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Cinema B+: Fernanda Torres é mesmo a favorita ao Oscar 2025?

Os votos para o Oscar 2025 encerram em quatro dias, com Fernanda Torres como favorita na categoria de Melhor Atriz.

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A essa altura, estou parecendo um disco arranhado, caro leitor. Estou ciente disso, mas em quatro dias acabam os votos para o Oscar 2025, cujo o resultado só será anunciado no dia 2 de março. Estamos falando de apenas duas semanas, mas hoje no Brasil não há como diferenciar a torcida da especulação.

Afinal, todos queremos Fernanda Torres sendo Fernanda Torres para bilhões de espectadores. E o melhor é que ela não apenas ela merece, é que ela tem muita chance de ganhar!

É muito bom poder torcer, elogiar e aguardar quando a homenagem é à uma artista consistente, talentosa e inteligente como Fernanda. Seu trabalho em Ainda Estou Aqui é unânime e hoje ela é a favorita na sua categoria de Melhor Atriz. Sim, é a favorita e vou explicar a razão.

O ano de 2025 acabou sendo marcante por várias questões involuntárias e constrangedoras, como o drama com Karla Sofía Gascón e as discussões de Inteligência Artificial, mas é também um dos anos mais competitivos, tudo que alimenta a ansiedade para a noite de domingo em pleno carnaval.

A única que pode parar Fernanda hoje é Demi Moore por A Substância, em uma atuação lendária. Nos Estados Unidos ela configura como a provável vencedora porque ela vem acumulando mais prêmios do que Fernanda, infelizmente um sinal amarelo para nossa torcida cega.

É importante lembrar que não há Arte no que estamos acompanhando: é tudo marketing e investimento, incluindo nossa Fernanda. Estratégia é fundamental para conseguir os votos dos que deixaram para a última hora e estar visível é vital.

Demi, em comparação à Fernanda, anda meio “sumida”, mas ninguém deve esquecer que ela mesma lembrou Hollywood que ela é uma lenda, um ícone “pipoca” e que estrelou algumas das maiores bilheterias e filmes que foram bem no Oscar, como Ghost.

Demi quer MUITO esse Oscar, enquanto Fernanda “quer” o Oscar, mas sua naturalidade, sua postura genuinamente relaxada sobre o tema a ajudam a “compensar” ter sido esnobada no BAFTA (o Oscar britânico) e no SAG Awards (para o qual estranhamente foi ignorada). Demi está em ambos e isso, meus caros, a ajuda nos votos finais. Ajuda, mas não garante.

“Contra” Demi há duas coisas: A Substância é um filme nichado de terror nojento com uma mensagem feminista bem pesada. Em outras palavras, difícil de digerir e com menor distribuição.

Ninguém pode ousar questionar sua atuação, especialmente caso ela realmente “vença” Fernanda no dia 2 de março. Por outro lado, o trabalho de Fernanda é infinitamente mais poderoso e complexo.

A simpatia e o humor de Fernanda que nós brasileiros conhecemos reforçam ainda mais sua atuação contida no filme de Walter Salles. É um show de interpretação e tem sido a arma secreta da atriz nas inúmeras entrevistas que ela vem concedendo há meses na TV americana. Daí minha firmeza em apostar nela em vez de Demi.

Cinema B+: Fernanda Torres é mesmo a favorita ao Oscar 2025? - Divulgação

Vou comparar assim: Fernanda Torres é nossa Olivia Colman. Sim, vamos lembrar que em 2019, Olivia foi a “zebra” do Oscar numa festa que estava anunciada como a de (“finalmente”) Glenn Close. Contextualizando, ela só poderia ser azarão porque, fora do Reino Unido, Olivia era apenas conhecida por pessoas bizarras como eu, que devoro séries e filmes britânicos.

O público americano mal tinha prestado atenção nela mesmo que sua carreira já tivesse mais de 20 anos e muitos sucessos quando estrelou A Favorita. Não parece a mesma história?

Seguindo: assim como Fernanda, Olivia Colman era conhecida como uma grande comediante que transitava por dramas e suspenses com a mesma facilidade. Foi duro ver Glenn Close perder mais uma vez e sua atuação em A Esposa era genial, mas Olivia é Olívia. Desde então, ela vem acumulando prêmios.

Pode ser que Demi Moore, que seis anos depois é a Glenn Close dessa equação, seja efetivamente a eleita por Hollywood, mas repito: lembrem de Olivia Colman. Hollywood se apaixonou por ela porque, assim como Fernanda, ela tinha muita segurança em o que já era antes de ser indicada.

O Oscar a ajudou a ganhar mais projetos e ser famosa, mas nada disso realmente importava ou importa para Olivia. Sua surpresa naquela noite rendeu um dos discursos de agradecimento mais divertidos e autênticos da história do Oscar. Como espero ouvir de Fernanda no dia 2 de março.

E para encerrar, não vou negar que sempre que me sento para encarar as 3h da festa do Oscar, fico torcendo pelos azarões para me deixar acordada e engajada. Será complexo para mim ter que reverter anos de hábito consolidado. Diante disso, não quero que Fernanda “perca” o elemento da surpresa porque seu favoritismo é inegável.

Por isso verei feliz Demi chorar e agradecer seus prêmios anunciados no BAFTA e no SAG, mas maldosamente estarei pensando em Glenn Close, quase para rogar uma praga. Me dói ser má, eu juro! Mas, na noite de 2 de março, quero ver Fernanda Torres sambando no palco. Será uma noite para nunca se esquecer. Vamos Fernanda!

P.S.: Ainda na minha analogia, que o título do filme de Olivia Colman seja 100% aplicável na comparação… Fernanda Torres é a minha favorita!

OSCAR 2026

Wagner Moura tem 91,34% de chance de vencer o Oscar, aponta ranking

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

21/12/2025 23h00

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62% Divulgação

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As expectativas brasileiras para o Oscar 2026 crescem antes mesmo do anúncio oficial dos indicados, previsto para 22 de janeiro. Wagner Moura aparece entre os nomes mais fortes da disputa pelo prêmio de melhor ator, segundo um novo levantamento do site especializado Gold Derby.

De acordo com a projeção, o ator brasileiro tem 91,34% de chance de vitória, porcentual que o coloca na terceira posição entre os 15 nomes mais bem colocados na categoria. A lista reúne artistas que já figuram entre os pré-indicados e aqueles acompanhados de perto durante a temporada de premiações.

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%. Wagner aparece logo atrás, à frente de nomes como Michael B. Jordan e Ethan Hawke.

As estimativas do Gold Derby são elaboradas a partir da combinação de previsões de especialistas de grandes veículos internacionais, editores do próprio site que acompanham a temporada de premiações e um grupo de usuários com alto índice de acerto em edições anteriores do Oscar.

O Agente Secreto está entre os pré-indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional e de Melhor Escalação de Elenco, em lista divulgada no último dia 16, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

A cerimônia do Oscar 2026 está marcada para 15 de março, com transmissão da TNT e da HBO Max, e terá novamente Conan O’Brien como apresentador. A edição também deve ampliar a presença brasileira na premiação: produções nacionais como O Agente Secreto já figuram em listas de pré-indicados da Academia, em categorias como Melhor Filme Internacional e Melhor Escalação de Elenco.

Ranking do Gold Derby para o Oscar 2026 de melhor ator:

1. Leonardo DiCaprio (95,08%)

2. Timothée Chalamet (93,62%)

3. Wagner Moura (91,34%)

4. Michael B. Jordan (83,35%)

5. Ethan Hawke (73,46%)

6. Joel Edgerton (25,24%)

7. Jesse Plemons (7,09%)

8. George Clooney (4,25%)

9. Jeremy Allen White (4,06%)

10. Dwayne Johnson (2,64%)

11. Lee Byung Hun (2,52%)

12. Oscar Isaac (0,83%)

13. Daniel Day-Lewis (0,39%)

14. Brendan Fraser (0,31%)

15. Tonatiuh (0,24%)
 

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B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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