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SAÚDE

Cigarro? De jeito nenhum

Eletrônico ou tradicional, o cigarro causa mais prejuízos ao organismo do que muita gente imagina; médicos alertam para as diferentes formas de consumo da nicotina

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Que cigarro faz mal, isso todo mundo sabe. Só que parar de fumar também é uma missão difícil para quem tem essa dependência. É por isso que tanta gente, em vez de buscar logo o tratamento adequado, prefere antes recorrer a “estratégias paralelas”, digamos assim, na tentativa de minimizar gradativamente a compulsão causada pela nicotina, ou mesmo de promover uma redução dos danos ocasionados por esse mau hábito. 

Cigarro de palha, cachimbo, fumo de mascar, cigarro eletrônico. Essas costumam ser as “opções” que os fumantes inicialmente procuram na ilusão de driblar o vício, sem ter que, de fato, abandoná-lo.

Como se um alcoólatra, por exemplo, trocasse a cachaça pelo vinho. Ou seja, uma forma de encontrar uma solução que não seja propriamente a de parar com tudo. Mas que, infelizmente, não existe.

Certo é que o consumo de tabaco, seja por qual meio for, é sempre prejudicial e deve ser evitado, conforme explicam os otorrinolaringologistas Rui Imamura e Cristiane Adami. Ambos atuam em um hospital de São Paulo que é referência nacional em saúde de ouvido, nariz e garganta.

FUMO DE MASCAR

No caso do fumo de mascar, Imamura explica que, embora ele não seja inalável, esse tipo de produto em nada ajuda a quem deseja superar o vício em nicotina, além de também oferecer riscos à saúde. 

“Mascar tabaco expõe as mucosas da boca e da garganta a mais de 20 tipos de substâncias tóxicas que, da mesma forma que o cigarro comum, podem levar a doenças gengivais, a problemas dentários e até mesmo a tumores da boca e da garganta”, enfatiza o médico.

CIGARRO ELETRÔNICO

Já no caso do cigarro eletrônico (também conhecido como vape), a dra. Cristiane destaca que, além dos riscos já sabidos, existe um agravante, que é a falta de informações acerca da composição dos líquidos utilizados. 

“O grande problema, a meu ver, está nos componentes que não são verdadeiramente informados nos rótulos e têm alta capacidade cancerígena. Entre os mais frequentemente encontrados estão a nicotina, o propilenoglicol, a glicerina, o 2-clorofenol, o polônio-210 e inúmeros metais pesados”, elenca a médica. 

Os problemas, segundo a especialista, não param por aí.

“Além desses elementos citados, ainda há os produtos de degradação no processo de aquecimento do líquido para criar um aerossol inalável, que são o formaldeído, o acetaldeído e a acroleína. Todos esses representam grande risco à nossa saúde e denotam o quanto o cigarro eletrônico é extremamente prejudicial, pois afetam vários órgãos do nosso corpo, como vias aéreas, cérebro e coração”, alerta.

No caso das vias aéreas, em especial, Cristiane acrescenta que tais substâncias causam inflamação nas gengivas, nos seios paranasais, na garganta, na laringe e nos pulmões, que podem, inclusive, ensejar quadros de câncer, além de induzir lesões nas pregas vocais, que causam rouquidão persistente e alteração na qualidade vocal.

“É uma modinha em que definitivamente não podemos entrar”, opina a especialista.

CUIDADOS

Seja de qual forma for o consumo da nicotina, os dois médicos recomendam atenção a certos sintomas, que servem de sinais de alerta a possíveis doenças relacionadas.

Pacientes que tenham rouquidão em período maior que duas semanas, principalmente quando associada a dor de garganta, dor para engolir, dor irradiada para o ouvido, pigarro constante ou com sangue, dificuldade ou barulho ao respirar devem procurar um médico. 

Quanto à melhor forma de prevenção a essas doenças, “a número 1”, como dizem os especialistas, é parar de fumar, “como todos já sabem”.

SAIBA

Enquanto o Congresso Nacional segue debatendo a legalização dos cigarros eletrônicos, a Anvisa mantém a proibição desde 2009.

Mesmo assim, o consumo continua crescendo entre os jovens. Cerca de um a cada quatro brasileiros entre 18 e 24 anos já utilizaram esses dispositivos ao menos uma vez.

O principal argumento de quem defende a regulamentação do comércio para os chamados vapes é o recolhimento de impostos. Segundo um estudo da Universidade de São Paulo (USP), Mato Grosso do Sul deixou de arrecadar 

R$ 104,09 milhões em impostos estaduais e federais em 2023 por conta do comércio ilegal de cigarros eletrônicos. No fim de novembro, uma operação da Polícia Civil apreendeu três mil unidades desse tipo de cigarro em Campo Grande.

A mais recente Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE, de 2019, apontou que 14,9% da população de 18 anos ou mais (296 mil pessoas) é fumante atualmente em MS, segundo maior índice entre os estados brasileiros.

Em Campo Grande, capital com o maior porcentual de fumantes no Brasil, o índice é de 16,1% – 109 mil pessoas.

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OSCAR 2026

Wagner Moura tem 91,34% de chance de vencer o Oscar, aponta ranking

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

21/12/2025 23h00

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62% Divulgação

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As expectativas brasileiras para o Oscar 2026 crescem antes mesmo do anúncio oficial dos indicados, previsto para 22 de janeiro. Wagner Moura aparece entre os nomes mais fortes da disputa pelo prêmio de melhor ator, segundo um novo levantamento do site especializado Gold Derby.

De acordo com a projeção, o ator brasileiro tem 91,34% de chance de vitória, porcentual que o coloca na terceira posição entre os 15 nomes mais bem colocados na categoria. A lista reúne artistas que já figuram entre os pré-indicados e aqueles acompanhados de perto durante a temporada de premiações.

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%. Wagner aparece logo atrás, à frente de nomes como Michael B. Jordan e Ethan Hawke.

As estimativas do Gold Derby são elaboradas a partir da combinação de previsões de especialistas de grandes veículos internacionais, editores do próprio site que acompanham a temporada de premiações e um grupo de usuários com alto índice de acerto em edições anteriores do Oscar.

O Agente Secreto está entre os pré-indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional e de Melhor Escalação de Elenco, em lista divulgada no último dia 16, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

A cerimônia do Oscar 2026 está marcada para 15 de março, com transmissão da TNT e da HBO Max, e terá novamente Conan O’Brien como apresentador. A edição também deve ampliar a presença brasileira na premiação: produções nacionais como O Agente Secreto já figuram em listas de pré-indicados da Academia, em categorias como Melhor Filme Internacional e Melhor Escalação de Elenco.

Ranking do Gold Derby para o Oscar 2026 de melhor ator:

1. Leonardo DiCaprio (95,08%)

2. Timothée Chalamet (93,62%)

3. Wagner Moura (91,34%)

4. Michael B. Jordan (83,35%)

5. Ethan Hawke (73,46%)

6. Joel Edgerton (25,24%)

7. Jesse Plemons (7,09%)

8. George Clooney (4,25%)

9. Jeremy Allen White (4,06%)

10. Dwayne Johnson (2,64%)

11. Lee Byung Hun (2,52%)

12. Oscar Isaac (0,83%)

13. Daniel Day-Lewis (0,39%)

14. Brendan Fraser (0,31%)

15. Tonatiuh (0,24%)
 

Correio B+

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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