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COMPORTAMENTO

Conheça a história de três casais unidos pelo prazer dos treinos e das corridas de rua

Conheça a história de três casais unidos pelo prazer dos treinos e das provas de corrida, uma tendência que vem ganhando fôlego no mundo, no Brasil e também em Mato Grosso do Sul; "isso possibilita a interação e o autocuidado", afirma o psicólogo Henrique

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No lugar das paqueras de balcão, das pistas de dança e da ressaca no dia seguinte, entram em cena os “porres” de isotônico, as medições de cronômetro e uma interação com o crush mais saudável ao ar livre. Cada vez mais comum no Brasil e no mundo, o hábito de praticar corrida a dois – ou em busca da cara-metade – também é uma tendência em crescimento no Estado, acompanhando a grande adesão que eventos como a Maratona de Campo Grande vem obtendo.

A primeira edição, em 2022, teve mil inscritos. Na terceira, em julho deste ano, foram 3 mil participantes nos três circuitos da competição (7 km, 21 km e 42 km). Muita gente que encara as provas, porém, mais do que chegar em primeiro lugar, deseja chamar atenção de um possível pretendente. É quando a flecha do cupido vale mais que uma medalha.

“A corrida não apenas possibilita a interação e o autocuidado, como libera endorfina, hormônio do prazer, assim como no sexo ou em qualquer exercício físico. E quando se faz em conjunto esses exercícios, possibilita-se ainda mais uma construção de momentos prazerosos nas relações”, afirma o psicólogo Henrique Henkin.

“A cada dia, mais as relações amorosas vêm se ampliando e formando nichos específicos. Com os grupos de corrida, essas pessoas buscam em um parceiro, seja de amizade ou de relações amorosas, interesses em comum, um desejo pela saúde do corpo e da mente”, complementa.

“Existe uma conserva estabelecida nessa atitude. Ao mesmo tempo em que se buscam relações sociais, se encontram formas de cuidar do corpo. Antes, os recursos de encontrar pessoas eram muito mais limitados, como conhecer pessoas no trabalho, em bares ou por meio de amigos. O importante é que possamos encontrar formas de viver a vida de maneira equilibrada e saudável, sendo essa saúde específica de cada um”, diz o especialista.

Conheça a seguir a história de três casais unidos pelas provas de velocidade e se inspire – para a prática esportiva ou, quem sabe, para algo a mais.

DOLORES E JULIO CESAR

“Corremos juntos desde agosto de 2022, quando nos conhecemos em uma corrida em Ponta Porã. Os treinos são individuais e progressivos, cada um tem seu ritmo, porém, muitas vezes corremos juntos também, em média umas quatro vezes por semana”, conta a paranaense Dolores Luiz, que se refere, no relato, ao servidor público Julio Cesar Neves de Oliveira, 46 anos, com quem se casou pouco tempo depois da primeira corrida juntos.

“Mesmo sendo do mesmo grupo de corrida [Top Run], não havíamos nos esbarrado. Então, nessa corrida, nos conhecemos, casamos três meses depois e estamos felizes por termos escolhido um ao outro”, diz Dolores, que vive com o marido em Campo Grande.

Para a pediatra de 47 anos, o hábito de correr ajuda a manter o casal unido. “Com certeza. São os mesmos objetivos. Um puxa o outro quando existe o desânimo. Tem a disciplina dos treinos, a alimentação adequada. A prática de esporte em família ajuda manter o casal unido”, afirma.

Ela avalia que o esporte ajuda a cada um revelar qualidades específicas que favorecem o relacionamento. “Contribui para vencer desafios e [nos] fortalece. Torcemos e vibramos quando um dos dois termina uma prova. O Julio corre mais rápido que eu, [mas] quando fomos fazer a nossa primeira meia maratona juntos, ele me acompanhou por todo o trajeto. 

Foi lindo. Terminamos 21 km mais unidos”, ressalta Dolores, que começou a correr em 2017, dois anos antes de Julio entrar na pista pela primeira vez.
Para ela – que gosta de “viajar para correr” –, esse hábito “melhora o corpo, a mente e a alma e elimina o estresse”. Contudo, Dolores destaca que não se vai muito longe sem disciplina.

“Primeiramente, é disciplina. A constância te leva à perfeição, a prática te leva a se alimentar melhor, a dormir melhor, a educar seu corpo. 
Devemos sempre aquecer antes das corridas para preparar o corpo e, assim, evitar lesões. É importante a hidratação antes e depois da prova, [o uso de] roupas leves, de um tênis adequado, e de evitar os horários com temperaturas mais altas”, aconselha.

ANA E FABIANO

“Acredito que objetivos parecidos mantêm os casais unidos, e no nosso caso é a corrida. Somos apaixonados por esse esporte, especialmente a corrida de trilha, e sempre ansiamos por cada treino. Ter a mesma paixão que o parceiro nos faz entender os sacrifícios e os investimentos que outro faz e, por consequência, valorizamos mais”, desmancha-se Ana Diniz, 28 anos, formada em administração e marketing digital.

Ela começou a correr no fim de 2022, quando se mudou de Naviraí para Bonito. “Temos uma pista de caminhada e ciclismo na entrada da cidade, e é bem gostoso correr ali. Comecei a correr para complementar os treinos de musculação que eu já fazia e também para diminuir a ansiedade.

Nossos primeiros treinos juntos foram em 2023, quando entrei para a assessoria TR8 Run Club, da qual o Fabiano já fazia parte. Já nos conhecíamos, éramos amigos, mas a partir daí começamos a acompanhar os treinos um do outro, a ajudar com a hidratação e a filmar”, conta Ana.

“Depois de viajarmos para uma primeira prova juntos, como equipe, decidimos namorar. Vi ela participando da primeira prova – a Track&Field Run Series – em abril de 2023, aqui em Bonito. Depois, parabenizei ela pelo Instagram. A partir daí, nos víamos em todas as provas, fazíamos fotos juntos, conversávamos, mas apenas como amigos. Foi só em dezembro que começamos a namorar”, conta o marido Fabiano da Silva, 33 anos, que trabalha como almoxarife em uma empresa.

“A verdade é que ele faz eu me sentir mais segura e motivada. Produz meus materiais, me auxilia com a hidratação e para eu não carregar peso. 
E me motiva nas partes mais difíceis do treino. Tem ainda o agravante que, por eu ser mulher, não é tão seguro treinar sozinha, então ele me acompanha também para me proteger. E eu amo”, relata Ana, que segue exaltando a satisfação de ver o outro se superando e evoluindo: “É bom demais. Nos faz admirar ainda mais o parceiro”.

Uma das curiosidades que atravessam a história do casal são as 13 dobradinhas de pódio já conquistadas. “Em diversas provas conquistamos a mesma colocação, mesmo correndo distâncias diferentes a maior parte das vezes”, diz Fabiano. Já Ana – de olho no coração, literalmente – destaca mais um benefício da corrida: “Quem pratica com frequência diminui muito o risco de doenças cardiovasculares”.

ANDRÉ LUIZ E ROBERTA

“A corrida fortaleceu nossa relação. Passamos a ter mais admiração um pelo outro, além do apoio e da compreensão que o esporte precisa, pois quando há uma prova alvo, nós abdicamos de algumas coisas”, comenta Roberta Fonseca Candeloro, que há três semanas embarcava com seu marido, o empresário André Luiz Fontoura Candeloro, 62 anos, para Berlim, onde correram juntos na famosa maratona da metrópole alemã.

“O que me levou a praticar  a corrida foi o incentivo do meu esposo, que já corria”, diz a psicóloga de 43 anos, complementando que ambos correm juntos em algumas provas.

“Ele já corre há mais tempo. Normalmente, treinamos em dias separados, exceto aos sábados, para dividirmos os cuidados com a minha filha, Duda, de 9 anos. Treinamos três vezes por semana. O volume depende da prova alvo. Nesses últimos seis meses, treinamos para corrermos juntos a Maratona de Berlim [29/9]. Durante a semana, os treinos eram  de 10-12 km e, nos fins de semana, o volume ia aumentando. Acordávamos às 4h30min para irmos ao Parque dos Poderes”, compartilha Roberta.

“Temos acompanhamento nutricional, para nos auxiliar tanto no pré-treino quanto no pós-treino. A suplementação é importante para mantermos a qualidade do treino e para respeitar o nosso corpo.  Não podemos neglicenciar esse cuidado. [E isso] além de massagem, fisioterapia miofacial e assessoria para os treinos. Junto disso ainda soma a nossa determinação, a nossa constância e disciplina”, lista o empresário, que diz não abrir mão de profissionais “para estabelecer o que seu corpo precisa”.

“Meu esposo já fez quatro maratonas. Porto Alegre, Chicago, Nova York e agora Berlim. Essas internacionais fazem parte das Six Marjors, que são as seis maiores maratonas do mundo. Em Berlim, estivemos com três casais de amigos que também correram, sendo a primeira maratona das quatro mulheres”, orgulha-se Roberta.

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Há quem garanta que não demorará muito para dois políticos que são parentes...Leia na coluna de hoje

Confira a coluna Diálogo desta quinta-feira (06/03)

06/03/2025 00h01

Diálogo

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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LUIS FERNANDO VERÍSSIMO ESCRITOR BRASILEIRO
"Tem muita gente honesta neste País. 
Só não se identificam para não ficar 
de fora se aparecer um bom negócio”.

FELPUDA

Há quem garanta que não demorará muito para dois políticos que são parentes bem próximos colocarem luvas de boxe para embate em conhecido ringue. É que um deles vem posando de oposição, enquanto o outro é “chegado” de cabeça coroada. Na prática, dizem, um vai bater e o outro defenderá. Os dois já estiveram no mesmo partido, mas recentemente deixaram de andar de mãos dadas e foram caminhar politicamente separados. Um deles largou o certo pelo incerto e se deu muito mal. Já o outro tem dançado conforme a música. É esperar para ver.

Em alta

A Companhia Nacional de Abastecimento divulgou Boletim Logístico, mostrando que o avanço da colheitade soja tem influenciado os preços praticados no mercado de serviços de transporte de grãos nas rotas pesquisadas, como em MS.

Mais

A perspectiva de produção recorde para a oleaginosa, estimada em 166 milhões 
de toneladas, tende a gerar pressão na oferta de caminhões, o que influencia na alta nos serviços de frete.

DiálogoCorah Medeiros
DiálogoCláudio Castro e Rafael Picciani - Corcovado - Foto Lucas Teixeira - Rio Open 4090

 

Diálogo

Após 13 anos no esporte, a atleta Camille Giovanini (foto) parte para uma nova etapa na vida: a carreira como artista do Cirque du Soleil. No começo deste ano, a jovem de 19 anos foi para Montreal, no Canadá, iniciando um período de treinamentos. Aprovada em um processo seletivo muito disputado, ela foi escolhida para integrar a companhia multinacional. “A primeira etapa está sendo de muito treino e preparação. Eles me chamaram para a equipe do espetáculo ‘Russian Swing’, que é um número bem radical composto só de mulheres. Depois de toda a preparação vou adiante para os shows. É isso! O que eles pedirem estarei fazendo”, assegurou. 

Na mira

A tentativa da criação de CPI para investigar o Consórcio Guaicurus, e o pedido de impeachment da prefeita Adriane Lopes são os dois assuntos polêmicos que dominarão as discussões na área política de Campo Grande, neste pós-carnaval. Em ambos os casos, há quem não aposte nem “um dólar furado” de que vão prosperar, por uma série de fatores. Essas questões deixaram claro que a prefeita terá que estar preparada contra as ofensivas, que deverão ocorrer de forma constante.

Alerta

A invasão de hackers, no dia 2, ao sistema do Departamento de Tributação e Contabilidade da Prefeitura de Ivinhema serve de alerta para que outros municípios redobrem a segurança. Essa ação, conforme aquela prefeitura, pode ter resultado na obtenção pelos invasores cibernéticos de dados das pessoas, como nome, CPF, RG, endereço, telefone, data de nascimento e estado civil. As autoridades policiais foram comunicadas.

Bola da vez

Na briga pelo poder, a União das Câmaras de Vereadores de Mato Grosso do Sul (UCVMS) é a bola da vez.  Integrantes do Legislativo municipal de Campo Grande estão fazendo articulações, buscando até a Justiça,  com vistas a conquistar  o comando da entidade, que há décadas tem a frente o vereador Jeovani Vieira dos Santos, de Jateí, e que poderá ter como concorrente o seu colega da Capital, Junior Coringa.

ANIVERSARIANTES

  • Adriana Paula Cândido,
  • Eduardo de Melo Spengler, 
  • Dra. Maria Auxiliadora Budib,
  • Sérgio Silva Muritiba,
  • Alessandra Patrícia Pandolfo Simon, Christiane Buainain Gonçalves,
  • Ademir Garcia dos Reis,
  • Benilo Allegretti,
  • Leida Aguero Reis,
  • Pedro Paulo Feronato,
  • Rodiney de Pinho Barbosa,
  • Valdeir de Oliveira,
  • Bento Lebre dos Santos,
  • Donizete Ribeiro de Magalhaes,
  • Maria Alves de Almeida,
  • Sandra Maria Silveria Denadai,
  • Antonio Silvio de Souza,
  • Benedicto Moreira,
  • Maria Aparecida de Oliveira,
  • Katia Tavares,
  • José Carlos Tavares do Couto Filho, 
  • Joao Reston Elias,
  • Edyna Araújo de Almeida,
  • Dr. André Augusto Wanderley Tobaru, 
  • Débora Rondon, 
  • Márcia Tateishi Yamauchi,
  • Dr. Redel Furtado Neres,
  • Dr. Marcos Tadeu Winche Andrade, Jaime Selle, 
  • Oscar Quiroga, 
  • João Adecio Alves,
  • José Narciso Escobar,
  • Marcos Antonio Soares,
  • Andréa Saab Baroli,
  • Nailo Garces da Costa,
  • Marcilio Gianerini Freire,
  • Elizabete Alves da Silva,
  • James Rudy Silveira,
  • Lidio Moraes,
  • Denise Tibal Vasconcelos Dias,
  • Andressa Rafaela de Souza,
  • Sérgio Roberto Mendes, 
  • Elida Brito de Alencar,
  • Joana Inês Bitencourt,
  • Júlio Sérgio Vargas Fernandes,
  • Magda Guimarães Falcão Alves Zamboni Freitas, 
  • Dra. Leonir Wiechert Nogueira Barros, 
  • Deodato Dortas Rodrigues Neto,
  • Fabrizia Ferreira Machado,
  • Júlio Cesar Carvalho,
  • Ivandro Correia Silveira,
  • Dayanny Bento Silva,
  • Kelly Cristina Garcia,
  • Angela Maria Ranconi,
  • Fernanda Marques Yafusso,
  • Milton Martinho,
  • Fernando Lamers, 
  • Antônio João Grande de Melo,
  • Marcelino Rodrigues de Souza,
  • João de Freitas Pinto, 
  • Washington Luiz Castro Júnior, 
  • Bernadete Abrão, 
  • Ivan Mendonça Arruda, 
  • Juailson Canhete da Costa, 
  • Maria de Almeida Metello de Assis, 
  • Cláudio Nakazato,
  • José Luiz Saad Coppola, 
  • Kelly Haruko Kaneki, 
  • Edmar José Panassolo,
  • Carlos Alberto Garcete de Almeida,
  • Diones Figueiredo Franklin Canela, Rener Cruvinel Borges,
  • Kenya Silveira Lopes, 
  • Mara Gimenez Pereira da Silva,
  • Karla Lorena Griesbach Nantes, 
  • Ruth Corrêa de Lima Carvalho,
  • Francisco de Paula Ribeiro Júnior,
  • Ana Keller dos Santos Aleyne, 
  • Luiz Carlos Mandu da Silva,
  • Marcelo Cesar de Oliveira, 
  • Hosana Gonçalves Moraes,
  • José Massayoshi Simabucuro,
  • Roberta Soto Maggioni,
  • João Paulo Tomás,
  • Ana Paula Seles Paco dos Santos,
  • Ozair Kerr, 
  • Emerson Tiogo da Silva,
  • Walderez e Silva de Farias,
  • Jorge Alberto Pizzaro de Menezes,
  • Dênis Peixoto Ferrão Filho,
  • Thaís Iguma, 
  • Higo dos Santos Ferre,
  • Renata Espíndola Virgilio,
  • Vânia Mara Basílio Garabini,
  • Tamara Guimarães da Costa,
  • Edinete Lira Torres Castello,
  • Jean Cleiton Santi,
  • Zenildo de Oliveira,
  • Carlito de Oliveira Boza, 
  • Ademar Gonçalves Machado, 
  • Fabia Elaine de Carvalho Lopes, 
  • Giselly Pitinari Cordeiro, 
  • Marisol Marim Alves de Oliveira,
  • Maria Luiza Businaro, 
  • Patricia Lantieri Correa de Barros, 
  • Christiane Barnard Pereira Utima,
  • Zilma Marques de Bernardo Castro e Silva,
  • Emerson Pereira de Miranda.

 COLABOROU TATYANE GAMEIRO

CULTURA & FOLIA

Conheça a relação do historiador Edson Contar com o Carnaval de Campo Grande

Pioneiro na organização do desfile carnavalesco de Campo Grande, o historiador, jornalista e compositor Edson Contar é uma figura essencial para se entender como a festa tomou conta da cidade e ganhou a dimensão que tem hoje

05/03/2025 10h00

O compositor, cronista, turismólogo e, sobretudo, carnavalesco Edson Contar, no traço do cartunista Éder Flávio: alma do Carnaval de Campo Grande

O compositor, cronista, turismólogo e, sobretudo, carnavalesco Edson Contar, no traço do cartunista Éder Flávio: alma do Carnaval de Campo Grande Foto: Flávio Eder

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“Minha carne é de Carnaval/meu coração é igual [...] onde quer que/eu ande em qualquer pedaço/eu faço/um campo grande/um campo grande”.

A canção de 1972 do Novos Baianos (“Swing de Campo Grande”), embora celebre a alegria dos integrantes do grupo de pular Carnaval em uma das praças mais conhecidas de Salvador, na Bahia, cai como uma luva no estado de ânimo que a festa provoca em Edson Contar.

Figura essencial para o que a festa da Campo Grande sul-mato-grossense se tornou, pelo menos, nos últimos 50 anos, o historiador, jornalista, compositor, turismólogo e, sobretudo, folião Edson Contar, que, inclusive, atuou no Correio do Estado, traz a história do samba, das escolas e dos desfiles da Capital na ponta da língua. Em muitos dos episódios que conta, mais do que testemunha, é ele um dos protagonistas, se não “o” protagonista da situação.

Seu Edson domina o assunto, e quem já bateu um papo com ele sabe o quanto é bom de prosa.

“Quanto a essa quarta [Quarta-Feira de Cinzas], nem eu entendi isso de cair logo após o Carnaval”, brinca, soltando uma risada, ao saber o dia em que seria publicada essa reportagem. O artista da folia segue dizendo que “o Carnaval ainda é uma festa do povo”, para relembrar, em seguida, dos carnavais “de antigamente”, recuperando o nome de Goinha como o responsável pela multiplicação das escolas, na década de 1960, a partir da criação da Acadêmicos do Samba.

PATRIARCA

“Mesmo que as escolas de samba não tenham espaço para tanta gente, os blocos e cordões supriram e deram chance de participação para os que gostam da folia”, reflete o veterano, cujo sangue carnavalesco transmitido ao filho, o também historiador Jefferson Contar, rendeu como fruto o Cordão Valu, que, por sua vez, desde 2007, quando desfilou pela primeira vez, acabou se tornando celeiro de outros blocos que surgiram, como o Capivara Blasé e o Vai Quem Vem.

É que Jefferson, ao lado de sua esposa, Silvana Valu, mais uma historiadora na resenha de hoje, foi quem criou o Valu, o que faz do patriarca uma espécie de “alfa e ômega” do Carnaval campo-grandense. À frente da Secretaria de Turismo da Capital, Seu Edson não mediu esforços para trazer mais profissionalismo à celebração e decidiu, em um esforço conjunto com as escolas, investir na organização, oficializando o desfile.

As alas passaram a ser identificadas e todo um ordenamento de entrada na passarela foi estabelecido, a partir de um regulamento que procurava seguir os ditames do Carnaval carioca – a festança do Rio de Janeiro é uma das paixões confessas do compositor.

A bateria ganhou um “tchan”, a confecção das fantasias passou a ser mais requintada, assim como a definição dos temas e a criação dos sambas-enredo também deram um salto de criatividade. A ala das baianas, a comissão de frente e tudo o mais ganhou outros cuidados.

IGREJINHA

Nada, porém, foi tão fácil quanto pode parecer olhando de longe. Uma das dificuldades era, justamente, encontrar quem compusesse os sambas-enredo. E, na falta de compositores, Edson assumiu a criação do samba de cinco escolas. Aos poucos, foram aparecendo outros bambas bons de verso, como Onésimo Filho, que, no ano seguinte, assinou o samba-enredo da Vila Carvalho.

Apesar do coração grande, onde cabem todas as agremiações, Seu Edson não esconde que as coronárias pulsam com mais força quando o assunto é a Igrejinha, para a qual compôs vários dos enredos que levaram a escola, fundada em 12 de maio de 1975, a ser campeã por 24 vezes.

“E assim fiz história cá na cidade que meu bisavô [José Antônio Pereira] fundou. Quesitos, que não existiam, as escolas tiveram que adaptar. Mas o entrave seriam os sambas-enredo”, relembra o carnavalesco e cronista, que em 2016 foi tema da Vermelha e Branca.

“Ainda não atraía compositores de então, e lá fui eu compor para as cinco ou seis escolas de samba da época. No segundo ano, bem-vindo o querido Onésimo Filho, que assumiu o samba da Vila Carvalho. Em seguida, o grande Cambará traz o balanço corumbaense para a Em Cima da Hora... (Meus respeitos e saudades, mestres!)”, escreve Seu Edson em uma crônica publicada recentemente em seu perfil no Facebook.

“E eu segui fazendo o enredo para a Igrejinha, na qual fui campeão por 12 anos, com letra e música dos enredos, ficando um deles como hino da escola: ‘Maria Fumaça – Um Símbolo e Seus Heróis’, que conta a chegada da estrada de ferro por aqui, em 1914. A maioria dos meus sambas foram puxados pelo amigo Edir Valu, que viria a ser sogro do meu filho mais novo [Jefferson]”, diz o mestre, que também é autor do clássico “Ave Maria Pantaneira”.

SEM MODÉSTIA

Ele conta que também “fez” dois campeonatos pela Unidos do Cruzeiro.

“Salve, salve, querido irmão amigo Renato Picolé, saudoso sambista que também fez história nos carnavais”, exalta o carnavalesco, na conversa por telefone.

Ele passou o Carnaval em Piraputanga, onde se recupera de um resfriado. Deve estar de volta a Campo Grande hoje.

“Tenho orgulho, sim. Modéstia não cabe quando a gente pode contar de cabeça erguida uma história de vida que milhares conhecem por aqui. Fui enredo da Igrejinha quando parei com as composições. O palco da escola tem meu nome. Recebi o troféu Cidadão Samba das mãos da famosa Leci Brandão”, conta Seu Edson, atualmente com 85 anos – “cara de 58”, brinca ele – e lidando com problemas de saúde em decorrência de décadas de baforadas nos “malditos” cigarros.

“Tenho em minha galeria dezenas de troféus, que, somados ao do turismo, que leva meu nome, em mais uma homenagem em vida que me presta a ABBTUR [Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais do Turismo], me fazem um homem realizado e hoje conformado. Se já não tenho pernas para sambar, resta-me olhar de longe o Cordão Valu passar, e nele um pedaço de mim, pois foi meu filho e sua esposa que fundaram essa agremiação, que hoje é o top do Carnaval em Campo Grande”, emociona-se.

“TORÇO POR TODAS”

“E no dia das escolas, além da minha Igrejinha, torço por todas, pois em cada uma tive um irmão de samba e amigo da vida. Valeu, Dudu, Chipe, Edno, Goinha, Carlão, Zé Carlos, Alceu Adão, Salvador Dodero, Picolé e os meninos da Estação Primeira. Tudo passou , mas ficam as lembranças”, relata Seu Edson, arrematando a conversa com mais uma declaração de amor ao Carnaval de Campo Grande. Ou, melhor dizendo, à sintonia que a vibração carnavalesca pode despertar.

“Ser comparado como primo pobre de Corumbá é coisa do passado. Basta ver a riqueza de nossas escolas e a animação dos blocos. Cada um tem suas características, mas é verdade que os corumbaenses muito contribuíram para o crescimento dos nossos carnavais. Há uma perfeita harmonia entre nossas agremiações e as de lá. E até casos de foliões que desfilam aqui e lá no outro dia”, ameniza Seu Edson. “Tá” falado, mestre.

Eram Outros Carnavais
(Edson Contar)

Fui menino de cordão
Pierrô de colombinas 
Rapazinho, dos danados,
Sem descanso pras meninas...

Já feito, peguei caminho
Ver de perto o carnaval
Fiz do Rio o meu ninho
Tempos de paz e carinhos
De alegria sem igual...

Animado e decidido
Passei por bandas de então:
Ipanema, Miguel Lemos,
Copacabana, Bola Preta,
E no Copa o salão.

Voltei pra casa formado,
(Malandro no sentido figurado)
Assumi cargo importante
Que incluía a folia ...
E era tudo o que eu queria,
Trazer a lei pro meu chão...
Pois aqui organizaria
Com regras e novo formato
Os desfiles de então.

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