Correio B

FRALDAS ECOLÓGICAS

Deixadas para trás há alguns anos, as fraldas feitas de tecido voltam à moda com mais praticidade

O principal problema da fralda descartável é o tempo que ela demora para se decompor no meio ambiente

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Uma fralda descartável comum pode demorar 450 anos para se decompor totalmente no meio ambiente. A informação fica ainda mais complexa ao se precisar que, em média, os bebês usam até 10 fraldas por dia para absorver o xixi e o cocô.  

Em uma realidade em que a sociedade busca meios de ser cada vez mais sustentável, as fraldas descartáveis, da forma como são feitas em 2020, ainda geram um grande impacto ambiental. Alguns países já têm empresários interessados em lidar com o problema, como uma empresa britânica que transforma as fraldas em materiais para construção.  

Mas o projeto ainda está distante da realidade brasileira, em que as fraldas acabam em lixões, aterros sanitários e, infelizmente, muitas vezes nas margens dos rios.

Apesar da urgência, ainda há poucas alternativas para quem deseja romper o ciclo de lixo produzido na primeira infância do ser humano.  

Uma das opções disponíveis no mercado brasileiro é a velha e boa fralda de tecido, agora chamada de fralda ecológica, mas, claro, remodelada para a praticidade da vida moderna. Sem alfinetes ou lavagem nas mãos, as fabricantes garantem conforto e o uso da máquina de lavar sem o risco de estragar a peça.  

“Eu revendo fralda ecológica há três anos e meio em Campo Grande, não fui a primeira pessoa a revender. Eu comecei a revender porque para minha filha e para a minha vida foi legal e eu achei que para facilitar o acesso das mães eu deveria começar a revender também, porque eu participo de vários grupos de mulheres e várias mães vinham me perguntar”, afirma a professora e doula Laís Camargo.  

Ela conta que começou a vender uma marca chinesa e, posteriormente, uma brasileira. Agora, ela acaba de lançar a marca própria, a Encanto Artigos Ecológicos. “Eu tenho há algum tempo a minha lojinha virtual no Instagram, que é a Fantástica Loja de Encantos, onde eu revendo as fraldas e outros artigos sustentáveis. Mas tem uma hora que você sente vontade de ter algo seu. Então eu peguei as melhores características das fraldas que eu conhecia e uni para criar a minha própria”, conta.  

As fraldas são feitas de capa e absorvente. No exterior, são confeccionadas com poliuretano laminado, mais conhecido como Pul, um tecido impermeável, mas que permite a transpiração da pele. Já o interior é feito em dry fit e as abas em lycra, para auxiliar no ajuste ao corpo da criança. “Como essas são as chamadas fraldas de bolso, o absorvente pode ser colocado dentro do bolso ou fora. Dessa forma, se a criança fazer xixi, é só trocar o absorvente, mantendo a mesma capa”, explica Laís.  

O absorvente que vem dentro da fralda ecológica pode ser de moletom ou outro material. “Há vários disponíveis no mercado, eu faço com moletom”, ressalta.  

Conforto e estética

Uma das dúvidas que mais surgem na internet é quanto ao modelo das fraldas ecológicas nas crianças, já que à primeira vista elas podem parecer maiores.

“Elas são extremamente anatômicas e respiráveis. Com relação ao peso, elas não são mais pesadas do que uma fralda descartável porque elas vão ficar volumosas quando o bebê fazer xixi, porque ele aumenta o volume naturalmente. A posição fisiológica do bebê é a posição de sapinho, de deixar a perninha abertinha. Isso não prejudica anatomicamente”, aponta Laís.  

O preço pode assustar em um primeiro momento. A fralda sai a partir de R$ 45,00, mas quem compra garante que vale a pena investir na fralda de pano do que comprar todos os meses vários pacotes de fralda.  

“Eu uso fralda de pano há 5 anos, desde meu primeiro filho, eu tenho três. Desde a gestação já sabia que queria usar, eu conhecia e comprei várias fraldas. Montei um kit, acredito que com umas 20 fraldas, não me restringia a usar somente em casa, usava quando ia em casamento, formatura, shopping, nunca tive problemas”, explica Beatrice Ferreira, 34 anos, mãe de Benjamin, 4 anos, Bento, 2 anos, e Benício, que em setembro completa 1 ano.

Segundo Beatrice, as fraldas do primeiro ainda serviram no restante da prole. “Comprei faz 5 anos e ainda uso no meu terceiro bebê, que tem 10 meses e vai usar até quase 3 anos. Elas têm regulagem de altura e cintura, então uso desde recém-nascido até o desfralde e, mesmo tendo que lavar, ainda assim elas são econômicas. 

Porque entram dentro do gasto mensal da água e dos produtos de limpeza. O que seria bem diferente se eu tivesse que ficar comprando descartável”, frisa.  

Beatrice explica que nunca teve problema com assaduras e alergias nas crianças, o que ela acredita ser um benefício da fralda de pano. “A lavagem eu faço a cada três dias, deixo elas no balde, sem água mesmo, já [as que têm] cocô eu lavo na hora e coloco no balde também, aí bato com detergente de coco, às vezes bicarbonato e vinagre, quando está muito forte o cheiro do xixi, mas na maioria das vezes é só o detergente. Ciclo normal de lavagem, sem amaciante, para não impermeabilizar, e pronto, vai para o sol e aí é só usar de novo”, explica.  

CUIDANDO DO SONO

Pós-ceia: como equilibrar alimentação e descanso

23/12/2025 10h30

Refeição pesada e tardia prejudica organismo que precisa manter o metabolismo ativo em um momento em que deveria desacelerar

Refeição pesada e tardia prejudica organismo que precisa manter o metabolismo ativo em um momento em que deveria desacelerar Divulgação / Freepik

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Pratos fartos, sobremesas e bebidas alcoólicas fazem parte das ceias de fim de ano, mas as escolhas feitas à mesa influenciam diretamente na qualidade do sono. Alimentos ricos em gordura e carboidratos refinados, além do consumo tardio, estão associados a noites menos reparadoras.

Uma pesquisa da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), de 2022, indica que refeições noturnas pesadas aumentam o número de despertares ao longo da noite. Isso ocorre porque o organismo precisa manter o metabolismo ativo em um momento em que deveria desacelerar.

Segundo Sara Giampá, pesquisadora de uma empresa brasileira de biotecnologia especializada em distúrbios do sono, alimentos típicos das ceias exigem mais esforço digestivo e mantêm o corpo em estado de alerta.

“O recomendado é fazer a última refeição até quatro horas antes de deitar, dando preferência a proteínas simples e preparações com pouca gordura”, orienta a pesquisadora.

O tipo de alimento também pesa. Frituras, massas, doces e bebidas gaseificadas favorecem o refluxo quando consumidos à noite, causando desconforto e interrupções no sono. Pratos muito condimentados ou apimentados têm efeito semelhante, elevando a temperatura corporal e dificultando o adormecer.

“O álcool também é um vilão. Apesar de provocar relaxamento inicial, ele interfere no sono REM – fase essencial para a memória e para a recuperação do corpo – tornando o descanso mais superficial”, alerta a especialista.

Dicas para aproveitar a ceia sem prejudicar o sono:

> Controle as porções, especialmente de pratos gordurosos e doces;

Prefira proteínas magras, legumes e preparações assadas;

> Faça a ceia com antecedência, dando um espaço de algumas horas antes de dormir;

> Modere o álcool e intercale com água;

Evite excesso de temperos fortes ou apimentados.

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SAÚDE

Psiquiatra alerta para excessos nas festas, que podem desencadear dependência química

Segundo Relatório Global sobre Álcool e Saúde de 2024, quarenta e um por cento dos adultos relataram episódios de consumo abusivo em interações sociais

23/12/2025 10h00

Festas sim, problemas não: para quem está em tratamento, tem histórico de dependência ou qualquer outra vulnerabilidade, o primeiro gole pode ser a porta de entrada para os estragos na saúde e na vida pessoal, causados pelo vício

Festas sim, problemas não: para quem está em tratamento, tem histórico de dependência ou qualquer outra vulnerabilidade, o primeiro gole pode ser a porta de entrada para os estragos na saúde e na vida pessoal, causados pelo vício Divulgação

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O fim do ano traz uma combinação intensa de celebrações, expectativas emocionais e mudanças de rotina. Relatórios nacionais e internacionais mais recentes, como o Vigitel 2023 do Ministério da Saúde e o Relatório Global sobre Álcool e Saúde 2024 da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostram que o consumo abusivo de álcool cresce de forma expressiva nesse período, chegando a aumentar até 20 por cento em algumas capitais brasileiras.

O cenário também coincide com maior risco de recaídas entre pessoas em tratamento ou com histórico de dependência.

Para a psiquiatra Aline Sena da Costa Menêzes, que atua em grupo que oferece tratamentos de saúde mental, a vulnerabilidade tende a crescer justamente porque o período ativa estímulos conhecidos e emoções acumuladas.

Ela explica que muitos pacientes que mantiveram estabilidade ao longo do ano podem sentir a pressão do contexto festivo.

As festas, segundo Aline Sena, ampliam a sensação de permissão para beber e reduzem o senso de limite. “Pacientes que estavam bem podem ser surpreendidos por gatilhos emocionais que não apareciam há meses”, explica a psiquiatra.

DESAFIO EMOCIONAL

O Relatório Global sobre Álcool e Saúde 2024, da Organização Mundial da Saúde (OMS), aponta que 41% dos adultos relataram episódios de consumo abusivo em interações sociais no último ano.

Já o Relatório Mundial sobre Drogas 2024 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) destaca que datas festivas costumam intensificar vulnerabilidades, especialmente no primeiro ano de tratamento.

Na visão de Aline Sena, esse movimento é previsível e deve ser enfrentado com informação e suporte adequado. A psiquiatra afirma que não se trata apenas de estatística. “Para quem está em tratamento, um fim de semana prolongado ou um encontro de família pode representar um desafio emocional enorme.

Reconhecer isso ajuda a organizar estratégias de proteção antes que os riscos aumentem”, destaca a dra. Aline.

JOVENS MAIS EXPOSTOS

Jovens ficam mais expostos às pressões sociais. O período festivo é especialmente delicado para adolescentes e para quem está começando a vida adulta. A OMS reforça que o início precoce do consumo aumenta a probabilidade de dependência na vida adulta.

O levantamento da entidade aponta que festas abertas, viagens e eventos com pouca supervisão favorecem experimentação e excessos.

De acordo com a psiquiatra, conversas abertas e orientação direta ajudam a reduzir riscos. Ele comenta que muitos jovens bebem para se sentir pertencentes aos grupos que almejam.

“Quando os adultos deixam claro que não há obrigação para beber e explicam os efeitos no organismo, isso já diminui a pressão social”, explica Aline Sena.

SINAIS DE ALERTA

Festas sim, problemas não: para quem está em tratamento, tem histórico de dependência ou qualquer outra vulnerabilidade, o primeiro gole pode ser a porta de entrada para os estragos na saúde e na vida pessoal, causados pelo vícioO apoio de familiares e de amigos é fundamental para que se consiga dar a volta por cima - Foto: Divulgação

No contexto da prevenção e combate aos riscos dos abusos e recaídas, é recomendável que os familiares fiquem atentos aos sinais de alerta. Mudanças bruscas de humor, isolamento, consumo escondido, perda de controle sobre a quantidade ingerida e episódios de memória falha são sinais importantes.

Para quem já está em tratamento, sensações de desgaste emocional, conflitos familiares, ansiedade aumentada ou sentimento de obrigação social para beber exigem atenção adicional.

PLANEJAMENTO

O planejamento e o suporte fazem a diferença para lidar com os problemas causados por vícios e excessos. Para reduzir riscos durante as festividades, a médica recomenda que pacientes e familiares planejem previamente situações que possam causar desconforto.

Aline Sena orienta que identificar gatilhos antes das festas, organizar alternativas sem álcool e combinar palavras-chave com pessoas de confiança pode ajudar muito. “Pequenos ajustes fazem diferença no final”, alerta a psiquiatra.

A especialista reforça ainda que buscar ajuda rapidamente ao notar sinais de vulnerabilidade é fundamental. Intervenções precoces evitam recaídas prolongadas e impedem a evolução para quadros mais graves.

“Passar pelas festas de fim de ano com segurança é totalmente possível quando existe apoio consistente e uma rede preparada para acolher”, assegura a médica.

*SAIBA

Na busca de evitar ou remediar as recaídas, médicos e grupos de tratamento desenvolvem planos de prevenção, que, basicamente, é um documento escrito que o próprio paciente cria com sua equipe de tratamento e compartilha com seu grupo de apoio.

O plano oferece um curso de ação para responder a gatilhos e desejos. A recaída geralmente não é um evento do momento. Normalmente , é um processo de três partes, incluindo: recaída emocional; recaída mental; e recaída física.

O plano de prevenção permite reconhecer e agir sobre certos sentimentos e eventos, evitando uma recaída física – estágio em que alguém volta ao uso de álcool e outras substâncias nocivas.

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