos são habilmente entrelaçados com a realidade cotidiana, criando o ambiente único e surreal que é a marca registrada de García Márquez.

Para auxiliar nessa transição, a produção faz uso de um narrador, uma escolha que busca preservar o tom literário e poético da obra original.

À medida que os espectadores mergulham no mundo de Macondo, eles serão transportados para um universo onde o ordinário e o extraordinário coexistem, onde o amor, a guerra, a loucura e o destino se entrelaçam em uma tapeçaria rica e complexa. 

Contexto político

A produção não se limita apenas a recriar a narrativa, mas também se esforça para capturar a essência cultural e política da América Latina que permeia a obra de García Márquez.

O autor usou "Cem Anos de Solidão" como um veículo para explorar e criticar as desigualdades impostas pelo colonialismo e imperialismo na região. A série busca manter essa perspectiva crítica, oferecendo uma reflexão sobre a história e os dilemas contínuos do continente.

Expectativa dos fãs

A estreia da série é aguardada com grande expectativa pelos fãs do livro. Uma dessas fãs é Paty Silveira, coordenadora do Clube do Livro da Livraria Leitura, que afirma experenciar a euforia pelo reconhecimento da obra e o receio de que a adaptação não seja fiel.

"Precisamos entender que não é possível abordar tudo que está nos livros, mas a expectativa é para que a essência seja preservada, possibilitando, tanto quanto possível, as emoções e reflexões que a obra apresenta. Mas o meu principal desejo é que a série influencie novos leitores. Que a partir dela as pessoas procurem saber mais sobre Macondo por meio da leitura do livro e possam se apaixonar pelo mundo literário também".

Para Paty Silveira, participar de um Clube do Livro é a oportunidade de fazer uma nova leitura por meio das observações e apontamentos de outros leitores, e com Cem Anos de Solidão, obra debatida em seembro deste ano, não foi diferente.

"A escrita do Gabo é diferenciada, o realismo mágico presente em sua obra é sensacional e ele consegue em um mesmo parágrafo trazer sensações diversas: em um momento você está emocionada, no outro esta rindo e logo após está horrorizada com as situações apresentadas. Sem falar, da ambientação incrível, que envolve o leitor a cada página. Ao discutirmos o livro, evidenciamos as particularidades de Macondo, seus aspectos históricos, culturais e políticos, incluindo todos os conflitos que a família Buendía vivenciou durante gerações e as alegrias também. A obra traz inúmeros pontos de reflexão (não é à toa que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura) e é surpreendente a cada novo relato".

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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