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DOENÇA AUTOIMUNE

Lúpus é uma doença inflamatória causada pelo próprio sistema imunológico e capaz de afetar múltiplos órgãos

Um dos órgãos mais atingidos pelo lúpus é a pele, que pode apresentar manchas vermelhas, principalmente no rosto

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Conhecido principalmente por atingir alguns famosos, como a cantora norte-americana Selena Gomez – que chegou a realizar um transplante de rim em 2017, em razão do avanço da doença –, o lúpus é uma doença inflamatória e autoimune que afeta múltiplos órgãos e tecidos, como pele e articulações, causando dor, febre e fadiga.  

No mês de fevereiro, a cor roxa simboliza a conscientização para o diagnóstico precoce e o tratamento da doença, ao lado de outras duas patologias, o Alzheimer e a fibromialgia. Apesar de diferentes, elas têm em comum o fato de não terem uma cura descoberta até o momento.  

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“O lúpus é uma doença autoimune que a gente chama de ‘protótipo das doenças autoimunes’”, explica o médico reumatologista e professor do curso de Medicina da Uniderp Izaias Júnior.

“O que a gente tem no nosso corpo é um sistema imunológico, que é um sistema de defesa. Ele tem de nos proteger de vírus, bactérias, e faz isso gerando um processo inflamatório, então, por exemplo, quando alguém está gripado, com o nariz escorrendo e febre, isso tudo é resultado do processo inflamatório que o seu sistema imunológico está promovendo contra aquele vírus, aquela bactéria que está tentando invadir seu corpo”, conta o médico.  

Em pacientes com lúpus, o que ocorre é uma desregulação do sistema imune. “O paciente que tem lúpus ou doenças autoimunes tem uma desregulação no seu sistema de defesa, que passa a ter dificuldades em diferenciar o que é uma bactéria, um vírus ou um organismo estranho ao próprio corpo”, ressalta Izaias Júnior.

Confuso, o sistema imune gera um processo inflamatório contra os tecidos do próprio corpo. “É como se o soldado atirasse nos companheiros do pelotão”, exemplifica o médico.  

A doença pode atingir diversos órgãos e tecidos. “Ela é tida como a doença mais polimórfica da medicina, ou seja, é a doença que pode se apresentar de maneiras diferentes: ela pode acometer qualquer órgão e tecido, mas existe um padrão, a maioria das pessoas inicia, abre o quadro de lúpus, com alguns sintomas gerais, que são sintomas que a gente vê em outros processos inflamatórios, como fadiga, mal-estar, dor de cabeça, dores musculares, dores articulares, às vezes uma febre baixa, falta de apetite, perda de peso e alguns sintomas específicos, como inflamação nas articulações, nas juntas, principalmente das mãos, punhos, joelhos, tornozelos. As juntas ficam inchadas, às vezes quentes e doloridas”, pontua.  

Foi dessa forma que Marli Lopes de Souza, 44 anos, descobriu a doença. Primeiro, ela notou manchas vermelhas na perna e, logo em seguida, surgiram as dores nas articulações.

“Eu descobri quando de repente apareceram umas manchas nas minhas pernas, um inchaço no tornozelo. Até então, onde estava inchado não doía, mas estava inchado e na época eu achei estranho. Comecei a ter perda de cabelo, aftas na boca, um ou dois dias de febre”, relembra.  

Há 16 anos Marli convive e realiza tratamento frequente para a doença. No início, ela confessa que o mais difícil foi lidar com o inchaço e, posteriormente, as dores nas articulações. “O que me incomodava muito eram os inchaços nas articulações, nos cotovelos, e os punhos e os joelhos que doíam demais, principalmente no finzinho da tarde. Eu dormia e amanhecia bem e, quando era fim de tarde, eu começava a sentir as dores novamente”, pontua.

Marli explica que notou o aparecimento da doença após o nascimento do filho.  

“Após um ano e três meses que ele nasceu é que começaram a surgir os sintomas. Eu já procurei acompanhamento: fui atrás dos médicos, que conseguiram diagnosticar o lúpus”, frisa.

As lesões na pele que Marli notou são sintomas comuns da doença. “É comum que os pacientes com lúpus afirmem que têm sensibilidade ao sol. Quando a pessoa sai ao sol, a pele fica bastante machucada, principalmente na maçã do rosto, no decote e nos antebraços, que são as áreas que ficam mais expostas aos raios solares. Essa lesão avermelhada é chamada de rash malar ou asa de borboleta, porque a mancha faz justamente o formato de uma asa de borboleta”, indica Izaias Júnior. O cuidado, neste caso, é o uso de protetor solar e outros adereços, como guarda-sol, para evitar a exposição e diminuir a chance de manchas.  

ÓRGÃOS AFETADOS

Assim como no caso da cantora e atriz Selena Gomez, que fez um transplante por causa do avanço da doença, o lúpus pode atingir os rins.  

“Ele pode acometer os órgãos internos. Tem que ficar de olho e cuidando, principalmente o acometimento dos rins. O lúpus pode causar uma inflamação dos rins, chamada de nefrite, e esta inflamação pode levar à perda da função dos rins. O paciente chega a precisar de uma hemodiálise, se não for tratada da maneira adequada”, frisa o médico.

De acordo com Izaias, o indicado é que o paciente – não só os que tem lúpus – observem a urina, já que a doença pode ser silenciosa. “O paciente pode observar se a urina forma muita espuma, porque a lesão nos rins não é muito sintomática, não dá dor, o que pode ocorrer é um aumento da pressão arterial. Mas não dá muito para perceber, se a pessoa não for atenta”, explica.  

Além disso, a doença pode atingir coração, pulmão, cérebro e vasos sanguíneos. “Grosso modo, é uma doença que acomete muito articulações, pele, rins e causa sintomas gerais”, frisa.  

Outro ponto indicado pelo médico é que pessoas que têm parentes próximos com lúpus devem ficar atentas. “O lúpus tem um componente genético importante. Não necessariamente, mas você tem mais chance de desenvolver a doença se um parente de primeiro grau tiver. É preciso redobrar a atenção em relação aos sintomas”, afirma.

TRATAMENTO

O tratamento indicado para a doença é o uso de imunossupressores. “O lúpus é uma desregulação do sistema imune, então, a gente precisa usar medicações que reduzem ou que ajustam a intensidade da resposta inflamatória. É um tratamento um pouco desafiador, porque a gente precisa reduzir a intensidade da resposta inflamatória do paciente ao ponto de a doença não se tornar ativa, mas não reduzir demais, para não expor o paciente ao risco de não ter infecções”, pontua.

Famosa em época de pandemia, a hidroxicloroquina é utilizada no tratamento do lúpus por auxiliar na regulação da imunidade.  

“Uma medicação muito comum de ser usada é a hidroxicloroquina, que ficou famosa por causa de alguns estudos iniciais no começo da pandemia que evidenciaram um possível benefício. Hoje a gente sabe que não existe esse benefício, mas na época teve um certo frisson em torno disso. A cloroquina funciona como um imunomodulador, ou seja, dá uma estabilizada na resposta imunológica”, explica. Além disso, normalmente o tratamento é feito com o uso de corticoides.

Correio do Estado

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B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

Correio B+

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira!

Médicos alertam sobre riscos da exposição solar e sobre a importância da proteção solar eficaz

21/12/2025 19h00

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira!

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira! Foto: Divulgação

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Infelizmente … aquele bronze dourado e saudável não existe! Esse, que é o desejo de muitas pessoas, pode representar um real perigo para a saúde da pele. “Classificamos os tipos de pele de I a VI, de acordo com a capacidade de resposta à radiação ultravioleta (UV), sendo chamado fototipo I aquele que sempre se queima e nunca se bronzeia, até o VI, pele negra, totalmente pigmentada, com grande resistência à radiação UV. A pigmentação constitutiva - cor natural da pele - é definida geneticamente. A cor facultativa - bronzeado - é induzida pela exposição solar e é reversível quando cessa a exposição”, explica a dermatologista Dra. Ana Paula Fucci, Membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

O chamado "bronzeado dourado" é observado nas peles mais claras e para ocorrer, ocasiona danos no DNA das células.  “As  consequências serão vistas anos mais tarde, em forma de fotoenvelhecimento, manchas ou lesões cutâneas malignas.O ideal é respeitar seu tipo de pele e sua sensibilidade ao sol. Nunca queimar a ponto de “descascar”. Importante: evite se expor ao sol entre 10 e 16h”, detalha a dermatologista. 

Dra. Ana Paula alerta ainda sobre os riscos de bronzeamento artificial, através das câmaras de bronzeamento: “esse é ainda mais prejudicial para a pele do que a exposição ao sol. A radiação é entregue de forma concentrada e direta, sem nenhum tipo de filtro ou proteção”.  

A médica ressalta que filtro solar não é uma permissão para a exposição ao sol. “Ele é um grande aliado, desde que sejam seguidas as orientações de horário, evitar exposição exagerada e usar complementos como bonés, óculos etc”, reforça Dra. Ana Paula Fucci.  

- Proteção solar eficaz 

A rotina de proteção solar é muito importante em qualquer época do ano, sobretudo agora no verão.  “Não deixe para aplicar o filtro quando chegar na praia ou piscina, por exemplo. O ideal é aplicá-lo cerca de 20 minutos antes de se expor ao sol, para dar tempo de ser absorvido e começar a agir. Também devemos reaplicar o filtro solar a cada 2 horas ou após se molhar ou suar muito”, destaca Dr. Franklin Veríssimo, Especialista e pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pelo Hospital Albert Einstein-SP. 

Dr. Franklin destaca três aspectos importantes para uma proteção solar eficaz:

1- “Use filtro com FPS 30 ou maior;  e para as crianças ou pessoas que possuem pele mais sensível, FPS de no mínimo 50;

2- Use proteção adicional ao filtro solar, como chapéus, viseiras, óculos escuros. Recomendo evitar a exposição solar entre 10 e 16h;

3.  Use roupas leves, claras e chapéu e óculos de proteção UV, principalmente se for praticar caminhadas e atividades físicas ao ar livre.  Quem costuma ficar muito tempo no sol tem que redobrar os cuidados e investir em roupas com proteção ultravioleta”, conclui o médico.  

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