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Literatura

Imortais da ASL participam de homenagem a Manoel de Barros e falam sobre sua personalidade e obra

Imortais das ASL que participam de homenagem a Manoel de Barros, no museu inaugurado em outubro de 2022, na residência onde o autor viveu por três décadas, falam sobre a personalidade e a obra do vate

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“Manoel de Barros (19/12/1916-13/11/2014) é eterno em seus poemas e imortal para todos nós”, afirma Elizabeth Fonseca. Para Henrique de Medeiros, a obra de Barros, que ganhou publicação pela primeira vez em 1937, ultrapassa fronteiras e pensamentos. “Ave, Manoel!”, exulta Rubenio Marcelo, em referência, ou melhor, deferência, ao poeta nascido há exatos 107 anos, em Cuiabá (MT).

Integrantes da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL), Elizabeth, Henrique e Rubenio conduzem, hoje, a partir das 19h, a roda “ASL Relembra Posse de Manoel de Barros”, que será realizada na Casa-Quintal Manoel de Barros e integra o evento Diálogos com Escritores: Relembrando Manoel e Celebrando a sua Poesia. 

A iniciativa, organizada pela produtora Lizandra Moraes e pelo produtor rural Silvestre Barros, neto caçula do poeta, começou no domingo e se estende até sexta-feira.

Silvestre é também o herdeiro da casa onde Manoel de Barros viveu suas últimas três décadas de vida, a partir de 1986, no número 363 da Rua Piratininga, Jardim dos Estados, e onde funciona, desde outubro do ano passado, o museu criado para preservar a memória e a obra do poeta das “ignorãças”, a que se deu o nome de Casa-Quintal, bem ao gosto do escritor.

Mais informações sobre os “Diálogos” na plataforma Sympla(sympla.com.br/produtor/casaquintalmanoeldebarros), na qual é possível reservar ingressos gratuitamente para a noite de hoje, que, mais cedo, às 18h, recebe Elias Borges e Athayde Nery, e para os dois últimos dias da semana de eventos dedicada aos 107 anos do nascimento de Manoel de Barros.

Pela proposta da roda das 19h, os três escritores, que, inclusive, estiveram na posse do poeta, em 2013, na ASL, vão relembrar detalhes “descontraídos” do encontro que marcou o ingresso de Barros no panteão da entidade literária, e que foi realizado na atualmente denominada Casa-Quintal. Em meio à celebração da poesia do saudoso confrade, os imortais da ASL prometem apresentar fotografias inéditas do evento de posse de 10 anos atrás.

ESCRUTÍNIO

“O poeta Manoel de Barros era uma pessoa alegre e receptiva, sorriso espontâneo, recebia a todos com a mesma atenção. Introspectivo, não gostava de mídias e eventos, mas o encontravam sempre nas suas obras que ganharam o mundo. Recebeu o Prêmio Jabuti, de literatura, com a obra ‘O Fazedor de Amanhecer’ [2001], em 2002, um dos maiores prêmios do País”, diz Elizabeth Fonseca.

“Um poeta contemporâneo que usava palavras inventadas para compor os seus poemas e dava importância às coisas desimportantes e aos seres desimportantes, de onde extraía elementos puros e palavras inventadas, o brincar com as palavras encantava e encanta o leitor em uma descoberta mágica de significados. Em 2013, tomou posse na ASL, e estivemos em sua residência para esse ato solene, momento ímpar e sublime, com a felicidade visível em seu sorriso”, recorda-se a escritora.

“A obra de Manoel de Barros ultrapassa fronteiras e pensamentos. É a poesia dentro de um universo próprio que ele criou, que tem a sensibilidade do ser humano como base de todas as suas palavras. Não é uma regionalidade, não vejo assim. É uma obra com o ser humano que se expõe dentro do seu mundo particular, que na verdade abarca as fragilidades e as dúvidas do homem no seu viver”, afiança Henrique de Medeiros, que é o atual presidente e ocupa a cadeira 10 da ASL.

“Manoel, como sabemos, renegou a mesmice, desconstruiu o lugar-comum na edificação poética, rompeu habituais conceitos, ‘voou fora da asa’, celebrou o potencial das ‘coisas desimportantes’, ‘pertencidas de abandono’, e buscou o legítimo ‘criançamento das palavras’”, afirma Rubenio Marcelo, recorrendo a citações que levam a assinatura do próprio homenageado.

“Assim, tencionando ‘renovar o homem usando borboletas’, ele inseriu, com a originalidade do seu estro, uma linguagem nova, reinventada, e um pendor estético marcante. Ele, saudoso confrade que pertenceu à Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, desde cedo demonstrou a sua poética forte, instigante, essencialmente caracterizada pelo incomum e sugestivo trato das palavras”, capricha Rubenio.

ATA DE POSSE

Na edição nº 23 da “Revista da ASL” (Life Editora, julho/2023), está registrada uma sinopse da ata do evento de posse de Manoel de Barros na cadeira nº 1 da Academia.

“Aconteceu na tarde/noite de 25/06/2013 a celebração da posse de Manoel de Barros na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Na ocasião, recebeu o diploma e o colar acadêmico. O ato, que ocorreu na residência do poeta, foi prestigiado por familiares e membros da Academia. [...] Os acadêmicos Abílio de Barros, Henrique de Medeiros, Rubenio Marcelo e Reginaldo Araújo usaram a palavra, enfatizando a representatividade da cerimônia”, diz o documento.

“Os poetas/acadêmicos Henrique de Medeiros e Rubenio Marcelo saudaram em rápidas palavras o novo confrade, destacando as qualidades já por demais conhecidas do homenageado. O então presidente da Academia, Reginaldo Araújo, também cumprimentou o imortal [pela ASL] Manoel de Barros, que, visivelmente feliz, agradeceu a todos. Também se pronunciaram na ocasião, de forma concisa, os acadêmicos Geraldo Ramon e Maria da Glória Sá Rosa”, reproduz a “Revista da ASL”.

MANOEL

Manoel de Barros faleceu em Campo Grande, aos 97 anos de idade, na manhã de 13 de novembro de 2014. Autor de inúmeras obras poéticas e detentor de importantes premiações, entre as quais dois Prêmios Jabutis (1989 e 2002), e incontáveis homenagens, Manoel começou a publicar seus livros de poemas em 1937 (“Poemas Concebidos Sem Pecado”). A sua extensa e aplaudida obra tem sido objeto de teses, ensaios, filmes, peças de teatro e vídeos.

ELIZABETH

Elizabeth Fonseca é poeta, cronista e declamadora, fundadora e professora do Curso Arte de Dizer Castro Alves. Ocupa a cadeira 25 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. 

É autora das seguintes obras: “Sonhos Azuis” (poesias e crônicas), de 1991; “Retalhos da Vida”, de 1999; “Além da Janela”, de 2008; “Contexto Poético de Castro Alves e Thiago de Mello – Subsídios para uma Declamação Comentada”, monografia de 2006; “Vertentes: Nossos Poemas” (em coautoria), de 2020; e do livro infantil “Pedro Pato no Pantanal”, de 2023.

HENRIQUE

Henrique Alberto de Medeiros Filho é poeta e escritor, nascido em Corumbá (MS). Após infância, adolescência, estudos universitários e atividades profissionais como jornalista e publicitário em São Paulo e no Rio de Janeiro, tornou-se partícipe da cena artística e cultural principalmente do Brasil Central.

Graduado em Comunicação Social pela Universidade Gama Filho (RJ), exerce atividades criativas, multimídia, editoriais e empresariais. É autor de livros de poemas, contos, crônicas e, entre outros escritos, biografias. Seus textos integram diversas antologias e coletâneas.

RUBENIO

Rubenio Marcelo é poeta, escritor, ensaísta e compositor. Integrou o Conselho Estadual de Cultura de MS e é o atual secretário-geral da ASL, na qual ocupa a cadeira 35. 

Autor de 13 livros e três CDs, destacam-se entre as suas publicações: “Graal das Metáforas”, “Horizontes D’Versos”, “Voo de Polens”, “Veleiros da Essência”, “Palavras em Plenitude” e “Vias do Infinito Ser” (poemas), livro indicado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) como leitura obrigatória para o vestibular e triênio do Passe (2021/22/23).

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B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira!

Médicos alertam sobre riscos da exposição solar e sobre a importância da proteção solar eficaz

21/12/2025 19h00

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira!

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira! Foto: Divulgação

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Infelizmente … aquele bronze dourado e saudável não existe! Esse, que é o desejo de muitas pessoas, pode representar um real perigo para a saúde da pele. “Classificamos os tipos de pele de I a VI, de acordo com a capacidade de resposta à radiação ultravioleta (UV), sendo chamado fototipo I aquele que sempre se queima e nunca se bronzeia, até o VI, pele negra, totalmente pigmentada, com grande resistência à radiação UV. A pigmentação constitutiva - cor natural da pele - é definida geneticamente. A cor facultativa - bronzeado - é induzida pela exposição solar e é reversível quando cessa a exposição”, explica a dermatologista Dra. Ana Paula Fucci, Membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

O chamado "bronzeado dourado" é observado nas peles mais claras e para ocorrer, ocasiona danos no DNA das células.  “As  consequências serão vistas anos mais tarde, em forma de fotoenvelhecimento, manchas ou lesões cutâneas malignas.O ideal é respeitar seu tipo de pele e sua sensibilidade ao sol. Nunca queimar a ponto de “descascar”. Importante: evite se expor ao sol entre 10 e 16h”, detalha a dermatologista. 

Dra. Ana Paula alerta ainda sobre os riscos de bronzeamento artificial, através das câmaras de bronzeamento: “esse é ainda mais prejudicial para a pele do que a exposição ao sol. A radiação é entregue de forma concentrada e direta, sem nenhum tipo de filtro ou proteção”.  

A médica ressalta que filtro solar não é uma permissão para a exposição ao sol. “Ele é um grande aliado, desde que sejam seguidas as orientações de horário, evitar exposição exagerada e usar complementos como bonés, óculos etc”, reforça Dra. Ana Paula Fucci.  

- Proteção solar eficaz 

A rotina de proteção solar é muito importante em qualquer época do ano, sobretudo agora no verão.  “Não deixe para aplicar o filtro quando chegar na praia ou piscina, por exemplo. O ideal é aplicá-lo cerca de 20 minutos antes de se expor ao sol, para dar tempo de ser absorvido e começar a agir. Também devemos reaplicar o filtro solar a cada 2 horas ou após se molhar ou suar muito”, destaca Dr. Franklin Veríssimo, Especialista e pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pelo Hospital Albert Einstein-SP. 

Dr. Franklin destaca três aspectos importantes para uma proteção solar eficaz:

1- “Use filtro com FPS 30 ou maior;  e para as crianças ou pessoas que possuem pele mais sensível, FPS de no mínimo 50;

2- Use proteção adicional ao filtro solar, como chapéus, viseiras, óculos escuros. Recomendo evitar a exposição solar entre 10 e 16h;

3.  Use roupas leves, claras e chapéu e óculos de proteção UV, principalmente se for praticar caminhadas e atividades físicas ao ar livre.  Quem costuma ficar muito tempo no sol tem que redobrar os cuidados e investir em roupas com proteção ultravioleta”, conclui o médico.  

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