Não tem jeito. É bem verdade que o pudim de leite reina soberano nos domínios dessa sobremesa, que tem sua origem disputada pelos dois lados do Atlântico.
Mas não importa. Sendo o tradicional de leite ou preparado com coco, nata, pão ou iogurte, o pudim faz palpitar a alma brasileira em qualquer variação. Inclusive na receita que você tem a oportunidade de aprender a fazer nesta edição: o pudim de iogurte.
Embora apresente o lastro de outros países europeus, como a Suíça, essa variação ganhou o mundo, inclusive o Brasil, já faz um bom tempo. Por exemplo, o jogurt-köpfli mit beerenkompott – tradução do alemão para pudim de iogurte com frutas vermelhas – é sempre uma boa pedida de norte a sul do País em qualquer época do ano.
A sobremesa parece combinar, digamos assim, a parte boa do pudim (doçura e textura) com a leveza e a pegada “geração saúde” do iogurte natural, acrescentando-se ainda o aspecto refrescante que alguns minutos de geladeira garantem à receita.
Isso sem contar o quase milagre que a compota de frutas vermelhas é capaz de proporcionar no conjunto da degustação.
O PUDIM
Se o sabor do pudim é tão delicioso que o torna uma unanimidade, o mesmo não se pode dizer de sua origem, pois pairam muitas dúvidas quanto a isso.
Os portugueses afirmam serem os criadores do pudim, no século 16, porém, há controvérsias. Historiadores afirmam que não há como saber exatamente onde nem quando esse doce foi inventado.
Outra versão mais recorrente é que o pudim teria sido inventado por um abade português.
Os relatos dão conta de que ele não divulgava a sua receita secreta para ninguém que ousasse perguntar. Com o sucesso do doce entre a população, ele pensou em fazer uma competição com outros confeiteiros, para ver se algum deles conseguia fazer o pudim perfeitamente.
Ninguém, ao cabo, conseguiu fazer a receita exatamente igual à do religioso, porém, os competidores passaram a ter uma ideia de como chegar bem perto do paraíso que a possível receita do abade representava.
A versão original só foi revelada após a morte do clérigo, quando seu caderno de receitas foi encontrado. Bem, como se diz popularmente: ante a dúvida, faça-se a lenda.
NO BRASIL
A primeira vez que se tem registro de uma receita de pudim no País foi na publicação “O Cozinheiro Imperial”, o primeiro livro de cozinha editado no Brasil, datado de 1840. A receita era de pudim de nata. As indicações atuais dela, porém, recomendam o preparo com leite condensado.
Fato é que o Dia Nacional do Pudim (22 de maio) é uma data brasileira – embora não se saiba quando ou por que motivo teria surgido um dia para o pudim chamar de seu. Sabe-se que, nos EUA, no dia 12 de fevereiro, existe até o Dia Nacional do Pudim de Ameixa!
Seja como for, o certo é que o pudim de leite condensado, muito provavelmente graças à Nestlé, ostenta patente brasileiríssima. Acompanhe.
Inventado na Suíça em 1850 por Gail Borden, o leite condensado foi primeiro utilizado como ração militar na guerra civil norte-americana.
Prevendo um sucesso parecido na Europa, Charles Page fundou a Anglo-Swiss Condensed Milk Company em Cham, na Suíça, em 1866. Na época, seu irmão George estava nos Estados Unidos aprendendo o processo original de Gail Borden para a produção.
Um ano depois, os irmãos Page abriram a primeira fábrica de leite condensado da Europa; sua marca, a Milkmaid, começou a sair da linha de produção. O doce era altamente consumido pela corte portuguesa.
Como a pronúncia do nome original não ajudava, o povo batizou o produto de leite moça. O nome só se tornaria marca de fato três décadas depois, em 1921, quando foi aberta a primeira fábrica no Brasil.
Passado um século, o País é o maior consumidor de leite condensado no mundo. E o primeiro doce criado com leite condensado no Brasil foi, justamente, o pudim de leite.
PRÁTICO
Por não ir ao forno, o pudim de iogurte não tem aquele “problema” dos furinhos (a temperatura elevada acaba criando poros na superfície).
E também não tem o terror ao desenformar, já que um caramelo que se preze é sempre grudento mesmo – sobra mais tempo para você caprichar na calda.
A versão sugerida (de frutas vermelhas) pode ser substituída por outras frutas ou outros sabores de sua preferência. Uma última dica: para o creme de leite doce, basta bater uma lata (200 ml) de creme de leite com três colheres (sopa) de açúcar. Agora, ao trabalho e bom apetite!
Pudim de iogurte com frutas vermelhas
Ingredientes
Para o pudim de iogurte
- 500 g de iogurte natural;
- 75 g de açúcar;
- Raspas de 1 limão verde;
- 5 folhas de gelatina;
- 200 ml de creme de leite doce.
Para a compota de frutas vermelhas
- 75 g de açúcar;
- 3 colheres (sopa) de suco de laranja;
- 500 g de frutas vermelhas mistas (morango, framboesa e amora);
- Cascas de 2 limões verdes.
Modo de Preparo:
Coloque as folhas de gelatina de molho.
Misture o iogurte, o açúcar e as raspas de limão. Escorra as folhas de gelatina e aqueça-as em banho-maria até que estejam dissolvidas.
Retire e misture com 3 colheres (sopa) da mistura de iogurte. Adicione o restante da mistura aos poucos. Coloque na geladeira até começar a firmar. Bata o creme de leite em chantilly e adicione delicadamente à mistura de iogurte.
Coloque em forminhas de pudim e deixe gelar durante uma noite. Para fazer a compota, misture o açúcar e o suco de laranja.
Deixe ferver durante 5 minutos em fogo baixo, adicione as frutas e mexa com cuidado. Cozinhe em fogo baixo durante 5 minutos.
Para desenformar o pudim, coloque as forminhas em água quente por alguns segundos. Posicione os pudins em pratos e a compota de frutas por cima. Decore com as cascas de limão cortadas em tiras bem finas.





