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Há 30 anos com doença, paciente é símbolo da luta contra o câncer

Rose Mary lida com a doença, que vai e volta, mas não desiste de manter a esperança e de aprender com as dificuldades

NAIANE MESQUITA

14/10/2019 - 07h00
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Há um ano morando no assentamento Eldorado II, em Sidrolândia, Rose Mary Britts Mazlon, 63 anos, está feliz com a casa nova. No local, ela cultiva flores, dez pés de jabuticaba e até maracujá. Quando precisa descansar de uma longa sessão de quimioterapia, Rose Mary deita na rede, reflete sobre a vida e a luta que precisou travar nos últimos 30 anos contra o câncer. 

A escolha de viver no campo surgiu de um antigo desejo. “Antes, eu morava no Coophavila, em Campo Grande, mas não tinha tranquilidade. Então, eu decidi juntar tudo e vir, aqui não tem o estresse da cidade, você deita, capina, rastela, tenho minha plantação e aos domingos eu vou para Campo Grande, porque tem quimioterapia na segunda-feira. Na cidade era muito barulho, som, gritaria, aqui não. Você planta e você colhe”, diz Rose Mary. Como companhia, ela tem o marido, a mãe, de 86 anos, e a neta, de 17 anos. Todos aceitaram a aventura da matriarca em busca de um pouco de sossego, interrompido apenas pelo câncer.

O primeiro diagnóstico que Rose Mary recebeu foi há quase 30 anos, de um tumor na perna esquerda. Depois do tratamento e de um período de tranquilidade, ela foi surpreendida por outras variações do câncer no útero, intestino, abdômen e na mama. “O meu caso é genético. Precisei tirar o útero, uma parte do abdômen, o seio esquerdo e então tive uma trégua. Fiquei quase dez anos só no controle, apenas repetindo os exames”, explica. 

Em todas essas ocasiões, Rose Mary nunca perdeu as esperanças de encontrar a cura, nem mesmo agora. “Depois do espaço de tempo, o câncer retornou no seio direito e em metástase para o pulmão. Por isso, eu tenho essa voz de Mumm-Ra”, brinca, referindo-se ao desenho Thundercats, sucesso nos anos 90.

Com o câncer no pulmão, a aposentada não desistiu e permaneceu no tratamento, mesmo ouvindo do médico que teria no máximo dois anos de vida. “Ele não é Deus, é médico, então não há como saber. Eu vivo um dia de cada vez, se não tiver jeito, não tem, mas eu tentei. Meu pulmão está todo tomado, como se fosse pipoca doce de flocos, mas eu não fico esquentando a cabeça com isso, não”, acredita. 

O último trabalho que Rose Mary teve foi como secretária de um curso universitário, onde permaneceu por 12 anos. “Mas fiz de tudo um pouco nessa vida”, diz. De técnica no Hospital Universitário a bancária, a aposentada sabe que por trás de todo funcionário há uma história. “Por isso quis fazer uma homenagem à equipe do Alfredo Abrão no fim do meu primeiro ciclo de quimioterapia. Eles abdicam do momento em família para cuidar da gente, estão sempre sorrindo, abraçam, beijam, deixam seus problemas para fora, então, eu quis transmitir um pouco de carinho a todos eles, eu tenho muito carinho por eles mesmo”, diz.

Do carinho às pesquisas incessantes por tratamentos e alívios para a dor que ela e os companheiros de jornada sentem. “Sempre questiono bastante os médicos, questiono se descobriram alguma coisa diferenciada, mas no Brasil demora para chegar. Até o óleo da cannabis para o alívio de dor eu perguntei, mas são coisas que fogem da mão da gente”, reflete.

O desejo de nunca desistir ela garante que vai permanecer independentemente do diagnóstico. “Todos nós temos uma carga única, a minha ninguém vai carregar para mim. Você tem ajuda, Jeová me ajudou a carregar e eu nunca fiquei só, meus irmãos estão sempre me apoiando, de forma espiritual e material. O que eu tive de aprendizado na vida. O que eu vou levar disso aqui é a alegria, humildade, paciência. Você aprende a dar valor nas pessoas que você ama, a amar o próximo”, ressalta.

Para quem tem medo de realizar os exames preventivos, Rose Mary é categórica. “Não fiquem com medo, é melhor saber e lutar. Eu quero fazer o tratamento, não sei até quando vou manter, mas eu quero fazer. Gosto sempre de lembrar, desistir jamais, lutar sempre”. 

EXAMES

Até o dia 31 deste mês, o Hospital de Câncer Alfredo Abrão (HCAA), em Campo Grande, realizará mamografias gratuitas para mulheres entre 45 e 65 anos. O exame auxilia na identificação do câncer de mama. Durante o Outubro Rosa, o hospital também oferecerá o exame de papanicolau, que detecta o câncer de colo de útero, indicado para mulheres que já tenham iniciado a vida sexual.  

As pessoas interessadas devem ir diretamente no hospital, onde serão distribuídas senhas e ofertados 85 exames por dia, de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h. Os resultados serão disponibilizados em até 15 dias úteis. Informações pelo telefone 3041-6000.

A campanha é uma parceria entre o hospital, a ONG Américas Amigas, a Secretaria Municipal de Saúde e o Sesc-MS.

 

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B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira!

Médicos alertam sobre riscos da exposição solar e sobre a importância da proteção solar eficaz

21/12/2025 19h00

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira!

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira! Foto: Divulgação

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Infelizmente … aquele bronze dourado e saudável não existe! Esse, que é o desejo de muitas pessoas, pode representar um real perigo para a saúde da pele. “Classificamos os tipos de pele de I a VI, de acordo com a capacidade de resposta à radiação ultravioleta (UV), sendo chamado fototipo I aquele que sempre se queima e nunca se bronzeia, até o VI, pele negra, totalmente pigmentada, com grande resistência à radiação UV. A pigmentação constitutiva - cor natural da pele - é definida geneticamente. A cor facultativa - bronzeado - é induzida pela exposição solar e é reversível quando cessa a exposição”, explica a dermatologista Dra. Ana Paula Fucci, Membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

O chamado "bronzeado dourado" é observado nas peles mais claras e para ocorrer, ocasiona danos no DNA das células.  “As  consequências serão vistas anos mais tarde, em forma de fotoenvelhecimento, manchas ou lesões cutâneas malignas.O ideal é respeitar seu tipo de pele e sua sensibilidade ao sol. Nunca queimar a ponto de “descascar”. Importante: evite se expor ao sol entre 10 e 16h”, detalha a dermatologista. 

Dra. Ana Paula alerta ainda sobre os riscos de bronzeamento artificial, através das câmaras de bronzeamento: “esse é ainda mais prejudicial para a pele do que a exposição ao sol. A radiação é entregue de forma concentrada e direta, sem nenhum tipo de filtro ou proteção”.  

A médica ressalta que filtro solar não é uma permissão para a exposição ao sol. “Ele é um grande aliado, desde que sejam seguidas as orientações de horário, evitar exposição exagerada e usar complementos como bonés, óculos etc”, reforça Dra. Ana Paula Fucci.  

- Proteção solar eficaz 

A rotina de proteção solar é muito importante em qualquer época do ano, sobretudo agora no verão.  “Não deixe para aplicar o filtro quando chegar na praia ou piscina, por exemplo. O ideal é aplicá-lo cerca de 20 minutos antes de se expor ao sol, para dar tempo de ser absorvido e começar a agir. Também devemos reaplicar o filtro solar a cada 2 horas ou após se molhar ou suar muito”, destaca Dr. Franklin Veríssimo, Especialista e pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pelo Hospital Albert Einstein-SP. 

Dr. Franklin destaca três aspectos importantes para uma proteção solar eficaz:

1- “Use filtro com FPS 30 ou maior;  e para as crianças ou pessoas que possuem pele mais sensível, FPS de no mínimo 50;

2- Use proteção adicional ao filtro solar, como chapéus, viseiras, óculos escuros. Recomendo evitar a exposição solar entre 10 e 16h;

3.  Use roupas leves, claras e chapéu e óculos de proteção UV, principalmente se for praticar caminhadas e atividades físicas ao ar livre.  Quem costuma ficar muito tempo no sol tem que redobrar os cuidados e investir em roupas com proteção ultravioleta”, conclui o médico.  

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