Zelo, carinho, profissionalismo e muita dedicação. Essas são algumas das qualidades que definem a educadora Claudinéa Amorim Barbosa, 73 anos, que tem nada menos que 53 anos de entrega à educação. Hoje, 15 de outubro, data em que é celebrado o Dia dos Professores, o Correio do Estado traz o relato de uma carreira dedicada ao ensino de crianças sul-mato-grossenses que, mesmo depois de tantos anos, enfrentou um novo desafio com a pandemia de Covid-19.
Tia Claudinéa, como é conhecida carinhosamente por seus alunos e ex-alunos, só se tornou professora na década de 1960, quando foi normalista, antigo sistema educacional, e iniciou sua vida profissional na sala de aula. “Meus pais não tinham cursado faculdade. Eu que alfabetizei mamãe e desde sempre atuei diretamente com a Educação Infantil”, comenta a professora, que faz a festa com os pequenos.
Ela conta ainda que, antes de ter sua própria escola, trabalhou em outros três colégios de Campo Grande até receber o chamado de ter seu cantinho. “Quando iniciei o Quintal, há 40 anos, lembro que, em dezembro daquele ano, tinha apenas dois alunos matriculados. Quando voltamos das festas e férias, tínhamos 80 matrículas a mais”, orgulha-se.
Sobre o segredo da profissão mais desafiadora do mundo, tia Claudinéa afirma que “está em ter respeito, carinho, afetividade e acolhimento com a criança que chega até você. É na primeira infância que está todo o autocuidado e valor que aquela criança levará para a vida adulta. Reconhecer isso na educação é um grande mérito”.
Há mais de 20 anos na função de coordenadora da Educação Infantil, nossa entrevistada é quase uma celebridade nas ruas da cidade. “Por onde eu vou, encontro alunos e ex-alunos. Os reconheço sempre pelo sobrenome: isso é uma das coisas que mais amo na vida”, comenta. Sobre se aposentar, ela reforça, “sinto que estou cansando um pouco mais e vou ter de partir para a função de diretora, porém, não sei se conseguirei largar as crianças, que são meu xodó”.
A educadora, que é a primeira a chegar e a última a sair da escola, diz que para ser um bom professor é necessário ter muita paciência. “Ter foco e gostar do que faz. Além de ter paciência e estar antenado com o mundo deles”, acredita.
Novo olhar
Logo após ser informada pela escola que leciona que as aulas passariam a ser remotas, a pedagoga Karlla Lidyane Rocha, 39 anos, viu-se com um grande desafio de vida – ser professora em tempos de pandemia.“Pensei como seria encantar meus alunos pela telinha do computador. Daí em diante, foi um desafio de superação, cada dia um aprendizado, uma nova conquista”, afirma.
Sobre a maior dificuldade que ela encontrou na quarentena, Karlla diz que não foram os aparatos tecnológicos, mas, sim, enxergar de uma forma mais humanizada o contexto todo. “Procurei olhar a família do meu aluno com outros olhos, o de pessoas que precisam se organizar em casa e se reencontrar com eles mesmos no meio disso tudo, e vi que meu aluno não precisava apenas de uma professora, mas, sim, dos meus ouvidos, apoio e carinho”, comenta a educadora, que tem mais de 14 anos de profissão.
Quanto à mensagem que ficará deste ano turbulento na vida dos nossos educadores, a professora ressalta que superou todos os seus limites e venceu todas as batalhas. “Ganhei novos amigos e famílias nesse período em que todos nós passamos pelo mesmo aprendizado. Por meio de uma simples tela, nos conectamos e nos ligamos ao coração”, acredita.