Para se apaixonar o processo é rápido. Rápido mesmo. Tão rápido que uma piscada de olhos é lenta perto disso. O cérebro leva um quinto de segundo para se apaixonar por alguém. Nesse período o cérebro já ativou 12 regiões diferentes, responsáveis pela liberação de hormônios químicos como dopamina, ocitocina, adrenalina e vasopressina, que irão causar a sensação de euforia e o famoso frio na barriga.
A descoberta foi realizada por pesquisadores do departamento de Saúde e Comportamento da Syracuse University, nos Estados Unidos. No mesmo estudo, o grupo descobriu que a paixão pode afetar o intelecto, já que a liberação da dopamina provoca uma alteração no estado mental das pessoas. Nesse ínfimo espaço de tempo, o cérebro, com a ajuda dos cinco sentidos, já fez análises químicas, biológicas e até comportamentais. Confira o que a ciência já descobriu sobre o funcionamento do cérebro e como ele afeta a escolha do seu parceiro:
Suor
Há um ano, os psicobiologistas Miller e Maner, da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, fizeram um estudo para avaliar a influência do cheiro natural no poder de atração feminino. E não estamos falando em ferormônios! Um grupo de mulheres usou camisetas brancas iguais em duas situações distintas: próximas à ovulação e distante desse período. Depois, os pesquisadores pediram que homens cheirassem as peças usadas.
Os pesquisadores descobriram que, ao cheirarem as camisetas utilizadas no período próximo à ovulação, os níveis de testosterona (hormônio relacionado à atração) aumentavam. O resultado dá pistas concretas de que a ovulação é capaz de afetar a resposta masculina às mulheres.
De um lado e de outro
Embora pouco perceptíveis, os lados esquerdo e direito de uma pessoa são diferentes. Um olho pode ser mais para cima, o canto externo da boca mais para baixo, um braço pode ser mais comprido que o outro. Para o cérebro, uma boa simetria corporal está intimamente ligada a boas condições genéticas de sobrevivência. Do ponto de vista biológico, é um sinal claro de saúde e fertilidade.
“Se o parceiro escolhido é simétrico, as chances da prole também ser aumentam, assim como a probabilidade de perpetuar a espécie”, explica o biólogo evolucionista Randy Thornhill, da Universidade do Novo México, em seu livro The Evolutionary Biology of Human Female Sexuality (A Biologia Evolucionária da Sexualidade Feminina Humana, em tradução livre).
Thornhill estuda a simetria corporal há 15 anos. Para chegar às conclusões da pesquisa, ele escaneou corpos e rostos de diferentes parceiros e homens e mulheres tiveram de apontar quais os mais atraentes e saudáveis.
Mexe a cadeira
Está mentindo quem diz que a forma do corpo não é importante. Pesquisas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, conseguiram mensurar um número que parecer ter papel fundamental na atração: a razão entre cintura e quadril. O valor – resultado da divisão da medida da circunferência da cintura pela do quadril – deve estar entre 0,7 e 1,18. Mulheres com cintura mais estreita do que os quadris são mais desejáveis.
Essa proporção está relacionada à gestação e à saúde. Estudos têm mostrado que pessoas na faixa de quadril ideal, independentemente do peso, são menos suscetíveis a doenças cardiovasculares, câncer e diabetes. Mulheres nessa faixa também têm menos dificuldade para ficar grávida.
Encare
A primeira avaliação feita pela visão é simples e remete aos primórdios da humanidade. Em poucos segundos, o olho checa se o parceiro em potencial tem todos os membros e se tem ou não cicatrizes aparentes. Na pré-história, indivíduos com marcas eram considerados grandes guerreiros.
Na sequência, é hora de avaliar a estrutura óssea, que dá boas dicas sobre a fertilidade. Nas mulheres, de acordo com a biologia evolutiva, as mais férteis têm o queixo e a parte inferior do rosto mais curtos, assim como a testa. Essa disposição faz com que o os olhos fiquem mais aparentes. Com os homens é o contrário. O maxilar, a testa e a parte inferior do queixo devem ser mais proeminentes.
Sinal vermelho
O vermelho aumenta o poder de atração. Nesse tópico, cultura e biologia se encontram. Segundo estudos da Universidade de Rochester, liderados por Andrew Elloot, professor de psicologia, o cérebro relaciona essa cor ao poder. Culturalmente, o vermelho era sinal de status, uma regalia dos ricos e poderosos. Lembre que os famosos andam “no tapete vermelho”.
Paixão cega
O que faz com que alguém apaixonado ignore as diferenças entre os sexos e resolva mesmo assim ficar com aquela pessoa? A resposta está nas quantidades de testoterona. Segundo estudo conduzido pela pesquisadora italiana Donatella Marazziti, homens apaixonados têm menos testosterona no corpo; já as mulheres, apresentam níveis mais altos desse hormônio. Para a pesquisadora, o fato aproxima os dois gêneros no jeito de ser e de se comportar.
“É como se os homens tivessem que se comportar como mulheres e vice-versa”, afirmou ela à revista Psiconeuroendocrinologia.
Mas o nível de testosterona não é a única coisa que leva homens e mulheres a passar por cima de suas diferenças. Segundo pesquisa do neurobiologista Andreas Bartels, da University College London, ao se apaixonarem, os circuitos neurais normalmente associados ao julgamento crítico são suprimidos.
Muito estresse
“Apaixonar-se é estressante para o corpo”, afirmou a pesquisadora Donatella Marazziti, em seu livro “A Anatomia do Amor”. Por meio de exames de sangue, ela mediu os níveis de serotonina e cortisol no corpo de pessoas apaixonadas. O primeiro, um importante hormônio com efeito calmante no corpo humano, estava em níveis muito baixos. O segundo, chamado “hormônio do estresse”, estava presente em grandes quantidades no organismo.
Com informações do Ig

Estener Ananias de Carvalho e Renata dos Santos Araújo de Carvalho
Anderson Varejão, Luiz Fruet e Aylton Tesch


