“Manoel de Barros (19/12/1916-13/11/2014) é eterno em seus poemas e imortal para todos nós”, afirma Elizabeth Fonseca. Para Henrique de Medeiros, a obra de Barros, que ganhou publicação pela primeira vez em 1937, ultrapassa fronteiras e pensamentos. “Ave, Manoel!”, exulta Rubenio Marcelo, em referência, ou melhor, deferência, ao poeta nascido há exatos 107 anos, em Cuiabá (MT).
Integrantes da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL), Elizabeth, Henrique e Rubenio conduzem, hoje, a partir das 19h, a roda “ASL Relembra Posse de Manoel de Barros”, que será realizada na Casa-Quintal Manoel de Barros e integra o evento Diálogos com Escritores: Relembrando Manoel e Celebrando a sua Poesia.
A iniciativa, organizada pela produtora Lizandra Moraes e pelo produtor rural Silvestre Barros, neto caçula do poeta, começou no domingo e se estende até sexta-feira.
Silvestre é também o herdeiro da casa onde Manoel de Barros viveu suas últimas três décadas de vida, a partir de 1986, no número 363 da Rua Piratininga, Jardim dos Estados, e onde funciona, desde outubro do ano passado, o museu criado para preservar a memória e a obra do poeta das “ignorãças”, a que se deu o nome de Casa-Quintal, bem ao gosto do escritor.
Mais informações sobre os “Diálogos” na plataforma Sympla(sympla.com.br/produtor/casaquintalmanoeldebarros), na qual é possível reservar ingressos gratuitamente para a noite de hoje, que, mais cedo, às 18h, recebe Elias Borges e Athayde Nery, e para os dois últimos dias da semana de eventos dedicada aos 107 anos do nascimento de Manoel de Barros.
Pela proposta da roda das 19h, os três escritores, que, inclusive, estiveram na posse do poeta, em 2013, na ASL, vão relembrar detalhes “descontraídos” do encontro que marcou o ingresso de Barros no panteão da entidade literária, e que foi realizado na atualmente denominada Casa-Quintal. Em meio à celebração da poesia do saudoso confrade, os imortais da ASL prometem apresentar fotografias inéditas do evento de posse de 10 anos atrás.
ESCRUTÍNIO
“O poeta Manoel de Barros era uma pessoa alegre e receptiva, sorriso espontâneo, recebia a todos com a mesma atenção. Introspectivo, não gostava de mídias e eventos, mas o encontravam sempre nas suas obras que ganharam o mundo. Recebeu o Prêmio Jabuti, de literatura, com a obra ‘O Fazedor de Amanhecer’ [2001], em 2002, um dos maiores prêmios do País”, diz Elizabeth Fonseca.
“Um poeta contemporâneo que usava palavras inventadas para compor os seus poemas e dava importância às coisas desimportantes e aos seres desimportantes, de onde extraía elementos puros e palavras inventadas, o brincar com as palavras encantava e encanta o leitor em uma descoberta mágica de significados. Em 2013, tomou posse na ASL, e estivemos em sua residência para esse ato solene, momento ímpar e sublime, com a felicidade visível em seu sorriso”, recorda-se a escritora.
“A obra de Manoel de Barros ultrapassa fronteiras e pensamentos. É a poesia dentro de um universo próprio que ele criou, que tem a sensibilidade do ser humano como base de todas as suas palavras. Não é uma regionalidade, não vejo assim. É uma obra com o ser humano que se expõe dentro do seu mundo particular, que na verdade abarca as fragilidades e as dúvidas do homem no seu viver”, afiança Henrique de Medeiros, que é o atual presidente e ocupa a cadeira 10 da ASL.
“Manoel, como sabemos, renegou a mesmice, desconstruiu o lugar-comum na edificação poética, rompeu habituais conceitos, ‘voou fora da asa’, celebrou o potencial das ‘coisas desimportantes’, ‘pertencidas de abandono’, e buscou o legítimo ‘criançamento das palavras’”, afirma Rubenio Marcelo, recorrendo a citações que levam a assinatura do próprio homenageado.
“Assim, tencionando ‘renovar o homem usando borboletas’, ele inseriu, com a originalidade do seu estro, uma linguagem nova, reinventada, e um pendor estético marcante. Ele, saudoso confrade que pertenceu à Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, desde cedo demonstrou a sua poética forte, instigante, essencialmente caracterizada pelo incomum e sugestivo trato das palavras”, capricha Rubenio.
ATA DE POSSE
Na edição nº 23 da “Revista da ASL” (Life Editora, julho/2023), está registrada uma sinopse da ata do evento de posse de Manoel de Barros na cadeira nº 1 da Academia.
“Aconteceu na tarde/noite de 25/06/2013 a celebração da posse de Manoel de Barros na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Na ocasião, recebeu o diploma e o colar acadêmico. O ato, que ocorreu na residência do poeta, foi prestigiado por familiares e membros da Academia. [...] Os acadêmicos Abílio de Barros, Henrique de Medeiros, Rubenio Marcelo e Reginaldo Araújo usaram a palavra, enfatizando a representatividade da cerimônia”, diz o documento.
“Os poetas/acadêmicos Henrique de Medeiros e Rubenio Marcelo saudaram em rápidas palavras o novo confrade, destacando as qualidades já por demais conhecidas do homenageado. O então presidente da Academia, Reginaldo Araújo, também cumprimentou o imortal [pela ASL] Manoel de Barros, que, visivelmente feliz, agradeceu a todos. Também se pronunciaram na ocasião, de forma concisa, os acadêmicos Geraldo Ramon e Maria da Glória Sá Rosa”, reproduz a “Revista da ASL”.
MANOEL
Manoel de Barros faleceu em Campo Grande, aos 97 anos de idade, na manhã de 13 de novembro de 2014. Autor de inúmeras obras poéticas e detentor de importantes premiações, entre as quais dois Prêmios Jabutis (1989 e 2002), e incontáveis homenagens, Manoel começou a publicar seus livros de poemas em 1937 (“Poemas Concebidos Sem Pecado”). A sua extensa e aplaudida obra tem sido objeto de teses, ensaios, filmes, peças de teatro e vídeos.
ELIZABETH
Elizabeth Fonseca é poeta, cronista e declamadora, fundadora e professora do Curso Arte de Dizer Castro Alves. Ocupa a cadeira 25 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.
É autora das seguintes obras: “Sonhos Azuis” (poesias e crônicas), de 1991; “Retalhos da Vida”, de 1999; “Além da Janela”, de 2008; “Contexto Poético de Castro Alves e Thiago de Mello – Subsídios para uma Declamação Comentada”, monografia de 2006; “Vertentes: Nossos Poemas” (em coautoria), de 2020; e do livro infantil “Pedro Pato no Pantanal”, de 2023.
HENRIQUE
Henrique Alberto de Medeiros Filho é poeta e escritor, nascido em Corumbá (MS). Após infância, adolescência, estudos universitários e atividades profissionais como jornalista e publicitário em São Paulo e no Rio de Janeiro, tornou-se partícipe da cena artística e cultural principalmente do Brasil Central.
Graduado em Comunicação Social pela Universidade Gama Filho (RJ), exerce atividades criativas, multimídia, editoriais e empresariais. É autor de livros de poemas, contos, crônicas e, entre outros escritos, biografias. Seus textos integram diversas antologias e coletâneas.
RUBENIO
Rubenio Marcelo é poeta, escritor, ensaísta e compositor. Integrou o Conselho Estadual de Cultura de MS e é o atual secretário-geral da ASL, na qual ocupa a cadeira 35.
Autor de 13 livros e três CDs, destacam-se entre as suas publicações: “Graal das Metáforas”, “Horizontes D’Versos”, “Voo de Polens”, “Veleiros da Essência”, “Palavras em Plenitude” e “Vias do Infinito Ser” (poemas), livro indicado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) como leitura obrigatória para o vestibular e triênio do Passe (2021/22/23).


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