Correio B

DIÁLOGO

Confira a coluna Diálogo na íntegra, desta terça-feira, 16 de julho de 2024

Por Ester Figueiredo ([email protected])

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Sêneca - Filósofo Romano

Raros são aqueles que decidem após madura reflexão;  os outros andam ao sabor das ondas e longe  de se conduzirem deixam-se levar pelos primeiros".

FELPUDA

Em fevereiro de 2025, haverá escolha da nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul  para os últimos dois anos da atual legislatura.  Nos bastidores, fala-se que o PSDB tem intenções de voltar  ao comando e ao menos dois nomes estariam se articulando desde já para tentar conquistar a cadeira hoje ocupada  pelo deputado Gerson Claro, do PP, que, evidentemente,  deseja continuar no posto. O ninho tucano tem o maior  número de representantes na Casa: seis ao todo.  É esperar para ver.

Foto: Reprodução

Até o dia 25 de agosto, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, estará  acontecendo a exposição World Press Photo 2024, principal prêmio  de fotojornalismo mundial. A mostra reúne as 129 fotografias vencedoras do 67º concurso anual e apresenta trabalhos com temáticas diversas, entre as quais, as guerras em Gaza e na Ucrânia, migrações, famílias, doenças (como demência) e meio ambiente.  

Os trabalhos expostos foram selecionadas entre 61.062 inscrições de 3.851 fotógrafos de 130 países. São 24 projetos vencedores e seis menções honrosas, em um total de 33 fotógrafos de 25 países: Argentina, Austrália, Azerbaijão, Brasil, Canadá, China, República Democrática do Congo, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Irã, Japão, Myanmar, Palestina, Peru, Filipinas, África do Sul, Espanha, Tunísia, Turquia, Ucrânia, Reino Unido, Estados Unidos e Venezuela.

Entre os destaques está a foto "Uma Mulher Palestina Abraça o Corpo de Sua Sobrinha", do fotógrafo Mohammed Salem, da Agência Reuters, que representa a perda de uma criança, a luta do povo palestino.

Corre-corre

Com o recesso que se inicia  nesta semana, parlamentares  estarão "correndo o trecho  e levantando poeira" para alavancar candidaturas  dos seus pré-candidatos  a prefeitos e vereadores  nos municípios de MS.  Retorno será no dia 1º de agosto, mas o corre-corre dos deputados atrás dos votos para os seus, digamos, ungidos vai continuar. Afinal, precisam preparar bem  o terreno para 2026.

Disputa

A Câmara Municipal já entrou em recesso e dos seus 29 integrantes, 28 estarão disputando a reeleição  e um deles é pretendente  à Prefeitura de Campo Grande, caso não surjam "fatos novos" até a data das convenções partidárias. Que os distintos eleitores  se preparem, pois, entre outras coisas, haverá congestionamento nas barracas de pastéis, além de cotoveladas na briga por espaços bastante frequentados e sorrisos  de orelha a orelha em muitas  caras fechadas até um dia desses.  Ano eleitoral tem dessas coisas.

Passou...

A rebeldia de algumas lideranças petistas, que chegaram  a ameaçar cair fora da base aliada do governador Riedel, por conta  da aliança do PSDB com o PL,  não durou nadica de nada.  Com uma secretaria e nove secretarias executivas recheadas de cargos na mão para atender  a companheirada, dizem que  a tal debandada não passou  "de uma piada de mau gosto".  A tchurminha do protesto recolheu o flap e só faltou dizer "desculpa aí, foi engano...".

Geraldo Maiolino e Celínia MaiolinoGeraldo Maiolino e Celínia Maiolino / Foto: Arquivo Pessoal
 Luciana Wodzik / Foto: LECA NOVO

Aniversariantes:

Yara Lamers,
Luiz Idelmar Gonçalves,
Dra. Crhistinne Cavalheiro Maymone Gonçalves,
Mauricio Ferreira de Moraes Junior,
Jocilene do Carmo Costa de Siqueira,
Mariana Garabini Brito,
Márcio Vargas,
Carlos Alberto Bernardon,
Eduardo Belluzzo,
José Pereira da Silva,
Milton Stein,
Betina Borges Suyama,
Osvaldo Gomes Vergine,
Pedro Carmelo Massuda,
Fátima Cardinal Buainain,
Carlos Moreira Soares,
Eliel Valerio,
Marcelo Pereira de Melo,
Ilidio Gonçalves Marques,
Álvaro Fernando Dias Borges,
João Guilherme Lefevre Zabala,
Waldir Francisco Guerra,
Dr. Davidson Claudio Vincoletto,
Maria Elza Fogolin Leal de Queiroz,
Assunção do Carmo Vieira,
José Vieira Heusi da Silva,
Idauri Carlos de Azambuja,
Verônica Ferreira Lima,
Aretusa Nogueira de Oliveira,
Marianne Tavares da Silva,
Nelson Pimentel,
Rodrigo Lucena Machado,
Victor Hugo de Barros Ortiz,
Oziel Proença Rocha Filho,
Paula Viscardi,
Margareth Calderaro Guedes de Oliveira Fortes,
Paulo Preché,
Verônica Ferreira Crivelli,
Ângela Maria Campos Camargo,
Janes Ayres de Araujo,
Marise Kelly Bastos e Silva,
Gilson Oliveira dos Santos,
Paulo Rodrigues dos Santos,
Ana Carolina Benevenuto,
Ercília Quadros Alves,
Diana Maciel Chama,
Joaquim Muller de Azevedo,
Dilson Guimarães Castro,
Ligia Cesco Novaes Leite,
Newton Tinoco,
Maria Abadia Tinoco,
Roberto Maki,
José Antônio de Oliveira,
Patrícia Cecília Peutehausky,
Mauro Alves de Souza,
Oneide Proença de Oliveira,
Evelyn Almeida da Silva,
Carmen Aguero,
Daniel Ito Gorski,
Juracy Borgiatto Ferreira,
Benedito do Carmo Kitizo,
Eulina Fechener de Pina,
Michely de Cássia Cavalari Prado,
Sizenando Ojeda de Almeida,
Marco Antônio Coelho de Souza,
Sônia Yara de Mello Francelino,
Lia Patrícia Campoçano Castilho,
Arthur Mário Medeiros Ramalho,
Paulo Heber Martinelli Orfeu,
Ana Cecília do Nascimento,
Maria Auxiliadora dos Santos Diniz,
Roseany Menezes,
Lucimar dos Santos Júnior,
Irene Carneiro Moreira,
Pantaleão Blanc Rinaldi,
Sérgio Albuquerque,
Maria Alice de Oliveira Corrêa,
Joel Couto Alves,
Ivo Ferraz Nogueira,
Geisiele Rodrigues,
Jackson Emanuel Oliveira da Silva,
Luiz Carlos Ferreira Gomes,
Marcos Roberto Ferreira,
Oswaldo Jorge Bispo,
Paola Amaral Paulucci,
Lucinda de Andrade,
Maria Auxiliadora Moreira,
Tereza Cristina Ferro,
Jail Benites de Azambuja,
Giselle Pizarro Hage,
Diogo Martins de Lima,
Walter Rosário Martino Dobbro,
Edgar Soruco Junior,
Irmam Ferraz Corrêa,
Osmary Tavano Macari,
Marlene Zaupa Remacre,
Carlos Vanderlei Furlan,
Amilcar Velasques,
Euler Campos Coelho,
Paulo Roberto Gomes,
Rosemir Xarão da Mota,
Rosângela Souza de Lusena,
Luana Falcão Gutierrez,
Valdeci de Alcântara Silva,
Messias de Oliveira Queiroz,
Velia Lupinetti,
José Carlos Gomide de Souza,
Ádrian Viero da Costa,
Jorge Luiz de Vasconcelos.

ENTREVISTA EXCLUSIVA

"O folclore não não vai se acabar com a globalização"

O Dia do Folclore Brasileiro, celebrado hoje, é uma data que nos convida a refletir sobre a importância de preservar e valorizar as tradições culturais que compõem a rica identidade nacional.

22/08/2024 10h00

A professora Marlei Sigrist fotografada por Ivonete Simocelli

A professora Marlei Sigrist fotografada por Ivonete Simocelli Ivonete Simocelli

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Para dar voz a essa reflexão, o Correio B publica a seguir uma entrevista com a mestre Marlei Sigrist, figura icônica no campo do folclore em Mato Grosso do Sul e no Brasil, conduzida pela ensaísta Ana Maria Bernardelli, que integra a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL

Para começarmos, poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória pessoal e profissional, destacando os principais marcos que a levaram até a sua posição atual? Ao longo de sua carreira, quais foram os desafios mais significativos que você enfrentou? 

Eu posso contar a partir da convivência que tive, enquanto estudava na faculdade, com uma professora apaixonada pelo folclore, a exemplo, também, do que ela viveu e conviveu com o mestre maior Mário de Andrade. O despertar para os estudos do folclore nasceu naquele momento e se prorrogou até hoje.

Durante minha vida, tive que fazer algumas opções momentâneas para atuar em áreas paralelas, mas o folclore permeou todas elas. Quando fui admitida como professora na UFMS [Universidade Federal de Mato Grosso do Sul], tive de deixar as escolas de Ensino Fundamental/Médio para abraçar a carreira do magistério superior.

Foi, então, que um colega me perguntou o que eu pretendia fazer na universidade, além de dar aulas. Respondi que gostaria de propor projetos de pesquisa sobre o folclore em Mato Grosso do Sul, pois dispúnhamos de pouco material teórico sobre o tema.

Em uma resposta quase debochada, ele me disse que não encontraria nada por aqui, porque folclore não acontecia em MS. Então, esse foi um dos primeiros desafios que me propus a desvendar e encontrei muito material, o que mais tarde se transformariam em livros.

Ainda há muito material intacto a se pesquisar, venho formando pessoas que, timidamente, vão trazendo os resultados.

Ao mesmo tempo, nas últimas quatro décadas, também venho atuando em outras frentes, como folkcomunicação, literatura e, principalmente educação, criando, escrevendo e publicando, mantendo 
o folclore como o ponto principal das discussões.

Quais foram as realizações mais significativas em sua carreira no campo do folclore? Existe algum projeto ou pesquisa de que você se orgulha particularmente?

Creio que todas as realizações foram e são significativas, não gosto de fazer trabalho pela metade. Mas o conjunto de todas elas é mais importante para mim, porque significa que abri um caminho, antes inexistente, em Mato Grosso do Sul, o caminho da organização desse imenso universo chamado folclore.

Claro que em uma vida não conseguiremos entrar em todos os meandros da área, porém, algumas se mostraram mais favoráveis. Por exemplo, paralelamente às pesquisas, fui dando a conhecer os achados de então de maneira mais lúdica, mais palatável, como foi o caso de criar grupos de danças folclóricas que se apresentavam em eventos e nas cidades do interior de MS.

As apresentações sempre tiveram cunho pedagógico, porque o público era informado sobre as danças, as músicas e os ritmos, as regiões onde acontecem, e alguns elementos da história permeavam nossas falas e as roupas dos dançarinos. Às vezes, até exposições de imagens como fotografias eram informações que agregavam valor e reflexão.

Como você vê o papel da educação na preservação e na disseminação do folclore? Em sua experiência, qual é a importância de incluir o folclore no currículo escolar?

A educação tem o papel de difundir a valorização do folclore como fator importante na formação de cidadãos conscientes e culturalmente informados sobre as gerações que lhes precederam e a responsabilidade que eles têm em atualizar, no presente, o que será reprocessado no futuro.

Ao incorporar o estudo do folclore nos currículos escolares, os educadores têm a oportunidade de conectar os alunos com suas raízes culturais, despertando neles o orgulho e o respeito pela sua herança.

Além disso, vai ajudar a promover a tolerância e a compreensão intercultural, à medida que os alunos entram em contato com as tradições de outros grupos e aprendem a valorizar a diversidade cultural.

Essa prática não é apenas uma ferramenta pedagógica, mas também um meio de enriquecer o imaginário dos estudantes e de fortalecer o tecido social, cultivando um senso de pertencimento e de identidade coletiva.

O que você tem a dizer sobre suas principais contribuições para a formação de profissionais da educação na área de folclore? Poderia compartilhar experiências ou resultados de iniciativas que você liderou ou participou focadas na capacitação de educadores?

Penso que a publicação dos livros que tenho realizado, principalmente o que considero como carro-chefe, “Chão Batido”, que trata do folclore em MS; seguido de “Pantanal: Sinfonia de sabores e cores”, editado pelo Senac Nacional e que evidencia os hábitos alimentares do povo pantaneiro; e de “Mestres do Sagrado”, que entra no aspecto histórico e cultural na manutenção da Festa do Divino da família Malaquias – [todas essas obras] ferramentas para os educadores começarem a pensar o folclore na sala de aula.

Depois, tem as publicações de incontáveis artigos que disponibilizo para pesquisas, palestras, cursos e oficinas, realizados especialmente para professores a convite das secretarias de Educação ou das universidades.

Todos os anos, por meio da Comissão Sul-Mato-Grossense de Folclore [CSMFL], são realizadas atividades abertas para as escolas, os professores e a comunidade em geral.

Outra ação também importante – e que continua sendo – foi a formação de grupos de danças folclóricas como o Sarandi Pantaneiro, levado ao ECO-92 [II Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento] e aos festivais folclóricos na Bolívia e no Nordeste brasileiro.

Depois, a criação do Grupo Camalote, que já completou maioridade, 21 anos, se apresentando em vários estados brasileiros e montando diversos espetáculos, todos abertos às escolas – as quais sempre lotaram as casas de espetáculo.

Oportunidades de aprendizado sobre a história e a cultura regionais.[Ainda], grupos mirins de danças em várias escolas da rede pública de ensino, oportunidade de estudar mais o nosso folclore e estender esse conhecimento às famílias dos alunos.

E por fim, a Semana do Folclore, que chamamos de Estação Folclore de Agosto, que oferece cursos, oficinas, palestras, brincadeiras, contação de histórias do folclore, etc. – como está acontecendo nesta semana.

O que você considera essencial para a formação de uma nova geração de estudiosos e educadores comprometidos com a valorização do folclore?

É essencial que eles tenham muita sede de saber, que se disponham a ler muito, não somente livros, mas principalmente artigos acadêmicos em vários formatos, tendências e discussões sob diferentes ângulos e interfaces com diferentes áreas do conhecimento. Hoje, a maior produção teórica está nas revistas acadêmicas especializadas.

O estudo do folclore é muito abrangente e perpassa primeiramente pela própria teoria que dá embasamento para alçar outros voos ligados ao campo das religiões, da estética, da literatura, da psicologia, do imaginário, da botânica, da comunicação, da história, da sociedade em todas as suas manifestações culturais.

O folclore está lá, e são necessários olhos e expertise para trazê-lo à tona e estudá-lo. Se não, o olhar só recai sobre os mitos do saci, da mula sem cabeça, das crendices, e termina aí, sem discutir os meandros por onde passa, desde a criação do mito até as razões pelas quais sobrevive na contemporaneidade.

Como você definiria folclore em um contexto contemporâneo? A partir das suas pesquisas e experiências, como o conceito de folclore evoluiu ao longo dos anos, especialmente em um país tão diversificado quanto o Brasil?

O folclore, como todo aspecto cultural, é dinâmico, vai mudando e se atualizando conforme as necessidades dos grupos sociais. Entretanto, as expressões do folclore, que sobrevivem no meio social, carregam consigo a raiz de suas origens, muitas vezes com nova roupagem, porque atualizar é preciso.

Mas se elas estão aí presentes, é porque exercem uma função importante para as pessoas que as mantêm vivas. Então, o folclore é cultura viva – embora seja criado em um passado pelo povo, independentemente de classe social, etc. – e está presente na vida das pessoas, ou de forma mais contundente, ou simbolicamente, ou então na memória dos que se dizem distantes desse modo cultural, pronto a ser redescoberto e reavivado lá na frente.

A evolução dos estudos do folclore vem acompanhando as mudanças de paradigmas e tendências que a erudição estabelece ao longo dos tempos. Só o nome, por exemplo, já sofreu mudanças de acordo com as tendências de estudos que vêm acompanhando os grupos sociais.

É folclore porque esse foi o termo encontrado por seu criador, que se interessou em organizar os estudos, passando a ser aceito à terminologia “cultura popular” sugerida pela Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura], pois nem todos os países conceituam a primeira palavra criada para defini-lo, principalmente países orientais, até chegar aos dias de hoje em que denominamos como patrimônio imaterial.

Estamos falando da mesma coisa, com olhares diferenciados e com enunciações que privilegiam ora alguns grupos, ora outros. E assim encontramos muitos outros conceitos e características do folclore atualizados na contemporaneidade.

Qual é o papel das novas tecnologias na preservação ou na transformação das tradições folclóricas? Como o folclore pode ser preservado em meio à crescente globalização e à digitalização das culturas?

As tecnologias ajudam muito as novas gerações a conhecerem o folclore de todas as partes habitáveis deste planeta, cada qual com suas identidades marcantes e prontas a mostrarem ao mundo o que têm de melhor em termos de tradição.

Para as comunidades que mantêm bem vivas as suas expressões, as tecnologias paulatinamente se transformam em ferramentas que melhoram suas condições de vida, de luta pela preservação e até de construção de seus fazeres e expressões folclóricas.

Podem fazer convites para a festa tradicional pelas redes [sociais], postar suas performances, criar seus próprios sites, possibilitando reuniões virtuais para decidirem os próximos passos na melhoria daquela expressão folclórica, enfim, são mil maneiras descobertas para participar do mundo globalizado.

Até velas virtuais por intenção aos mortos ou aos santos ou às novenas algumas comunidades vêm fazendo de maneira virtual, principalmente durante e após a pandemia [de Covid-19].

Por outro lado, ainda não abrem mão do encontro presencial, porque são nesses momentos que se fortalecem os laços de afeto, de fé, de compadrio, de reconhecimento enquanto grupo social.

As pessoas me perguntam se com a globalização o folclore vai acabar. Digo sempre que não, apesar do nivelamento cultural que a globalização proporciona e o massacre da indústria cultural sobre outras culturas, como observamos com culturas étnicas, de grupos específicos, cultura folclórica, por exemplo.

A cultura, por ser dinâmica, se adapta sempre que necessário, e no campo do folclore as pesquisas têm nos mostrado que ela está se fortalecendo, pois cada povo deseja mostrar o seu diferencial, não quer ser igual ao outro, tem orgulho de suas tradições e as estimula. Por se verem na telinha, os grupos fazem suas autocríticas, melhoram sua estética para apresentações artísticas, melhoram o vocabulário, etc.

O sincretismo cultural é uma característica marcante do folclore brasileiro. Qual a sua avaliação acerca da interação entre as tradições populares e as influências externas na construção da identidade cultural do Brasil?
 

Com certeza, os grupos migratórios carregam consigo suas culturas, e ao se estabeleceram em um determinado lugar de outra cultura, elas passam a interagir entre si. 

Com o tempo, podemos perceber que desse contato alguns elementos de ambas as culturas se fundiram, formando uma outra diferenciada. Claro que esse processo pode acontecer naturalmente ou impositivamente, gerando resistências. Não vou entrar nesse mérito agora, porque isso envolve vários tipos de relações.

O Brasil recebeu muitos povos diferentes, em meio a outros diferentes, que já existiam antes da colonização. Formou um rico caldeirão cultural, haja vista a diversidade cultural que exibe de norte a sul, de leste a oeste. Nós, aqui em Mato Grosso do Sul, fazemos fronteira com dois países e nos influenciamos mutuamente no campo da cultura. Esse processo de interação ocorreu na Europa, na Ásia, na África, há milênios e ainda não cessou.

Às vezes, as pessoas querem o impossível, a cultura pura de um lugar. Ela não existe. Desde que os humanos formaram seus grupos ainda nas cavernas, sempre migraram e puseram em contato culturas distintas.

O resultado mais imediato podemos observar na língua e seus sotaques, na culinária, na religiosidade, na organização de festas populares e seus personagens, nas histórias contadas atravessando gerações, nas formas de construção e nas técnicas artesanais. São muitos indícios que nos alertam para posterior pesquisa.
 

O folclore pode contribuir para o fortalecimento da identidade e da coesão social em comunidades marginalizadas? Você poderia compartilhar algum exemplo em que o folclore teve um impacto significativo no desenvolvimento comunitário?

O folclore é uma grande válvula de escape para comunidades marginalizadas. Entenda-se aqui que não é marginal, mas comunidades que estão à margem da cultura local, sem condições de usufruir, por vários motivos, de todas as vantagens que a sociedade oferece. Então, elas criam seus mecanismos de escape e recriam condições que lhe favoreçam.

De imediato, eu me lembro de três comunidades afrodescendentes mineiras que encontraram, no seu saber e fazer cotidianos, elementos para inseri-los dentro do que chamamos hoje de economia criativa.

Uma delas é a Comunidade dos Arturos, com suas festas de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito. Eles têm oficinas de confecção de tambores e outras oficinas e vendem seus produtos. Outra comunidade é da família Alcântara, formada pela grande família e pelos agregados que investiram na música, principalmente afro, apresentando-se enquanto coral em eventos importantes.

E a outra comunidade é das pequenas cidades do Vale do Jequitinhonha, que é a região mais pobre de Minas. Tem cânticos belíssimos de lavadeiras, de pescadores, de fazedores de coisas, cujo repertório o amigo Frei Chico descobriu quando chegou, ainda moço, naquela região.

Ele coletou os cantos, formou o coral, gravou as músicas, e eles cantam até hoje em eventos. Além disso, os artesanatos superelaborados também vêm daquelas comunidades, como a figura da noiva, tão cobiçada pelos turistas.

Em sua opinião, qual é o papel das políticas públicas na preservação e na valorização do folclore? Quais são as principais lacunas e oportunidades nesse campo no Brasil?

As políticas públicas desempenham um papel fundamental na preservação da cultura em geral. No campo do folclore, elas atuam como instrumentos essenciais para garantir que as tradições – desde a língua até as expressões artísticas e os patrimônios – possam ser protegidas. 

Sem elas, é sempre mais difícil para os grupos mantenedores do folclore, quando se trata, por exemplo, de grupos artísticos, embora esse saber possa ser recuperado mais à frente por uma nova geração.

O risco de desaparecer é mais provável sem políticas públicas que lhes deem sustentação. Com elas, criam-se proteção ao patrimônio, marcos regulatórios com leis apropriadas de preservação, há o estímulo às ações de revitalização de importantes tradições, de museus, de pontos de cultura que abrigam comunidades de folclore, há a inclusão de conteúdos do folclore nos currículos escolares e o incentivo ao turismo cultural onde predominam grupos de folclore com suas apresentações artísticas, artesanais, religiosas, etc.

Com isso, as leis ajudam a criar oportunidades de vendas dos produtos culturais, beneficiando comunidades 
e grupos de folclore. Porém, essas mesmas políticas no Brasil ainda castigam os fazedores de cultura popular com o peso da burocracia na hora de apresentarem seus projetos, quando muitos desistem de fazê-lo.

Para nós, aqui em Campo Grande, há 22 anos venho apresentando um projeto consistente aos maiores políticos, que até o momento nada fizeram para concretizar a cedência de um espaço físico para instalação de um centro cultural, a Estação Folclore. 

Ali prevemos funcionar biblioteca específica para atender alunos das escolas, cursos para professores, escola de danças folclóricas da nossa região – como já acontece em vários países – e um pequeno espaço de exposições temporárias de objetos do folclore, como se tem nos museus.

É o projeto que ainda precisa ser acolhido pelo município, pelas empresas, mas que ele se concretize com um espaço físico decente. Um espaço como esse é uma grande vitrine cultural para o município e para o Estado.

Como você imagina o futuro do folclore brasileiro? Quais tendências você acredita que moldarão a pesquisa e a prática do folclore nas próximas décadas?

Como já falei anteriormente, as tendências para pesquisas são ditadas muito mais pelas academias e universidades, porque os pesquisadores estão vinculados à ela. Como diz Zygmunt Bauman, estamos vivendo a era da sociedade líquida, e as tendências das nossas vivências, dos estudos, estão conectadas a essa ideia.

Existem inúmeras possibilidades de pesquisa, incluindo vieses diferentes e, às vezes, divergentes, em se tratando da área das humanidades. Cada pesquisador terá de achar o seu melhor caminho para chegar a um argumento final.

Na prática, o folclore estará presente no futuro com uma nova roupagem que a geração do momento resolveu revesti-lo, como tem sido ao longo dos séculos.

Que este 22 de agosto nos lembre da riqueza cultural que possuímos e da importância de celebrá-la, não apenas como uma homenagem, mas como um compromisso com a continuidade e o fortalecimento da identidade brasileira. Professora Marlei Sigrist, agradeço profundamente sua disponibilidade e as valiosas informações que compartilhou conosco. 

Suas experiências e percepções certamente enriquecerão nossa compreensão sobre o tema folclore. Foi um prazer conversar com você e espero que possamos ter outros momentos tão ricos no futuro. Muito obrigada!

(Ana Maria Bernardelli)

DIÁLOGO

Confira a coluna Diálogo na íntegra, desta quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Por Ester Figueiredo ([email protected])

22/08/2024 00h01

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William Shakespeare - dramaturgo inglês

"Sabemos o que somos, 
mas não sabemos 
o que poderemos ser”.

FELPUDA

Depois de tentar viabilizar o seu nome dentro do partido para ser candidato a governador, vice, senador, primeiro-suplente,  deputado federal e deputado estadual, e não ter sucesso em nenhuma dessas pretensões, ex-prefeito decidiu tentar voltar 
ao antigo cargo nessas eleições e mais uma vez enfrentou o próprio partido, dando-se mal. 

Resultado: jogou a toalha e anunciou que não disputará mais cargo nenhum e que está encerrando sua carreira política. Como ensina o ditado: “Quem tudo quer, tudo perde”.

Cena

Depois das demonstrações de “charminhos”, a Câmara Municipal acabou aprovando projeto de lei que autoriza a Prefeitura de Campo Grande a contratar R$ 286,6 milhões para construção de um hospital. 

Mais

Faltando quatro meses para se encerrarem os atuais mandatos, existe quem ache que isso não passa apenas de acordo eleitoreiro, pois o resultado da urna é uma incógnita sobre quem voltará dos dois poderes.

O bilionário chinês Chun Wang comprou uma missão espacial privada da Space X, empresa de Elon Musk, que partirá no fim do ano dos Estados Unidos e será a primeira a sobrevoar os polos da Terra, de ponta a ponta, com uma tripulação a bordo. Ela durará de três a cinco dias e transportará quatro pessoas.

Wang estará acompanhado da cineasta norueguesa Jannicke Mikkelsen, do australiano Eric Philips, que explorou os polos e será o guia, e da alemã especializada em robótica Rabea Rogge. Essa não é a primeira missão tripulada a ser posta em prática pela empresa de Elon Musk. A companhia já realizou mais de dez empreendimentos do tipo. O valor da compra não foi revelado.

Jussara Pettengill e Clotilde Ribeiro
Neusa Saad e Paulo Saad

Pois é...

Como não poderia deixar de ser, eis que candidatos querendo se mostrar, digamos, diferentes, têm se apresentado de forma 
a chamar atenção, seja nos modelitos e nas mensagens ao eleitorado, seja afirmando que vão revolucionar o mundo. Um desses casos é de uma candidata pedindo votos e dizendo que a cidade, situada no interior de MS, “está uma zona”, acrescentando: “De zona, eu entendo”. Como se vê...

Arena

A campanha eleitoral mostrou que há três candidatos em confronto direto: a prefeita Adriane Lopes (PP), que tenta a reeleição; 
Beto Pereira (PSDB) e Rose Modesto (União Brasil). 

O trio tem como meta passar para o segundo turno da disputa e, é claro, ocupar o lugar principal do pódio em outubro.

Dossiê

Os candidatos a prefeito de Campo Grande Beto Pereira (PSDB) e Rose Modesto (União Brasil) terão que ter na ponta da língua, e devidamente documentada, a relação das melhorias que trouxeram para os municípios, beneficiando a população. Ela já foi vereadora, vice-governadora, secretária de Estado na área social, deputada federal e superintendente da Sudeco.

Ele já teve lugar na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul e está no seu segundo mandato de deputado federal. 
Assim sendo...

ANIVERSARIANTES

  • Palmira Amélia Campos de Figueiredo Massud,
  • Dra. Kátia Carine Volpe Albertin Fogolin,
  • Raquel Araujo de Oliveira Barros,
  • Maurício Pinto Hugo, 
  • Jucimara Costa Pereira, 
  • Ronaldo Queiroz dos Santos,
  • Aurora de Matos,
  • Luiz Abel Piccinin,
  • Genilson da Silva Amarilha,
  • Jânio Luiz Golin,
  • Dr. Rafael Almeida da Silva, 
  • José de Paula Brandão,
  • Rogério Alvares Melchior,
  • Maciel Ferreira,    
  • Odevanil Rodrigues dos Santos,
  • Shigeo Matsunaga,
  • Norma Rejane Santos Ribas,
  • Darlene Barros Serra, 
  • Muriel Monteiro Machado,
  • Karla Monteiro Machado Estrela,
  • Teresa Florentino Balta, 
  • Dr. Mauri Luiz Comparin,
  • Eduardo Gasperin Andriguetti, 
  • Thaís Aparecida Abrão Vieira, 
  • Ana Carolina Lyrio de Oliveira Hatschbach,
  • Isabela Fiori Travain,
  • João Walter de Vasconcelos,
  • Juliane Genova Moreno,
  • Marcelo Martinusso Duarte, 
  • Arsenio Gomes Almiron,
  • Maria Alves Benitez,
  • Valmir Vilas Boas,
  • Tayara Guessy,
  • Roberto Alcântara,
  • Elizabeth de Castro,
  • Rafael José Teixeira Machado,
  • Julho Herminio,
  • Adrianne Bertola Carvalho, 
  • Maria Célia Ferreira,
  • Edson Seitsi Arakaki, 
  • Janeide Marciano Pouso,
  • Maria da Rosa Salomão,
  • Hélio Pinto de Almeida,
  • Catarina Ferraz da Silva Pedrossian,
  • Iracema Almeida Barbosa,
  • Elina Nantes Braga,
  • Patrícia Neto Braga,
  • Carlos José Rodrigues Medina,
  • José Antunes de Siqueira,
  • Katsue Missaka Sakai,
  • José Artoldo Cançado,
  • Dulcinéa Tavares,
  • Alexandre Moraes,
  • Lênis Gonçalves de Matos,
  • Elmar de Almeida,
  • José Alexandre Ramos Trannin,
  • Carolina Vieira Perez,
  • Maria Emília Mendes de Assis,
  • Denise Borges Conrado,
  • Telma Lúcia Gouvêa Alves,
  • Maurício Odorizzi,
  • Laila Nunes de Campos,
  • Sônia Maria Lima de Souza,
  • Ana Lúcia Carneiro,
  • Carmem Lúcia Pereira,
  • Edivaldo Luiz Dutra Vargas,
  • Eliane Barbosa Rigotti, 
  • José Butinhol,
  • Mainá Souza Neto,
  • Ovídio Xavier,
  • Moisés Moreira Alves,
  • Mário William Carpes Espíndola,
  • Luís Eduardo Bechuate Saffar,
  • Kamila Garcia Gibim,
  • Jaci Bispo da Cruz,
  • Mauro Lúcio da Silva,
  • Durvalina Venâncio Mazotte de Lima,
  • Eva Figueiredo,
  • Ivete Arruda Nogueira,
  • Regina Emília Lima de Vasconcellos,
  • Marina Fernandes Samorano Cano,
  • Edson Barbosa de Araújo,
  • Irene Souza Pinto Costa,
  • Edno Fascioni da Silva,
  • Walter Dittmar,
  • Renato Silas Rondora,
  • Rosimeire Cristina Vidovix Nunes,
  • Ricardo Abrão Siufi, 
  • Elizabete Fátima Pastorello Panachuk,
  • Lidiane Brito Curto, 
  • Giovana Bigolin, 
  • Eduardo Vignolli Nascimento,
  • Alcindo Cardoso do Valle Junior,
  • Antônio Carlos Konka Balbino,
  • Isabela Carlotto Torres,
  • João Luiz Marques Salvadori,
  • Marina Shiroma Taira,
  • Thomas Piacsek,
  • Márcia Maria Abdalla,
  • Shirley Pereira Christino,
  • Leoneida Ferreira (Leda),
  • José Nelson Paschoalim Júnior,
  • Cerenita dos Santos Polati,
  • Thaisa de Molon Zanin,
  • Miriã Leão Congro,
  • Bianca Maria Lorenzano,
  • Solange de Cássia Minelli.

* Colaborou Tatyane Gameiro

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