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Dica da Semana: "O Poço"

Fenômeno da Netflix é uma profunda metáfora para aquilo que há de mais imoral no capitalismo

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Apesar da estreia no ano passado, “O Poço” só atingiu grande visibilidade e assunto nas redes sociais ao ser adicionado ao catálogo da Netflix, no dia 20 de março. O filme funciona como uma incrível metáfora para os problemas referentes a desigualdade que circunda as sociedades capitalistas modernas. Além disso, de forma mais fictícia que “Parasita” (ganhador do Oscar de Melhor Filme em 2020), revela um claro embate entre classes, regado pelos conflitos inerentes às relações de poder.

A história se passa em uma prisão vertical, em que cada andar abriga uma pequena cela, habitada por dois prisioneiros. No meio de todas há um imenso buraco, por onde passa uma plataforma de comida uma vez por dia. Esta inicialmente se encontra repleta de comidas e bebidas deliciosas, mas, ao passar pelos diferentes níveis da torre, chega ao final reduzida a migalhas. Se todos os prisioneiros comessem apenas o necessário, haveria para todos, mas convencer aqueles que estão nos andares mais altos a não se deslumbrarem com a fartura parece uma missão impossível. Para piorar a situação, os encarcerados são ocasionalmente realocados para outras celas, o que contribui para criação de uma cultura egoísta, em que a falta de consideração de uns com os outros é constantemente realimentada.  

Nesse arranha-céu encontra-se Goreg (Ivan Massagué), um homem que se submete voluntariamente a esse contexto. O trato firmado com a administração era que após seis meses como cobaia, sairia de lá com um diploma de qualificação.  Mas, ao experienciar os horrores e a violência proporcionada pela plataforma, começam a questionar se realmente fizera a decisão certa.  Como sempre foi um idealista, tentará mudar a cultura da prisão enquanto nela estiver, e de fato possui alguma influência sobre aqueles dos níveis inferiores, mas nada mudará sem a colaboração da classe mais alta.

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Amor à primeira vista

Nova série da GloboPlay, “Todas as Mulheres do Mundo” é um ode à paixão

Em 2019, o cinema nacional perdeu uma de suas maiores estrelas: Domingos de Oliveira. Ator, diretor e dramaturgo, seu fascínio pela vulnerabilidade humana era contagiante e uma constante em suas obras. Dentre elas se destaca “Todas as Mulheres do Mundo”, criada a partir de seu amor pela atriz Leila Diniz, tem no boêmio Rio de Janeiro dos anos 60 o seu pano de fundo. O filme acompanha a história de Paulo José, um jornalista que se apaixona por Maria Alice e faz de tudo para conquista-la. No entanto, encontra dificuldades em largar seu estilo descompromissado de viver, marcado por diferentes festas e amantes, para se comprometer de vez ao relacionamento. Desde 2017, a Globo vem trabalhando numa série baseada nessa obra do autor e, portanto, dispõem de observações do próprio Domingos no roteiro. A produção conta com 12 episódios e todos estarão disponíveis na GloboPlay a partir do dia 23 de abril. Além disso, terá seu primeiro episódio transmitido pela rede aberta de televisão no mesmo dia, logo após o "Big Brother Brasil".

Apesar de levar o nome “Todas as Mulheres do Mundo” e ser baseada principalmente nessa obra, a série também encontrou inspiração em outras seis obras do dramaturgo como “A Primeira Valsa”, e “Barata Ribeiro 716”.  Nesse sentido, a dinâmica da história é alterada para acompanhar um novo Paulo (Emílio Dantas), arquiteto apaixonado pela liberdade, pela poesia e pelas mulheres – 12 no total. Cada episódio contará um desses amores, desde a primeira até a última troca de olhares. Assim, a série aposta em atrizes menos conhecidas para criar essa sensação de euforia e dar vida a mulheres que, apesar das diferentes personalidades, compartilham a experiência de ter uma paixão à primeira vista. Mas, apesar de se envolver verdadeiramente com todas elas, a dona do coração de Paulo é a bailarina Maria Alice (Sophie Charlotte).  

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Em busca de popularidade

Nova série da Netflix, “Eu Nunca” pode não ter um enredo inovador, mas conquista por sua atmosfera divertida

Com estreia marcada para o dia 27 de abril, “Eu Nunca” é a nova série de comédia da Netflix. Inspirados na adolescência de sua própria criadora (Mindy Kaling ), os dez episódios da produção original contam a história de Devi Vishwakumar (Maitreyi Ramakrishnan), uma menina em seu segundo ano do ensino médio que deseja se tornar popular, arrumar um namorado, não importa o quão burro ele seja, e perder sua virgindade. Para contar essa história, a série é narrada por John McEnroe, um ex-tenista profissional conhecido por seu pavio curto. Da mesma forma, a protagonista é uma menina extremamente irritável que muitas vezes explode em episódios de raiva regados de sarcasmo.  

Devi tem duas melhores amigas: Eleanor (Ramona Young) e Fabiola (Lee Rodriguez). As três, além de serem fãs dos filmes do diretor John Hughes (responsável por clássicos dos anos 80 como “Clube dos Cinco” e “Curtindo a Vida Adoidado”) são muito inteligentes, porém também são praticamente invisíveis na escola, realidade que Devi não se conforma mais. Apesar da série ser centrada em Devi e em seus dilemas enquanto uma jovem americana de descendência indiana, ela também explora as questões dos outros a sua volta, por vezes direcionando o foco do episódio para outros personagens, como suas amigas ou até mesmo seu arqui-inimigo Ben Gross (Jaren Lewison).  

Além de seus problemas na escola, Devi também tem seus conflitos em casa com sua mãe, a dermatologista indiana Nalini (Poorna Jagannathan), que está convencida que sua filha está a um passo de uma gravidez adolescente. Além dos embates característicos na relação mãe e filha, a recente morte do pai de Devi também é um conflito que atormenta a jovem. Em suas visitas ao terapeuta, interpretada por Niecy Nash, a protagonista é confrontada com o fato de não ter lidado com a morte de seu pai de forma saudável. Segundo o terapeuta, seus desejos sexuais e por relacionamentos para preencher os seus dias na verdade são ferramentas para evitar a realidade.      

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OSCAR 2026

Wagner Moura tem 91,34% de chance de vencer o Oscar, aponta ranking

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

21/12/2025 23h00

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62% Divulgação

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As expectativas brasileiras para o Oscar 2026 crescem antes mesmo do anúncio oficial dos indicados, previsto para 22 de janeiro. Wagner Moura aparece entre os nomes mais fortes da disputa pelo prêmio de melhor ator, segundo um novo levantamento do site especializado Gold Derby.

De acordo com a projeção, o ator brasileiro tem 91,34% de chance de vitória, porcentual que o coloca na terceira posição entre os 15 nomes mais bem colocados na categoria. A lista reúne artistas que já figuram entre os pré-indicados e aqueles acompanhados de perto durante a temporada de premiações.

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%. Wagner aparece logo atrás, à frente de nomes como Michael B. Jordan e Ethan Hawke.

As estimativas do Gold Derby são elaboradas a partir da combinação de previsões de especialistas de grandes veículos internacionais, editores do próprio site que acompanham a temporada de premiações e um grupo de usuários com alto índice de acerto em edições anteriores do Oscar.

O Agente Secreto está entre os pré-indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional e de Melhor Escalação de Elenco, em lista divulgada no último dia 16, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

A cerimônia do Oscar 2026 está marcada para 15 de março, com transmissão da TNT e da HBO Max, e terá novamente Conan O’Brien como apresentador. A edição também deve ampliar a presença brasileira na premiação: produções nacionais como O Agente Secreto já figuram em listas de pré-indicados da Academia, em categorias como Melhor Filme Internacional e Melhor Escalação de Elenco.

Ranking do Gold Derby para o Oscar 2026 de melhor ator:

1. Leonardo DiCaprio (95,08%)

2. Timothée Chalamet (93,62%)

3. Wagner Moura (91,34%)

4. Michael B. Jordan (83,35%)

5. Ethan Hawke (73,46%)

6. Joel Edgerton (25,24%)

7. Jesse Plemons (7,09%)

8. George Clooney (4,25%)

9. Jeremy Allen White (4,06%)

10. Dwayne Johnson (2,64%)

11. Lee Byung Hun (2,52%)

12. Oscar Isaac (0,83%)

13. Daniel Day-Lewis (0,39%)

14. Brendan Fraser (0,31%)

15. Tonatiuh (0,24%)
 

Correio B+

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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