No dia 13 de agosto, que outra data poderia ser, marcou o aniversário do icônico diretor Alfred Hitchcock, sendo que, em 2024, completaram 125 anos de seu nascimento. Hitchcock, ou Hitch, é um dos mais influentes diretores de todos os tempos na História do Cinema, com estilo próprio visual e de narrativa, com pelo menos uns 5 filmes simplesmente perfeitos até hoje.
O Mestre do Suspense hoje não escapa de uma revisão de sua vida pessoal que o coloca em uma posição incômoda – e inegável – de cancelamento, em especial devido à sua obsessão, maus tratos e assédio com a atriz Tippi Hedren, mas, ainda assim, era um gênio.
Com carreira tanto no cinema britânico como americano, Alfred Hitchcock ficou especialmente conhecido por sua habilidade em criar tensão em seus filmes. Nascido em 13 de agosto de 1899 em Leytonstone, Londres, e falecido em 29 de abril de 1980 em Los Angeles, ele começou sua carreira no cinema mudo na Inglaterra antes de se mudar para Hollywood, ainda na década de 1930. Dirigiu mais de 50 filmes ao longo de sua carreira com destaque para
Psicose (1960), apontado como seu filme mais icônico, conhecido pela famosa cena do chuveiro e pela complexa trama psicológica cheia de reviravoltas.
Janela Indiscreta (Rear Window” (1954) – Na minha opinião, superior à Psicose, é um thriller psicológico que explora o voyeurismo e a suspeita, estrelado por James Stewart e Grace Kelly.
Um Corpo que Cai (Vertigo) (1958) – Sua obra-prima e um estudo profundo sobre obsessão e identidade, frequentemente citado como um dos melhores filmes de todos os tempos.
Intriga Internacional (North by Northwest) (1959) – Que completou 65 anos em 2024 e é para mim o melhor e meu favorito entre todos.
Os Pássaros (The Birds) (1963) – Um filme de terror que é uma adaptação de um livro de Daphne Du Marier que explora a natureza imprevisível e ameaçadora de pássaros aparentemente comuns. Infelizmente é também o filme cujos bastidores foram revelados como tóxicos, abusivos e até criminosos em relação à sua estrela, Tippi Hedren.
Aliás, essa revelação por parte dela vai de encontro com a frase famosa na qual Hitch dizia que só gostava dos processos de escrever roteiros e criar os storyboards, filmar e editar o interessavam menos e que os atores? Era como lidar com gado.
Seu machismo, alinhado com a cultura da época, omitia sua doentia obsessão pelo que chamou de “loiras frias”, que em geral eram suas protagonistas. Por isso foi criticado anos depois por seu tratamento das atrizes com quem trabalhou porque tinha uma reputação de ser “controlador” e, em alguns casos, abusivo.
Tippi Hedren foi a única, no entanto, que relatou ter sido vítima de assédio sexual durante as filmagens de Os Pássaros e Marnie. Eu acredito nela.
A misoginia era sua assinatura, de alguma forma. Alguns críticos apontam que os filmes de Hitchcock frequentemente retratam mulheres de maneira negativa ou estereotipada e as personagens femininas em seus filmes são frequentemente vítimas ou manipuladas por homens, o que infelizmente nos dias de hoje deixa seus filmes datados e com menor apelo para o público feminino moderno.
E já que estamos na onda da crítica, vale lembrar que Hitchcock tinha uma fórmula: ele nos apresentava o que era o “McGuffin”, na sua visão, o que motivava o drama, mas que tinha pouca consequência para o público.
Os protagonistas perseguiam o McGuffin (o plano de um atentado; um roubo) mas o que interessa para a história é a jornada e não o objeto ou o fato. Por isso, embora Hitchcock seja conhecido por seus enredos engenhosos e reviravoltas, alguns críticos argumentam que ele às vezes se tornava previsível porque, uma vez que você entende a fórmula dele, pode antecipar os eventos de seus filmes. Discordo!
Os que estão no time de que as complexidades psicológicas que ele abordava eram simplistas demais, também não me parece justo.
Alguns críticos acham que suas representações de distúrbios mentais eram muito próximas das sensacionalistas, usando a psicologia mais como um dispositivo de trama do que como uma verdadeira exploração de questões humanas complexas. Acho que isso é o que fazia genial.
E, para finalizar os reclamões, há quem afirme que Hitchcock, em sua busca por estilo e técnica, às vezes sacrificava a profundidade emocional e a complexidade de seus personagens para enfatizar a imagem, fazendo seus filmes parecerem frios ou distantes. Mas uma vez: nada disso!
Conhecido por suas aparições rápidas e discretas em seus próprios filmes, a influência do diretor também foi importante para televisão, e seu trabalho continua a ser estudado e admirado por cineastas e críticos ao redor do mundo.
Apesar dessas críticas mencionadas aqui, é inegável que Hitchcock deixou um legado duradouro no cinema e influenciou gerações de cineastas com sua habilidade de contar histórias e criar tensão. Seus filmes continuam a ser estudados e apreciados por sua inovação e impacto cultural. Uma lenda!