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Dani Faria Lima "Corpo dos seus sonhos não é o da modelo da revista ou da fisiculturista"

A especialista em alimentação saudável Dani Faria Lima atua para levar uma melhor qualidade de vida às pessoas através de receitas nutritivas e saborosas.

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Por Denise Neves - Edição Flávia Viana

Dani Faria Lima é uma healthy chef, que, em suas palavras, nada mais é do que “uma chefe de cozinha que elabora pratos 100% naturais e balanceados, com ingredientes integrais e sem a presença de aditivos químicos”. 

Através da sua especialização, Dani Faria Lima tem como objetivo o de despertar a consciência alimentar das pessoas ensinando receitas que proporcionem uma vida mais saudável sem que precisem abrir mão do prazer de comer.

 

 

Esse seu propósito, inclusive, deu o nome ao seu aplicativo lançado recentemente chamado Você Mais Saudável, que ajuda os usuários a conseguirem o “corpo dos sonhos”. 

Além da healthy chef, o app também é formado por uma equipe de profissionais de educadores físicos e nutricionistas. 

O aplicativo possui mais de 125 receitas saudáveis, módulos de treinos para fazer em casa e programa nutricional com planejamento alimentar.

Paulista radicada em Cuiabá (MT), Dani Faria Lima deixou a sua carreira em Administração para trabalhar com o que gosta verdadeiramente: a culinária saudável. 

Em seu currículo, possui especialização pelo Natural Gourmet Institute (NY), além de já ter sido aluna do renomado internacional chef Jamie Oliver, muito conhecido também pelos seus programas na TV e livros lançados.

A especialista em alimentação saudável Dani Faria Lima conversou com exclusividade com o Caderno B+ e falou sobre a importância de uma melhor qualidade de vida com uma rotina alimentar mais saudável e ativa através da prática de exercícios físicos. 

Além disso, indicou uma receita deliciosa de bolo de laranja low carb e superfácil de fazer.

Confira abaixo na íntegra a entrevista com a healthy Chef Dani Faria Lima e a sua receita saborosa de bolo de laranja com baixo teor calórico para você reproduzir aí na sua casa...

CE: Como é a sua rotina alimentar?

DFL: “Muito simples, com comida de verdade. Na maioria das vezes não tomo café da manhã, quando tomo, eu gosto de comer ovos mexidos com espinafre e tomates grelhados ou ovos mexidos e uma porção de frutas com tahine por cima. Fica uma delícia. No almoço, priorizo uma proteína de qualidade, como frango orgânico ou peixe, com legumes e uma farta porção de salada. No jantar, muitas vezes opto por proteínas vegetarianas e legumes variados. Também gosto de tomar um chá antes de dormir.”

CE: Como é a sua rotina de exercícios?

DFL: “Eu treino em média quatro a cinco vezes por semana, com duração entre 30 e 50 minutos, não passa disso... Tenho feito os meus treinos em casa pelo app Você Mais Saudável.”

 

CE: Como começou o seu relacionamento com uma rotina de alimentação mais saudável?

DFL: “Quando eu tinha uns 15 anos, por me achar meio gordinha. Nesta fase, as meninas geralmente despertam para uma preocupação estética e desejam ter um corpo legal para usar certas roupas, arranjar namorado etc. Comecei a fazer dieta por conta própria, com ingredientes totalmente inadequados, como bolacha de água e sal e presunto. Percebi que estava afetando a minha saúde e fui em uma nutricionista, que me abriu um leque de opções saudáveis para o cardápio. Desde então, passei a pesquisar muito sobre alimentação e nutrição, coloquei em prática e conquistei o corpo e a saúde que desejava. E desde então, não parei. Fui estudando cada vez mais, lendo muitos livros, participando de workshops, treinamentos e cursos.”

 

CE: O que motivou você a deixar a Administração para seguir carreira em uma área completamente diferente?

DFL: “Percebi que as pessoas entravam em contato comigo durante meu expediente muito mais para saber sobre ‘aquela receita’ do que para tratar de assuntos pertinentes ao meu trabalho. Foi aí que entendi que tinha essa missão, de ensinar a cozinhar de maneira saudável, e que deveria abraçá-la, para fazer um bem a mim mesma e para transformar vidas.”

 

CE: Resumidamente, o que é uma “healthy chef”?

DFL: “É uma chefe de cozinha que elabora pratos 100% naturais e balanceados, com ingredientes integrais e sem a presença de aditivos químicos. Comida de verdade, que não gera processos inflamatórios no organismo e outros tipos de doenças.”

 

CE: Você iniciou como personal chef, certo? Qual a diferença de uma healthy chef para uma personal chef?

DFL: “Como healthy chef, eu executo a culinária saudável para ensinar a minha audiência. Já como personal chef, eu prestava um serviço personalizado, indo à casa do(a) cliente e ensinando a executar um cardápio saudável dentro das preferências e restrições desse(a) cliente.”

 

CE: Como foi a experiência de ser aluna do Chef Jamie Oliver, uma das maiores referências gastronômicas do mundo?

DFL: “Nossa, foi incrível. Pena que foi por pouco tempo, sendo um workshop de um dia. Tenho planos de voltar e fazer um intensivo com ele.”

 

CE: Como surgiu a ideia de criar o aplicativo Você Mais Saudável?

DFL: “Eu já tinha criado a maior Comunidade Saudável do Brasil e gostaria de melhorar a experiência e também os resultados. Eu tinha a certeza de que um aplicativo iria facilitar muito o acesso das mulheres, podendo abrir o app na cozinha enquanto está fazendo o seu almoço ou jantar sem ter que abrir um computador. Era isso o que eu queria, além de incluir treinos para fazer em casa. E, assim, fechar os pilares necessários para uma vida mais saudável com alimentação, treinos e nutrição.”

 

CE: Como funciona o projeto?

DFL: “Atualmente, dentro do app Vida Mais Saudável, há mais de 125 receitas saudáveis, mais três módulos de treinos para fazer em casa e programa nutricional com planejamento alimentar. Vários profissionais fazem parte do aplicativo além de mim, como nutricionistas e personal trainer. A assinatura é anual com um valor acessível de R$ 29,90 por mês.”

 

CE: O que é necessário para se ter “o corpo dos sonhos”?

DFL: “Primeiro, tem que se ter o entendimento de que o termo que utilizo sobre ‘corpo dos seus sonhos’, é para propor uma reflexão sobre qual é o corpo dos seus sonhos. Não é o da modelo da revista ou da fisiculturista. Para muitas mulheres, significa estar 5 ou 10kg abaixo do seu peso atual.”

 

CE: Uma alimentação saudável pode refletir em melhorias à saúde mental?

DFL: “Pode aumentar os níveis dos ‘hormônios da felicidade’ como serotonina, endorfina e dopamina. E os nutrientes não são os únicos responsáveis, mas também estão ligados diretamente à sensação de vivacidade, ânimo e disposição. Sem falar que há estudos científicos que relacionam o excesso de açúcar refinado, adoçantes artificiais, gorduras trans, álcool, sódio, glutamato monossódico e cafeína a crises de depressão, ansiedade, e até Alzheimer e Doença de Parkinson, no caso do glutamato. O que significa que devemos evitar esses tipos de alimentos ou consumir com muita moderação.”

 

CE: Quais são os mitos e as verdades da culinária saudável?

DFL: “O mito é de que ela é cara e difícil de executar. Pensam que a culinária saudável de qualidade é alta gastronomia, apenas para quem tem muito dinheiro e auxiliares em casa, e que comer saudável de forma acessível significa um cardápio sem graça, sem sabor e sem variação, como aquela ideia do frango grelhado com salada todo dia. Mas eu desmistifico isso apresentando receitas práticas que cabem no bolso e que são saborosas, criativas e variadas.”

 

CE: É comum ouvir uma pessoa dizer que um dos fatores que a impede de ter uma alimentação mais saudável é a falta de dinheiro. Quais dicas você pode dar para que alguém queira se alimentar melhor sem que isso pese no seu bolso?

DFL: “Explore todo o potencial que os ingredientes da feira oferecem. Dá para fazer muita coisa com hortaliças, ovos, proteínas baratas e proteínas vegetais, com a ajuda de gorduras boas e especiarias.”

 

CE: Você é uma digital influencer com mais de 1 milhão de seguidores só no Instagram. Como é o seu relacionamento com os seus seguidores no dia a dia?

DFL: “Eu adoro interagir com os meus seguidores. Não é fácil, pois, eu recebo em média 600 directs por dia e não consigo responder todas, mas busco sempre interagir com uma parcela dessas pessoas, entender as suas necessidades e trazer conteúdos que as ajudem em sua jornada de mudança de hábitos por uma vida mais saudável.”

 

Receita do bolo de laranja low carb:

Tempo de execução: 60 minutos.

Ingredientes:

  • 3 ovos peneirados
  • 1 xícara de chá de xilitol
  • 4 colheres de sopa de óleo de coco
  • ½ xícara de chá de suco de laranja
  • Raspas da casca de laranja
  • 1 colher de café de extrato de baunilha
  • 1 xícara e ½  de chá  de farinha de amêndoa
  • ½ xícara  de chá de farinha de linhaça dourada
  • ½ xícara de chá de farinha de mandioca (ou de arroz)
  • 1 colher de sobremesa de fermento em pó

Modo de preparo:

  1. . No liquidificador, bata por 4 minutos os 3 ovos peneirados e o xilitol até formar um creme bem lindo.
  2. . Em uma tigela, misture suavemente os ovos batidos, o óleo de coco, o suco de laranja, as raspas e o extrato de baunilha. Vá adicionando aos poucos as farinhas e o fermento em pó, misturando devagar até incorporar bem.
  3. . Despeje em uma assadeira untada com óleo de coco ou manteiga e leve ao forno preaquecido a 180° (no elétrico, a 160°) de 25 a 30 minutos. Mantenha a atenção ao forno. Geralmente, quando cheira o bolo, é porque está pronto!

ENTREVISTA COM BIANCA

"A fauna pantaneira é a base musical das nove composições de 'Pantanal Jam'"

Cantora Bianca Bacha, da Urbem, fala como a paisagem natural de Miranda afetou o processo de criação e gravação do segundo álbum da banda, sobre a diferença entre o canto com letra e as vocalizações que são a sua marca e anuncia projetos nos EUA e Espanha

15/12/2025 11h00

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste ano

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste ano Divulgação / Alexis Prappas

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ENTREVISTA COM BIANCA

Recuperando para o leitor: como se deu a oportunidade do encontro e da parceria com o Ryan para o projeto do álbum “Pantanal Jam”?

Conhecemos Ryan Keberle no Campo Grande Jazz Festival [em março de 2024] e com ele tivemos uma troca musical instantânea. Tocamos juntos em um show no Sesc [Teatro Prosa] em setembro de 2024 e, a partir de lá, tivemos a certeza de que ainda faríamos muita música juntos.

No Pantanal, onde Ryan esteve pela primeira vez durante as gravações, ficou nítido que ele conseguiu transpassar para o repertório o encantamento que ele estava vivendo em meio a toda aquela natureza.

É o segundo disco, nove anos depois de “Living Room”. O que “Pantanal Jam” representa para a Urbem?

Este projeto é o nosso território sonoro: onde a música que criamos se entrelaça à natureza que nos guia em forma de jam. Na música, uma jam significa um encontro musical sem aviso prévio, as coisas vão acontecer ali na hora, portanto, o inesperado é bem-vindo e, com ele, você improvisa.

Qual seria o conceito geral do álbum?

O conceito do álbum nasce da escuta profunda da fauna pantaneira. Os cantos dos pássaros, o esturro da onça e os sons das águas e dos ventos não são efeitos nem pano de fundo: são a base musical das nove composições. A natureza atua como um músico a mais na banda de jazz, dialogando conosco em frases de pergunta e resposta.

Sandro Moreno registrou esses sons in loco, mergulhando no Pantanal para captá-los com precisão. Depois, analisou esse vasto material para identificar melodias, ritmos e motivos que se tornariam a essência das composições.

E, para fechar o ciclo, o álbum também foi gravado no coração do Pantanal. Com geradores a gasolina e um estúdio móvel, nós, a Urbem e o trombonista Ryan Keberle, levamos a música para o ambiente que a inspirou. E ali criamos, novamente in loco, em plena natureza selvagem.

Que tipo de referências buscaram para os arranjos, as sonoridades e as texturas?

Toda a referência e textura do álbum “Pantanal Jam” nascem dos próprios sons do Pantanal. A imersão no território e a escuta atenta transformaram cantos de pássaros, esturros, movimentos da água e vozes da mata em matéria-prima musical.

Cada faixa traduz essa convivência direta com a fauna e seus ritmos naturais, convertendo sons de bichos em música. Viva, orgânica e profundamente enraizada na paisagem pantaneira.

Isso está bastante perceptível. Os sons e toda a atmosfera do Pantanal atravessam o mood e talvez a própria concepção dos temas. Pode comentar um pouco mais sobre essa presença de elementos da natureza – e dessa natureza tão singular de MS – na criação de vocês?

A fauna, a luz, o silêncio amplo, os ventos, os cantos e até os vazios típicos da paisagem pantaneira influenciam diretamente a forma como criamos. É como se o ambiente nos orientasse musicalmente: às vezes guiando uma melodia, às vezes sugerindo um pulso, às vezes impondo uma pausa.

Esse encontro com a natureza não é decorativo, é estrutural. Ela atravessa tudo, o gesto musical, o espírito do disco e a maneira como a banda se relaciona com o som.

No “Pantanal Jam”, a paisagem não é cenário: é presença, é voz, é parceria criativa. É música.

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste anoFoto: Divulgação / Alexis Prappas

Onde exatamente estiveram e gravaram? E quando foi?

As gravações foram feitas na Fazenda Caiman, em junho deste ano, num cenário que não poderia ser mais inspirador. Foram escolhidas pela produtora três locações diferentes, e para cada uma delas, três músicas.

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste anoFoto: Divulgação / Alexis Prappas

Com uma equipe ultraprofissional que trouxe segurança e leveza para uma gravação ao vivo numa condição completamente inusitada.

E quanto ao repertório? Como chegaram às nove canções do disco?

Entre as composições, temos duas músicas do Paulo Calasans [“Swingue Verdejante” e “Suspiro da Terra”], um dos maiores produtores, arranjadores e instrumentistas do País, além de duas canções do Ryan Keberle junto com Sandro Moreno [“Paisagem Invertida” e “Entre Folhas”] e cinco composições nossas [“Espiral”, “Pluma”, “Voo Curvo”, “Barro” e “Canção do Ninho”].

Penso que o Pantanal é experimentado de um jeito bem particular por cada pessoa. Como é para você? Como aquele ambiente lhe toca e eventualmente interfere no seu jeito de cantar?

Tudo ali era extremamente inspirador. Dormir e acordar naquele lugar por alguns dias já me fazia até respirar de jeito diferente, com menos pressão e mais imersão.

Isso com certeza influenciou no jeito de cantar. Porém, o mais impressionante era saber que estava gravando um disco com toda aquela fauna ao redor, um jacaré no lago ao lado e uma onça a alguns quilômetros.

Embora domine há duas décadas o canto com letra e muitas vezes cante dessa forma em apresentações ao vivo, na Urbem, você investe sempre nos vocalizes e scats.

Todas as músicas do álbum “Pantanal Jam” usam a voz como instrumento, ou seja, não há letras nas músicas. Além de ser uma característica jazzística, esse estilo de canto se aproxima mais do cantar dos pássaros, a busca por seus fonemas e emissões.

Cada música exige uma altura e um escolher apropriado de sílabas que encaixem com a afinação e a expressão.

Adoro o canto com letras. Ali você tem palavras, interpreta, coloca ênfases. É até uma emissão de voz diferente. Só que comecei a me encantar com o mundo do jazz e toda essa coisa do canto que não usa palavras, o vocalize. E comecei a ouvir cantoras que cantam assim.

Tatiana Parra [cantora, compositora e professora paulistana] canta assim, nossa, de um jeito maravilhoso. A [portuguesa] Sara Serpa também. Tem também as divas mais antigas que faziam mais questão de improviso, o scat singing.

O canto sem palavra é muito desafiador porque ele é mais cru, mostra mais imperfeições de respiração, de emissão, de escolha de sílabas. E é muito improvisado. Porque a cada dia você pode usar uma sílaba diferente, pode caracterizar de uma outra forma.

Num dia vou fazer “u”, no outro dia posso fazer “a”, no outro posso fazer “e”. E você tem que descobrir ali, numa forma você com o seu corpo. E além de ter o desafio de você demonstrar o interpretar com emoção sem ter palavras.

Então é muito jazz [risos]. E acho muito bonito. Sempre vai ser um desafio. Sou com o meu corpo, com as palavras que eu escolho, que nem sempre são pensadas.

Claro que tem uma questão técnica de que o “i” você vai mais para um agudo, no “u” também; nos graves, você vai para outras escolhas, as consoantes também interferem. Gosto muito de passear pelas duas áreas. Tanto a área da interpretação com letra quanto a área dos vocalizes e texturas.

E Nova York? Pode contar um pouco sobre a recente temporada de vocês por lá?

O “Pantanal Jam” foi lançado em novembro deste ano com um show memorável em Nova York, durante a feira internacional de turismo Visit Brazil Gallery [na Detour Gallery], e a recepção foi extraordinária.

Pessoas do mundo inteiro, agentes de turismo, diretores da National Geographic, fotógrafos de natureza e profissionais de diversas áreas assistiram ao show com atenção absoluta.

Desde a primeira música, compreenderam nossa proposta e permaneceram maravilhados até o fim. Foi um momento histórico para Mato Grosso do Sul e para a arte sul-mato-grossense.

Esse resultado só foi possível graças ao apoio total da Fundtur e do seu diretor-presidente, Bruno Wendling, que acreditou no projeto desde o início e se comprometeu a nos apoiar tanto nas etapas de captação no Pantanal quanto no lançamento em Nova York. Além disso, segue impulsionando a campanha contínua de apresentar o “Pantanal Jam” ao mundo.

E faz sentido: ouvir o Pantanal desperta o desejo de visitá-lo, conhecê-lo e preservá-lo. O projeto reúne arte, natureza, conservação, turismo e toda a beleza única do nosso bioma, uma combinação que emociona e conecta o público global ao coração do Pantanal.

Além do álbum que já está lançado em todas as plataformas, temos uma série de vídeos das nove músicas e um minidocumentário.

Quando teremos shows da Urbem? Quais os próximos passos e projetos da banda?

A Urbem se sente profundamente entusiasmada em seguir os passos de Manoel de Barros, da família Espíndola, de Guilherme Rondon, Paulo Simões, Grupo Acaba, Geraldo Roca e tantos artistas que sempre beberam dessa fonte primária que é o Pantanal, transformando-a em arte para o mundo.

Recentemente, pesquisadores de Harvard e professores da UFMS colheram sons do Pantanal [pelo projeto Pantanal Sounds, que conta, entre outros, com nomes como o do violoncelista e professor William Teixeira], e esse movimento nos inspirou a ir a campo gravar os sons pantaneiros e a fazer composições dentro da nossa linguagem jazzística, incorporando esses registros naturais ao nosso modo de compor e evidenciando em música as belezas pantaneiras.

Temos planos de retornar aos Estados Unidos em breve e estamos em diálogo com a Embaixada do Brasil em Barcelona, onde palestraremos em março.

Além disso, a Urbem participará do Campo Grande Jazz Festival de Rua, no dia 21 de dezembro [neste domingo], em uma jam session com músicos locais e de São Paulo.

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MÚSICA

Entre onças e tuiuiús, o jazz

Em parceria com o trombonista Ryan Keberle, com nove composições inspiradas na exuberância do Pantanal, URBEM lança segundo álbum; 2º Campo Grande Jazz Festival celebra o gênero na Capital, com apresentações gratuitas

15/12/2025 10h00

A partir da esquerda, Bianca Bacha, Ana Ferreira, Ryan Keberle, Gabriel Basso e Sandro Moreno

A partir da esquerda, Bianca Bacha, Ana Ferreira, Ryan Keberle, Gabriel Basso e Sandro Moreno Divulgação / Alexis Prappas

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Sem dar muitos detalhes, o baterista Sandro Moreno, quando conversou comigo, em junho, sobre o álbum que a Urbem gravaria com Ryan Keberle, adiantou que o projeto seria “algo muito especial”.

Após o show – memorável, diga-se – que fizeram juntos no Teatro do Mundo, o quarteto campo-grandense – além de Sandro, Bianca Bacha (vocais), Ana Ferreira (piano), Gabriel Basso (contrabaixo) – e o trombonista norte-americano foram para a zona rural de Miranda e se instalaram na Fazenda Caiman.

Foi lá que a magia aconteceu. Na estrada desde 2013 e com apenas um álbum lançado até então, “Living Room” (2016), a banda disponibilizou “Pantanal Jam” no Spotify no dia 29 de outubro, três dias antes do show que realizaria em Nova York, em um evento na Detour Gallery que uniu arte, gastronomia e turismo para promover o Pantanal.

São nove faixas criadas e gravadas com extremo apuro e sensibilidade, que alcançam os músicos da Urbem e Ryan num ponto bem elevado de suas capacidades.

Os temas soam como se os cinco artistas tivessem se deixado abraçar pela contagiante pregnância da natureza de Miranda, e Bianca Bacha confirma isso em entrevista exclusiva.

Melodias, pulsações e andamentos foram se definindo conforme eles mergulhavam em tudo que viam, ouviam e sentiam por ali: ventos, o canto das aves, “o esturro da onça”, como Bianca relata. Ouvindo os sons naturais, captados previamente por Sandro, que assina a produção musical do projeto, cada um estabeleceu sua conversa criativa com o Pantanal.

O registro dos sons naturais – de aves, por exemplo — introduz, se mescla ou faz a ponte para uma execução instrumental (voz inclusa) coesa e deveras inspirada, que não força a barra para sorver e devolver, em forma de música, a fartura que o habitat de Miranda oferece.

“Suspiro da Terra”, doce e pulsante, e “Paisagem Invertida”, essa mais selvagem e misteriosa, são uma prova disso.

Ryan pontua, preenche ou arremata sempre com uma precisão e desprendimento envolventes. Ana, como se ouve em “Espiral”, migra da base para os solos numa transparência que comove. Gabriel – em “Canção do Ninho”, por exemplo, que começa e segue na cama dos gomos que vai colhendo ao longo do tema – parece deter a justa medida para o desempenho de seu baixo.

"Foi uma grande honra participar da criação do ‘Pantanal Jam’. Os sons da Pantanal, do modo como Sandro captou, tiveram um papel direto no processo de composição das duas músicas que fiz para o álbum.

A partir da esquerda, Bianca Bacha, Ana Ferreira, Ryan Keberle, Gabriel Basso e Sandro MorenoRyan Keberle, trombonista - Foto: Divulgação / Alexis Prappas

O tom e os ritmos dos sons naturais do Pantanal, inspirados por ideias musicais e paisagens sonoras próprias, criaram um clima que eu tentei capturar nas minhas composições. Quando nós gravamos, literalmente no meio de um dos lugares mais selvagens e remotos do mundo, a beleza e a energia natural nos inspirou a ouvir a natureza e um ao outro mais profundamente, o que resultou numa performance musical que demonstra uma profunda comunicação musical.

Adoro os músicos e a música da Urbem. E, desde que tocamos juntos em diversas ocasiões anteriores, eu compus as minhas músicas especificamente com o talento e a habilidade musical especial deles em mente” - Ryan Keberle, trombonista.

Sandro é um laboratório inquieto, dos pedais aos pratos de condução. E Bianca conduz os vocais numa têmpera e numa fruição que se articula como síntese do conjunto.

Comparações e referências são uma tentação no mundo do jazz. Mas a qualquer palpite sobre “Pantanal Jam”, é melhor calar e ouvir. É um álbum estimulante para esse silêncio de dentro, que nos faculta as melhores emoções da escuta e da experiência musical.

Brazilian jazz? Jazz? Ouça. Música apenas. E quanta música! Embrenhada e revelada nos refúgios de um lugar mágico, onde a natureza se recobra e o espírito se fortalece.

A Urbem lança “Pantanal Jam” hoje, às 18h, no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo. Apareça.

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