Um painel de clássicos produzidos no Japão, com alguns toques contemporâneos. A Mostra de Cinema Japonês – que começa hoje, no Museu da Imagem e do Som, às 19h – traz cinco filmes escolhidos pelo engenheiro e cinéfilo Celso Higa. Na seleção, obras que se destacaram historicamente, como “Os Sete Samurais”, de Akira Kurosawa, e “Era uma Vez em Tóquio”, de Yasujiro Ozu.
Higa conta que recebeu o convite do MIS com bastante apreço, pois o cinema sempre foi algo que ocupou espaço em sua vida. Desde as sessões de cinema japonês no Santa Helena, o qual reuniam a comunidade nipônica que se instalou em Campo Grande, às buscas por clássicos nas lojas especializadas da Capital. “Os filmes foram um ponto de contato com a cultura japonesa”, explica.
“Eu não tenho formação em cinema, mas sempre gostei muito da área. A mostra foi montada em cima do meu gosto, mas procurei oferecer a oportunidade de conferir alguns filmes de destaque”, afirma. O evento contará com os seguintes filmes: “O Samurai do Entardecer”, de Yoji Yamada; “Oharu: Vida de uma Cortesã”, de Kenji Mizoguchi; “Era uma Vez em Tóquio”, de Yasujiro Ozu; “Os Sete Samurais”, de Akira Kurosawa; e “Corações Sujos”, de Vicente Amorim. Pedimos que o curador comentasse as obras que serão exibidas.
“O Samurai do Entardecer”
Segundo Higa, a escolha por esse filme se deu com o intuito de perceber um olhar mais contemporâneo sobre um tema clássico: os samurais. Lançado em 2002, o filme apresenta a história de Seibei Iguchi, um samurai de 2º escalão que presta serviços ao clã Unasaka. Depois de mostrar seu valor ao vencer um duelo usando apenas uma espada de madeira, ele é convocado a eliminar um poderoso inimigo.
“É interessante perceber esse retorno a um tema que sempre foi caro ao cinema japonês. As histórias dos samurais foram contadas de diversas maneiras. A de Yoji é muito interessante”, aponta o curador. O filme será exibido hoje, às 19h.
“Oharu: Vida de uma Cortesã”
Oharu é uma mulher, que na juventude fazia parte da corte do imperador e que, em virtude de um relacionamento, chega à velhice como pedinte e cortesã. O filme se baseia em romance de Saikaku Ihara. “Mizoguchi se tornou um dos diretores mais conhecidos do Japão. Ele gostava de diretores como Murnau e John Ford. Seus planos longos acompanhavam os atores”, explica Higa.
Segundo o curador, Mizoguchi influenciou a geração posterior de realizadores japoneses. “Seu estilo é bem marcante. Mas ele acabou brigando com um diretor mais jovem, que estava se tornando bastante famoso no exterior. Esse diretor era o Akira Kurosawa”, explica. O filme será exibido amanhã, às 19h.
“OS SETES SAMURAIS”
Moradores de uma aldeia sofrem constantes ataques e saques até o aparecimento de um guerreiro, um ronin – como ficaram conhecidos os samurais sem mestre. Chegam a um acordo de pagá-lo para recrutar outros seis samurais para defender o vilarejo. O filme ganhou duas adaptações em Hollywood, sob o título “Setes Homens e um Destino”.
“Kurosawa se tornou o grande diretor japonês, o mais conhecido no mundo inteiro. Foi bastante premiado por diversos filmes e, muitas vezes, retratou os samurais em diversos momentos da história do Japão”, explica Higa. Com o lançamento de “Rashomon”, Kurosawa divulgou o cinema nipônico para o mundo. “Os Sete Samurais” será exibido na quarta-feira, às 19h.
“ERA UMA VEZ EM TÓQUIO”
Uma jovem pergunta: “A vida não é decepcionante?”. A isso a cunhada responde: “Sim, é”. Este é um dos momentos mais emblemáticos do filme que conta a história de um casal de idosos que viaja a Tóquio, pela primeira vez, para visitar os filhos. Dirigido por Yasujiro Ozu, o filme foi lançado em 1972. “Os temas tratados por Ozu são ligados à família, aos pequenos dramas”, argumenta Higa.
Segundo ele, algo que chama atenção é o estilo do diretor. Com uma câmera fixa, os atores eram instruídos a atuar diante de um espaço cênico bastante delimitado. “Ele posicionava a câmera em um nível mais baixo. Os atores atuavam olhando para a câmera, é uma maneira de captar o drama”, aponta Higa. A exibição é quinta-feira, às 19h.
“CORAÇÕES SUJOS”
“Decidi incluir esse filme brasileiro porque ele trata de um tema bastante interessante”, comenta Higa. No longa, baseado em livro homônimo de Fernando Moraes, é contada a história da organização terrorista Shindo Renmei, composta por imigrantes japoneses no Brasil, na década de 1940, durante o fim da 2ª Guerra Mundial.
“Era um grupo que não aceitava a derrota do Japão e, por isso, agia para mostrar a invencibilidade do país”, explica Higa. Segundo ele, cidades que tinham comunidades japonesas bem instaladas lidaram com essa questão, inclusive Campo Grande. O filme de Vicente Amorim será exibido na sexta-feira.
B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação
B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação


