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FASHION FILM

Conheça "Noites de Carmim", filme de MS que mistura moda e rockabilly

No segundo filme criado pela estilista Lidiane Lopes, sob a inspiração da coleção "Sonhos e Fetiches da Fronteira", a banda Coquetel Blue volta a destilar o seu rockabilly no embalo da Dama de Vermelho e outras referências de "Sin City"

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É para homenagear as “Marias ancestrais” que Lidiane Lopes desenvolveu o projeto “Sonhos e Fetiches da Fronteira”, do qual derivou um primeiro curta-metragem que teve como protagonista a cantora Pretah e foi lançado em grande estilo, em outubro do ano passado, com desfile, projeção e show da banda Coquetel Blue, autora da trilha musical da produção, bancada com recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG) por meio de edital da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).

A parceria entre a banda e a estilista – dona das mãos, cérebro e coração por trás da grife de moda LidyLo – prossegue com “Noites de Carmim”, o segundo curta-metragem do projeto, que ganha lançamento hoje, a partir das 20h, no Boteco do Miau (Av. José Nogueira Vieira, nº 1.303, Tiradentes), com entrada franca. O curta está desde hoje disponível no YouTube. As filmagens foram realizadas em fevereiro.

Lidiane Lopes (à esquerda) ao lado da câmera-woman Carlota Philippens durante as filmagens; quem assina a direção de fotografia é Cátia Santos

Na parte dois dos seus “Sonhos e Fetiches”, Lidiane busca aprofundar o seu envolvimento com as mulheres e, de modo geral, com a cultura da região fronteiriça de Bela Vista, onde nasceu, a 350 quilômetros de Campo Grande. E a Coquetel Blue, por sua vez, deriva o seu potente rockabilly para outras vertentes que sempre alimentaram a fornalha do bom e velho rock.

“Assim como no primeiro curta-metragem fashion film LidyLo, ‘Sonhos e Fetiches da Fronteira’, tivemos a figura da mulher imponente na Dama de Preto, neste projeto, eu trago a icônica figura da Dama de Vermelho. O roteiro foi escrito por mim e trago nele uma inspiração na história do mundo sombrio e sedutor dos quadrinhos de ‘Sin City’, com a Dama de Vermelho e a cidade do pecado”, conta Lidiane. 

A atriz Eva Green no pôster de “Sin City 2 – A Dama Fatal” (2014), do diretor Robert Rodriguez, segundo longa-metragem criado a partir da HQ do norte-americano Frank Miller, que foi publicada pela primeira vez em 1992

“A história traz uma narrativa de ação e suspense e homenageia as Marias ancestrais, a mulherada que traz força e transformação e que é a identidade da marca LidyLo”, fundamenta a estilista. “O conceito da trilha, musicalmente, é algo mais country dessa vez, que foi um pedido dela mesma, inclusive. Mas sempre com a influência do rockabilly. O processo criativo foi igual ao do primeiro fashion film. Ela trouxe a letra e um pouco da melodia e a gente foi fazendo com ela a música”, afirma Bo Loro, da Coquetel Blue.

O baterista e vocalista conta que tanto ele quanto os parceiros de banda conhecem Lidiane há muito tempo, “desde a época do Drama [bar no Jardim dos Estados], e ela sempre teve esse estilo rockabilly e tal, que é algo [de] que a gente sempre gostou também. Então, acho que foi meio natural esse encontro nosso para fazer a música dos filmes”. A faixa foi gravada no Estúdio 45, pilotado pelo produtor musical Anderson Rocha.

“Somos uma banda de rockabilly que também toca Jovem Guarda e um pouco de blues. Mas essencialmente somos uma banda de rockabilly”, diz Bo Loro, reforçando a identidade da Coquetel Blue como gênero musical dos EUA, surgido nos anos 1950, que mistura rock, blues e outras vertentes, como o boogie woogie. Buddy Holly, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins, Eddie Cochran, Bill Halley, Johnny Cash e o “rei” Elvis Presley estão entre os expoentes do estilo, que caiu no gosto de ícones como Rolling Stone e Beatles.

Com apenas dois anos na ativa, o quarteto é formado por músicos que têm bem mais tempo de chão e palco. Além de Bo Loro, o Coquetel Blue traz na formação: Pedro Espíndola (guitarra e voz), Leotta (teclado e voz) e Perim (baixo e voz). Sobre possíveis novidades tramadas pelo grupo, o baterista tenta fazer mistério, mas meio que entrega o jogo.

Pedro Espíndola, Anderson Rocha, Lidiane Lopes e Bo Loro no Estúdio 45

“Posso dizer que a gente está preparando um tributo para um movimento de rock and roll nacional que este ano completa 60 anos [a Jovem Guarda, em agosto]. Não posso falar mais do que isso”, anuncia o músico, que considera “algo incerto, mas desafiador também” manter uma banda de rock “em 2025, no Centro-Oeste do Hemisfério Sul”. No caso, para ele e para outros dois músicos da Coquetel Blue, o pecado é duplo: Bo Loro e os irmãos Perim e Leotta, além da CB, formam o trio Os Alquimistas, com mais de uma década de atividade.

FASHION FILM

“A moda Autoral de MS, como a moda em geral, vem usando o audiovisual para mostrar suas produções e coleção. Eu venho trazendo outros setores da nossa cultura, como música e audiovisual, junto à moda. A moda é uma arte viva, que tem muitas possibilidades, assim como a arte não se abrange apenas ao vestuário. Quero mostrar a outros profissionais da moda que desfiles e editoriais são caminhos para a imaginação. Podemos usar uma narrativa pra contar histórias e mostrar minha arte, minha coleção, minha identidade”, diz Lidiane.

A modelo e atriz Paty Bogalho como a Dama de Vermelho do curta fashion “Noites de Carmim”: além de muita renda, Lidiane recorre bastante ao cetim na criação dos figurinos

A estilista (e cineasta) fala bem mais sobre criação audiovisual do que propriamente, ou exclusivamente, sobre moda, apontando, como se pode notar, para uma visão mais ampla e arejada do universo das passarelas. Ela conta que não parte de nenhuma referência ou inspiração específica do repertório dos filmes de moda para fazer seus curtas.

“Me baseio, para escrever meus roteiros, na minha história e em de onde vim, Bela Vista, na fronteira com Paraguai. Me inspiro nas mulheres fronteiriças e na minha cultura”, afirma. “Escrevi a música [de ‘Noites Carmim’] com base no roteiro. A trilha sonora autoral e original é que traz a narrativa do fashion film, em uma composição que mistura a estética e o som pra trazer o público na imersão da história”, aposta Lidiane.

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OSCAR 2026

Wagner Moura tem 91,34% de chance de vencer o Oscar, aponta ranking

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

21/12/2025 23h00

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62% Divulgação

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As expectativas brasileiras para o Oscar 2026 crescem antes mesmo do anúncio oficial dos indicados, previsto para 22 de janeiro. Wagner Moura aparece entre os nomes mais fortes da disputa pelo prêmio de melhor ator, segundo um novo levantamento do site especializado Gold Derby.

De acordo com a projeção, o ator brasileiro tem 91,34% de chance de vitória, porcentual que o coloca na terceira posição entre os 15 nomes mais bem colocados na categoria. A lista reúne artistas que já figuram entre os pré-indicados e aqueles acompanhados de perto durante a temporada de premiações.

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%. Wagner aparece logo atrás, à frente de nomes como Michael B. Jordan e Ethan Hawke.

As estimativas do Gold Derby são elaboradas a partir da combinação de previsões de especialistas de grandes veículos internacionais, editores do próprio site que acompanham a temporada de premiações e um grupo de usuários com alto índice de acerto em edições anteriores do Oscar.

O Agente Secreto está entre os pré-indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional e de Melhor Escalação de Elenco, em lista divulgada no último dia 16, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

A cerimônia do Oscar 2026 está marcada para 15 de março, com transmissão da TNT e da HBO Max, e terá novamente Conan O’Brien como apresentador. A edição também deve ampliar a presença brasileira na premiação: produções nacionais como O Agente Secreto já figuram em listas de pré-indicados da Academia, em categorias como Melhor Filme Internacional e Melhor Escalação de Elenco.

Ranking do Gold Derby para o Oscar 2026 de melhor ator:

1. Leonardo DiCaprio (95,08%)

2. Timothée Chalamet (93,62%)

3. Wagner Moura (91,34%)

4. Michael B. Jordan (83,35%)

5. Ethan Hawke (73,46%)

6. Joel Edgerton (25,24%)

7. Jesse Plemons (7,09%)

8. George Clooney (4,25%)

9. Jeremy Allen White (4,06%)

10. Dwayne Johnson (2,64%)

11. Lee Byung Hun (2,52%)

12. Oscar Isaac (0,83%)

13. Daniel Day-Lewis (0,39%)

14. Brendan Fraser (0,31%)

15. Tonatiuh (0,24%)
 

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B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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